Intervenções assistidas por animais com a utilização de peixe

tonilson cardoso alves1, leonam nascimento silva2, Gustavo Amaral Santa Brígida de Araújo3, Ana Carolina Nascimento do Rosário4, Louise Fonseca Lacerda5, Walace Douglas da Cruz Santos6, Larissa do Nascimento Silva7, Fernanda Martins Hatano8
1 - universidade federal rural da amazônia
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RESUMO -

O objetivo com este trabalho foi de demonstrar a relevância da Atividade Assistida por Animais (AAA) com o uso do peixe como facilitador terapêutico, descobrindo suas características e os seus benefícios à praticantes com seguintes diagnósticos de encefalopatia crônica não evolutiva (ECNEI) e transtorno do espectro autista. Durante a execução das sessões de Terapia, os praticantes mostraram interesses em entrar na água com os peixes o que tornara as sessões ainda mais fáceis de serem executadas. Os peixes foram selecionados devendo atender aos requisitos de saúde animal, comportamento, socialização, aptidão e de obter informações a respeito do manejo e bem estar animal, ou seja, se esses animais são corretamente manejados e bem nutridos e para isso, precisou-se da participação direta de estagiários alunos do curso de Engenharia de Pesca e de alunos do curso de Zootecnia e Medicina Veterinária com conhecimento na área.

Palavras-chave: Atividade Assistida por Animais (AAA), Peixes, Pessoas com Deficiência

Interventions assisted by animals using fish

ABSTRACT - The present work aimed to demonstrate the relevance of Animal Assisted Activity (AAA) using fish as a therapeutic facilitator, discovering its characteristics and its benefits to practitioners diagnosed with chronic non-evolutionary encephalopathy (CNEE) and autism spectrum disorder. During the therapy sessions execution, the practitioners showed interest in entering the water containing fishes which made the sessions even easier to perform. The fish were selected meeting the requirements of animal health, behavior, socialization, aptitude and to obtain information regarding animal welfare and management, in other words, if these animals are properly managed and well-nourished and for this, it was necessary a direct participation of intern students from courses such as Fishing engineering and students coming from courses of Animal Science and Veterinary Medicine having knowledge in the area of the study.
Keywords: Assisted Animal Activity (AAA), Fishes, Disabled people


Introdução

Segundo Machado (2008) a terapia assistida por animais (TAA) é uma prática com critérios específicos onde o animal é a parte principal do tratamento, objetivando promover a melhora social, emocional, física e/ou cognitiva de pacientes humanos. Ela parte do princípio de que o amor e a amizade que podem surgir entre seres humanos e animais geram inúmeros benefícios. A Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) entende ser crucial a divulgação dos benefícios da relação entre seres humanos e animais de estimação, e apoia medidas como a zooterapia, ou terapia assistida por animais. Entre as terapias assistidas por animais, temos a terapia com peixes que ainda é pouco usada no Brasil, mas que desperta muita curiosidade por ser um animal que passa maior sensação de calma e tranquilidade, sendo indicada para crianças com alguma deficiência, principalmente do espectro autista. E devido tantas contribuições desse animal nesse tipo de terapia já se inicia mobilização de algumas universidades brasileiras para que sejam construídos futuros centros de terapia com peixes. (MARTINS et. al, 2014). No Brasil, mas especificamente em Jundiaí (SP), uma cooperativa de profissionais da área da saúde escolheu o peixe por meio de zooterapeutas, para fazerem parte de um projeto com crianças com autismo e síndromes para realização de terapias e comprovaram cientificamente que o peixe tem efeito calmante, e diminui a ansiedade e o estresse.

Revisão Bibliográfica

O Transtorno do Espectro Autista é caracterizado por desordens cerebrais abrangendo uma larga variedade de sintomas e comprometimentos sociais, comportamentos repetitivos e dificuldades de comunicação. Até o presente momento o autismo infantil é um transtorno que não possui cura e a zooterapia pode contribuir no desenvolvimento e socialização dessas crianças. Foi observado que na presença do peixe as crianças tiveram diminuição da ansiedade, agressividade, melhora na socialização e interação criança-animal, o que nos permite deduzir através das análises e atividades propostas que houve uma implementação do comportamento social e redução da ansiedade dessas crianças participantes. (MARTINS et. al, 2014).

