Avaliação do desempenho e perfil metabólico de borregos utilizando fontes de ureia e ureia protegida na dieta em fase de recria.

Karla Alves Oliveira1, Érica Beatriz Schultz2, Marina Elizabeth Barbosa Andrade3, Adriano Santana Crozara4, Wendell Fernando Guimarães da Cruz5, Gilberto de Lima Macedo Junior6, Carolina Moreira Araújo7, Jhone Tallison Lira de Sousa8
1 - Universidade Federal de Uberlândia
2 - Universidade Federal de Viçosa
3 - Universidade Estadual Paulista
4 - Universidade Federal de Goiás
5 - Universidade Federal de Lavras
6 - Universidade Federal de Uberlândia
7 - Universidade Federal de Uberlândia
8 - Universidade Federal do Tocantins

RESUMO -

Objetivou-se com este trabalho avaliar o desempenho de borregos com diferentes fontes nitrogenadas na fase de recria em confinamento. Foram utilizados 18 borregos com idade média de quatro messes, distribuídos aleatoriamente em três machos e três fêmeas em baias recebendo silagem de milho e concentrado com os tratamentos: controle (sem ureia), ureia comum e ureia protegida. O delineamento experimental foi inteiramente ao acaso em arranjo fatorial, com medidas repetidas ao tempo. Não houve efeito significativo dos tratamentos para as medidas morfométricas, peso corporal, metabólicos proteicos e energéticos. Os períodos foram significativos para todas as características sendo as equações lineares representando a fase de crescimento dos animais. Os machos obtiveram maior ganho médio diário que as fêmeas nos diferentes períodos. Conclui-se que as diferentes fontes nitrogenadas não diferem no desempenho de borregos em recria.

Palavras-chave: nitrogênio, nutrição, proteína, ovinos

Evaluation of the performance and metabolic profile of lambs using sources of urea and protected urea in the diet in the rearing phase.

ABSTRACT - The objective of this work was to evaluate the performance of lambs with different nitrogen sources in the rearing stage in confinement. Eighteen lambs with a mean age of four months were randomly distributed in three males and three females in bays receiving corn silage and concentrated with the treatments: control (without urea), common urea and protected urea. The experimental design was entirely randomized. There was no significant effect of treatments for morphometric measures, body weight, protein and energy metabolic measures. The periods were significant for all characteristics and linear equations representing the growth phase of the animals. The males obtained greater average daily gain than the females in the different periods. It is concluded that the different nitrogen sources do not differ in the performance of rearing lambs.
Keywords: nitrogen, nutrition, protein, sheep


Introdução

A alimentação representa um dos maiores custos do sistema de produção, podendo alcançar até 80% do custo total (Silva e Rodrigues, 2004). No entanto o custo que ela sugere reflete no ganho produtivo do animal, pois a alimentação é um dos fatores com maior destaque em um sistema de produção. Os compostos nitrogenados, especificamente, se destacam pela amplitude das funções que realizam, participando desde a estrutura corporal como músculos, cartilagens, pele, pelos, etc. até como mecanismos de transporte e metabolismo. A exigência mínima de proteína bruta é 7% no rúmen para manter o crescimento microbiano, os microrganismos que habitam o rumen precisam de nitrogênio para que se desenvolvam e mantenha o ambiente ruminal colonizado (Van Soest, 1994). Utilizam de diversas maneiras nos compostos nitrogenados da dieta, sejam eles proteínas, aminoácidos, amônia, nitratos, e outros, como ureia, seja ela endógena (proveniente da saliva) ou mesmo exógena (via alimentação). Os farelos de soja e de algodão são os principais suplementos proteicos utilizados para ruminantes. No entanto, farelos proteicos são normalmente os componentes mais caros da dieta, devendo merecer atenção especial, em razão do custo sempre mais elevado que o custo dos demais ingredientes. A utilização de compostos nitrogenados não proteicos, tal como a ureia, representa uma alternativa para atender parte das exigências de proteína dos animas, ao mesmo tempo em que se reduzem os custos da suplementação proteica. Entretanto, a adição da ureia nas dietas pode ocasionar rápido aumento da concentração de amônia, em virtude de sua alta taxa de hidrólise no rúmen, podendo ser prejudicial ao animal. Neste caso, o sincronismo entre energia disponível e liberação lenta de amônia dos compostos nitrogenados tem sido muito pesquisado, visando evitar problemas pela intoxicação por amônia, além de evitar desperdício energético (Cavalcante et al., 2006). De acordo com (Ribeiro et al., 2011), a ureia protegida, que é recoberta por uma cápsula inerte e biodegradável, pode promover liberação lenta da amônia (em até 16 horas), favorecendo a sincronia entre disponibilidade de nitrogênio e energia, melhorando a eficiência de síntese microbiana, com incremento na taxa de conversão do nitrogênio em proteína microbiana. Sendo assim, os riscos de toxidez são reduzidos e há melhoria no aproveitamento ruminal do nitrogênio usado pelo animal. Dentro deste contexto, o estudo visa avaliar o desempenho animal com a utilização de produtos oriundo da ureia  comum e protegida.

