SUPLEMENTAÇÃO DE FRANGOS DE CORTE COM VITAMINA D: CARACTERÍSTICAS ULTRA ESTRUTURAIS ÓSSEAS

Bruna Tássia dos Santos Pantoja1, Rayce Dellany dos Santos Alfaia2, Jefferson Costa de Siqueira3, Andréa Luciana dos Santos4, Rafael Cardoso Carvalho5, Alana das Chagas Ferreira Aguiar6, Rodrigo Garófollo Garcia7, Roselaine Ponso8
1 - Universidade Federal do Maranhão
2 - Universidade Federal do Maranhão
3 - Universidade Federal do Maranhão
4 - Universidade Federal do Mato Grosso
5 - Universidade Federal do Maranhão
6 - Universidade Federal do Maranhão
7 - Universidade Federal da Grande Dourados
8 - Universidade Federal do Maranhão

RESUMO -

O potencial genético do frango de corte moderno, tem sua expressão máxima, quando aliados a um manejo nutricional e sanitário adequados permitindo um elevado ganho de peso em curto espaço de tempo. Entretanto, o desenvolvimento do tecido ósseo não tem acompanhado esse aumento, o que ocasiona problemas locomotores e outras desordens metabólicas, sendo que o meio nutricional mais eficaz para se combater estes problemas é a suplementação com metabolitos da vitamina D3. Objetivou-se com esta pesquisa avaliar fontes e níveis de vitamina D, fornecidos do 1º ao 21º dia de idade sobre o desempenho, gait score e características ultraestruturais ósseas. Foram alojados 1.296 pintinhos de um dia da linhagem Cobb® 500, em densidade de 12 aves por m2. As aves foram distribuídas em delineamento casualizado, e suplementadas com três níveis de vitamina D (3500 UI de vitamina D, 3500 UI de vitamina D + 1954 UI de 25-hidroxicolecalciferol e 7000 UI de vitamina D), perfazendo seis tratamentos, com oito repetições. Para avaliação do desempenho as aves foram pesadas por parcela no momento das trocas de fases e da mesma forma, as sobras de ração também foram pesadas, obtendo-se o consumo e a conversão alimentar. Aos 42 dias de idade avaliou-se o gait score em 100% das aves. Para a microscopia eletrônica, os fragmentos ósseos foram coletados e acondicionados em frascos sendo processados de acordo com a rotina laboratorial padrão. Os dados foram submetidos à análise de variância e em caso de efeito significativo as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Os resultados demonstraram que níveis e fontes de vitamina D, não interferiram no desempenho, nem nas demais variáveis ósseas avaliadas, sendo a adição de 3500 UI de vitamina D/kg de ração suficiente para garantir a produção de frangos de corte com mínimos ou ausentes problemas locomotores, independente do sexo.

Palavras-chave: tecido ósseo; frango de corte; produção animal; Vitamina D

SUPPLEMENTATION OF VITAMIN D IN BROILERS AND ULTRA STRUCTURAL BONE CHARACTERISTICS

ABSTRACT - The genetic potential of modern broiler chicken has its maximum expression, when coupled with an adequate nutritional and sanitary management allowing a high weight gain in a short period of time. However, the development of bone tissue has not accompanied this increase, which causes locomotor problems and other metabolic disorders, and the most effective nutritional means to combat these problems is vitamin D3 metabolite supplementation. The aim of this research was to evaluate the sources and levels of vitamin D provided from the 1st to the 21st day of age on the performance, gait score and bone ultrastructural characteristics. A total of 1,296 day-old chicks of the Cobb® 500 strain were stored at a density of 12 birds per m2. The birds were distributed in a randomized design and supplemented with three vitamin D levels (3500 IU of vitamin D, 3500 IU of vitamin D + 1954 IU of 25-hydroxycholecalciferol and 7000 IU of vitamin D), with six treatments with eight replications . To evaluate the performance, the birds were weighed per plot at the time of the phase changes and, in the same way, the leftovers were also weighed, obtaining the feed consumption and feed conversion. At 42 days of age the gait score was evaluated in 100% of the birds. For the electron microscopy, the bone fragments were collected and conditioned in bottles being processed according to the standard laboratory routine. The data were submitted to analysis of variance and in case of significant effect the averages were compared by the Tukey test at 5% of probability. The results showed that levels and sources of vitamin D did not interfere in the performance or other bone variables evaluated, with the addition of 3500 IU vitamin D / kg of ration sufficient to guarantee the production of broilers with minimal or absent problems Locomotives, regardless of sex.
Keywords: bone tissue; broilers; animal production; vitamin D.


