EFEITO DE DIFERENTES PROTEINADOS SOBRE O DESEMPENHO DE BORREGAS NULÍPARAS GESTANTES E LACTANTES

Gilberto de Lima Macedo Junior1, Simone Pedro da Silva2, Luciano Fernandes Sousa3, Érica Beatriz Schultz4, Marina Elizabeth Barbosa Andrade5, Adriano Santana Crozara6, Karla Alves Oliveira7, Carolina Moreira Araújo8
1 - Universidade Federal de Uberlândia
2 - Universidade Federal de Uberlândia
3 - Universidade Federal do Tocantins
4 - Universidade Federal de Viçosa
5 - Unesp Jaboticabal
6 - Universidade Federal de Goiás
7 - Universidade Federal de Uberlândia
8 - Universidade Federal de Uberlândia

RESUMO -

Objetivou-se com este trabalho avaliar o efeito de proteinados com diferentes fontes proteicas sobre desempenho de borregas nulíparas na gestação a pasto e lactação em confinamento. Foram utilizadas 15 borregas com 95 dias de gestação distribuídas aleatoriamente em três piquetes de Brachiaria Brizantha cv. Marandu contendo os tratamentos: A (proteinado com farelo de soja), B (proteinado com soy pass) e C (proteinado com farelo de soja e soy pass). Os animais foram confinados uma semana antes do parto até 60 dias de lactação com fornecimento da planta de sorgo moída e proteinado, manteve-se os tratamentos com os mesmos grupos de animais. Não houve efeito entre os tratamentos (farelo de soja, soy pass, farelo de soja e soy pass) para as mensurações durante a gestação e lactação. Os períodos foram significativos para as características de desempenho devido aos fatores fisiológicos de cada fase, como crescimento fetal na gestação, demanda energética na lactação e crescimento nas crias. A qualidade do pasto foi relevante para os baixos valores de ganho dos animais. Conclui-se que as diferentes fontes protéicas na suplementação não influenciam o desempenho de borregas nulíparas na gestação e lactação, porém para característica de peso das crias a proteína protegida foi significativa.

Palavras-chave: desempenho, fontes nitrogenadas, ovinos, proteína protegida.

EFFECTS OF DIFFERENTS SOURCES PROTEIN IN PERFORMANCE OF PREGNANT AND LACTATING LAMBS

ABSTRACT - The objective of this work was to evaluate the effect of proteinates with different protein sources on performance of nulliparous lambs in pasture and lactation in confinement. Fifteen lambs with 95 days of gestation were randomly distributed in three pickets of Brachiaria Brizantha cv. Marandu containing the treatments: A (protein with soybean meal), B (soy-soy protein) and C (soy-soybean meal and soy pass). The animals were confined one week before calving until 60 days of lactation with supply of the milled and protein sorghum plant, the treatments were maintained with the same groups of animals. There was no effect among the treatments (soybean meal, soybean meal, soybean meal and soy pass) for measurements during gestation and lactation. The periods were significant for the performance characteristics due to the physiological factors of each phase, such as fetal growth during gestation, energy demand in lactation and growth in the offspring. The pasture quality was relevant to the low gain values ​​of the animals. It is concluded that the different protein sources in the supplementation do not influence the performance of nulliparous lambs in gestation and lactation, but for the characteristic of the offspring weight the protected protein was significant.
Keywords: sources nitrogen, sheep, performance, protected protein.


Introdução

A ovinocultura é uma atividade em crescimento no Brasil, a alimentação representa cerca de 70% do custo total de produção, sendo necessária a aplicação de técnicas de manejo e nutricionais, a fim de tornar o sistema mais eficiente. É importante ressaltar que os ruminantes têm a capacidade de aproveitar carboidratos estruturais presentes nos alimentos volumosos como fonte energética VALADARES FILHO & PINA, (2006), porém nem sempre a qualidade destes alimentos permite que a requerimento nutricional seja suprido. Neste contexto a suplementação na forma de concentrados ou proteinados, vem como alternativa para aumentar o aporte de nutrientes. Basicamente, as exigências dos animais incluem energia necessária para: mantença, crescimento, gestação e lactação COELHO DA SILVA e LEÃO, (1979). As fases de gestação e lactação são críticas, segundo MEXIA et al., (2004) uma má nutrição nestes períodos limita a capacidade de crescimento dos cordeiros. Uma solução eficaz seria o fornecimento de suplemento alimentar às ovelhas no terço final da gestação e durante a lactação, pois corresponde ao maior crescimento do feto, ao desenvolvimento do úbere e à sua capacidade de produzir colostro e leite ROSA et al., (2007). Dentre os nutrientes limitantes, a proteína é o principal constituinte corporal do animal vital para os processos de manutenção, produção de leite, crescimento e reprodução, sendo o foco para potencializar o ganho. A exigência mínima de proteína bruta é 7% no rúmen para manter o crescimento microbiano Van Soest, (1994). Dentro da tipificação das proteínas temos proteína degrada no rúmen (PDR), não degrada no rúmen (PNDR) e nitrogênio não proteico. O uso de proteinados com diferentes alimentos na suplementação tem como finalidade melhorar o desempenho devido ao maior aporte protéico e energético relativo às composições Semmelmanm, (2001). Sendo assim, diferentes fontes proteicas associadas a estes tipos de suplementos são estudadas nas fases de gestação e lactação em diferentes sistemas de produção.

