Degradabilidade in situ do feno de capim-Massai produzidos com diferentes frequências de desfolha

Giovanne Oliveira Costa Sousa1, Rosane Claudia Rodrigues2, Clésio dos Santos Costa3, Juliana Rodrigues Lacerda Lima4, Marcônio Martins Rodrigues5, Ivone Rodrigues da Silva6, Francisco Naysson de Sousa Santos7, Ricardo Alves de Araújo8
1 - Universidade Federal do Maranhão
2 - Universidade Federal do Maranhão
3 - Universidade Federal do Ceará
4 - Universidade Federal do Maranhão
5 - Universidade Federal do Maranhão
6 - Universidade Federal do Piauí
7 - Universidade Federal do Ceará
8 - Universidade Federal do Ceará

RESUMO -

A fenação é uma técnica de conservação do valor nutritivo da forragem por meio da rápida desidratação, podendo ser armazenada para ser utilizada no período seco do ano. Objetivou-se com este trabalho avaliar a degradabilidade da matéria seca do feno de capim-Massai em função de diferentes frequências de desfolha. Utilizou-se delineamento inteiramente casualizado com arranjo em esquema fatorial 5×3, sendo cinco tempos de incubação (6, 24, 48, 72 e 96 horas ) e três frequências de desfolha (21 dias de rebrotação, 87% e 95% de interceptações luminosas (IL)). Houve reduções nas frações solúveis dos fenos produzidos com 87 e 95 % de IL em relação ao tratamento com 21 dias de rebrotação. Observa-se que a menor taxa de degradabilidade foi verificada no tratamento com 95% de interceptação de luminosa. Aos 21 dias de rebrotação a produção do feno é menor, mas com melhor qualidade nutricional.

Palavras-chave: interceptação luminosa, fibra, Panicum maximum cv. Massai

In situ degradability of the grass hay produced with different frequencies of defoliation

ABSTRACT - Fenation is a technique to preserve the nutritive value of forage by means of rapid dehydration, and can be stored for use in the dry period of the year. The objective of this work was to evaluate the degradability of the dry matter of the Massai grass hay as a function of different frequency of defoliation. A completely randomized design with a 5x3 factorial arrangement was used, with five incubation times (6, 24, 48, 72 and 96 hours) and three frequencies of defoliation (21 days of regrowth, 87% and 95% of light traps IL)). There were reductions in the soluble fractions of the hay produced with 87 and 95% IL in relation to the treatment with 21 days of regrowth. It is observed that the lowest degradability rate was verified in the treatment with 95% luminous interception. At 21 days of regrowth hay production is lower, but with better nutritional quality.
Keywords: Light interception, fiber, Panicum maximum cv. Massai


Introdução

Algumas regiões do Brasil as plantas forrageiras não têm condições apropriadas para se desenvolverem durante todo o ano em função de algumas limitações, que normalmente estão relacionadas às baixas temperaturas e/ou falta de água. Uma forma de contornar o problema da falta de alimento durante um determinado período do ano é a utilização de técnicas de conservações de forragens, que consiste no armazenamento de alimento do período chuvoso para que seja utilizado no período de escassez. Estas técnicas podem ser realizadas por várias formas como a silagem, pasto diferido e a utilização da fenação. A fenação é uma técnica de conservação do valor nutritivo da forragem por meio da rápida desidratação, a qual reduz as perdas no processo de produção de feno em função da paralisação da atividade respiratória das plantas e dos microrganismos, sendo alternativa para o período de escassez de alimento (CALIXTO JÚNIOR et al., 2007). Com vista nisso, essa prática torna-se viável no território brasileiro, sobre tudo nas regiões mais quentes e secas como a região Semiárida. Desta forma, objetivou-se avaliar a degradabilidade da matéria seca do feno de capim-Massai produzido em função de diferentes frequências de desfolha.