Introdução

A avicultura industrial atua em constante busca por conhecimentos referentes a diferentes patologias e procedimentos técnicos para preveni-las ou curá-las, permitindo viabilizar a intensificação da produção animal. O melhoramento genético, a compreensão das necessidades nutricionais, bem como o balanceamento das rações também são fundamentais, e vem permitido aumento dos índices zootécnicos destes animais. Sendo assim, o sucesso da avicultura de corte decorre, em grande parte, da nutrição.

A compreensão dos inúmeros fatores nutricionais envolvidos no desenvolvimento ósseo, como deficiências de vitaminas e minerais, são de suma importância na ocorrência de desordens esqueléticas. Com a seleção genética voltada para o alto ganho de peso e elevadas taxas de crescimento, tem-se depositado grandes cargas sobre ossos relativamente imaturos, causando má formação óssea e problemas de pernas. Além disso, a atividade locomotora é reduzida no final do período de criação em frangos selecionados para um rápido crescimento.

            Na avicultura industrial existe uma constante busca de conhecimento das diferentes patologias e dos procedimentos técnicos para preveni-las ou curá-las, permitindo viabilizar a intensificação da produção animal. O melhoramento genético, a compreensão das necessidades nutricionais bem como o balanceamento das rações também são fundamentais e tem permitido um aumento da eficiência zootécnica desses animais. Sendo assim, o sucesso da avicultura de corte decorre, em grande parte, da nutrição.

A compreensão dos inúmeros fatores nutricionais envolvidos no desenvolvimento ósseo, como deficiências de vitaminas e minerais, são de suma importância na ocorrência de desordens esqueléticas. Com a seleção genética voltada para o alto ganho de peso e elevadas taxas de crescimento, tem-se depositado grandes cargas sobre ossos e articulações relativamente imaturos. Dessa forma, o desenvolvimento do tecido ósseo das aves de rápido crescimento não tem acompanhado os processos fisiológicos, aumentando a incidência de problemas locomotores.

A alta densidade, associada com a alta taxa de crescimento do frango, resulta também em problemas de formação óssea e consequente dificuldade para caminhar, causando grande prejuízo ao bem-estar animal (Nääs et al., 2012). Além disso, há também anormalidades relacionadas à formação dos ossos como a discondroplasia tibial, claudicações dolorosas crônicas, condrodistrofia, deformidades como valgus e ou varus, espondilolistese, raquitismo, necrose da cabeça do fêmur ou degeneração femoral, dedos curvados e ruptura do tendão gastrocnêmio (Nääs et al., 2012)

Um fator que vem gerando perdas econômicas significativas são as afecções no tecido ósseo que acometem frangos de corte de crescimento acelerado, pois têm contribuído para a redução na produtividade em função do elevado índice de condenações de carcaças inteiras (KHAN et al, 2010).

Os problemas locomotores em frangos de corte causam alta morbidade. A mortalidade por eliminação alcança índices de 3 a 6% das aves do lote, causando perdas expressivas de produtividade e econômicas (Mendonça, 2009). Na criação de perus, por exemplo, os problemas locomotores impactam em um adicional de mortalidade de 15% no final do lote (KHAN et al, 2010).

A adição de vitamina D na dieta de frangos de corte visa, dentre outras funções, atender à demanda deste nutriente para que ocorra a completa formação óssea. As aves podem sintetizar pequena quantidade desta vitamina, mas não o suficiente para suprir as necessidades fisiológicas, já que os ambientes de criação não recebem radiação solar para que haja ativação endógena desta vitamina, fator explicado pela seleção genética para aves de rápido crescimento.

Ainda que a suplementação da vitamina D esteja em níveis acima dos recomendados pelas tabelas de ROSTAGNO et al. (2011), observam-se problemas relacionados à formação dos ossos em frangos de corte, e problemas locomotores.

Embora existam registros na literatura da adição de vitamina D3 (colecalciferol) e de sua forma disponível, o hidroxicolicalciferol, sobre o desempenho de frangos de corte, são escassos os dados que relacionem a adição de fontes de vitamina D à dieta sobre a locomoção e ultraestrutura óssea em frangos de corte. Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi de avaliar ultruestruturalmente os diferentes níveis de vitamina D na dieta de frangos de corte no período de 1 a 21 dias, sobre a morfologia óssea, assim como o desempenho e gat score.



