Digestibilidade da glicerina oriunda do óleo de soja e adição de glicerina “on top” na ração de suínos

Amanda Almeida Silva e Silva1, Gabriel Maciel Nunes2, Gladiston de Macena Colmam3, Nilton de Souza Santos4, Hyago Ferreira Alfredo5, Jayne Resende Costa6, Rafaeli Gonçalves Leite7, José Leonardo Del Bel8
1 - Universidade do Estado do Mato Grosso - UNEMAT
2 - Universidade do Estado do Mato Grosso - UNEMAT
3 - Universidade do Estado do Mato Grosso - UNEMAT
4 - Universidade do Estado do Mato Grosso - UNEMAT
5 - Universidade do Estado do Mato Grosso - UNEMAT
6 - Universidade do Estado do Mato Grosso - UNEMAT
7 - Universidade do Estado do Mato Grosso - UNEMAT
8 - Universidade Federal do Mato Grosso - UFMT

RESUMO -

Objetivou-se determinar a digestibilidade da glicerina oriunda do óleo de soja pela inclusão na mistura da ração e adição “on top” através dos métodos de coleta total e de indicador. Foram utilizados 12 suínos, geneticamente homogêneos, com peso médio inicial de 42,63 ± 4,23 kg, constituído de três tratamentos e quatro repetições, sendo cada animal uma unidade experimental. O período experimental teve duração de oito dias, sendo três de adaptação, e cinco de coleta de fezes e urina. Os tratamentos foram compostos por dieta referência, dieta com 10% de glicerina e dieta com 10% de glicerina “on top”. Foram realizadas análises de MS, PB, EE, FB, FDN, MM e EB dos alimentos. Concluiu-se que a glicerina obtida do óleo de soja pode ser usada como ingrediente na dieta de suínos pois não prejudica o desempenho dos animais.

Palavras-chave: alimento alternativo, coproduto do biodiesel, análise.

Digestibility of glycerin from soybean oil and addition of glycerine “on top” in swine ration.

ABSTRACT - The objective of this study was to determine the digestibility of glycerin from soybean oil by inclusion in the feed mixture and addition on top by means of total collection and indicator methods. Twelve 12 genetically homogeneous pigs with an initial mean weight of 42.63 ± 4.23 kg were used, consisting of three treatments and four replicates, each animal being an experimental unit. The experimental period lasted eight days, three of adaptation, and five of collection of feces and urine. The treatments were composed by diet reference, diet with 10% of glycerin and diet with 10% of glycerine "on top". Analyzes of DM, PB, EE, FB, NDF, MM and EB of the foods were performed. It was concluded that the glycerin obtained from soybean oil can be used as an ingredient in the diet of pigs since it does not affect the performance of the animals.
Keywords: alternative food, biodiesel co-product, analysis.


Introdução

A glicerina apresenta valor energético semelhante ao do milho, podendo substituí-lo em determinadas proporções, porém apresenta variabilidade na composição em função do processo de produção (BERTECHINI, 2006). Surge a hipótese que a mistura da glicerina na dieta no momento do fornecimento, denominada “on top”, pode ser mais atrativa para o consumo dos suínos, por terem preferência pelo sabor adocicado, quando comparado com a mistura convencional, podendo apresentar influência no nível de seu aproveitamento pelos animais. Com base no exposto, objetivou-se determinar a digestibilidade da glicerina oriunda do óleo de soja pela inclusão na mistura da ração e adição “on top”.

Revisão Bibliográfica

A glicerina apresenta valor energético semelhante ao do milho, porém apresenta variabilidade na composição em função do processo de produção, da matéria prima utilizada e do grau de pureza, sugerindo que suas composições e seus efeitos sobre a digestibilidade dos coprodutos devem ser conhecidos antes da utilização destes em dietas para suínos. Os suínos possuem preferência pelo sabor adocicado (BERTECHINI, 2006) e aglicerina é um produto que possui esta característica. Assim, pode-se pensar que o fornecimento da glicerina na dieta, no momento de seu fornecimento, torna a ração mais atrativa para os animais. Para avaliar a digestibilidade dos alimentos, pode ser utilizado o método de coleta total de fezes e urina (SAKOMURA e ROSTAGNO, 2007). A digestibilidade também pode ser determinada pelo método do indicador que consiste na utilização de substâncias indigestíveis na dieta para determinar um valor de indigestibilidade e assim estimar a quantidade de fezes que corresponde a uma unidade consumida, podendo assim, calcular a quantidade de nutrientes presentes na dieta que foi digerida e absorvida pelo animal (SAKOMURA e ROSTAGNO, 2007).