Revisão Bibliográfica

A produção de ovinos em pastagens é viável economicamente pelo baixo custo e disponibilidade da forrageira em comparação aos sistemas de confinamento que utilizam alta quantidade de grãos. Entretanto, a produção animal em pastagens é fortemente influenciado pela disponibilidade diária de MS, capacidade de lotação, qualidade da forragem e consumo animal Carnevalli et al., (2001). Para garantir a qualidade da forrageira, tecnologias de manejo são aplicadas como: observação de altura da planta, realização de análise e adubação do solo Fagundes et al., (2006). Sabemos que mesmo quando bem manejadas, as forrageiras apresentam queda estacional de produção e perda de qualidade, neste período grande parte dos nutrientes ficam aderidos às frações indigestíveis, não suprindo o requerimento energético e proteico dos animais. Em muitos sistemas de produção que tem como base o uso de pastagens, nutrientes suplementares são necessários para obter níveis esperados de ganho corporal REIS et al., (2012). Outra alternativa é o sistema de confinamento que tem  crescido muito nas regiões do Brasil, apesar do elevado custo de produção, permite aumentar a taxa de lotação da propriedade e melhorar as condições alimentares do rebanho Frescura et al., (2005), o que pode ser significativo em comparativo a pastagens de baixa qualidade, em presença de categorias mais exigentes como ovelhas lactantes e borregos em crescimento. As suplementações nitrogenadas independente do sistema de produção favorecem os microorganismos do ambiente ruminal, com maior síntese de proteína microbiana e potencial fermentativo, gerando ácidos graxos voláteis que serão aproveitados pelo animal como fonte de energia.  Existem diferentes fontes proteicas que constituem os suplementos, sendo uma fração degradável no rúmen (PDR) e uma fração não degradável no rúmen (PNDR). A degradação das proteínas ocorre por enzimas secretadas pelos microorganismos como a peptidase e protease, e são necessárias para síntese de proteína microbiana e multiplicação celular (Berchielli et al. 2011). Os proteinados como suplemento são constituídos basicamente de fonte de nitrogênio não proteico (uréia), fonte de proteína verdadeira (farelo de soja), alimentos energético (farelo de milho), regulador de consumo (cloreto de sódio), mistura mineral e aditivos.  Um fator a ser considerado na utilização de suplementação com mistura mineral contendo proteína e/ou energia é a grande variação no consumo, que depende, além de outros fatores, da qualidade e da oferta da forragem. LOPES et al.,( 1997). Os animais em fase de gestação e lactação apresentam mudanças fisiológicas e aumento no requerimento nutricional seja para o crescimento fetal ou para produção de leite. A duração da gestação na ovelha é cerca de 150 a 160 dias. Durante o terço final da gestação (105 dias) os tecidos fetais têm maior desenvolvimento, em torno de 70% do seu peso final Kolb, (1980). Ambas as fases necessitam de cuidados especiais quanto à nutrição adequada devido às altas necessidades energéticas, que se não suprida causam mobilização das reservas corporais, elevando as concentrações de corpos cetônicos e causando problemas como toxemia da gestação, acidose metabólica e distúrbios cerebrais GONZALEZ, (2000). Entende-se que as diferentes fontes protéicas e energéticas utilizadas neste tipo de suplementação têm por objetivo atender a demanda nutricional e proporcionar ganhos de peso nas diferentes épocas do ano, necessitando de novos estudos complementares a estas pesquisas.

