AVALIAÇÃO DO AMBIENTE TÉRMICO INTERNO EM UM GALPÃO DE FRANGOS DE CORTE NA CIDADE DE TIRADENTES – MINAS GERAIS
Jussara Maria de Oliveira1, Guilherme Santos Bassi2, Vanusa Patrícia de Araújo Ferreira3, Hewerson Zansávio Teixeira4
1 - Aluna de graduação do curso de Zootecnia, UFSJ, São João del-Rei-MG
2 - Zootecnista
3 - Professora do Departamento de Zootecnia, UFSJ, São João del-Rei-MG
4 - Professor do Departamento de Zootecnia, UFSJ, São João del-Rei-MG
RESUMO -
Este trabalho foi realizado com o objetivo de analisar as interferências climáticas no interior de um galpão convencional em dois lotes de frangos de corte, nos meses de junho a outubro. A análise se deu por meio da mensuração dos fatores ambientais, temperatura e umidade relativa, bem como a temperatura superficial das aves alojadas. As coletas destes parâmetros ambientais foram realizadas através de termohigrômetros, além de um sistema computacional, instalados num galpão comercial. Os dados de ambiência foram mensurados diariamente durante um período aproximado de 43 dias, às 9 e às 15 horas. Concluiu-se que o galpão estudado não proporcionou uma ambiência satisfatória durante a criação dos dois lotes de frangos de corte, acarretando alterações no metabolismo e no comportamento dos animais. Desta forma, ficou comprovado quão importante é um ambiente térmico ideal, para que as aves expressem seu potencial genético e proporcione um rendimento lucrativo ao produtor.
Palavras-chave: ambiência, conforto térmico, frangos de corte
INTERNAL THERMAL ENVIRONMENT EVALUATION IN A BROILER SHED IN THE CITY OF TIRADENTES – MINAS GERAIS
ABSTRACT - This work was realized with the point of analizy the weather interference of a conventional hangar with two cut chickens lots, at the months June and October. The analysis was conducted by the measuring of weather factors, temperature and relative humidity as well the superficial temperature of the chickens inside the hangar. The collect of this environmental parameters was realized with thermometer that measure temperature and relative humidity, besides of an computational system installed in a commercial hangar. The ambience dades was measuring daily approximating 43 days at nine o’clock am and fifteen o’clock pm. To come to a conclusion that the study hangar didn’t provide an satisfactory ambience during the creation of the two cut chickens lots, implying in metabolism and behavior alteration at the animals. In this way, there's no doubt how important is an ideal thermal environment, so that birds express their genetic potential and provide lucrative income to the producer.
Keywords: ambience, broiler chicken, thermal comfort
Introdução
A avicultura brasileira está em constante crescimento, tal fato deve-se ao crescente mercado consumidor e as elevadas aplicações do melhoramento genético, que aperfeiçoou a produtividade dos frangos de corte (CASSUCE, 2011). Essas notáveis melhorias, podem ser vistas com a redução da idade no abate, maior desenvolvimento do tecido muscular, o aumento do peso da carcaça e o melhor aproveitamento dos nutrientes da dieta.
Entre outros fatores relacionados a este melhor desempenho atual, vale a pena destacar os investimentos mundiais realizados na busca por um ambiente favorável na criação dos lotes. Assim, uma zona de termoneutralidade na estadia das aves proporciona um bem-estar aos animais, ajudando na expressão gênica das características desejáveis, melhorando sua produtividade. Este ambiente ideal torna-se essencial para que as aves canalizem a energia metabólica, utilizada para o ganho de peso, uma vez que não precisam gastar energia para manter a regulação térmica corporal (BAÊTA & SOUZA, 2010). Entretanto, esta preocupação com a ambiência para frangos de corte não é considerada como uma exigência necessária pelos produtores, principalmente, em galpões convencionais.
Este trabalho teve como objetivo avaliar o ambiente interno de um galpão convencional para frangos de corte, a fim de ressaltar as influências deste ambiente na produção.
