COLINA EM RAÇÕES DE CODORNAS JAPONESAS E A QUALIDADE DOS OVOS

Jordanna Gripa da Silva Moreira1, Hugo da Silva Nascimento2, Drielly Gomes Bizarria3, Talita Pinheiro Bonaparte4, José Geraldo Vargas Júnior5, Clara Souto dos Santos6, Júlio Francisco Valiati Marin7, João Paulo Faé Simões8
1 - Graduando(a) em Zootecnia - CCA/UFES. Email: jordannagrippazoo@gmail.com
2 - Graduando(a) em Zootecnia - CCA/UFES. Email: hugosnas@gmail.com
3 - Graduando(a) em Zootecnia - CCA/UFES. Email: driellybizarria@hotmail.com
4 - Professora Adjunto da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia - UFBA, Salvador - BA. Email: talitabonaparte@gmail.com
5 - Professor Associado da UFES, Alegre-ES. Email: josegeraldovargas@yahoo.com.br
6 - Graduando(a) em Zootecnia - CCA/UFES. Email: clara_sds@hotmail.com
8 - Graduando(a) em Zootecnia - CCA/UFES. Email: joao_fae@hotmail.com

RESUMO -

Avaliou-se a o efeito da colina em substituição à metionina + cistina dig. (Met + Cis) sobre a qualidade do ovo de codorna. Os tratamentos foram 0,588; 0,663; 0,738; 0,813 e 0,888% de Met + Cis, suplementados com Colina obtendo os níveis de 0,209; 0,157; 0,105; 0,052 e 0,0% de colina. Foram avaliados o Peso médio absoluto (PMA) e o peso médio relativo (PMR) de gema, albúmen e casca dos ovos. Os dados obtidos foram analisados através de análise de variância e modelos polinomiais. Os níveis de substituição da Met + Cis por colina não influenciaram (P>0,05) o PMA do Albúmen, da Gema e da Unidade Haugh. Foi possível observar efeito linear da inclusão de colina nas rações sobre o PMA da gema e efeito quadrático sobre o PMA do albúmen e da casca do ovo. Pode-se concluir que é possível adotar o nível de suplementação de 0,209% de colina e 0,588% de Met + Cis para maior PMA e PMR de gema, e o nível de 0,105% de colina e 0,738% de Met + Cis para maior PMA de albúmen.

Palavras-chave: Albúmen, Casca, Gema, Peso Absoluto, Peso Relativo.

CHOLINE IN FEEDS OF JAPANESE QUAIL AND THE QUALITY OF EGGS

ABSTRACT - The effect of choline in place of methionine + cystine dig. (Met + Cys) about the quality of the quail egg. The treatments were 0.588; 0.663; 0.738; 0.813 and 0.888% Met + Cys, supplemented with Hill getting 0.209 levels; 0.157; 0.105; 0.052 and 0.0% Hill. Absolute average weight were evaluated (PMA) and the relative (PMR) average weight of yolk, albumen and egg shell. The data obtained were analyzed through variance analysis and polynomial models. Replacement levels Met + Cys for Hill did not influence (P > 0.05) the PMA of Albumen, yolk and Haugh unit. It was possible to observe linear effect of including Hill in feed on the PMA of the gem and quadratic effect on the PMA of albumen and egg shell. It can be concluded that it is possible to adopt the level of supplementation of 0.209% of Hill and 0.588% Met + Cys to PMA and gem's largest PMR, and the level of 0.105% Hill and 0.738% Met + Cys to greater PMA of albumen.
Keywords: Albumin, Bark, Egg yolk, Absolute Weight, Relative Weight.


Introdução

O bom desempenho produtivo das aves resulta em melhor qualidade dos ovos no mercado e resulta em sucesso para o setor produtivo de ovos comerciais. Níveis ideias de aminoácidos e vitaminas na ração são primordiais para manter a produção e a qualidade dos ovos. As rações são formuladas de maneira a atender as exigências nutricionais e garantir maior digestibilidade dos nutrientes. Isso é possível com o uso de aminoácidos sintéticos e premix vitamínico e mineral e como consequência, é possível reduzir os níveis de proteína bruta das rações sem alterar o desempenho animal (DESCHEPPER; DE GROOTE, 1995). As recomendações da vitamina colina, para poedeiras, variam muito entre os manuais das linhagens e tabelas publicadas por instituições de pesquisa, e também entre as indicações das empresas de suplementos vitamínicos e minerais. Embora a colina possa ser sintetiza pelo organismo das aves, ela pode ser considerada essencial, pois não é sintetizada em quantidade suficiente para atender a exigência animal, sendo que em nutrição de aves, o uso da fonte sintética é prática comum. Considerando a importância metabólica da colina e dos aminoácidos sulfurosos, objetivou-se com esta pesquisa avaliar a influência de níveis nutricionais de inclusão de CL-Colina em substituição à metionina + cistina digestível sobre a qualidade dos ovos de codornas japonesas.

