Fluorescência de plantas submetidas a diferentes níveis de sombreamento

Cézar Augusto Martins1, Alex Marciano dos Santos Silva2, Priscila Júnia Rodrigues da Cruz3, Brenda Fernanda de Souza Andrade4, Ana Flávia Paulino5, Camila da Cruz Pimentel Moreira Santos6, José Charlis Alvez Andrade7, Márcia Vitória Santos8
1 - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
2 - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
3 - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
4 - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
5 - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
6 - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
7 - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
8 - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri

RESUMO -

Objetivou-se avaliar a relação de fluorescência variável e máxima de plantas submetidas a níveis de sombreamento. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, com os tratamentos dispostos em esquema fatorial 4×7, com 4 repetições, onde o primeiro fator representa os níveis de sombreamento e o segundo fator representa as espécies. A variável avaliada não apresentou variações significativas com o aumento do sombreamento.

Palavras-chave: Fotossíntese, agrossilvipastoris, silvipastoril, restrição luminosa

Blooming of plants subjected to different levels of shading

ABSTRACT - It was evaluated the ratio variable fluorescence and maximum fluorescence of plants under shading levels. The experimental design was completely randomized, and the treatments were disposed in factorial scheme 4×7, with 4 repetitions, which the first factor represented shading levels and the second represented the species. The variable analyzed has not presented significant variations by increasing shading.
Keywords: Photosynthesis, agrosilvopastoral systems, silvopastoral system, light restriction


Introdução

A presença de árvores em pastagens pode impor, a partir de determinado estágio de desenvolvimento das arbóreas, condições restritivas de luminosidade para o crescimento e desenvolvimento das espécies forrageiras e, ou, cultura agrícola, estabelecidas nas entrelinhas de sistemas silvipastoris ou agrossilvipastoris (Rodrigues et al., 2014; Santos, 2009). A exploração bem sucedida desses sistemas requer o uso de espécies forrageiras tolerantes ao sombreamento (Paciullo et al., 2007).

O sombreamento imposto pela cultura arbórea interfere diretamente na fotossíntese das plantas. Com a diminuição da taxa de radiação, a absorção de fótons é diminuída, o transporte eletrônico é afetado e a etapa fotoquímica, bem como a fotossíntese, é alterada (Mendes et al., 2013).

Para que o processo de fotossíntese ocorra, a quantidade de luz disponível para as plantas tem efeito direto na taxa fotossintética, o sombreamento leva a redução na radiação incidente e na relação do espectro de luz, essas mudanças podem causar alterações significativas na fisiologia das plantas forrageiras (Taiz ; Zeiger, 2013).

Tendo em vista a importância da fotossíntese para a produção de plantas, o presente estudo foi proposto com o objetivo de avaliar o efeito de diferentes níveis de sombreamento na relação de fluorescência máxima/ fluorescência variável.



Revisão Bibliográfica

Um dos requisitos para o sucesso de sistemas silvipastoris e de agrossilvipastoris, é a escolha adequada das espécies, incluindo a planta forrageira, que deve apresentar capacidade competitiva, resistência e adaptação ao sombreamento.

O estudo da luminosidade e sua relação com a fotossíntese é fundamental para avaliação do potencial das espécies em sistemas integrados de cultivo, como os sistemas silvipastoris e agrossilvipastoris, pois a disponibilidade de luz constitui um dos fatores críticos para o seu desenvolvimento. Considerando esse fator, busca-se selecionar espécies para a integração que apresentam boa produtividade e que sejam adaptadas às condições edafoclimáticas da região onde serão implantadas (Garcia; Andrade, 2001 e Santos et al., 2015).

A absorção e o uso da energia luminosa pelos vegetais podem ser estimados através da análise de fluorescência da clorofila, pois esta técnica, além de não-destrutiva, é altamente sensível e de fácil manuseio, permitindo informações qualitativas e quantitativas sobre a condição fisiológica do aparato fotossintético (Falqueto et al. 2007).

Cassol et al. (2007) cita em seu trabalho que não houve alterações significativa nos valores de fluorescência das plantas sob sombreamento, no entanto Song & Li (2016) relataram variações significativas na fluorescência de plantas de Euonymus fortunei.

Diante do exposto, faz-se necessário mais estudos sobre o impacto do sombreamento nas pastagens.



Materiais e Métodos

O experimento foi desenvolvido no setor de forragicultura do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, em Diamantina – MG.

O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com os tratamentos dispostos em esquema fatorial 4x7, com quatro repetições, onde o primeiro fator representou os níveis de sombreamento, sendo: 0% – 878,3 μmol m-2 s-1 (pleno solo); 40% - 530,3 μmol m-2 s-1; 55% - 394,3 μmol m-2 s-1 ; e 75% - 223,7 μmol m-2 s-1, sendo o segundo fator representado pelas espécies: feijão (Phaseolos vulgaris), feijão-guandu (Cajanus cajan), lab-lab (Dolichos lablab), mucuna (Mucuna aterrima), capim-marandu (Brachiaria brizantha, cv. Marandu, syn Urochloa brizantha), capim-braquiária (Brachiaria decumbens, cv. Basilisk, syn Urochloa brizantha), e sorgo (Sorghum bicolor - híbrido BRS 655).

As unidades experimentais foram obtidas de sombrites descritos comercialmente com 30, 60 e 90% de sombra. O sombreamento real exercido foi estimado aos 0, 25 e 50 dias após transplantio (DAT), com auxílio do aparelho LI-COR modelo LAI 20001.

