Diferentes níveis de grão seco de destilaria com solúveis (Zea mays L.) na alimentação de ovinos sobre o balanço de nitrogênio

Different levels of distiller’s dried grains with solubles (Zea mays L.) in feed of sheep on the nitrogen balance

ABSTRACT - It was evaluated the levels of 0.0% 8.0% 16.0% 24.0% inclusion of distiller’s dried grains with solubles - GSDS, in the feed of lambs on the nitrogen balance. Were used four lambs without breed (WB), whole, with mean body weight (BW) of 23.5 ± 1.5 kg allocated to metabolism cages, fed twice a day. A 4x4 Latin square experimental design was used. The nitrogen balance was subjected to analysis of variance (ANOVA) and tested using a regression equation at 5% probability. It was observed that the inclusion of GSDS in lambs feed did not changer the nitrogen consumed (NC), urinary nitrogen (NU), nitrogen absorbed (NA), nitrogen balance (NB) g animal-1 day- 1. Thus, concludes It is noted that the 24% inclusion level of the distillery dry grain with solubles in feed of the lamb does not alter the nitrogen balance, and it can be used in lambs feeding.

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Introdução

A atual demanda de combustíveis no mundo abre espaço, para que as destilarias de etanol no Brasil invistam em novas alternativas de fontes de substratos para a fermentação das leveduras durante o processo de produção do etanol, assim as destilarias de etanol no Brasil passaram a utilizar os grãos de cereais como a segunda matéria-prima (SCHONE, 2015).

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Revisão Bibliográfica

As destilarias etanol que utilização os grãos de cereais como fonte primaria de fermentação, usam em media 2,5 kg de grão de milho para produzir um litro de etanol, além de gerar 0,8 kg de GSDS, ou seja, há uma produção final de 32% de resíduo (GSDS) em relação a quantidade inicial de grão de milho fermentado (LIM & YILDIRIM-AKSOY, 2008). O grão seco de destilaria com solúveis (GSDS) é um co-produto da indústria do etanol, que surge como uma alternativa para o uso na alimentação animal, porém o GSDS produzido nas destilarias de etanol no Brasil é pouco conhecido pelos técnicos e produtores de animais ruminantes no Brasil, necessitando ser avaliado para determinar quais serão os melhores níveis de inclusão na dieta de ruminantes sobre o metabolismo de nitrogênio. Desta maneira, o presente estudo teve como objetivo avaliar a inclusão de 0,0%; 8,0%; 16,0% e 24,0% de GSDS na alimentação de ovinos sobre o balanço de nitrogênio (consumo, excreção fecal e urinaria de nitrogênio; absorção e balanço de nitrogênio e/ou nitrogênio retido).

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Materiais e Métodos

O estudo foi conduzido na Universidade do Estado de Mato Grosso UNEMAT, campus Universitário de Pontes e Lacerda no Setor de Metabolismo Animal (SeMA) e Laboratório de Análise de Alimentos e Nutrição Animal (LAANA) pertencentes a UNEMAT. Foram utilizados 4 ovinos sem raça definida (SRD), com peso corporal (PC) médio inicial de 23,5 ± 1,5 kg. Os mesmos foram alojados em gaiolas de metabolismo, contendo comedouros e bebedouros individuais. O delineamento experimental utilizado foi um quadrado latino 4X4, com quatro ovinos, quatro períodos e quatro rações experimentais com diferentes níveis (0,0%; 8,0%; 16,0% e 24,0%) de inclusão do grão seco de destilaria com solúveis (GSDS) na alimentação de cordeiros para avaliar os seus efeitos sobre o balanço de nitrogênio – BN (consumo, produção urinaria e fecal, absorção e balaço de nitrogênio e/ou retenção de nitrogênio). A proporção de volumoso utilizado nas rações experimentais foi de 65% de silagem de milho e 35% de concentrado (Tabela 1).  

Tabela 1 - Composição percentual e bromatológica das rações experimentais contendo a inclusão do grão seco de destilaria com solúveis (GSDS).
Alimentos	Níveis de inclusão GSDS nas rações experimentais
	0,0%	8,0%	16,0%	24,0%
Silagem de milho	65,0	65,0	65,0	65,0
Grão de milho moído	21,5	18,0	14,5	11,0
Farelo de soja	13,5	9,0	4,5	0,0
Grão seco de destilaria com solúveis	0,0	8,0	16,0	24,0
Total	100,0	100,0	100,0	100,0
Composição bromatológica das rações experimentais
Matéria seca (MS)	50,95	50,86	50,77	50,69
Proteína bruta (PB) %	13,53	13,74	13,96	14,17
Extrato etéreo (EE) %	3,89	3,94	4,00	4,05
Fibra em detergente neutro (FDN) %	40,44	43,16	45,88	48,61
Nutriente digestíveis totais (NDT) %	69,24	68,88	68,51	68,15

  A análise das variáveis estudadas foi interpretada por meio de análise de variância no programa Sistema de Análise Estatística e Genética - SAEG (UFV, 1997) e as diferenças observadas para as variáveis estudadas foram submetidos a equação de regressão a 5% de significância.