Materiais e Métodos

Foram utilizados 12 suínos, machos castrados, geneticamente homogêneos, com peso médio inicial de 42,63 kg distribuídos em gaiolas de metabolismo individuais. Foi utilizado um delineamento experimental fatorial 3x2. O período experimental teve 3 dias de adaptação, e 5 dias de coleta de fezes e urina, totalizando 8 dias Os tratamentos tiveram uma dieta referência (DR) à base de milho e farelo de soja; DR com substituição de 10% por glicerina (GLI); e DR com substituição de 10% por glicerina adicionada no momento do arraçoamento, denominada “on top” (GLI ON TOP). Para a composição das rações foram feitas análises de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), matéria mineral (MM), extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN) e energia bruta (EB), de acordo com Silva e Queiróz (2002). Os animais foram pesados no início e no final do período, e o consumo de ração foi registrado para cálculo do consumo diário de ração (CDR), ganho diário de peso (GDP) e a conversão alimentar (CA) de cada gaiola. Os dados de digestibilidade foram submetidos a analise de variância utilizando-se o seguinte modelo estatístico: Yij = μ+ Ti + Mj + Br + T x Bij + eijk ; Em que: Yij = variáveis observadas; μ = média geral; T = efeito dos tipo de inclusão de Glicerina i (1 e 2); Bj = efeito do bloco j (j = 1, 2, 3 e 4); Eij = erro aleatório associado a cada observação. Todos os dados foram submetidos à análise de variância, usando o procedimento GLM do programa estatístico SAS, e, para médias usou-se teste de Tukey (5%).

Resultados e Discussão

O desempenho dos animais durante o período do ensaio de digestibilidade apresentou alteração no PF, sendo que os animais alimentados com a DR apresentaram PF maior (P = 0,0002) quando comparado com os animais que receberam as dieta GLI e GLI ON TOP. Animais alimentados com a DR apresentaram maior CRD (P = 0,0231) quando comparados aos alimentados com os tratamentos com glicerina. Os tratamentos não influenciaram (P > 0,05) nos resultados de GP, GPD, CA. De acordo com os resultados encontrados a adição de 10% de glicerina, tanto com a mistura GLI quanto na GLI ON TOP influenciaram no consumo de ração. Além disso, a DR apresentou em sua composição 20,97% de proteína bruta, enquanto as dietas com 10% de glicerina apresentaram 19,18% de proteína bruta. Provavelmente a diferença das dietas resultou em menor peso final dos animais alimentados com 10% de glicerina quando comparados aos alimentados com a dieta sem inclusão de glicerina. A glicerina tem valor elevado de sodio, que pode prejudicar o consumo, pois suínos tem tendência de regular o consumo com base nas exigências em sódio (BERTECHINI, 2006). É importante lembrar que apesar dos parâmetros de PF e CRD terem sido influenciados pela adição de glicerina, outros parâmetros como GP, GPD, CA não foram influenciados pela adição de glicerina. O CDEE se mostrou superior (P = 0,0007) quando adicionado glicerina, tanto da maneira convencional quanto “on top”. O CDMM apresentou menor valor (P 0,05) pelos métodos de avaliação de digestibilidade. Valores de CDMS, CDPB, CDMM, CDMO, CDFDN das dietas não sofreram influência do tratamento (P > 0,05), indicando que o uso de glicerina no nível de 10% não altera a digestibilidade desses nutrientes. Observou-se maiores valores de CDEE quando utilizado glicerina na dieta no nível de 10%, tanto da maneira convencional quanto da maneira “on top”. Verussa (2015), observou em seu trabalho que os coeficientes de digestibilidade da MS, MO e EE aumentaram de acordo com a adição de glicerina na dieta, nos níveis de 0, 5, 10 e 15%, o que pode ser explicado pelo fato de que a adição de glicerina nas rações representa também uma adição indireta de matéria orgânica, a qual se inclui o EE, o que pode ter proporcionado o melhor aproveitamento dessas frações. Outro fato que pode explicar o aumento do CDEE das dietas com glicerina é o valor de ED da glicerina (87%) para suínos, citado por Rostagno et al. (2011) de 3.652 Kcal/kg, enquanto a ED do milho para suínos é de 3.460 Kcal/kg. Embora os resultados obtidos sejam diferentes nos dois trabalhos, o fato da adição de glicerina não ter influenciado no CD dos nutrientes no nível de 10%, indicando que esse nível pode ser elevado em um novo ensaio para que se encontre o nível de utilização máximo sem que influencie na digestibilidade dos nutrientes. Apenas o valor de CDEE da glicerina foi maior no tratamento GLI ON TOP, os demais valores de CD da glicerina não expressaram diferenças significativas entres os tratamentos GLI e GLI ON TOP.

Conclusões

A glicerina pode ser incluída na dieta de suínos tanto da maneira convencional quanto “on top”, sendo a escolha dependente da estrutura na confecção das dietas.

Gráficos e Tabelas




Referências

BERTECHINI, A.G. Nutrição de Monogástricos. Editora: UFLA, 2006, 300p. SILVA, D.J.; QUEIROZ, A.C. Análises de alimentos (métodos químicos e biológicos). 3.ed. Viçosa, MG: Editora UFV, 2002. 235p. VERUSSA, G. H. Valor Nutricional da Glicerina Determinado com Diferentes Metodologias sobre o Desempenho e Parâmetros Séricos em Suínos. 2015. 73 f. Dissertação (Mestrado em Zootecnia). Universidade Federal de Mato Grosso, Sinop.