Influência do grão seco de destilaria com solúveis nas variáveis fisiológicas em cordeiros confinados

Gabriel Maciel Nunes1, Amanda Almeida Silva e Silva2, Vinicius Xavier3, Gladiston de Macena Colmam4, Leomar Custódio Diniz5, Wemili Graziele Santana6, Luiz Juliano Valério Geron7, Joilma Toniolo Honório de Carvalho8
1 - Universidade do Estado de Mato Grosso
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RESUMO -

Avaliou-se os níveis de 0,0%; 8,0%; 16,0% e 24,0% de grão seco de destilarias com solúveis (GSDS) na alimentação de cordeiros sobre as seguintes características fisiológicas: temperatura da pele dianteira (TCD) e traseira (TCT), temperatura retal (TR) e frequência respiratória (FR). Foram utilizados 4 cordeiros com peso corporal médio de 23,5 kg dispostos por delineamento experimental em quadrado latino (4×4). As temperaturas corporais do ovinos foram mensuradas utilizando um termômetro digital. Os dados foram submetidos à análise de variância e as diferenças observadas foram testadas utilizando equação de regressão a 5%. Os níveis de GSDS não alteram a TCD, TCT, TR e FR (p>0,05) de cordeiros em confinamento considerando um período de 24 horas, os valores médios foram de 32,98; 32,64; 37,27 e 35,54 ºC, respectivamente. Desta maneira, conclui-se que a inclusão de até 24% de grão seco de destilaria com solúveis não altera as variáveis fisiológicas descritas.

Palavras-chave: co-produto, grão de milho, temperatura, frequência respiratória

Influence distiller´s dried grains with solubles on physiological characteristics in confined lambs

ABSTRACT - The objective was to evaluate the inclusion of 0.0%; 8.0%; 16.0% and 24.0% of distilled dry grain solids (DDG) in lambs fed on the following physiological characteristics: Body temperature of the forward (TCD) and rear (TCT), rectal temperature (TR) and respiratory rate (FR). Four lambs with a mean body weight of 23.5 kg were prepared by experimental design in a Latin square (4x4). Body temperatures of sheep were measured using a digital thermometer. Data were submitted to analysis of variance and the observed differences were tested using a regression equation at 5%. GSDS levels did not change the TCD, TCT, TR and FR (P>0,05) lambs in confinement considering a 24 hour period, mean values were 32.98; 32.64; 37.27 and 35.54 ºC , respectively. In this way, it is concluded that the inclusion of up to 24% of dry distillery grain with solubles does not alter the described physiological variables.
Keywords: Co-product, corn grain, temperature, respiratory rate.


Introdução

O grão seco de destilaria com solúvel (GSDS) trata-se de um resíduo agroindustrial gerado na produção de etanol em destilarias flex, a partir de grãos de cereais com alto potencial para alimentação de animais ruminantes por sua elevada concentração de proteína bruta (PENZ JÚNIOR; GIANFELICE, 2008). Ovinos são animais homeotérmicos, os quais apresentam funções fisiológicas destinadas a manter a temperatura corporal constante, o que faz com que o estresse calórico é tido como um fator limitante na expressão do potencial genético de produção animal (SILVA et al., 2006). Um dos mecanismos de controle da temperatura corporal é a redução do consumo de ração durante o estresse calórico que diminui os substratos metabólicos ou combustíveis disponíveis para o metabolismo, reduzindo dessa forma a produção de calor (ELOY; PEREIRA, 2013). Assim, o objetivo deste trabalho foi determinar a influência dos níveis de 0,0%; 8,0%; 16,0% e 24,0% de grão seco de destilarias com solúveis (GSDS) na alimentação de ovinos sobre as características fisiológicas (temperatura corporal do dianteiro – TCD e traseiro TCT, temperatura retal – TR e frequência respiratória –FR).

Revisão Bibliográfica

Com tecnologias disponíveis e maior consciência ambiental, a produção energética e produção animal podem caminhar em direção ao uso mais racional das matérias primas com visão mais integrada do processo, transformando o passivo ambiental (resíduos agroindustriais) em ativo econômico (fonte alimentar). A conjugação desses fatores pode viabilizar o uso crescente e continuado de resíduos agroindustriais como fonte de alimento para animais de produção, os quais poderão voltar ao mercado consumidor na forma de proteína (carne e leite- SEBRAE, 2010). Com este novo cenário, parte da produção agrícola voltou-se para a produção de etanol (álcool) e biodiesel, assim ocorre dois fatos novos na área da produção animal. Primeiro, os consumidores de energia à base de etanol e biodiesel competirão de maneira direta com os animais de produção pelas fontes energéticas (grãos de cereais e grão de oleaginosas) e segundo, a produção de etanol e biodiesel gerarão resíduos que deverão ser empregados em vários processos, entre eles na alimentação animal. Exemplo de resíduos da produção do etanol, os quais destacam-se o bagaço de cana-de-açúcar e o “dried distillers grain with solubles - DDGS” ou no Brasil chamado de “grão seco de destilaria com solúveis – GSDS”, o qual possui elevado teor de PB com 30,9% (Penz Júnior e Gianfelice, 2008). Desta maneira, existe a necessidade de investigar e gerar informações técnicas e cientificas sobre a utilização do GSDS na alimentação de ruminantes no estado de Mato Grosso, a qual irá possibilitar as usinas de etanol e os produtores de animais ruminantes a terem informações confiáveis sobre este co-produto da indústria do etanol e utilizar este resíduo na nutrição animal. Tornando este resíduo agroindustrial (GSDS) em um co-produto de valor agregado, semelhante ao que ocorre com o farelo de soja que é um co-produto da indústria extratora de óleo, mais possui um alto valor comercial na alimentação animal. Além disso, irá possibilitar aos produtores de bovinos e demais ruminantes a terem uma opção de escolha da fonte de proteína bruta que irá compor as dietas destes animais de maneira a reduzir o custo da alimentação animal.