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Resultados e Discussão

A inclusão de 0,0; 8,0; 16,0 e 24,0% de GSDS na alimentação de ovinos não alterou (P>0,05) o consumo de nitrogênio (CN), com valor médio de 15,11 g animal^-1 dia^-1 conforme Tabela 2. Este resultado sobre o consumo de nitrogênio dos ovinos indica que a taxa de desaparecimento mais lenta do N presente na GSDS, pode ser devido a maior proporção da fração B3 da PB em relação ao farelo de soja (Geron et al., 2016), o que propiciou uma alteração reduzida no ambiente ruminal e um baixo impacto sobre o efeito associativo positivo, o qual poderia melhorar o consumo de N e MS das rações experimentais. A inclusão de 0,0%; 8,0%; 16,0 % e 24,0% de GSDS na alimentação de ovinos não alterou (p>0,05) o nitrogênio fecal (NF) com valor médio de 5,16 g animal^-1 dia^-1; e 34,52% do nitrogênio consumido (NC) - Tabela 2. De acordo com a literatura, a redução no aporte de carboidratos fermentáveis no intestino grosso pode causar redução do teor de N nas fezes, devido a diminuição da atividade bacteriana no colon e cecon, em função da redução no aporte de carboidratos fermentativos neste locais, o que reduz a síntese microbiana e consequentemente causa menor excreção de proteína microbiana e nitrogênio total nas fezes (Kozloski, 2002; Geron et al., 2015).   Tabela 2. Valores de consumo, excreção fecal e urinária de nitrogênio, balanço de nitrogênio, nitrogênio absorvido (g animal^-1 dia^-1) e relação balanço de nitrogênio com nitrogênio absorvido para cordeiros alimentados com os diferentes níveis de grão seco de destilaria com solúveis (GSDS).

Variáveis		Níveis de inclusão do grão seco de destilaria com solúveis (GSDS) %				Regressão	% CV
	0,0		8,0	16,0	24,0
CN g animal‑1 dia-1	14,01		15,50	16,06	14,86	Y= 15,11	14,26
NF g animal‑1 dia-1	4,90		5,20	5,60	5,08	Y= 5,16	23,20
NF % NC	35,67		34,39	35,01	34,33	Y = 34,52	4,24
NU g animal‑1 dia-1	0,18		0,15	0,16	0,15	Y= 0,16	38,30
NU %NC	1,48		1,01	1,09	1,04	Y= 1,15	61,63
BN g animal‑1 dia-1	8,93		10,15	10,30	9,63	Y= 9,79	12,37
BN %NC	62,85		64,61	63,90	64,63	Y= 64,33	4,47
NA g animal‑1 dia-1	9,12		10,30	10,46	9,77	Y= 9,95	11,84
NA %NC	64,33		65,61	64,99	65,67	Y= 65,48	4,99
BN NC-1	0,63		0,65	0,64	0,65	Y= 0,64	4,75
BN NA-1	0,98		0,98	0,98	0,98	Y= 0,98	1,12

CN: consumo de Nitrogênio; NF: nitrogênio fecal; NC: nitrogênio consumido; NU: nitrogênio urinário; BN: balanço de nitrogênio; NA: nitrogênio absorvido.   A inclusão de 0,0%; 8,0%; 16,0% e 24,0% de GSDS na alimentação de ovinos não alterou (p>0,05) o balanço de nitrogênio (BN) com valores médios de 9,79 g animal^-1 dia^-1; e 64,33% do NC conforme demonstrado na Tabela 2. Desta maneira, observou-se que a utilização do GSDS na alimentação de ovinos pode proporcionar uma sincronização semelhante com as rações que utilizam o farelo de soja (fonte de proteína convencional), considerando o pool de nitrogênio amoniacal e de energia da dieta (fermentação da matéria orgânica), o que possibilita o uso eficiente dos nutrientes disponíveis no rúmen (Geron et al., 2017).

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Conclusões

Assim, conclui-se que a inclusão de até 24,0% de grão seco de destilaria com solúveis na alimentação de ovinos não altera o consumo de nitrogênio, perdas do nitrogênio fecal e urinário, e o balanço de nitrogênio.

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Referências

GERON. L.JV.; COSTA, F.G.; GARCIA, J.; ZANINE, A.M.; OLIVIERA, E.B.; CABRAL, L.S.; PEIRANGELI, M.A.P.; AGUIAR, S.C. Nutrients intake and digestibility in sheep fed with residue from the extraction of tamarind pulp. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v.36, n.6, supl.2, p.4401-4412, 2015. GERON, L.J.V.; GARCIA, J.; COELHO, K.S.M.; AGUIAR, S.C.; ZANINI, A.M.; SOUZA, A.L.; CARVALHO, J.T.H.; ROBERTO, L.S.; SOUSA NETO, E.L.; SANTANA, W.G.S. Caracterização do grão seco de destilaria com solúveis (Zea mays) segundo o cornell net carbohydrate and protein system e digestibilidade in vitro dos nutrientes. Semina: Ciências Agrarias, Londrina, v.37, n.6, supl.2., 2016. GERON, L.J.V.; GARCIA, J.; ZANINI, A.M.; AGUIAR, S.C.; AGUIAR, S.C.; ZANINI, A.M.; PAULA, E.J.H.; DINIZ, L.C.; ROBERTO, L.S.; COELHO, K.S.M.; SANTOS, I.S.; CARVALHO, J.T.H. Consumo, digestibilidade dos nutrientes e parâmetros ruminais em ovinos alimentados com rações contendo grão seco de destilaria com solúveis. Boletim de Indústria Animal. Nova Odessa, v.74, n.1, 2017. KOZLOSKI, G. V. Bioquímica dos ruminantes. Santa Maria: UFSM. 140 p, 2002. LIM, C.; YILDIRIM-AKSOY, M. Distillers dried grains with solubles as an alternative protein source in fish feeds. In: 8th International symposium on tilapia in aquaculture, p. 67-82, 2008.   SCHONE, R.A. Resíduo seco de destilaria com solúveis (DDGS) na alimentação de frangos de corte. 57f, 2015. Dissertação (Mestre em Nutrição e Produção Animal), Programa de Pós Graduação em Zootecnia – Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Marechal Candido Rondon, 2015.   UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA – UFV. Sistema de análises estatísticas e genéticas – SAEG. Viçosa: UFV, 1997. 150 p. (Manual do usuário).