Efeito da aplicação do gesso agrícola na taxa de cobertura verde do solo pelo capim-marandu

Isabel Rodrigues de Rezende1, Paulo Rogério Silva Santos2, Hyago Thalles Babosa de Andrade3, Byanca Bueno Soares4, Michelly Barbosa Falleiros5, Clarice Backes6, Paulo Renato de Rezende7, Carlos Arnaldo Alcântara Malaquias8
1 - Universidade Estadual de Goiás
2 - Universidade Estadual de Goiás
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RESUMO -

Objetivou-se com este trabalho avaliar o efeito do gesso agrícola na taxa de cobertura verde no capim Urochloa brizantha cv. Marandu na região de cerrado. O experimento foi conduzindo a campo em pastagem estabelecida de Urochloa brizantha na Fazenda Escola da Universidade Estadual de Goiás, Câmpus São Luís de Montes Belos/GO. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, com seis tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos foram constituídos por cinco doses de gesso:0, 450, 900, 1800 e 3600 kg ha-1, e mais um tratamento controle onde foi utilizada somente a adubação química. A taxa de cobertura verde do solo pela pastagem foi avaliada antes de cada corte da forrageira em três épocas no período chuvoso e uma no período seco. Doses de gesso entre 1850 e 3400 kg ha-1 proporcionaram as máximas taxas de cobertura verde. O tratamento que não recebeu gesso e adubação proporcionou menores taxas de cobertura. A maior expressão do gesso na manutenção da pastagem mais verde foi verificada no período da seca.

Palavras-chave: Uroclhoa brizantha, condicionador de solo, pastagem.

Effects of application of phosphogypsum in the green coverage rate of soil by marandu grass

ABSTRACT - The aim of this study was to evaluate the effect of phosphogypsum in the green coverage rate in the Urochloa brizantha cv. Marandu in the cerrado region. The experiment was conducted in the field in pasture established of Urochloa brizantha in the School Farm, Campus São Luis de Montes Belos/GO. The experiment has utilize casualised blocks, with six treatments and four repetitions. The treatments was constituted by five doses of phosphogypsum : 0, 450, 900, 1800 and 3600 kg ha-1, and more one control treatment where was only utilised chemical fertilizing. The green coverage rate of soil by the pasture was rated before each forage cut in three epoch in rain period and one in dry period. Doses of phosphogypsum between 1850 and 3400 kg ha-1 provied the maximum values of green coverage rate. The treatment that did not receive phosphogypsum and fertilizing provided the minor coverage rate. The bigger expression of phosphogypsum in the maintenance of pasture more green was verified in the dry period season.
Keywords: Uroclhoa brizantha, soil conditioner, pasture.


Introdução

 Muller et al. (2001) verificaram que em áreas degradadas a redução da produção de forragem vem acompanhada pela diminuição do número de raízes no perfil do solo e uma concentração do sistema radicular próximo a superfície, tornando a planta mais susceptível a déficits hídricos e com limitada capacidade de absorver nutrientes em camadas subsuperficiais. De acordo com Bonfim-Silva e Monteiro (2010), tanto a produtividade como a longevidade da pastagem estão relacionadas a um sistema radicular bem desenvolvido. A melhoria das condições do solo abaixo das camadas superficiais pode ser um fator de aumento de produtividade das forrageiras, pois a deficiência de cálcio, associada ou não à toxidez de alumínio não ocorre apenas na camada arável. Dessa forma, o uso do gesso agrícola, principalmente em pastagens estabelecidas, é recomendável pela sua maior solubilidade e mobilidade no perfil do solo, quando comparado ao calcário, proporcionando aumento no suprimento de cálcio e redução da toxidez de alumínio no subsolo (RAIJ et al., 1998), além do fornecer enxofre para as plantas (VITTI et al., 2008). A TCV expressa o total de área foliar verde por área de superfície do solo ocupada, sendo, portanto, um fator que aponta o desempenho da forrageira em função das condições ambientais de manejo e clima (BACKES et al., 2010). Objetivou-se com este trabalho avaliar o efeito do gesso agrícola na Taxa de cobertura verde no capim Urochloa brizantha cv. Marandu na região de cerrado.



Revisão Bibliográfica

Pastagens degradadas são uma realidade brasileira, visto que grande fração da pecuária é praticada a pasto a baixa produção de forragem e baixa qualidade compromete a produtividade da atividade. Causadores da degradação são má formação inicial, o manejo inadequado da pastagem, incluindo o superpastejo, e a perda da fertilidade do solo pela falta de adubação de manutenção (PERON; EVANGELISTA, 2004).Nas regiões tropicais e subtropicais é comum a ocorrência de solos pobres, ou seja, ácidos e de baixa fertilidade química. Em geral esses solos apresentam baixo pH, teores baixos de cálcio e magnésio trocáveis, teores relativamente altos de alumínio trocável e baixa porcentagem de saturação por bases (MONTEIRO, 2010). De acordo com Pimenta et al. (2010), o manejo adequado das pastagens e práticas de adubação são eficientes na manutenção das condições químicas do solo, pois criam condições adequadas ao desenvolvimento das plantas, estabelecendo, dessa forma, um equilíbrio no sistema solo-planta-animal, tornando-se um sistema sustentável.



Materiais e Métodos

O experimento foi conduzindo a campo em pastagem estabelecida de Urochloa brizantha na Fazenda Escola da Universidade Estadual de Goiás, Câmpus São Luís de Montes Belos/GO. O período de avaliação da forrageira foi de outubro de 2012 a setembro de 2014, compreendendo dois anos de avaliação. 

