Desenvolvimento de leguminosas tropicais submetidas a diferentes sombreamentos

Cézar Augusto Martins1, José Charlis Alves Andrade2, Alex Marciano dos Santos Silva3, Priscila Júnia Rodrigues da Cruz4, José Augusto Aguilar Alvez5, Alice Silva Pereira6, Raul Ribeiro Silveira7, Márcia Vitória Santos8
1 - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
2 - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
3 - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
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8 - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri

RESUMO -

Objetivou-se avaliar a altura e altura estendida de duas leguminosas (Macrotyloma axillare, Java e Stylosanthes spp cv. Campo Grande) submetidas a níveis de sombreamento de 0% (pleno solo), 45%, 60% e 75%. O sombreamento alterou as características avaliadas nas leguminosas. A cultivar Java apresentou uma maior tolerância ao sombreamento em comparação ao Estilosantes cv. Campo Grande, sendo recomendada em sistemas com até 60% de restrição luminosa.

Palavras-chave: Restrição luminosa, sistemas agrossivilpastoris, forrageiras, java, estilosantes

Development of tropical legumes subjected to different shading

ABSTRACT - It was evaluated the height and extended height of two legume forages (Macrotyloma axillare, Java and Stylosanthes spp cv. Campo Grande) under shading levels of 0% (full sun), 45%, 60% and 75%. Shading has influenced the evaluated characteristics on the legume forages. Java presented higher tolerance to shading than Brazilian Stylo cv. Campo Grande, being recommended in systems until 60% of light restriction.
Keywords: Light restriction, agrosilvopastoral systems, forages, Java, Brazilian Stylo


Introdução

O conhecimento da adaptação morfofisiológica de espécies forrageiras às condições de sombreamento tem crescido nos últimos anos, em virtude, principalmente, das iniciativas de associar pastagens com árvores, em sistemas silvipastoris e agrossilvipastoris. Além disso, busca-se selecionar espécies para a integração que apresentam boa produtividade e que sejam adaptadas às condições edafoclimáticas da região onde serão implantadas (Garcia e Andrade, 2001 e Santos et al., 2015).

As leguminosas forrageiras merecem destaque no seu uso pelo fato de apresentarem grande potencial em aumentar a produtividade e qualidade das pastagens e por incorporarem N2 atmosférico ao sistema solo-planta (Andrade et al., 2004). Dessa forma, tem-se cada vez mais aumentado o interesse em estudar espécies que possam somar todas estas qualidades e serem adaptadas a ambientes com restrição luminosa, podendo ser utilizadas em sistemas agrossilvipastoris.

Todavia, ainda são insuficientes as informações acerca da adaptação dessas novas cultivares de leguminosas forrageiras tropicais ao sombreamento. Sendo assim, o trabalho foi proposto com o objetivo de avaliar as características estruturais de duas leguminosas (Macrotyloma axillare, Java; Stylosanthes spp cv. Campo Grande) submetidas a níveis de sombreamento.

Revisão Bibliográfica

Os sistemas agroflorestais se destacam entre os sistemas produtivos por favorecerem maior sustentabilidade (Bernardino; Garcia, 2009), maior diversidade de renda ao produtor, melhoria na qualidade física e química do solo (Muschler & Bonnemann, 1997) e no microclima do sub-bosque.

O conhecimento da adaptação morfofisiológica de espécies forrageiras a condições de sombreamento tem crescido nos últimos anos, em virtude, principalmente, das iniciativas de associar pastagens com árvores, em sistemas silvipastoris e agrossilvipastoris. Além disso, busca-se selecionar espécies para a integração que apresentam boa produtividade e que sejam adaptadas às condições edafoclimáticas da região onde serão implantadas (Garcia e Andrade, 2001 e Santos et al., 2015).

As leguminosas forrageiras merecem destaque no seu uso pelo fato de apresentarem grande potencial em aumentar a produtividade e qualidade das pastagens e por incorporarem N2 atmosférico ao sistema solo-planta (Andrade et al., 2004). Dessa forma, tem-se cada vez mais aumentado o interesse em estudar espécies que possam somar todas estas qualidades e serem adaptadas a ambientes com restrição luminosa, podendo ser utilizadas em sistemas integrados com árvores.