Revisão Bibliográfica
O ambiente onde os animais são criados é constituído por elementos físicos, químicos, sociais e ambientais, dentre eles, os ambientais tem influência direta sobre o desempenho produtivo dos frangos de corte. (BAÊTA & SOUZA, 2010).
Segundo Oliveira et al. (2006), a capacidade das aves em suportar o calor é inversamente proporcional a umidade relativa. Além disso, a temperatura ambiente é outro fator que interfere no desenvolvimento das aves, sendo que em altas temperaturas, as aves tendem a consumir menos ração, prejudicando o desempenho. Em temperaturas muito baixas mantêm o consumo de ração nos animais adultos, gerando incremento calórico. Porém, a energia que seria utilizada para repor essas calorias é utilizada na mantença, levando a queda da produção. (FURLAN 2006, apud LOPES 2015).
Os galpões onde são criadas as aves devem proporcionar todas as condições climatológicas favoráveis para uma alta produtividade dos lotes (OLIVEIRA, 2006).
Materiais e Métodos
O trabalho foi desenvolvido em uma instalação avícola comercial de frangos de corte, pertencente a uma integradora da região, situada no município de Tiradentes, Minas Gerais, cujas coordenadas geográficas são: latitude 21º 04’ 16’’ Sul e longitude 44º 12’ 58’’ Oeste, altitude de 856 m. A região apresenta clima do tipo tropical de altitude com estações bem definidas (EPAGRI, 2005).
A instalação apresentava estilo convencional, orientação longitudinal leste-oeste, com dimensões de 100m de comprimento por 14 m de largura e pé-direito de 2,40 m. Um telhado de amianto sem lanternim, com um beiral de 0,20 m, e sem arborização externa contínua. O sistema de ventilação era equipado com cortinas laterais externas, internas e forro de lona plástica. Os nebulizadores estavam inutilizados. Os ventiladores axiais eram dispostos em trios, a cada 20 m de distância entre trios. O sistema de aquecimento era a vapor, composto por uma caldeira à lenha.
A coleta dos dados compreendeu o ciclo completo de dois lotes mistos da linhagem Cobb, com média de 18.500 frangos/lote, e duração aproximada de 45 dias cada lote, onde o primeiro estabeleceu nos meses de julho a agosto e o segundo de setembro a outubro, do ano de 2015. Foram instalados 4 termohigrômetros que mensuravam os valores da temperatura ambiente e umidade relativa, dentro e fora do galpão, os quais, eram coletados diariamente, nos horários de 9 horas e 15 horas, durante todo o ciclo dos lotes estudados. Foram coletadas as temperaturas superficiais de 10 aves, próximas a cada termohigrômetro, com a ajuda de um termômetro a laser. Paralelamente, foi instalado no aviário um sistema digital de aquisição de dados com quatro sensores de temperatura, próximos aos termohigrômetros, os quais mensuravam os valores de temperatura e umidade. Os valores aferidos nas coletas manual e digital dos dados, foram comparados entre si descritivamente, mediante a geração de gráficos e tabelas, bem como aos resultados encontrados na literatura.
Resultados e Discussão
Analisando a influência do ambiente externo, sobre a ambiência interna do galpão, através dos sensores localizados juntos aos termohigrômetros, nos dois lotes analisados, verificou-se que a variação da temperatura destes sensores, comparada a variação da temperatura do sensor posicionado externamente, mostraram a ineficiência do galpão em manter a temperatura interna constante, principalmente no período de maior radiação solar. Esse controle é fundamental para o bem estar das aves no interior do galpão, onde essas necessitam de dissipar o calor, alterando inclusive seu comportamento, principalmente na redução do consumo de ração, para evitar o excesso de calor metabólico (FURLAN, 2006 apud LOPES, 2015).
O gráfico 01 demonstra a variação de temperatura média nos termohigrômetros instalados no interior do galpão (temperatura ambiente), com a variação da temperatura corporal média das aves, durante os lote 01, no período da manhã, e no lote 02, no período da tarde, respectivamente.
