FRACIONAMENTO DE CARBOIDRATOS DE RAÇÕES CONTENDO TORTA DE GIRASSOL EM DIFERENTES NÍVEIS DE INCLUSÃO
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RESUMO -
O presente estudo objetivou caracterizar as frações de carboidrato presentes em rações contendo torta de girassol, com inclusão de 0%, 24%, 48% e 72%. O trabalho foi realizado na Universidade Estadual de Londrina, no Laboratório de Análise de Alimentos (LANA). Utilizando o sistema CNCPS, foram determinadas as frações A+B1, B2 e C, onde a fração A + B1 (%CHO), foi determinada pela equação 100 – (%PB + %EE + %FDNCP + %MM), a fração B2 pela fórmula FDNCP – C (%CHO), e a fração C pela fórmula LIG (%FDN) * 2,4, todas descritas por Sniffen et al. (1992). As frações A+B1, de rápida degradação, decresceram linearmente, variando de 57,5 a 27,93 para as inclusões de 0% e 72%, respectivamente. As frações B2 e C variaram, respectivamente, de 11,35% a 9,7% e de 4,9% a 21,04%, para as inclusões de 0% e 72%. Sendo assim as rações com menor de inclusão de torta de girassol são superiores, pois possuem maior quantidade de carboidratos solúveis.
FRACTIONING OF CARBOHYDRATES OF RATIONS CONTAINING SUNFLOWER CAKE AT DIFFERENT LEVELS OF INCLUSION
ABSTRACT - This study aimed to characterize the carbohydrate fractions present in diets containing sunflower cake, with the inclusion of 0%, 24%, 48% and 72%. The study was conducted at the State University of Londrina, in the Food Analysis Laboratory (LANA). Using CNCPS system were determined fractions A + B1, B2 and C, where the fraction A + B1 (% CHO) was determined by the equation 100 - (% PB + % EE + % FDNCP + % MM), the fraction B2, the formula FDNCP - C (% CHO), and the fraction C by the formula LIG (% FDN) * 2.4, all described by Sniffen et al. (1992). Fractions A + B1, of rapid degradation, decreased linearly, varying from 57.5 to 27.93 to 0% of inclusions and 72%, respectively. The fractions ranged B2 and C, respectively, 11.35% to 9.7% and 4.9% to 21.04% for additions of 0% and 72%. Therefore rations with smaller sunflower cake inclusion are superior because they have higher amounts of soluble carbohydrates.Introdução
O suprimento de energia dos ruminantes depende principalmente do conteúdo de energia e proteína dos alimentos fornecidos (VIANA et al, 2012). Como há limitação de fontes proteicas e energéticas, faz-se necessário o uso de suplementação, aumentando os custos de produção já que os pastos fornecem parte das exigências, e nem sempre produzem a quantidade de matéria seca necessária, principalmente no período de seca (PEREIRA et al, 2010).
Uma forma de avaliar a qualidade do alimento é através do fracionamento, que indica suas frações e taxa de degradação. Com isso o objetivo deste trabalho foi fracionar os carboidratos existentes em rações contendo torta de girassol.
Revisão Bibliográfica
A torta de girassol na suplementação de bovinos criados ao pasto, avaliada por Mesacasa et al. (2012), com teores de inclusão de 27% e 54% em substituição à soja, diminui os teores de carboidratos totais e de carboidratos não fibrosos dos suplementos conforme o aumento nos teores de torta de girassol.Pode-se afirmar que animais alimentados com rações contendo maiores teores de torta de girassol levam mais tempo para atingir o peso para o abate. Porém, em comparação com animais suplementados somente com sal mineral, este reduziria os custos de produção e dias para o abate significativamente.
Silva et al. (2014) fracionaram os carboidratos de resíduos industriais, conforme Sniffen et al. (1992) e observaram que a torta de girassol apresenta frações A+B1, B2 e C de 21,62%, 36,87% e 41,52% (na MS), respectivamente. Concluiram que este resíduo por conter altos valores da fração C, em relação às outras frações, deve ter uso limitado, pois pode ocasionar limitação no desempenho produtivo animal, uma vez que esta fração é indisponível para o animal e microrganismos ruminais.