Revisão Bibliográfica

O frango de corte moderno possui um excelente potencial genético, que quando aliados a um manejo nutricional e sanitário adequados, permite elevado ganho de peso em curto prazo. No entanto, o desenvolvimento do tecido ósseo não tem acompanhado esse aumento no ganho de massa muscular, o que pode gerar problemas locomotores e outras desordens metabólicas. Estes problemas são preocupantes para a indústria avícola devido à falta de bem-estar animal, aos altos índices de descarte nos abatedouros, ocasionados por carcaças mal desenvolvidas e por perdas relativas ao desempenho das aves (KNOWLES et al., 2008).

Segundo Coto et al. (2008) as perdas estimadas decorrentes de problemas locomotores em frangos de corte nos EUA, são de 80 milhões de dólares por ano. O maior impacto destas perdas ocorre no abatedouro por condenações de carcaças com processos inflamatórios nas articulações, dermatites e escoriações, provocadas pelo excesso de decúbito das aves que apresentaram dificuldade locomotora e por isso durante a criação são por vezes pisoteadas pelas aves saudáveis (OVIEDO-RONDÓN, 2008).

O manejo nutricional pode ser uma ferramenta decisiva na diminuição dessas anormalidades ósseas. Estudos apontam que o meio nutricional mais eficaz para se combater problemas ósseos envolve a suplementação dietética com vitamina D (LEDWABA, 2003). Em estudos realizados se observou que metabolitos da vitamina D3 mostraram-se eficazes em relação à discondroplasia tibial (RENNIE & WHITEHEAD, 1996).

A forma ativa da vitamina D, a 25 hidroxicolecalciferol é um importante regulador do desenvolvimento do tecido ósseo, do metabolismo e da homeostase do cálcio, possuindo papel fundamental na regulação do crescimento e diferenciação celular do tecido ósseo (WHITEHEAD et al., 2004). A forma 25(OH)D3 tem atividade duas vezes melhor que a vitamina D3 (colecalciferol), além de apresentar característica favorável em termos de absorção pelas células do intestino, quando comparado com o colecalciferol (TORRES et al., 2009).

De acordo com o NRC (1994) a exigência de vitamina D3 para frangos de corte é de 5 mg/kg (200 UI/kg), mas pesquisas mais recentes sugerem um aporte mais elevado da vitamina, como por exemplo, Kasim & Edwards (2000) estimaram a exigência em cerca de 25 mg/kg.

 

Vale ressaltar que a exigência de vitamina D3 está relacionada com a quantidade de Ca e P disponíveis na dieta. Waldroup et al. (1965) mostraram que o requisito pode variar de 5 mg/kg sob teores de Ca e P normais e, mais de 40 mg/kg quando as quantidades ou proporções de Ca e P foram abaixo do ideal. Williams et al. (2000) e Bar et al. (2003) sugeriram que a necessidades de cálcio para genótipos modernos de frango de corte está próximo de 13g/kg do que o valor de 10g/kg sugerido pelo NRC (1994).



Materiais e Métodos

O protocolo experimental do presente estudo foi aprovado pela Comissão de Ética CEUA/UFGD (009/2013), Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Grande Dourados - UFGD.

Foram alojados 1.296 pintinhos de um dia (648 machos e 648 fêmeas) da linhagem Cobb® 500, em densidade de 12 aves por m2. O galpão foi equipado com bebedouros pendulares, comedouros tubulares, cortinas e sobrecortinas, exaustores, placas evaporativas, ventiladores e nebulizadores para o controle da temperatura interna. O aquecimento inicial foi realizado através do uso de uma lâmpada infravermelha de 250 W em cada box e, a iluminação artificial do galpão foi fornecida de forma a completar 20 horas diárias, com lâmpadas de 40 W, obtendo-se 83 lúmens/m² durante todo o período de criação. Os equipamentos eram acionados automaticamente, de acordo com a programação realizada em painel eletrônico, visando atender a temperatura de conforto das aves, baseada na idade das mesmas.

As aves foram distribuídas em delineamento inteiramente casualizado, em esquema fatorial 2 x 3, dois gêneros (macho e fêmea) e três níveis de vitamina D (3500 UI de vitamina D, 3500 UI de vitamina D + 1954 UI de 25-hidroxicolecalciferol e 7000 UI de vitamina D), perfazendo seis tratamentos, com oito repetições de 27 aves cada.