Revisão Bibliográfica

Os animais ruminantes possuem características anatômicas e simbióticas capazes de utilizar eficientemente carboidratos estruturais como fonte de energia e compostos nitrogenados não proteicos como fonte de proteína. A fermentação nestes animais é proveniente de atividades físicas e microbiológicas, convertendo os componentes dietéticos a ácidos graxos voláteis, proteína microbiana e vitaminas do complexo B e vitamina K, metano e dióxido de carbono, amônia, nitrato, entre outros (Berchielli, Pires e Oliveira, 2011). Dietas com altos teores proteicos favorecem microrganismos proteolíticos, enquanto as altas em amido, que são baixas em fibra, favorecem uma grande população de utilizadores de amido. Diferentes fontes proteicas podem ser utilizadas para estes animais, sendo assim tem-se distintas qualidades proteicas. Quando ligações peptídicas não são hidrolisadas no processo digestivo, parte da proteína é excretada nas fezes ou transformada em produtos do metabolismo pelos microrganismos do intestino grosso (Pires et al., 2006). A fonte nitrogenada representa grande interesse na nutrição animal, devido ao seu alto custo e seu potencial limitante no sistema de produção (Valadares Filho, Paulino e Magalhães, 2006). Sua deficiência ou desbalanceamento de diversas frações pode provocar tal elevação nos custos de produção, o que implica na importância do correto teor de proteína nos alimentos, permitindo a adequação na utilização de fontes nitrogenadas. Nitrogênio não proteico (NNP) consiste em um composto nitrogenado não proteico, como o próprio nome diz, e menor custo comparado ás demais fontes de proteína como farelo de soja. Diferentemente da proteína, o NNP não se trata de AAs reunidos por vínculos peptídeos. Existem variedades destes compostos, como: compostos de purinas e pirimidinas, ureia, biureto, ácido úrico, glicosídeos nitrogenados, alcalóides, sais de amônio, nitratos e, mais usual, a ureia (Santos, Cavalieri e Modesto, 2001). Tais fontes conseguem suprir de compostos nitrogenados degradados no rúmen, ou seja, favorece a microbiota ruminal, porém não supri as exigências do animal de aminoácidos (Aas) proveniente da proteína verdadeira, muitas às vezes é necessário uma fonte adicional de outras fontes proteicas, suprindo a deficiência quantitativa de alguns AAs essenciais. A ureia como a fonte mais utilizada de NNP já tem se efeito comprovado como fornecedora de nitrogênio e de alta degradação no ambiente ruminal, contudo existem vários de intoxicação pelo mal uso, falta de adaptação e outros fatores. Visto estes problemas a ureia protegida apareceu no mercado com a intenção de promover uma liberação mais lenta de nitrogênio no rúmen, o que assegura uma absorção mais efetiva e sem intoxicação ou seja, realiza as mesmas funções da ureia comum porém com uma velocidade que propicia qualidade no desempenho do animal. Segundo Souza et al. (2010), a utilização do nitrogênio não proteico de liberação gradativa no rúmen (ureia protegida) pode ser uma estratégia para reduzir a utilização das fontes de proteína verdadeira em dietas para ruminantes, barateando o custo da ração e não sendo um problema na disponibilidade limitada de alguns produtos de origem vegetal. Outra importante função é a sincronia entre liberação de nitrogênio e cadeias de carbono pode levar a melhoria das condições de manutenção e crescimento da microflora ruminal já que seria possível disponibilizar, ao mesmo tempo, energia e nitrogênio no rúmen para a atividade de produção microbiana. Uma forma de avaliar estes produtos e aplica-los na produção animal, alguns trabalhos já foram desenvolvidos como (Azevedo et al., 2010)  que avaliou efeito da suplementação com ureia protegida ou comum sobre a utilização de volumosos de baixa qualidade em novilhos, verificou que não houve diferença sobre os coeficientes de digestibilidade avaliados, tais como: matéria orgânica, fibra em detergente neutro (FDN), celulose, hemicelulose e digestibilidade real da matéria orgânica. Sendo a ovinocultura uma atividade ascendente, diferentes produtos e suplementações são interessantes no estudo de desempenho, como ganhos corporais de massa e conformação. Outra ferramenta a ser utilizado é o perfil metabólico (González, 2002) têm sido para estabelecer por meio de análises sanguíneas de grupos representativos de animais de um rebanho, seu grau de adequação nas principais vias metabólicas e relacionadas com energia, proteínas e minerais, bem como a funcionalidade de órgãos vitais para a produção, como é o caso do fígado (González, 2002).