Materiais e Métodos

O experimento foi realizado na Universidade Federal de Uberlândia, na Fazenda Experimental Capim Branco, no setor de ovinos e caprinos. O período experimental teve duração 115 dias sendo de janeiro a junho de 2014. Foram utilizadas 15 borregas nulíparas mestiças Dorper/Santa Inês com 80 (±7) dias de gestação de monta natural até os 50 dias de lactação, com peso corporal médio de 40 kg e idade média de 16 meses. Os animais foram vermifugados antes do início do período experimental com antiparasitário a base de Monepantel®. As ovelhas foram distribuídas em três piquetes de 800m² de Urochloa brizantha cv. Marandu, recém-reformados e piqueteados, providos de sombra artificial (telha de fibrocimento), comedouro (saleiro) e bebedouro, sendo ofertado proteinado e água á vontade. Os piquetes receberam adubação nitrogenada (ureia agrícola), fósforo (superfosfato simples) e potássio (cloreto de potássio) previamente ao início do experimento. Após pesagem, identificação e adaptação ao consumo de proteinado, os animais foram distribuídos em três tratamentos correspondentes aos piquetes, com lotação fixa e altura média de 30 cm na entrada dos animais. Em cada um dos piquetes foi ofertado proteinado os mesmo compostos por ureia protegida (Optigen), polpa cítrica, farelo de soja, sal mineral e sal branco e os tratamentos: A – farelo de Soja, B- proteína protegida da soja, C- proteína protegida e farelo de soja (Tabela 1). Os animais nos cinco dias antes do parto advindo de manejo na pastagem já adaptados aos tratamentos correspondentes, foram alocados em três baias coletivas, contendo comedouro, saleiro e bebedouro, sendo ofertada água á vontade. Em todas as baias foi ofertado como fonte de volumoso sorgo picado e o proteinado já fornecido no período gestacional aos mesmos animais Os proteinados foram formulados para consumo entre 50 a 70 g/dia, e misturados seguindo a formulação de cada tratamento. Foi ofertado em cada piquete 350 g/dia de proteinado (70g/dia/animal) referente a cada tratamento em cochos cobertos localizados nos piquetes. As sobras eram pesadas todas as manhãs em balança digital para acompanhamento do consumo. Quando se obtinha sobra zero a quantidade de proteinado ofertado era aumentada em 10% até sua estabilização. A estrutura do pasto foi analisada por meio da altura média do piquete foi estabelecida a partir da média de 30 pontos, aferidos aleatoriamente em toda área do piquete com régua de madeira adaptada para tal função. Para determinação dos componentes morfológicos, foi realizado o corte, de todos os perfilhos contidos no interior de um quadrado de 25cm², ao nível do solo em duas áreas representativas da condição de altura média do pasto em cada piquete. As amostras foram pesadas separadas manualmente, em folha, colmo e material morto. A inflorescência e a bainha foliar verde foram incorporadas à fração do colmo. A parte da lâmina foliar que não apresentava sinais de senescência (órgão de cor verde) foi incorporada à fração folha. As partes do colmo e da lâmina foliar senescentes e mortos (com amarelecimento e/ou necrosamento do órgão) foram incorporadas à fração do material morto. Após a separação, os componentes foram secos em estufa de circulação forçada de ar a 65°C, por 72 horas, posteriormente pesados e estimado a predominância destas frações no pasto. As coletas de amostras aconteceram a cada 28 dias (início, meio e fim do período experimental em pasto). Na gestação as ovelhas a cada 15 dias (95, 110, 125, 140 dias de gestação) as ovelhas foram pesadas em balança adequada e foi atribuída uma nota de escore corporal de 1 a 5, sendo considerados valores intermediários em incremento, utilizando o método de avaliação proposto por Russel, Doney e Gunn (1969), onde as ovelhas foram avaliadas palpando-se a rugosidade dos processos transversos e dorsais das vértebras lombares. A circunferência de barril foi mensurada com fita métrica, para acompanhamento do crescimento dessa região de acordo com o desenvolvimento do feto. As mesmas mensurações foram realizadas foram realizas no momento do parto e a cada 15 dias durante a lactação (15, 30 e 45 dias de lactação). A análise de betahidroxibutirato foi realizada no início do experimento e a cada 15 dias da gestação até os 50 dias de lactação. Para essa análise foi retirado 0,5 mL de sangue aproximadamente na jugular com seringa e agulha, em seguida foi colocado uma gota de sangue sobre a fita específica encaixada no aparelho eletrônico Free Style ®. No momento após o parto foi mensurado a circunferência de barril, peso corporal, peso da placenta e o peso da cria. O desempenho das crias foi avaliado a partir do seu peso vivo e das avaliações biométricas, o peso foi mensurado logo após o parto e as medidas biométricas a cada 15 dias após o nascimento. Essas medidas foram realizadas pelo mesmo avaliador, através do auxílio de um bastão graduado e fita métrica e balança. Foram tomadas as seguintes medidas: altura do anterior, altura do posterior, perímetro torácico, comprimento corporal, largura do peito, perímetro testicular, seguindo a metodologia de Osório (2003). O ganho médio diário foi calculado através da diferença entre as pesagens e os dias decorridos. O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado com medidas repetidas no tempo e as médias foram submetidas ao teste de Tukey a 5% de probabilidade. As médias de consumo foram realizadas de maneira descritiva. Para as análises de escore de condição corporal foi utilizada estatística não paramétrica pelo método Kruskal e Wallis (1952). Todas as análises foram realizar por meio do software SAS.