Materiais e Métodos
O experimento foi realizado no Laboratório de Análises de Alimentos e Nutrição Animal (LANA) do Departamento de Zootecnia da Universidade Estadual de Londrina entre os meses de fevereiro de 2013 a abril de 2014. Foi realizado o fracionamento dos carboidratos totais das rações (Tabela 1), em delineamento de blocos casualizado. Os carboidratos totais (CHO) foram determinados pela expressão CHO (%MS) = 100 – %PB - %EE - %MM (SNIFFEN et al., 1992). A fração C (%CHO) foi obtida pela equação LIG (%FDN) * 2,4, descrita por Sniffen et al. (1992). Ainda segundo o mesmo autor, por meio da fórmula FDNCP - C (%CHO) foi obtida a fração B2 (%CHO). A fração de carboidratos não estruturais, fração A + B1 (%CHO), foi determinada pela equação 100 – (%PB + %EE + %FDNCP + %MM), descrita por Sniffen et al. (1992). Os dados foram submetidos à análise de variância e análise de regressão a 5% de significância, utilizando-se o pacote estatístico PROC GLM e PROC REG do SAS (2003).
Resultados e Discussão
O teor de carboidratos totais decresceu linearmente (R2= 0,93) conforme o aumento de torta de girassol (Tabela 2). As rações com 48 e 72% de torta de girassol apresentaram os menores valores de carboidratos totais em razão do maior teor de proteína bruta e extrato etéreo presentes na torta de girassol. Considerando-se que os carboidratos representam a principal fonte de energia para a fermentação microbiana, transformando-se em ácidos graxos voláteis (AGV), as rações contendo 0 e 24% foram superiores às rações contendo 48 e 72% de torta de girassol.
Os carboidratos não fibrosos (CNF) correspondem aos carboidratos solúveis em detergente neutro, ou seja, fazem parte do núcleo celular, composto de açúcares (glicose, frutose), ácidos orgânicos e outros carboidratos de reserva de plantas, tais como amido, sacarose e frutosanas (SNIFFEN et al.,1992). Neste sentido, os CNF representam a frações A+B1, e os carboidratos fibrosos (CF) compõem as frações B2 e C. A fração A é composta por açúcares e a fração B1 é composta por amido e glucana (SNIFFEN et al., 1992).
A fração A+B1 que representa a porção de rápida degradação ruminal, fonte de energia para os microrganismos ruminais (suporte inicial), apresentou efeito linear negativo (R2= 0,83), variando de 57,50 a 27,93%, respectivamente para 0 e 72% de torta de girassol em relação aos carboidratos totais. Assim, esta diferença estrutural nos ingredientes, possivelmente proporcionou valores menores de degradação ruminal para a fração A+B1 das rações com maiores teores de inclusão de torta de girassol. A fração B2 é composta pelos carboidratos fibrosos da parede celular, que são de disponibilidade ruminal lenta, e consequentemente, os carboidratos são susceptíveis aos efeitos da taxa de passagem (SNIFFEN et al., 1992). Dessa forma, influenciam no fornecimento de energia no rúmen que pode afetar a síntese microbiana e o desempenho animal (RIBEIRO et al., 2001). A Fração B2 apresentou variação de 11,35% a 9,7% para as inclusões de 0% e 72%, respectivamente.
A fração C representa a parede celular indisponível acarretando a indigestibilidade dos carboidratos estruturais destas rações; assim, rações contendo altos teores desta fração induzem a menores ingestões voluntárias (VAN SOEST, 1994). A fração C variou de 4,9% a 21,04%, respectivamente para as inclusões de 0% e 72%.
Conclusões
As rações contendo teores de inclusão de 0% e 24% de torta de girassol apresentaram maiores teores de carboidratos totais, e maiores quantidades das frações A+B1, sendo superiores às rações contento 42% e 78% de torta de girassol.
Gráficos e Tabelas
Referências
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