Materiais e Métodos

O experimento foi realizado na Universidade Federal de Uberlândia, na Fazenda Experimental Capim Branco, no setor de ovinos e caprinos. O período experimental teve duração 60 dias. Foram utilizados 18 ovinos machos e fêmeas mestiços Dorper/Santa Inês com peso corporal médio de 22 kg e idade média de quatro meses. Os animais foram vermifugados antes do início do período experimental com antiparasitário a base de Monepantel®. Os animais foram alocados em três baias coletivas, contendo comedouro, saleiro e bebedouro, sendo ofertada água á vontade. Os tratamentos consistiam em: controle (sem ureia), ureia comum e ureia protegida. Cada um dos tratamentos era composto por três machos e três fêmeas. A quantidade ofertada do concentrado foi regulada pelo peso corporal médio dos animais presentes nas três baias distintas (0,5% do peso vivo). O alimento foi fornecido duas vezes ao dia, sendo que as sobras foram pesadas diariamente. A relação volumoso concentrado utilizada foi de 48:52, sendo o volumoso adotado a  silagem de milho e a composição dos concentrados se encontra na Tabela 1. As mensurações do peso corporal e das medidas biométricas foram feitas nos seguintes períodos: 0, 15, 30, 45 e 60 dias. As medidas biométricas avaliadas foram: altura do anterior (AA), altura do posterior (AP), circunferência torácica (CT), circunferência do barril (CB), comprimento corporal (CC), circunferência escrotal (CE) e largura de peito (LP) seguindo a metodologia de Osório e Osorio (2003). O ganho médio diário foi calculado através da diferença entre as pesagens e os dias decorridos. A mensuração do consumo foi feita pela diferença entre a quantidade ofertada e o residual de cada tratamento diariamente, levando em consideração o teor de matéria seca (MS) e em relação á média de peso vivo dos animais de cada tratamento. As coletas de sangue foram feitas no início, meio (30 dias após a primeira avaliação) e final (60 dias após a primeira avaliação). Estas foram feitas no período da manhã antes da primeira alimentação, por venopunção jugular com auxílio de vacuntainner e tubos sem anticoagulante para o perfil bioquímico.  Os componentes bioquímicos de determinação do metabolismo proteico foram: proteína total, albumina, globulina, relação albumina/globulina, creatinina, acido úrico e ureia. Os componentes minerais: cálcio, fósforo e magnésio. Já os metabólitos energéticos e hepáticos: colesterol, triglicérides, frutosamina, VLDL, fosfatase alcalina, aspartato aminotrasferase (TGO) e gama glutamil tranferase (GGT). Todas as amostras sanguíneas foram processadas em analisador bioquímico automatizado, usando kit comercial da Lab Test®. O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado em arranjo fatorial (duas classes sexuais e três manejos de alimentação) com medidas repetidas no tempo e as médias foram submetidas ao teste de Tukey a 5% de probabilidade. As médias de consumo foram realizadas de maneira descritiva. As respostas e função do período foram avaliadas por equações de regressão a 5% de probabilidade. Todas as análises foram realizar por meio do software SAS®.