Revisão Bibliográfica

As exigências de colina para aves de postura têm sido estudadas principalmente em relação ao seu papel na produção de ovos e na prevenção da Síndrome do fígado gorduroso (HARMS e MILES, 1985). A colina é fornecedora de grupo metil e atua na formação do neurotransmissor acetilcolina (UCLAND, 2013), na síntese de lecitina e de outros fosfolipídios. Devido a colina ser formadora de fosfolipídios, tem ação estrutural nas membranas celulares (LEE et al., 2010), na formação das células do sistema nervoso, presente como constituinte da esfigomielina No metabolismo da colina, a doação de grupo de metil é basicamente para a formação da metionina a partir da homocisteína e de creatina a partir de ácido guanidoacético. Anninson (1996) relata que a síntese de fosfolipídio somente ocorre a parir da colina, não podendo ser sintetizada a partir da betaína ou da metionina. O fosfolipídio é componente das lipoproteínas de muito baixa densidade – VLDL, que tem como função o transporte de gordura pelo corpo do animal.

Materiais e Métodos

Foram utilizados cinco níveis de Metionina + Cistina digestível (0,588; 0,663; 0,738; 0,813 e 0,888%), suplementados com colina de forma a obter os níveis de 0,209; 0,157; 0,105; 0,052 e 0,0%. Para a análise do peso do albúmen, da gema e da casca foram utilizados 30 ovos, sendo coletados 3 ovos de cada uma das 10 repetições. Como componentes dos ovos foram consideradas as porcentagens de gema, albúmen e casca. A qualidade interna do albúmen foi medida pelas unidades Haugh (UH). Após as pesagens individuais em balança analítica digital de precisão de 0,01 gramas, os ovos foram quebrados, separando-se o albúmen, a gema e a casca. A separação da gema foi feita com utensílio próprio para isso, e o resíduo de clara, aderido à gema, foi removido por lavagem em água corrente. Após este procedimento as gemas foram pesadas individualmente. As cascas, depois de lavadas para retirada de resíduos do albúmen, foram secadas em estuda de 55º e pesadas individualmente. O peso do albúmen foi obtido pela diferença entre o peso do ovo inteiro e o peso da gema mais o peso da casca [Peso do albúmen = peso do ovo inteiro - (peso da gema + peso da casca]. Após estas pesagens foram calculadas as porcentagens destes componentes. Para a análise da Unidade Haugh (UH) foram coletados 20 ovos de cada tratamento, dois de cada uma das 10 repetições. Os ovos foram pesados, individualmente. A altura do albúmen foi medida utilizando paquímetro digital em suporte de tripé, disposto em superfície plana e nivelada. Foi utilizada a equação descrita por Haugh (1937): HU = 100 x Log (H-1,7xW0,37+7,6), para determinação da unidade Haugh. Onde H é a altura do albúmen espesso (milímetros) e W é o peso do ovo inteiro(gramas). Os dados obtidos foram analisados estatisticamente pelo Programa Sistema para Analises Estatísticas e Genética - SAEG (1997) através de análise de variância e modelos polinomiais.