Revisão Bibliográfica

A intensidade de desfolha, bem como a frequência com que esse evento ocorre é de extrema importância, o manejo eficiente do pastejo assegura uma boa rebrota subsequente, controlando e/ou favorecendo a estrutura do dossel, refletindo diretamente no acúmulo de forragem e qualidade nutricional. A degradabilidade é um dos parâmetros utilizados para classificação de uma boa planta forrageira, tendo em vista que, esta taxa reflete a velocidade com que ocorre a degradabilidade do material dentro do rúmen, e consequentemente, seu aproveitamento pelo animal. A técnica de incubação in situ é utilizada para avaliar a degradabilidade dos alimentos, esta técnica tem sido bastante difundida por apresentar valores mais próximos da realidade, permitindo o contato íntimo do alimento com o ambiente ruminal, sendo a melhor forma de simulação deste meio, embora o alimento não esteja sujeito a todos os eventos digestivos, como a mastigação, a ruminação e a passagem (NOCEK, 1988).

Materiais e Métodos

O experimento foi conduzido no Setor de Forragicultura do Centro de Ciências Agrárias e Ambientais da Universidade Federal do Maranhão, em Chapadinha, região do Baixo Parnaíba, situada à latitude 03°44'33” S, longitude 43°21'21” W, nos meses de março a junho de 2015. O experimento foi iniciado em março de 2015 com a uniformização das parcelas experimentais de capim-Massai com roçadeira costal a altura de 20 cm. Para a adubação utilizou-se o equivalente a 70 kg de P2O5/ha, 60 kg/ha de K2O e 300 kg/ha de N, na forma de supersimples, cloreto de potássio e ureia, respectivamente, com base na análise de solo. A fonte de fósforo foi aplicada de uma só vez, na implantação do experimento e o potássio foi parcelado em três vezes junto com o nitrogênio. O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado com arranjo em esquema fatorial 5x3 (cinco tempos de incubação e três frequências de desfolha). Os tempos de incubação adotados foram 6, 24, 48, 72 e 96 horas, utilizando-se quatro repetições nos períodos de incubação de 6, 24 e 48 horas, já os períodos de 72 e 96 horas foram realizadas duas réplicas por repetição, totalizando assim oito repetições. As frequências de desfolha utilizadas foram 21 dias de rebrotação, 87% e 95% de interceptações luminosas (IL), cada tratamento possuía cinco repetições. Os tratamentos com IL foram avaliados com auxílio do AccuPAR PAR/LAI ceptometer model LP-80. A degradabilidade da matéria seca (DMS) foi estimada pela técnica in situ, utilizando-se um ovino mestiço com peso de 60 kg alimentado com capim-Elefante in natura picado. Amostras do feno de capim-Massai foram moídas a partículas de 2 mm e foram colocadas em sacos de náilon com 12 x 8 cm e porosidade 50 µm (NOCEK, 1988). A fibra em detergente neutro (FDN) foi determinada seguindo metodologia de Van Soest (1991). Os parâmetros de degradabilidade “in situ” da MS (a, b e c) foram estimados pelo modelo de Ørskov & McDonald (1979), modificado por Sampaio (1995) DP=A–B.e-c.t , em que A= potencial máximo de degradabilidade, B= fração potencialmente degradável, c= taxa de degradabilidade e t= tempo. A degradabilidade efetiva (DE) da matéria seca (MS) foi calculada supondo-se três taxas de passagens ruminal 2; 5 e 8% h-1, por intermédio da equação descrita por Ørskov & McDonald (1979): DE = a+(b*c/c+k), em que: a = fração solúvel; b = fração potencialmente degradável, c = taxa de degradabilidade, k = taxa de passagem. Os resultados das variáveis estudas foram submetidas às análises de variância, para estudar os efeitos dos diferentes métodos de desfolhação. Os parâmetros a, b e c e as curvas de degradabilidade in situ do feno foram determinados segundo o método de Gauss-Newton, através do procedimento PROC NLIN. O programa estatístico utilizado foi o SAS 9.0 (2002).