A baixa disponibilidade de luz no sub-bosque, entretanto, compromete a produção de biomassa aérea, reduz a formação de raízes - o que aumenta a susceptibilidade ao estresse (Guenni, et al., 2008). Mesmo considerando menor produtividade quando comparado ao monocultivo, a grande quantidade de área disponível aumenta o interesse por técnicas que melhorem a disponibilidade de forragem de alta qualidade sob essas condições.



Materiais e Métodos

O presente experimento foi conduzido no Setor de Forragicultura da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, localizada no município de Diamantina, MG.

O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com os tratamentos dispostos em esquema de parcelas subdivididas com quatro repetições, onde as parcelas eram constituídas pelos níveis de sombreamento, sendo: 0% – 670 μmol m-2 s-1 (pleno solo); 45% - 369 μmol m-2 s-1; 60% - 268 μmol m-2 s-1 e 75% - 168 μmol m-2 s-1, e as subparcelas representadas pelas leguminosas: (Macrotyloma axillare, Java), (Stylosanthes spp cv. Campo Grande, Estilosantes).

Os níveis de sombreamento foram proporcionados por tela de náilon de cor preta, sendo os níveis de 45, 60 e 75% de sombra. O sombreamento real exercido pelas telas foi estimado com auxílio do aparelho PAR/LAI ceptometer modelo LP-80. As leituras foram realizadas sob condições de radiação difusa as 9:00, 12:00 e 15:00 hs (início da manhã, sol a pino e no final da tarde). Para determinação dos níveis de sombreamento, avaliou-se o percentual médio de redução da radiação fotossinteticamente ativa incidente acima dos canteiros, dispostos em cada tela e em relação as plantas cultivadas a pleno sol.

A semeadura foi realizada em março de 2016 em canteiros de 5 m2 com um espaçamento entre linhas e canteiros de 0,5 m perfazendo 10 m lineares por canteiro. A adubação de semeadura e a correção do solo foram realizadas de acordo com a interpretação da análise química do solo.

Aos 72 dias após semeadura, com o uso de réguas graduadas, foram realizadas as medições de altura das plantas e altura de plantas estendidas até alcançar a maior folha da planta, selecionando 30 plantas aleatórias em cada canteiro.

Os dados obtidos foram submetidos a análise de regressão. Os modelos foram escolhidos de acordo com o coeficiente de determinação e a significância dos coeficientes de regressão, testados pelo teste t corrigido com base nos resíduos da análise de variância.



Resultados e Discussão

O aumento da restrição luminosa provocou diminuição da altura das plantas de estilosantes de maneira linear (Figura 1).

Segundo Guenni et al. (2008), a baixa disponibilidade de luz no sub-bosque, entretanto, compromete a produção de biomassa aérea, reduz a formação de raízes, o que aumenta a susceptibilidade ao estresse e interfere no crescimento de plantas.

Ao se avaliar a altura estendida das leguminosas nos diferentes níveis de sombreamento nota-se que as plantas apresentaram um padrão de resposta muito semelhante ao observado à altura não estendida (Figura 2).

Lima et al. (2010), cita que fatores como luz, água e temperatura são alguns dos elementos do ambiente que influenciam no desenvolvimento da vegetação. O suprimento inadequado de um desses fatores pode reduzir o vigor da planta e limitar seu desenvolvimento.

A cultivar Java apresentou uma resposta significativa em relação ao aumento dos níveis de sombreamento. Apesar de nenhum modelo ajustado para a cultivar Java apresentar entendimento do ponto de vista biológico, percebe-se que as plantas tiveram seu tamanho reduzido quando submetida a 45% de sombreamento e um aumento para o nível de 60% em relação as plantas cultivadas a pleno sol, demonstrando uma possível adaptação desta espécie a níveis de restrição luminosa mais intensos.



Conclusões

O sombreamento altera todas as características estruturais das leguminosas. A cultivar Java apresentou uma maior tolerância ao sombreamento em comparação ao estilosantes campo grande, sendo recomendada seu uso com até 60% de restrição luminosa.



Gráficos e Tabelas




Referências

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LIMA, A.L.S.; ZANELLA, F., CASTRO, L.D.M., Crescimento de Hymenaea courbaril L. var. stilbocarpa (Hayne) Lee et Lang. e Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong (Leguminosae) sob diferentes níveis de sombreamento. Acta Amazonica. vol.40 no.1, Mar. 2010.

MUSCHLER, R. G., & BONNEMANN, A. Potentials and limitations of agroforestry for changing land-use in the tropics: experiences from Central America. Forest Ecology and Management, 91(1), 61-73. 1997.

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