Todos os animais receberam água e ração à vontade. Destaca-se que as rações foram isonutritivas, com exceção dos níveis de vitamina D, do 1º ao 21º dia. O arraçoamento foi dividido em quatro fases: Fase pré-inicial (1 a 7 dias) com 22,5 % de proteína bruta; 1,4% de lisina; 0,6% de metionina; 0,92% de cálcio e 0,51% de fósforo. Fase inicial (8 a 18 dias) com 21% de proteína bruta; 1,1% de lisina; 0,51% de metionina; 0,84% de cálcio e 0,52% de fósforo. Fase de crescimento (19 aos 36 dias) 18% de proteína bruta; 1% de lisina; 0,45% de metionina; 0,68% de cálcio e 0,45% de fósforo. Fase final (37 aos 42 dias), com 18% de proteína bruta, 1% de lisina; 0,45% de metionina; 0,68% de cálcio e 0,40% de fósforo. Para os demais níveis nutricionais utilizou-se as recomendações de Rostagno et al. (2011) e, do 21º ao 42º dia todas as aves receberam a mesma ração, de acordo com a fase que se encontravam.

Para avaliação do desempenho (ganho de peso, consumo de ração e conversão alimentar), as aves foram pesadas por parcela no momento das trocas de fases. Da mesma forma, as sobras de ração também foram pesadas, obtendo-se o consumo de ração e consequentemente a conversão alimentar. As características foram avaliadas de 1 a 42 dias de idade.

 Gait score

Aos 42 dias de idade das aves foi realizada a avaliação do gait score em 100% das aves. A escala de notas atribuídas foi de 0 a 5, de acordo com o número de passos que a ave caminhava em 1 m. A nota 0 (zero) foi dada para aves que caminharam dez passos, nota 1 (um) para aves que andavam de seis a nove passos, nota 2 (dois) quatro a cinco passos, nota 3 (três) para aves que caminharam até três passos, nota quatro (quatro) para aves que apresentavam claudicação e nota 5 (cinco) para aves que não conseguiam caminhar (KESTIN et al., 1992).

 Ultra-estrutura da vértebra - microscopia eletrônica de varredura

Para a microscopia eletrônica, os fragmentos ósseos foram coletados e acondicionados em frascos, contendo solução conservadora de glutaraldeído 4%, os quais foram lavados por seis vezes consecutivas em tampão fosfato 0,1 M, pH 7,2 por 3 horas e então pós-fixados em solução de tetróxido de ósmio a 2%, durante 30 minutos, à temperatura de 4ºC. Posteriormente, as amostras foram novamente lavadas com o mesmo tampão por seis vezes consecutivas, desidratadas em concentrações crescentes de álcool etílico (30, 50, 70, 80, 90 e 100%), 20 minutos em cada concentração, sendo que, na última, as amostras foram lavadas por três vezes consecutivas, 20 minutos em cada lavagem. Depois de cada desidratação, o material passou pela câmara de secagem do secador de ponto crítico, mediante a utilização de dióxido de carbono. O material foi então montado em porta objeto apropriado, recoberto com uma camada de 30 nm de ouro e finalmente elétromicrografado em microscópio eletrônico de varredura (Modelo Jeol JSM 54 10), operando em 15 KV.

Análise Estatística

 

Os dados foram analisados com o auxílio do pacote computacional SAS versão 9.2 (SAS Institute, Cary, NC, USA) e submetidos a análises exploratórias preliminares, para eliminar dados discrepantes ("outliers") e aos testes de Shapiro-Wilk, para verificar a normalidade dos resíduos, e Bartlett para homogeneidade entre as variâncias. Após as análises preliminares, as características foram submetidas à análise de variância e em caso de efeito significativo as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.



Resultados e Discussão

Desempenho

 

Os gêneros e os diferentes níveis de vitamina D não influenciaram as características de desempenho das aves (P>0,05) (Tabela 1). Estes resultados corroboram com os obtidos por outros autores (FRITTS & WALDROUP, 2005; RAMA RAO et al., 2008) que também não encontraram diferenças de desempenho após a inclusão de vitamina D na dieta de frango de corte. O mesmo foi encontrado por Angel et al. (2006), que não encontraram diferença de rendimento de carcaça mediante diferentes níveis de suplementações de fósforo e de fontes de vitamina D, incluindo a 25-hidroxicolecalciferol. Por outro lado (BRITO et al., 2010) verificaram aumento no rendimento de carcaça em função do uso da fonte 25-hidroxicolecalciferol, quando comparada com a vitamina D3.

O menor nível de vitamina D (3500 UI) pode ter sido subestimado, quando comparado à recomendação nutricional brasileira (ROSTAGNO et al., 2011). Foi demonstrado por Khan et al. (2010), ao estudarem menores níveis de vitamina D (200, 1500, 2500 e 3500 UI de colecalciferol) que os melhores resultados para as variáveis de peso corporal, conversão alimentar aos 28 e 42 dias, foram obtidos para o nível máximo utilizado de vitamina D utilizado, de 3500 UI.

