A produção sustentável é – e deve ser sempre – uma das premissas que envolvem o trabalho dos zootecnistas, independente da área de atuação. Por isso, neste Dia Mundial do Meio Ambiente, convidamos dois profissionais que tem trabalhos voltados a iniciativas sustentáveis para falar sobre o tema. Um deles é o zootecnista Rodrigo Gomes, que trabalha na Embrapa Gado de Corte, unidade de Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Lá, Rodrigo atua na área da nutrição animal e contribui com diversos projetos de pesquisa na área da pecuária de corte, sempre com o objetivo de desenvolver tecnologias para maior produtividade e sustentabilidade na pecuária brasileira.

“Um dos nossos focos é o que chamamos de sistemas de produção sustentáveis – ou seja, sistemas de produção de carne bovina, mas que tem esse viés sustentável. Seja, por exemplo pelo menor uso de insumos e pela maior eficiência, mas principalmente pela questão da diminuição de gases de efeito estufa”, explica.

(Foto: arquivo pessoal)

Segundo Rodrigo, atualmente, a questão da sustentabilidade não é somente uma exigência para a atuação do zootecnista, mas é também uma grande oportunidade. Na Embrapa, por exemplo, ele cita um dos projetos desenvolvidos neste sentido, que é o Carne Carbono Neutro (CCN), uma iniciativa liderada pela zootecnista Fabiana Villa Alves, que também trabalha na Embrapa e integra uma linha de pesquisadores que atuam diretamente com pecuária sustentável.

“A Embrapa conseguiu construir um sistema de produção de carne bovina que, em certo período do sistema de produção, a gente consegue neutralizar todos os gases de efeito estufa que são produzidos”, explica Rodrigo, que também integra o projeto como membro. Ele completa:

“Então, além de ser um desafio da gente produzir de forma sustentável, tem também essa questão de ser uma oportunidade, dos produtos produzidos por zootecnistas terem essa pegada e serem valorizados por essa questão sustentável”, completa.

TENDÊNCIA

Com a globalização e popularização de diversas áreas, como a sustentabilidade, as exigências de mercado mudam e passam a cobrar de setores como a pecuária uma atenção maior sobre o tema.

A zootecnista agroecóloga Michely Santos, proprietária da AZTEC Gestão Rural (acesse aqui), é outra profissional da Zootecnia que se dedica para o trabalho sustentável. Auditora e perita ambiental, ela se dedica à instrução de técnicos do agro e produtores rurais para que eles entendam o que é a produção sustentável, suas peculiaridades e como fazer a transição para este mercado.

“Hoje a forma de consumo vem se transformando dia a após dia e cada vez mais pessoas buscam produtos e alimentos mais sustentáveis. Isso influencia todos os sistemas de produção, comercialização e percepção de qualidade. Pro zootecnista que entender isso mais rápido, vai sair na frente desses novos modelos de produção, consequentemente ganhando notoriedade”, pontua.

(Foto: arquivo pessoal)

Para a zootecnista, os profissionais do setor estão aprendendo também a valorizar produtos regionais, que por si só possuem elevado valor agregado por vários motivos, entre eles, a forma de produção sustentável.

“Independente do processo escolhido, gera diferentes formas de ganhos, multiplicando as possibilidades de acerto e reduzindo os riscos de problemas por monocultivos ou produção muito intensiva”, detalha.

PERSPECTIVA

Mas para o cenário e as pautas sustentáveis avançarem dentro da Zootecnia, tanto Michely quanto Rodrigo concordam que incentivar os debates sobre o tema é fundamental. Dentro das universidades, por exemplo, o tema pode ganhar ainda mais corpo e intensidade.

“Eu acho que as universidades já contribuem na formação do zootecnista para a questão sustentável porque elas trabalham a questão da produtividade. E quando eu trabalho falando em aumento de produtividade, intrinsicamente eu também to falando de sustentabilidade. Uma coisa não anda sem a outra […] pode ser que a gente precise fortalecer essa mensagem da produção com sustentabilidade em todas as universidades do país”, opina, lembrando que apesar deste não ser um tema tão novo na pauta nacional, há pouco mais de uma década que começou a ganhar mais força, inclusive, do ponto de vista de cobrança de mercado e realização de eventos e até de grupos específicos para debates.

“Essa pauta ainda tem muito o que evoluir dentro e fora das universidades. Tudo é muito novo ainda, as pessoas agora que estão caindo em si da necessidade de desenvolver mais tecnicamente esses assuntos. Mas sei que muitas universidades estão falando deste tema mais profundamente […] percebo que os estudantes estão mais abertos a essa nova forma de produção. O que pra mim já é um grande avanço. Todos nós ainda temos muito a aprender e entender sobre essa nova forma de produzir”, completa Michely.

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