Por Célia Regina Orlandelli Carrer*

Na composição do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro o agronegócio é o setor que mais tem colaborado na evolução do índice e praticamente sustentado os resultados acumulados. Além de ser o setor que mais ocupa mão-de-obra, o agronegócio é o que mais rapidamente responde aos investimentos realizados e o que tem o maior multiplicador de geração de empregos por aumento da demanda final. Para cada R$ 1 milhão de demanda final de produtos agropecuários, isto é, de vendas internas ou de exportações, geram-se 325 empregos. A construção civil que é um setor importante na geração de empregos consegue gerar apenas 197 empregos para cada milhão de reais investidos.

Os Zootecnistas têm tido participação ativa e positiva em mercados diretamente ligados ao exercício profissional próprio desta área, seja na melhoria do desempenho técnico dos rebanhos, seja na geração de resultados e na gestão de empresas de todos os elos da cadeia do agronegócio (insumos, produção, industrialização, distribuição e serviços). Na era da informação, mudanças estruturais modificaram profundamente as relações de trabalho de forma a caracterizar novas demandas de competência, de postura profissional e de objetivos empresariais a serem perseguidos. Ao mesmo tempo, situações de crise fiscal no aparato institucional e do estado na maioria dos países do mundo, empurraram as últimas gerações de profissionais para a esteira do mercado, prioritariamente ligados à iniciativa privada, em que o paradigma de competitividade e concorrência é o pilar de seleção daqueles que buscam seu espaço.

Nesta situação, apenas manter-se com conhecimentos técnicos atualizados (que estão na essência da profissão) não mais resolve a inserção do profissional de maneira sustentável, a não ser em casos específicos. Buscar complementação da formação em áreas satélites, mas que são exigidas para suprir as necessidades das empresas e do próprio mercado, tais como na informática, línguas estrangeiras, administração e empreendedorismo, passa a ser indispensável para a instrumentalização do profissional para vencer seus desafios. Outro grande desafio para os zootecnistas é conciliar a produção agropecuária e agroindustrial com os preceitos de responsabilidade social e ambiental. E, assim fazendo, colaborar na busca da sustentabilidade do agronegócio brasileiro, seja ele de cunho empresarial ou familiar.

Finalmente, o mercado exige um profissional que venha, basicamente, resolver problemas. Muitas vezes, os mesmos podem ser de natureza técnica, mas quase sempre envolvem relacionamentos entre pessoas. Para isso, é importante que os profissionais desenvolvam capacidade de liderança (no sentido de influenciar positivamente o desempenho das pessoas que estão ao seu redor) e que tenham habilidade em trabalhar em equipe. Estas características, aliadas à necessidade do desenvolvimento de um perfil proativo (que sabe e anseia buscar soluções) resumem o que de mais caro se busca no mercado de trabalho e na construção e manutenção de novas empresas. É preciso lembrar que as empresas são as pessoas que as constituem e as integram e, talvez desse conceito, evidencie a necessidade de se desenvolver perfis profissionais baseados na formação e não na informação.

*A Professora e Doutora Célia Regina Orlandelli Carrer é Presidente da Comissão de Ensino e Pesquisa do CRMV-SP, Presidente da Associação Brasileira de Zootecnistas e Docente da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP.

1 Comentário
  1. Gerson Pereira da Silva 7 anos atrás

    Parabéns doutora pela colocação e ajudar aos profissionais da área de zootecnia a observar que a área de abrangência da zootecnia, é ilimitada, mas, para quem é capacitado. Outro ponto importante é mostrar que o zootecnista que pensa só na área técnica, estar ficando para trás no mercado de trabalho e a tendência é a interdisciplinariedade, ou seja, é ser o mais completo possível para resolver os mais diversos tipos de problema.
    Parabéns!!!

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