Como os níveis de cálcio (Ca) e fósforo (P) da dieta foram adequados, infere-se que a vitamina D não afetou diretamente a deposição tecidual. A interferência no ganho de peso e no rendimento de carcaça poderia acontecer se os níveis de Ca e P estivessem desbalanceados, pois, nesta condição, a vitamina D compensaria este desequilíbrio, aumentando a absorção intestinal e diminuindo a excreção renal, para garantir a homeostase destes minerais no organismo (WALDENTEST, 2006).

Entretanto, Whitehead et al. (2004) ao estudar altos níveis de vitamina D, de 200, 800, 5000 e 10000 UI em tratamentos com: 0,80% de Ca e 0,35 e 0,50% de P; 1,30% de Ca e 0,35 e 0,50% de P até os 14 dias para frangos de corte, observaram aumento significativo no peso corporal e da resistência óssea, proporcionalmente ao aumento da adição da vitamina D, independente do nível de Ca e P.

Gait score      

Em relação à avaliação do gait score, para todos os tratamentos, cerca de 80% das fêmeas tiveram escores entre zero a dois e os mesmos escores foram atribuídos para aproximadamente 75% dos machos. Para as aves com maior dificuldade locomotora (escores 4 e 5), o percentual foi de aproximadamente 3% para as fêmeas e de 5% para os machos (Tabela 2). Em estudo semelhante, com fornecimento de 69 mg de 25-hidroxicolicalciferol via água de bebida, Nääs et al. (2012) observaram que, nas idades de 28, 35, 42 e 49 dias, o gait score dos machos tende a ser superior ao das fêmeas, corroborando com os achados do presente estudo. Isto ocorre devido a maior velocidade de crescimento dos machos, quando comparado com as fêmeas.

De acordo com Camacho et al. (2004), um grupo de frangos alimentados com 5% de um suplemento contendo aminoácidos, vitaminas, minerais  apresentou uma diminuição significativa nos problemas nas pernas. Deformações e fraturas são um grave problema de saúde em frangos de corte, pois o melhoramento genético realizado para os parâmetros de desempenho, não foi acompanhado para os de desenvolvimento e crescimento ósseo das aves. Aves com diagnóstico de fratura estão relacionadas com piores índices de conversão alimentar, devido a dificuldade de locomoção, causando limitações na ingestão de água e ração, o que acarreta em queda do consumo de ração e consequente do ganho de peso, devendo ser sacrificadas para evitar prejuízo para o lote.

De acordo com Nääs et al. (2012), as atuais linhagens de frango de corte selecionadas para rápido crescimento apresentam pouca resistência para suportar o peso corporal, sendo incapazes de adaptar seus esqueletos para suportar o rápido ganho de peso. Este fenômeno pode estar relacionado com a incidência de pernas tortas ou problemas locomotores em frangos de corte.

Microscopia eletrônica de varredura

As fibras paralelas com intensa concentração de tecido cartilaginoso, identificando a integridade da linha de crescimento, e presença constante de vasos sanguíneos, confirmam a ausência de espondilolistese (Figura 2), as lesões encontradas na espondilolistese são avasculares, podendo ser encontradas algumas áreas de necrose (Figura 2).

Os resultados indicam presença de vasos sanguíneos, tecido ósseo e cartilaginoso, hipertrofia completa do condrócitos, que atingiram o tamanho esperado e não sofreram mudanças degenerativas, corroborando com os resultados de Khan et al. (2010) (Figura 2). No entanto, na Figura 2 observou-se necrose do tecido cartilaginoso indicando a presença de espondilolistose. A ocorrência ou não de espondilolistose ocorre para tanto em machos como em fêmeas e tanto nos tratamentos com ou sem 25 hidroxicolicalciferol, portanto, sua evolução não esta relacionada com o sexo das aves ou com a adição ou não de hidroxicolicalciferol, nem com os níveis de vitamina D.



Conclusões

Os níveis e fontes de vitamina D, bem como os sexos avaliados neste estudo não interferem no desempenho, bem como para as demais variáveis ósseas avaliadas.

 

A adição de 3500 UI de vitamina D/kg de ração é suficiente para garantir a produção de frangos de corte com mínimos ou ausentes problemas locomotores, independente do sexo.



Gráficos e Tabelas




Referências

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