Resultados e Discussão

A produção de forragem assim como as respostas de plantas forrageiras e animais sob pastejo possuem uma alta correlação com a quantidade e altura do estrato de lâminas foliares no dossel forrageiro Frame, (1981). Ao longo do período experimental, houve redução nas alturas medidas de 30 para 15 cm em todos os piquetes avaliados. Tal comportamento justifica-se por manter a taxa de lotação, e em função do déficit hídrico durante o período experimental. Segundo Canto et al., (2001), a redução da altura de pasto aumenta a proporção de folhas removidas pelo pastejo das ovelhas e reduz a área foliar, a fotossíntese e a taxa de produção de folhas verdes,  o que condiz com a redução da altura do pasto do início para o fim das avaliações. Uma das maneiras de avaliar a qualidade do pasto é quantificar a relação folha/colmo. A maior proporção de folhas pode evidenciar material de melhor degradabilidade, em virtude da menor presença de tecidos estruturais indegradáveis, podendo influenciar a dinâmica e a velocidade da degradação da matéria seca (MS) pelos microrganismos ruminais Pereira et al., (2000). A determinação da disponibilidade de material verde e lâminas foliares na pastagem permitem a visualização da arquitetura das plantas forrageiras e a distribuição de seus componentes no dossel, os quais determinam a qualidade da forragem ao longo de seu ciclo. Pela análise descritiva a quantidade de folha, colmo e material morto no início e meio das avaliações foram similares, porém ao final, todos os tratamentos tiveram aumento de colmo sendo mais expressivo no Tratamento C, o que evidência a preferência no consumo por folhas pela maior disponibilidade de nutrientes, e redução da qualidade da pastagem devido à forte estiagem no inicio das coletas e inicio do período seco. Não houve efeito das diferentes fontes de proteína na suplementação para as borregas no terço final da gestação sobre o peso corporal, escore de condição corporal, circunferência do barril e concentrações de β-hidroxibutirato (Tabela 3). Por outro lado, nos períodos de avaliação, os animais apresentaram maior peso de 0 aos 15 dias (Tabela 3), o que se justifica pelo início do terço final da gestação e maior disponibilidade de forragem. Aos 30 e 45 dias de avaliação ocorre perda de peso corporal, sendo correlacionada a circunferência de barril que representa a capacidade ingestiva e crescimento fetal. A circunferência de barril não alterou durante o experimento devido ao menor crescimento do feto visto o baixo peso ao nascimento (Tabela 4) e pela redução na disponibilidade de massa de forragem na pastagem não contribuindo para o consumo voluntário. Houve diferença estatística nas avaliações de o escore de condição corporal que a medida que o parto se aproximou, o escore de condição corporal reduziu com a mobilização das reservas corporais e o BHB aumentou (Tabela 3).  Este comportamento é indicativo de balanço energético negativo (BEN). Segundo Macedo Junior et al., (2010) no final da gestação alguns fatores contribuem para o balanço energético negativo, redução do aproveitamento de energia dos alimentos, fatores endócrinos e menor apetite devido à diminuição do volume do trato gastrintestinal promovido pelo maior espaço ocupado pelo feto. Segundo Siqueira e Maestá, (2006) ao final da gestação há maiores perdas de reservas corporais. Uma boa alimentação no início e no meio da gestação é importante para a reposição das reservas corporais. As matrizes devem chegar à parição com uma condição corporal em torno de 3,5. Os valores do experimento estão abaixo do recomendado, o que pode refletir no peso ao nascer dos filhotes (Tabela 4) e desempenho das mães. O β-hidroxibutirato é sem dúvida o indicador energético mais utilizado, dada a sua estabilidade no soro e por mostrar a magnitude do balanço energético negativo de animais em situações de necessidade elevada de glicose e da eficiência da utilização dos ácidos graxos não esterificados. CALDEIRA, (2005). Os valores encontrados nos início e meio do experimento então dentro do esperado por Kaneko, 2008, porém no final da gestação o valor de BHB está acima do esperado por este autor (Tabela 3), o que indica um possível quadro de toxemia da gestação devido à