Resultados e Discussão

Os dados obtidos da degradabilidade do feno de capim-Massai produzidos em função de diferentes frequencias de desfolha são apresentados na Tabela 1. Observa-se que houve reduções nas frações solúveis dos fenos produzidos com 87 e 95% de IL quando comparados ao tratamento com 21 dias de rebrotação, este resultado pode estar associado ao menor teor de conteúdo celular e proporcionalmente, maior teor de constituintes da parede celular (FDN). Resultado semelhante foi observado por Silva et al. (2014), ao trabalharem com capim-Andropogon em diferentes idades de rebrotação e verificarem diminuição da fração solúvel tendo em vista o aumento da FDN. Para atingir o ponto de corte, os tratamentos com 87 e 95% de IL levaram em média de 30 e 35 dias de rebrotação. Permitindo assim inferir que a idade influenciou negativamente na degradabilidade do material avaliado, resultado semelhante foi observado por Rodrigues et al. (2004), ao avaliarem gramínea do gênero Panicum em função de diferentes idades de rebrotação. O maior período de descanso dos tratamentos com 87 e 95% de IL permitiu o maior alongamento do colmo, já o tratamento de 21 dias de rebrotação proporcionou menor alongamento do colmo. A fração colmo caracteriza-se por constitui-se de tecidos mais fibrosos em relação a lamina foliar, diminuindo sua degradabilidade. A taxa de degradabilidade da forragem é um dos parâmetros utilizados para classificação de uma boa planta forrageira, esta taxa reflete a velocidade com que ocorre a degradabilidade do material dentro do rúmen. Observa-se que a menor taxa de degradabilidade foi verificada no tratamento com 95% de IL. A degradabilidade efetiva reduz com o aumento da taxa de passagem, tendo em vista que, quanto menos tempo o material ficar acondicionado no rúmen maior será a redução da taxa de colonização de bactérias no alimento, refletindo, assim, em menor aproveitamento dos nutrientes.

Conclusões

As estratégias de manejo baseado nas frequências de desfolha de 87 e 95% de IL proporcionam maior produção de forragem, porém apresentam reduções nos parâmetros de degradabilidade da MS quando comparados aos de 21 dias de rebrotação. O tratamento com 87% de IL apresentou maior degradabilidade potencial

Gráficos e Tabelas




Referências

CALIXTO JUNIOR, M.; JOBIM , C.C.; CANTO, M.W. Taxa de desidratação e composição químico-bromatológica do feno de grama-estrela (Cynodon nlemfuemsis Vanderyst) em função de níveis de adubação nitrogenada. Semina: Ciências Agrárias, v.28, p.493-502, 2007. NOCEK, J.E. In situ and other methods to estimate ruminal protein and energy digestibility: A review. Journal of Dairy Science, v.71, n.8, p.2051-2069, 1988. ORSKOV, E.; Mcdonald, I. The estimation of protein degradability in the rumen from incubation measurements weighted according to rate of passage. Journal of Agricultural Science, v.92, n. 02, p.499-503,1979. RODRIGUES, A.L.P.; SAMPAIO, I.B.M.; CARNEIRO, J.C. et al. Degradabilidade in situ da matéria seca de forragens tropicais obtidas em diferentes épocas de corte. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.56, n.5, p.658-664, 2004. SAMPAIO, I. B. M. Métodos estatísticos aplicados à determinação de digestibilidade in situ. In: TEIXEIRA, J. C. Digestibilidade em ruminantes. Lavras: UFLA, 1995. p.165-178,1995. SILVA, D.C.; ALVES, A.A.; LACERDA, M.S.B.; MOREIRA FILHO, M.A.; OLIVEIRA, M.E.; LAFAYETTE, E.A. Valor nutritivo do capim-Andropogon em quatro idades de rebrota em período Chuvoso. Revista Brasileira Saúde Produção Animal. Salvador, v.15, n.3, p.626- 636. 2014 STATISTICAL ANALYSIS SYSTEMS. SAS user’s guide: statistics, version 9.0. Cary, NC, USA: SAS Institute Inc., 2002 VAN SOEST, P.J., ROBERTSON, J. B.; LEWIS, B. A. Carbohydrate methodology, metabolism, and nutritional implications in dairy caltle. Journal of Dairy Science, v. 74, n. 10, p. 3583-3597, 1991.