Materiais e Métodos

O estudo foi realizado a partir da pesquisa bibliográfica e de campo. Foram realizadas três sessões no setor de Engenharia de Pesca no Laboratório de Aquicultura Tropical da Universidade Federal Rural da Amazônia-UFRA campus Belém. Participaram da pesquisa seis indivíduos com seguintes diagnósticos ECNEI, transtorno do espectro autista, sendo três do gênero feminino e três do gênero masculino. A primeira intervenção teve como título “Aspectos Gerais”. A primeira atividade: realizou-se a apresentação dos participantes e da equipe técnica. Segunda atividade: posteriormente, ocorreu o circuito conduzido pelos cães e os estagiários, contendo imagens de peixes e seu ambiente objetivando promover conscientização do ambiente que esses animais habitam. Terceira atividade: realizou-se atividade pedagógica, onde os participantes elaboraram um cartaz com diversas imagens de peixes, onde as imagens representavam cada praticante. Segunda intervenção intitulada “Conhecendo o Seu Habitat”. Primeira atividade: primeiramente ocorreu a apresentação dos participantes com a equipe, através da cantiga de roda “se eu fosse um peixinho”, onde cada participante ficava no centro da roda, por vez, e era apresentado. Segunda atividade: permanecendo na mesma posição (em roda), realizou-se o alongamento simples em posição ortostática. Terceira atividade: os participantes foram conhecer as diversas espécies de peixes presentes nos aquários e nos tanques, localizados no galpão de pesquisas do curso de Engenharia de Pesca. E a terceira intervenção nomeada "Nadando com eles”. A primeira atividade: realizou-se alongamento, em posição ortostática, em roda, na quadra. Segunda atividade: os participantes foram direcionados para o galpão do curso de Engenharia de Pesca, onde trocaram suas vestes para trajes de banho. Em seguida, foram encaminhados para uma piscina de plástico, contendo alguns peixinhos, para tomarem banho, concomitantemente.

Resultados e Discussão

Após as realizações das sessões foi observado que os praticantes demonstraram muito interesse e satisfação com as atividades, notável através do comportamento de deles. Além disso, os animais facilitaram a relação social, causando efeito motivacional e superação de medos (MUÑOZ, 2014, TADEU JÚNIOR; COSTA; PALAZZO, 2014). Obteve-se o resultado de que o peixe como animal terapeuta tem uma imensa capacidade de produzir fatores benéficos a saúde e recuperação de autistas e de pessoas que precisam de reabilitação sensorial, psicológica e motora. Notou-se durante as atividades realizadas junto as observações dos autores, que a utilização de animais com crianças e adolescentes promove experiências emocionalmente satisfatórias

Conclusões

A partir do trabalho realizado podemos concluir que o peixe é um animal que apresenta potencial para ser utilizado na terapia assistida por animais, pois no momento da interação são estimulados raciocínio, concentração, controle da ansiedade e da agressividade, criatividade, coordenação motora e propriocepção (a capacidade em reconhecer a localização espacial do corpo). Espera-se ainda, que com esse relato de experiência e pesquisa, outras cooperativas e projetos possam ser desenvolvidos e que mais estudos possam ser realizados com o intuito de aprofundar o conhecimento a fim de saber melhor os benefícios dessa interação homem-animal, apesar de nova é evidente em nossa região, mostra-se interessante e eficaz.


Referências

BUNDUKI, T. O.; MILANEZ, S. G. C. Terapia Assistida por Cães na aprendizagem de adolescentes com deficiência intelectual. 8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Título, autores – ISSN 2176-9761. UNESP – FFC, Campus: Marília, Terapia Ocupacional. Disponível em: < http://200.145.6.205/index.php/congressoextensao/8congressoextensao/paper/viewFile/1128/893>. Acesso em 01 nov 2016. FONSECA, M. ; MARTINS, M. F. . O olhar sobre o autismo através da terapia com Betta splendens. In: 41º Conbravet, 2014, Gramado. Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária, 2014. MARTINS, M. F.; TORELLI, C. M.; MOREIRA JUNIOR, C. E.; STANQUINI, C.S.; BALBINI, N. W.. Peixes na Zooterapia como renovadores do processo existencial de idosos institucionalizados. In: 41º Conbravet, 2014, Gramado. Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária, 2014.