Resultados e Discussão

Os resultados referentes às características de qualidade dos ovos de codornas para peso médio absoluto (g) e peso médio relativo (%) de albúmen, gema e casca estão apresentados na Tabela 1. Os níveis de substituição da metionina + cistina digestível por colina não influenciaram (P>0,05) o peso médio absoluto do albúmen, da gema e da unidade haugh. Entretanto, foi possível observar efeito linear da inclusão de colina nas rações sobre o peso médio absoluto da gema e efeito quadrático sobre o peso médio absoluto do albúmen e da casca do ovo. Foi verificado que quanto maior, ou menor, o nível de suplementação de colina utilizado na ração das codornas em postura, menor foi o peso médio absoluto do albúmen, da gema e da casca. O que pode ter ocorrido em função do menor e do maior fornecimento de metionina, devido à substituição por colina na dieta. Pourreza e Smith (1988) avaliaram 16 estudos sobre a influência da suplementação de colina para poedeiras, relataram aumento na produção de ovos com aumento do peso dos ovos. De acordo com os autores, em certas condições experimentais a suplementação de colina pode aumentar a produção de ovos quando a ingestão de metionina pelas aves for baixa. Tsiagbe et al., (1982) ao avaliar os níveis de colina de 0,05%, 0,1% e 0,1% + 2μg vitamina B12 observou que a suplementação de 0,05% e 0,1% de colina aumentou a produção e o peso dos ovos. Ao avaliar a inclusão dos níveis 0, 500, 1000, 1500 mg de colina por kg de ração para codornas japonesas em postura, Reis et al (2012) não observaram efeito significativo (P>0,05) sobre a qualidade dos ovos.  Segundo estes autores, a maior suplementação de colina não influenciou a qualidade dos ovos de codornas, evidenciando que os níveis de metionina mais cistina e lisina utilizados foram suficientes para atender a exigência nutricional, não sendo necessária a suplementação de colina na dieta das aves. Como observado neste estudo, no tratamento com menor nível de metionina e maior suplementação de colina, o peso de gema foi maior, no entanto, resultou em menor peso de albúmen que também foi verificado no tratamento sem a suplementação de colina. Os melhores valores de peso médio de albúmen foram para suplementação de 0,105% de colina e 0,738% de metionina, indicando a possibilidade de inclusão de colina na dieta para melhoria do peso de albúmen. A utilização do nível de 0,209% de colina aumentou a porcentagem e o peso de gema, enquanto o nível de 0,105% de colina aumentou o peso do albúmen, mostrando efeito expressivo sobre a qualidade interna dos ovos. Se as aves forem criadas na estação de verão, ou em condições de estresse calórico, pode ser que a maior suplementação de vitamina proporcione melhoria em todas as características de qualidade dos ovos (FARIA et al., 2001).

Conclusões

Pelos resultados obtidos, pode-se concluir que é possível adotar o nível de suplementação de 0,209% de colina e 0,588% de Metionina + Cistina digestível para maior peso médio absoluto e peso médio relativo de gema, e o nível de 0,105% de colina e 0,738% de Met + Cis para maior peso médio absoluto de albúmen.

Gráficos e Tabelas




Referências

ANNISON Feed Milling International, Pages 8-12, 1996.   DESCHEPPER, K., De GROOTE, G. Effect of dietary protein , essential and non essential amino acids and performance and carcass composition of male broiler chickens. British Poultry Science, v. 39, p. 229-245, 1995.   FARIA, D.E.; JUNQUEIRA, O.M.; SAKOMURA, N.K. et al. Influência de diferentes níveis de energia, vitaminas D3 e relação sódio:cloro C sobre o desempenho e qualidade dos ovos de poedeiras comerciais. Revista Brasileira de Zootecnia, v.29, n.2, p.467-475, 2000.   HARMS, R.H; MILES, R.D. How much supplemental choline should be added to feed for commercial laying hens? Feedstuffs, v.57, p. 27-28, 1985.   LEE, J.E., JACQUES, P.F., DOUGHerry, L. et al. Are dietary choline and betaine intakes determinants of total homocysteine concentrati? An. J. Clin. Nutr. v.91, p.1303-1310, 2010.   POURREZA, J.; SMITH, W.K. Performance of laying hens on low sulphur amino acids diets supplemented with choline and methionine. British Poultry Science, v.29. p. 605-611, 1988.   REIS, R. S.; BARRETO, S. L. T.; PAULA, E.; MUNIZ, J. C. L. VIANA, G. S.; MENCALHA, R. ; BARBOSA, L. M. R. Níveis de suplementação de colina na dieta de codornas japonesas em postura Revista Brasileira de Agropecuária Sustentável (RBAS), v.2, n.1, p.118-123, 2012.   RINGROSE, R.C.; DAVIS, H.A. Choline in the nutrition of laying hens. Poultry Science, v.25, p.646-647, 1946.   SAEG. SAEG: sistema para análises estatísticas, versão 9.1. Viçosa: UFV, 2007.   TSIAGBE, V.K.; KANG, C.W.; SUNDE, M.L. The effect of choline supplementation in growing pullet and laying hen diets. Poultry Science, v.61, p.2060-2064, 1982.   UCLAND, M. Choline and betaine in health and disease. Journal Inherit Dis. v.34, p. 3-15, 2011.