alta concentração sérica de corpos cetônicos. Contudo, nenhum caso clínico foi verificado. Nesse sentido, infere-se que esses dados de tabelas podem não ser ajustados para os animais criados em países tropicais. Assim, pesquisas devem ser feitas para obtenção de valores adequados aos nossos animais. Os diferentes proteinados associados ou não com a fonte de proteína protegida não influenciaram no peso ao nascer, na circunferência de barril, peso de placenta e peso das borregas pós- parto (Tabela 4). Apesar do peso da placenta não ter sido significativo para os tratamentos é importante ressaltar que a placenta representa importante papel na relação de nutrientes que são transferidos da circulação materna para a fetal. Uma correta nutrição durante o terço final da gestação e no início da lactação minimiza o desgaste dos animais prenhes, permitindo o nascimento de crias mais pesadas. De acordo com Castro et al. (2012), o peso ao nascimento de cordeiros é uma característica determinante na sobrevivência neonatal e no desempenho futuro dos animais, sendo um indicativo da eficiência produtiva do rebanho.  A baixa disponibilidade de forragem foi o principal fator a ser considerado para que não ocorresse diferença entre os tratamentos, pois não favoreceu o efeito da suplementação. No periodo de lactação em confinamento ao realizar a analise descritiva de consumo percebe-se que os tratamentos tem comportamento similar. A queda no inicio da lactação é explicada por motivos de restabelecimento fisiológico, que impede o animal não atingir a capacidade de consumo normal. Não ocorreu diferença estatística para os tratamentos nas características: peso, escore de condição corporal e circunferência de barril durante a lactação, porém os períodos de avaliação foram significativos para escore de condição corporal e circunferência de barril (Tabela 5). Os períodos de lactação podem ser divididos em três fases: inicial, médio e final. Do inicio da lactação até o meio há maior mobilização das reservas corporais, devido aos fatores de redução na ingestão de alimentos e pico na produção de leite. Do meio para o final, os animais maximizam a capacidade de consumo e têm menor exigência energética devido à menor produção. Desse modo podemos explicar o aumento da circunferência de barril relacionada à capacidade digestiva e a condição corporal das borregas no final do período experimental (Tabela 5). Com relação às mensurações realizadas nas crias, foi verificado que somente o peso corporal foi significativo quando analisado os tratamentos, as borregas suplementadas com a proteína protegida (tratamento B) apresentaram filhos mais pesados. Já ganho médio diário dos cordeiros não diferiu entre os tratamentos, os baixos valores são devido à qualidade da nutrição das ovelhas na gestação, que influencia no crescimento fetal em função da capacidade de produção de leite (Tabela 6). Podemos associar o maior ganho de peso dos filhotes das borregas do tratamento B, ao atendimento do requerimento protéico para formação de proteína microbiana pela planta de sorgo, e a suplementação com PNDR fonte direta de aminoácidos ás mães favorecendo a maior produção de leite.  Em contrapartida o tratamento A, com o farelo de soja fonte de alta PDR não favoreceu o peso dos animais, o que pode ser explicado pela falta de fontes que tenham sinergismo entre energia/proteína (Tabela 6). As medidas de altura do anterior, altura do posterior, circunferência torácica, circunferência de barril, largura de peito foram significativas durante o período experimental. O aumento das características morfométricas dos cordeiros está relacionado com a fase de crescimento. SANTOS et al. (2001), relata que após o nascimento de ovinos da raça Santa Inês em condições ambientais adequadas, a curva de crescimento descrita é do tipo sigmóide, havendo aceleração da sua velocidade ganho corporal até que a puberdade seja atingida, diminuindo gradativamente até a maturidade.

Conclusões

Diferentes fontes de proteína na suplementação de borregas em gestação e em lactação não afeta seu desempenho. A qualidade do volumoso é fator decisivo no sucesso do sistema produtivo.

Gráficos e Tabelas




Referências

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