Materiais e Métodos

O trabalho foi conduzido na Universidade do Estado de Mato Grosso. Foram utilizados 4 cordeiros sem raça definida com peso médio de 23,5 kg. Os cordeiros foram alojados em gaiolas de metabolismo providas de comedouro e bebedouro individual. Foi utilizado um delineamento experimental em quadrado latino (4X4) com quatro animais, quatro períodos e quatro rações com diferentes níveis de GSDS. As rações experimentais foram balanceadas para conter 0,0%, 0,8%, 16,0% e 24,0% inclusão de GSDS na MS. O fornecimento das rações experimentais foi ad libitum, duas vezes ao dia. O experimento teve duração de 80 dias, divididos em quatro períodos experimentais com duração de 20 dias, sendo 14 dias para adaptação dos animais e 6 dias de coletas. Sendo a coleta de dados dos parâmetros fisiológicos realizados nos últimos três dias considerando um período de 24 horas. As medidas das variáveis fisiológicas foram realizadas durante três dias em cada período experimental, nos horários de 9h00 e 14h00. Para que fosse mensurada a temperatura da pele do dianteiro e traseiros um termômetro infravermelho digital foi posicionado na região da paleta e fêmur. Para aferição da TR utilizou-se o termômetro clínico introduzido diretamente no reto do animal por dois minutos. A obtenção da FR foi realizada através da observação visual dos movimentos laterais do flanco durante 15 segundos e os valores multiplicados por 4 para cálculo da FRE minuto-1. A análise estatística das variáveis estudadas foi interpretada por meio de análise de variância e as diferenças observadas em relação aos níveis de inclusão do GSDS nas rações foram submetidos a equação de regressão a 5% de significância.

Resultados e Discussão

A inclusão de 0,0%, 0,8%, 16,0% e 24,0% de GSDS não influenciou a TDC dos cordeiros (P>0,05) com o valor médio de 32,98 °C (Tabela 1). Da mesma maneira, não foi observada diferença significativa, para a variável TCT (P>0,05) sendo a temperatura média 32,64 °C (Tabela 1). A inclusão dos níveis de 0,0%, 0,8%, 16,0% e 24,0% de GSDS na a alimentação de ovinos não alterou a TRE (P>0,05) com valor médio de 37,27 °C, o que segundo Cunninghan (2008), está próximo ao valor de normalidade compreendido entre 38,5°C e 39,5°C, para ovinos.       Tabela 1- Variáveis fisiológicas dos cordeiros em confinamento, avaliados no período de 24 horas recebendo diferentes níveis de grão seco de destilaria com solúveis (GSDS) nas rações experimentais.
Parâmetros fisiológicos   Níveis de inclusão de GSDS nas rações experimentais (%) Regressão %CV
    0,0 8,0 16,0 24,0      
TCD   33,24 33,11 33,00 32,59   Y = 32,98 0,95
TCT   32,71 32,84 32,45 32,57   Y = 32,64 0,50
TR   37,27 37,25 37,42 37,13   Y = 37,27 0,79
FR   36,00 35,83 35,50 34,67   Y = 35,54 3,15
TCD= Temperatura corporal dianteirto, TCT = Temperatura corporal Traseiro, TR= Temperatura Retal, FR = Frequência respiratória.       Do mesmo modo a inclusão de GSDS na alimentação dos ovinos não influenciou (P>0,05) a FR com a média de 35,54 movimentos minuto -1. No entanto, podemos observar que houve um decréscimo na FR de 3,69% conforme aumentou o nível de inclusão do GSDS (Tabela 1). De acordo com Reece (1996), a FR avaliada dentro da faixa de normalidade para a espécie ovina é de 16 a 34 movimentos por minuto.

Conclusões

A inclusão de até 24% de grão seco de destilaria com solúveis na alimentação de cordeiros não altera as variáveis fisiológicas de temperatura da pele do dianteiro e traseiro, temperatura retal e frequência respiratória para o período de 24 horas.


Referências

CUNNINGHAM, J.G. Tratado de fisiologia veterinária. 3.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. 596p.   ELOY, A.M.X.; PEREIRA, E.P. Estresse na reprodução de caprinos machos. Revista Brasileira de Reprodução Animal, Belo Horizonte, v.37, n.2, p.156-163, abr./jun. 2013. migrar para a produção de bio-combustiveis. Acta Scientiae Veterinariae. v.36, n.1, 107-117, 2008.   PENZ JÚNIOR, A.M.; GIANFELICE, M. O que fazer para substituir os insumos que podem migrar para a produção de bio-combustiveis. Acta Scientiae Veterinariae. v.36, n.1, 107-117, 2008.   PENZ JÚNIOR, A.M.; GIANFELICE, M. O que fazer para substituir os insumos que podem REECE, W.O. Fisiologia de animais domésticos. São Paulo, p.137-254, 1996.   SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS – SEBRAE. Uso de resíduos e dejetos como fonte de energia renovável, 2010. Disponivel em: http://201.2.114.147/bds/BDS.nsf/1444A5CABEE102E383257428004FDF09/$File/NT0003768A.pdf Acesso em 06/2012.   SILVA, G. A.; SOUZA, B.B.; ALFARO, C.E.P.; SILVA, E. M. N.; AZEVEDO, S. A.; NETO, J. A.; SILVA, R. M. N. Efeito da época do ano e período do dia sobre os parâmetros fisiológicos de reprodutores caprinos no semi-árido paraibano. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.10, n.4, p.903-909. 2006.