Resultados e Discussão

As curvas de consumo de todos os tratamentos foram muito semelhantes. Na primeira semana os animais, chegaram a consumir em média 4 kg de matéria seca e na última semana cerca de 8 kg de matéria seca, por baia, ou seja, o dobro. Mostrando que à medida que os animais cresciam, houve aumente na necessidade de ingestão devido ás suas exigências.  O mesmo aconteceu quando fizemos a relação entre consumo e peso vivo. À medida que os animais ganhavam peso (kg), o consumo (kg/MS) aumentava. Houve um valor numericamente maior no tratamento com ureia protegida quando comparado com os demais tratamentos. Não houve efeito da fonte de ureia sobre as variáveis analisadas (Tabela 2), ou seja, as medidas biométricas e o peso dos animais foram semelhantes tanto para os animais que consumiram ureia comum quanto os que consumiram ureia protegida. Isso possivelmente aconteceu pelo fato da ureia protegida não ter tido efeito de desaceleração de sua degradação no ambiente ruminal, fazendo com o que seu efeito tenha sido o mesmo da ureia comum. Infere-se que possivelmente não houve sincronismo entre as fontes de carboidratos e nitrogênio no rumem, o que pode ter igualado os tratamentos. Em função da fisiologia do macho não castrado esse tende a ter maior velocidade de crescimento. No entanto, no presente estudo não foi verificado efeito da classe sexual sobre as medidas biométricas e peso corporal dos animais (Tabela 2). Para AA e AP foi verificada resposta quadrática entre os períodos, o que significa que houve crescimento contínuo e depois estabilização. Essa resposta possivelmente se explica pelo fato dos animais terem atingido a altura próxima de animais adultos para esse genótipo. Resultados similares foram encontrados por Andrade (2011), que ao trabalhar com ovinos mestiços observou estabilização nos valores de AA e AP após atingir a fase adulta, sendo os valores iniciais obtidos de AA de, 53,92 cm e os valores finais de 59,7 cm. Nesse mesmo estudo, o valor médio inicial de AP foi 56,3 cm e ao final 61,94 cm. O autor afirmou que os valores reportados dizem respeito ao padrão comum de crescimentos destas medidas. Para AA e AP foi verificada resposta quadrática entre os períodos, o que significa que houve crescimento contínuo e depois estabilização. Essa resposta possivelmente se explica pelo fato dos animais terem atingido a altura próxima de animais adultos para esse genótipo. Resultados similares foram encontrados por Andrade (2011), que ao trabalhar com ovinos mestiços observou estabilização nos valores de AA e AP após atingir a fase adulta, sendo os valores iniciais obtidos de AA de, 53,92 cm e os valores finais de 59,7 cm. Nesse mesmo estudo, o valor médio inicial de AP foi 56,3 cm e ao final 61,94 cm. O autor afirmou que os valores reportados dizem respeito ao padrão comum de crescimentos destas medidas. Para as características CT, CB, CC e peso o padrão de resposta foi linear crescente em relação ao período de avaliação, ou seja, não houve estabilização de crescimento nos períodos avaliados. Santos, Cavalieri e Modesto (2001) observaram que a curva de crescimento de ovinos da raça Santa Inês desde o nascimento, em condições adequadas, é do tipo sigmoide, acelerando sua velocidade até que a puberdade seja alcançada, ocorrendo um retardamento a medida que chega a sua maturidade. Tal fato explica o efeito do período de avaliação sobre as características analisadas. Para medidas de CE e LP não houve diferenças entre períodos, ou seja, os animais mantiveram constantes estas características durante todo o período de avaliação. Para característica de LP é possível afirmar que houve leve estabilização no valor mensurado, sendo justificável pelo fato do animal ter atingido o seu valor correspondente quando adulto. O ganho médio diário, representado na Tabela 3, apresentou diferença estatística para os tratamentos apenas do 30º ao 45º dia, nos demais o GMD apresentou semelhante. Quanto à diferença obervada entre as classes sexuais, pode ser explicada pela fisiologia do macho, onde a velocidade de crescimento deste se faz mais acelerada que a da fêmea, daí então um maior ganho de peso, no entanto, esse fator não foi evidenciado no GMD total (0 – 60 dias). Não houve efeito da fonte de ureia sobre a concentração média dos metabólitos proteicos e minerais. Houve efeito da classe sexual somente sobre a concentração de ureia. As diferenças foram observadas nos períodos, especificamente para as concentrações de proteínas totais, albumina, ácido úrico, ureia, fósforo e magnésio (Tabela 4). Os teores de ureia verificados foram muito altos se compararmos com a literatura (Meyer E Harvey, 2004). Provavelmente ocorreu incorreto equilíbrio entre proteína e energia, ou seja, a liberação de NH3 proveniente da hidrólise da ureia não teve energia fermentescível suficiente para formação da proteína microbiana. O excesso de NH3 foi convertido em ureia através do ciclo da ureia no fígado o que ocasionou altas concentrações desse composto na corrente sanguínea. O efeito do período de avaliação sobre as concentrações de proteína total (PT) pode ser devido aos mesmos mecanismos que ocasionou altas concentrações de ureia, ou seja, houve aumento do