O solo da área experimental foi classificado como LATOSSOLO VERMELHO distrófico, de textura argilosa (EMBRAPA, 2013) que no início do experimento apresentou os seguintes atributos químicos: Camada de 0,00-0,20 m - pH (CaCl2) de 5,2; 39 g dm-3 de M.O.; 6 mg dm-3 de P (resina); 28; 3,7; 23 e 8 mmolc dm-3 de H++Al+3, K, Ca e Mg, respectivamente; saturação por bases (V) de 55%; 6 mg dm-3 de S; Camada de 0,20-0,40 m - pH (CaCl2) de 5,2; 29 g dm-3 de M.O.; 5 mg dm-3 de P (resina); 32; 2,6; 11 e 4 mmolc dm-3 de H++Al+3, K, Ca e Mg, respectivamente; saturação por bases (V) de 50%; 4 mg dm-3 de S. 

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, com seis tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos foram constituídos por cinco doses de gesso (G) (0, 450, 900, 1800 e 3600 kg ha-1, e mais um tratamento onde foi utilizada somente a adubação química (AQ). 

O gesso agrícola foi aplicado manualmente em superfície no dia 30/10/2012 de acordo com os diferentes tratamentos. No primeiro ciclo foi aplicado 90 kg ha-1 de P2O5 na forma de super triplo e 200 kg ha-1 de N utilizando a ureia como fonte. Essa quantidade foi parcelada em três épocas, sempre após o rebaixamento do pasto. No segundo ano foi realizada a adubação fosfatada e potássica nas doses de 70 e 40 kg ha-1 de P2O5 e K2O ha-1, respectivamente e 200 kg ha-1 de N (ureia), também parcelada em três épocas.  A taxa de cobertura verde do solo (TCV) pela forrageira foi avaliada por meio da análise de imagem digital.

s resultados obtidos foram submetidos à análise de variância para a observação da existência ou não da diferença entre tratamentos. As equações de regressão foram obtidas em função das doses de gesso e a comparação entre as médias das doses de gesso e a adubação química foi comparada pelo teste de Tukey.



Resultados e Discussão

As doses de gesso e as épocas avaliadas interferiram na taxa de cobertura verde do solo (TCV), com ajustes quadráticos . No primeiro ciclo as doses estimadas de 2850, 3400, 2237 e 3300 kg ha-1 de gesso proporcionaram as máximas TCV. No segundo ciclo as máximas TCV foram obtidas com as doses de 2037, 2100, 1850 e 1950 kg ha-1 de gesso. Cantarella e Montezano (2010) indicaram que a ação do gesso no subsolo proporciona o aumento da eficiência de uso de outros nutrientes móveis, com ênfase para o N-NO3-, isso pode justificar o aumento da TCV do solo pela forrageira. O resultado de maiores taxas de forragem verde é maior capacidade fotossintética e maior potencial de acúmulo de açúcar e nutrientes no tecido vegetal, e possibilita também maior aporte de biomassa, aumentando tanto a disponibilidade quanto a qualidade da pastagem (MAZZA et al., 2009). As menores taxas formam observadas no quarto crescimento (32% no primeiro ciclo e 37% no segundo ciclo avaliado) que coincidiu com o período seco do ano, em função das condições desfavoráveis para crescimento e desenvolvimento da planta o que explica a redução do índice. Ao comparar a dose zero, verifica-se que houve aumento de mais de 10% da TCV no primeiro ciclo e mais de 20% no segundo ciclo avaliado. O tratamento que recebeu apenas a adubação química apresentou TCV semelhante aos demais que receberam gesso, no período das águas. Somente o controle apresentou taxas de cobertura menores . Porém no período da seca, o tratamento que recebeu 1800 kg ha-1 de gesso resultou em melhores índices. Comumente a resposta ao gesso manifesta-se somente no período seco, devido ao aprofundamento das raízes no subsolo e aproveitamento da água em profundidade e, portanto, tolerância a seca (SOUZA et al., 2005), o que favorece o desenvolvimento da planta e o índice da TCV. Comparando-se o tratamento com a dose de 1800 kg ha-1 de gesso ao que recebeu somente adubação química no período seco avaliado, ou seja, no quarto corte do primeiro e segundo ciclos evidencia-se uma diferença de 4,3% no primeiro ciclo e 13,2% no segundo, a mais para o tratamento que recebeu gesso. E é importante ressaltar que a resposta das plantas ao gesso nem sempre é imediata e muitas vezes são necessários vários anos para que os resultados se tornem significativos como apontou Nuernberg et al., (2005).



Conclusões

Doses de gesso entre 1850 e 3400 kg ha-1 proporcionaram as máximas taxas de cobertura verde.

O tratamento que não recebeu gesso e adubação proporcionou menores taxas de cobertura.

A maior expressão do gesso na manutenção da pastagem mais verde foi verificada no período da seca.



Gráficos e Tabelas




Referências

BACKES, C. B.; VILLAS BÔAS, R. L.; LIMA, C. P.; GODOY, L. J. G.; BÜLL, L. T.; SANTOS, A. J. M. Estado nutricional em nitrogênio da grama esmeralda por meio de teor foliar, clorofilômetro e imagem digital, em área adubada com lodo de esgoto. Bragantia, Campinas, 2010, v. 69, n. 03, p. 661 - 668.

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