Cada nível de sombreamento foi composto de vinte vasos plásticos com área de 0,1 m2, contendo 12,0 L da mistura de solo e terra vegetal, corrigido e adubado de acordo com análise de solo, com incorporação um mês antes da implantação. As espécies foram semeadas em bandejas de polietileno e transplantadas 27 dias após emergência, duas plantas por vaso. Manteve-se a umidade do solo próximo a 80% da capacidade de campo.

Aos 50 DAT para os diferentes níveis de sombreamento foram realizadas as avaliações referentes a relação à fluorescência variável/fluorescência máxima a partir do equipamento fluorímetro portátil.

 

Os dados obtidos foram submetidos a análise de variância e as médias relacionadas ao nível de sombreamento foram comparadas pelo Teste de Tukey. Já as espécies foram descriminadas pelo critério de agrupamento de Scott-Knott, a 5% de probabilidade de erro.



Resultados e Discussão

Plantas forrageiras monocotiledôneas e dicotiledôneas bem como as culturas agrícolas submetidas a diferentes níveis de sombreamento não apresentaram variação na relação fluorescência variável/fluorescência máxima (Tabela 1).

Segundo Falqueto et al. (2007), a absorção e o uso da energia luminosa pelos vegetais podem ser estimados através da análise de fluorescência da clorofila, pois esta técnica, além de não-destrutiva, é altamente sensível e de fácil manuseio, permitindo informações qualitativas e quantitativas sobre a condição fisiológica do aparato fotossintético.

As plantas de capim-braquiária, capim-aruana e sorgo, cultivadas por 50 dias em condições de restrição luminosa, apesar de serem caracterizadas como espécies de sol e apresentarem metabolismo C4, não tiveram a integridade do aparato fotossintético afetado por altos níveis de sombreamento, demonstrados pelos valores da relação fluorescência variável/fluorescência máxima, esta relação fornece o rendimento quântico do fotossistema (Gonçalves, E. R., 2010), dentro dos limites ideais. Isso indica elevada plasticidade fenotípica dessas espécies, mostrando que mesmo gramíneas tropicais tem a capacidade de se adaptar a tais ambientes com redução da atividade fotossintética, redução da taxa de crescimento e manutenção da integridade do aparato fotossintético.

Cassol et al. (2007) cita em seu trabalho que também não houve alterações significativa nos valores de fluorescência das plantas sob sombreamento. Estudos mostram valores máximos de FV/FM em torno de 0,83 para a maioria das espécies vegetais na ausência de estresses ambientais (Hunt, S. 2003).

Conclusões

A integridade do aparato fotossintético não foi afetada em nenhuma das espécies estudadas com o aumento do nível de restrição luminosa, de acordo com os valores da relação fluorescência variável/fluorescência máxima.



Gráficos e Tabelas




Referências

ANDRADE, C. M. S.; et al. Fatores limitantes ao crescimento do capim-Tanzânia em um sistema agrossilvipastoril com eucalipto, na região dos cerrados de Minas Gerais. Revista Brasileira de Zootecnia, v.30, p.1178-1185, 2001.

CASSOL, D., et al. Fotossíntese em Mentha piperita e Melissa officinalis sob Sombreamento. Revista Brasileira de Biociências, v. 5, supl. 2, p. 576-578, jul. 2007

CASSOL, D., et al. Fotossíntese em Mentha piperita e Melissa officinalis sob Sombreamento. Revista Brasileira de Biociências, v. 5, supl. 2, p. 576-578, jul. 2007

FALQUETO, A.R., et al. Características da fluorescência da clorofila em cultivares de arroz com ciclo precoce, médio e tardio. Revista Brasileira de Biociência, v. 5, p. 579-581, julho, 2007. Suplemento 2.

FALQUETO, A.R., et al. Características da fluorescência da clorofila em cultivares de arroz com ciclo precoce, médio e tardio. Revista Brasileira de Biociência, v. 5, p. 579-581, julho, 2007. Suplemento 2.

GONCALVES, E. R., et al. Trocas gasosas e fluorescência da clorofila a em variedades de cana-de-açúcar submetidas à deficiência hídrica. Revista brasileira de engenharia agrícola e ambiental, v. 14, n. 4, 2010.

HUNT, S. 2003. Measurements of photosynthesis and respiration in plants. Physiologia Plantarum, 117: 314-325.

MENDES, M. M. S., et al. Desenvolvimento do milho sob influência de árvores de pau-branco em sistema agrossilvipastoril. Pesquisa agropecuária brasileira, vol.48 no.10, Oct. 2013

PACIULLO, D.S.C., et al. Morfofisiologia e valor nutritivo do capim-braquiária sob sombreamento natural e a sol pleno. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.42, p.573-579, 2007.

RODRIGUES, O.L. et al. Physiologic characteristics of corn and Urochloa brizantha (Hochst. ex A. Rich.) R.D. Webster in intercropping cultivation. Chilean Journal Of Agricultural Research, v.74, n.3, 2014.

SANTOS, M. Renovação de pastagem em plantio direto e sistema agrossilvipastoril. 141f. 2009. Tese (Doutorado em Zootecnia) -Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, 2009.

SANTOS, M.V., et al.; Componentes produtivos do milho sob diferentes manejos de plantas daninhas e arranjos de plantio em sistema agrossilvipastoril. Ciência Rural, v.45, n.9, p.1545-1550, 2015.

SONG, X., & LI, H. Effects of building shade on photosynthesis and chlorophyll fluorescence of Euonymus fortunei. Acta Ecologica Sinica, 36(5), 350-355. 2016.

 

TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. 5.ed. 719p., 2013