aporte proteico, porém o aporte energético não foi atendido adequadamente, ocasionando aumento no valor de PT. O mesmo mecanismo explica o padrão de resposta nas concentrações de albumina, as quais aumentaram a cada colheita de sangue. O ácido úrico está relacionado com a atividade microbiana. A queda nos valores do período de início para o fim representa a diminuição dos microrganismos ruminais consequentemente queda da síntese microbiana, devido à possível ausência de quantidades necessárias de esqueleto de carbono para a formação da proteína microbiana de alto valor biológico. Em relação às concentrações dos minerais, o cálcio (Ca) apresenta concentrações relativamente estáveis. Por outro lado o fósforo (P) e o magnésio (Mg) apresentam grande variação, 40% e 57%, respectivamente. Animais ruminantes são grandes recicladores de fósforo via saliva e sua absorção ocorre no rúmen e intestinos, acarretando grandes variações na concentração desse mineral (González, 2000). As maiores concentrações de fósforo no meio e fim do período experimental foram possivelmente devido a uma maior necessidade dos microorganismos ruminais, dessa forma a reciclagem de fósforo se manteve alta no intuito de melhor o aproveitamento da proteína presente no rúmen e da energia (fermentação).
Em relação ao magnésio, verificamos aumento em seu teor na coleta dos 30 dias (meio) e um retorno ao valor normal de início. Este acréscimo pode se dar devido ao crescimento ósseo, a queda em sequencia deste mineral se da à medida que aumenta o peso vivo e a idade dos animais e há estabilização no desenvolvimento dos ossos. Não houve efeito do uso da ureia comum ou da ureia protegida sobre os metabólitos energéticos e hepáticos (Tabela 5). Os valores de triglicerídeos, fosfatase alcalina, GGT e TGO foram considerados normais, enquanto as concentrações de frutosamina, colesterol e VLDL foram adversos quando comparados a Kaneko, Harvey e Bruss (2008). Houve efeito do período de avaliação nas concentrações dos metabólitos: colesterol, frutosamina, fosfatase alcalina e TGO. Também houve interação entre a classe sexual e o período de avaliação para as concentrações de triglicerídeos e VLDL (Tabela 5).           As concentrações de colesterol foram maiores no meio e final dos períodos de avaliação. O colesterol é precursor de hormônios esteroides, fortemente ligados à reprodução. O fato dos animais estarem em fase de crescimento, ainda não púberes, pode ter contribuído com essa resposta, já que nessa fase há grande deposição de proteína corporal, sendo utilizadas as fontes energéticas para tal ocorrência. A concentração de frutosamina foi considerada elevada (Kaneko, Harvey e Bruss, 2008). Os animais antes de entrarem em experimento, passaram por outras condições de manejo, que provavelmente ocasionou mobilização lipídica. Isso justifica a alta concentração de frutosamina no início do período e a tendência à normalidade do meio para o fim, pois os animais passaram a ter dietas mais equilibradas para sua categoria. Os carboidratos presentes na dieta também são importantes para o crescimento, pois eles podem ser precursores de algumas ações enzimáticas, disponibilizando energia, por exemplo, as quais atuam na formação muscular. Neste caso, reabilitando uma dieta que poderia estar desregulada, influência na não necessidade de mobilização. À medida que o colesterol aumenta no sangue, do início para o fim das avaliações, a frutosamina diminui. O organismo destes animais busca na frutosamina, a qual está relacionada ao nível sanguíneo de glicose, fonte energética para seu crescimento, enquanto o colesterol, como já citado, estaria voltado para reprodução, situações a qual os animais não estavam passando no período avaliado, possivelmente estavam iniciando esse quadro. Períodos que envolvem maior atividade óssea, como na fase de crescimento rápida podem promover hepatopatia, promovendo elevação nos valores de fosfatase alcalina. A maior concentração desse metabólito no início do período de avaliação é devido à fase de crescimento acentuada desses animais. A lipoproteína VLDL ficou abaixo das concentrações obtidas por Kaneko, Harvey e Bruss (2008), também pelo fato da deposição de proteína corporal nesta fase crescimento, pois a VLDL é uma carreadora de fontes lipídicas, sendo assim há decréscimo em seus níveis. Os triglicerídeos e o VLDL estão inter-relacionados, por ser um transportador de lipídeos no organismo animal. A interação entre os períodos e classe sexual sobre as concentrações de triglicerídeos e VLDL provavelmente esteja ligada ao fato das fêmeas depositarem gordura mais precocemente em relação aos machos. Estes depositam primeiramente proteína, com objetivo de formar massa muscular.


Conclusões

A utilização da ureia comum ou protegida não afeta o peso corporal e as medidas biométricas, assim como não afeta os perfis metabólitos energético, hepático, proteico e mineral, em borregos de distintas classes sexuais. No entanto, mudanças ocasionadas devido ao crescimento do animal são responsáveis por modificações nas concentrações desses metabólitos durante o período de avaliação.

Gráficos e Tabelas




Referências

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