Observa-se que a oscilação da temperatura média das aves acompanha a temperatura ambiente. O gráfico da manhã mostra que as curvas de variação se iniciam com uma temperatura ambiente relativamente agradável às aves nesse período inicial, onde o aceitável é em torno de 27 e 30 ºC, para os frangos com até 15 dias (COBB, 2008). Entretanto, no gráfico de variação da temperatura na parte da tarde, mostra que a oscilação da ambiência no galpão foi grande, com picos máximos de temperatura ambiente chegando aos 38 ºC aos 21 dias de vida, o que gera um estresse térmico considerável às aves nessa fase de vida. Concordando com Amaral et al. (2011), onde a energia metabolizada no consumo de alimento é revertida para a dissipação térmica, prejudicando o desempenho produtivo da ave.
Ao analisar a interação entre a umidade relativa do ar (UR), a temperatura ambiente (TA) e temperatura média das aves (TSA), aferidas no lote 02, observou-se uma interação entre as variáveis dispostas no Gráfico 02 a seguir, referentes à parte da manhã e tarde.
Em suma comparação entre os dois lotes, os valores aferidos de umidade relativa do ar, estiveram na faixa ideal, de acordo com o Cobb (2008), onde a umidade varia de 30% a 70% durante toda a fase de criação. Entretanto, houve picos máximos e mínimos (Gráfico 02), que ultrapassaram os valores ditos como ideais. Essas variações mostram que a eficiência interna do galpão em controlar a ambiência ideal foi falha, já que o galpão apresentava problemas sérios nas instalações, como telhado debilitado e beiral muito curto, ajudando a entrada de umidade na granja.
Conclusões
Valores elevados de temperatura ambiental promoveram uma dificuldade das aves em dissipar o calor oriundo do metabolismo corporal. Além disso, a umidade relativa, por sua vez, também apresentou uma relação direta com a dissipação térmica das aves, comprometendo a evapotranspiração das aves, o que acarretou num comportamento ofegante e de prostração dos frangos de corte. Assim sendo, o galpão em estudo se mostrou ineficiente no controle da ambiência interna ideal.
Gráficos e Tabelas
Referências
AMARAL, A. G.; JUNIOR, T. Y.; LIMA, R. R.; TEIXEIRA, V. H., SCHIASSI, L.
Efeito do ambiente de produção sobre frangos de corte sexados criados em galpão convencional. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v. 63, n.3, p. 649-658, Departamento de Engenharia – UFLA, Minas Gerais, 2011.
BAÊTA, F. C.; SOUZA, C. F.
Ambiência em edificações rurais – conforto animal. Viçosa: UFV, 2010, 246p.
CASSUCE, D. C.
Determinação das faixas de conforto térmico para frangos de corte de diferentes idades criados no Brasil. 2011. 103 f. Tese (Doutorado em Engenharia Agrícola) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais, 2011.
EPAGRI. Caracterização geral. Disponível em: <www.epagri.rctsc.br.> Acesso em: 18 de maio de 2016.
LOPES, J.C.O.; RIBEIRO, M. N.; LIMA, V. B. S.
Estresse por calor em frangos de corte: avicultura, desempenho, infraestrutura, nutrição, temperatura. Nutri Time, Revista Eletrônica, v. 12, n. 06, nov./dez. 2015. Disponível em: <www.nutritime.com.br> ISSN: 1983-9006.
Manual de Frangos de Corte, linhagem Cobb. Revisão de 2008. Disponível na internet: <www.aviculturainteligente.com.br>. Acesso em: 23 de abr., 2016.
OLIVEIRA, P. A. V.; GUIDONE, A.L.; BARONI JÚNIOR, W.; DALMOURA, V.J.; CASTANHA, N.
Efeito do tipo de telha sobre o acondicionamento ambiental e o desempenho de frangos de corte. In: CONFERÊNCIA APINCO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA AVÍCOLA, 1995. Anais... Campinas: Facta, 2006. p.297-298.
PONCIANO, F. P.
Predição do desempenho produtivo e temperatura retal de frangos de corte durante os primeiros 21 dias de vida. 2011. 97 f. Dissertação (Mestrado em Construções Rurais e Ambiência)– Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Lavras, Minas Gerais, 2011.