CARACTERÍSTICAS DO LÍQUIDO RUMINAL DE CAPRINOS ALIMENTADOS COM FORRAGEIRAS NATIVAS DO SEMIÁRIDO BRASILEIRO ASSOCIADAS À PALMA

Kayo Matheus Clementino Régis1, suelane de Melo Dias2, Érica Carla Lopes da Silva3, Dulciene Karla de Andrade Silva4, Jakeline Santos de Medeiros5, Penéllope Teles Viveiros da Silva6, Géssica Solanna Calado Soares7, Janieire Dorlamis Cordeiro Bezerra8
1 - Universidade Federal da Paraíba, Areia, PB
2 - Universidade Federal da Paraíba, Areia, PB
3 - Instituto Federal de Pernambuco - Campus Vitória de Santão Antão
4 - Universidedade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica de Garanhuns
5 - Universidade Federal da Paraíba, Areia, PB
6 - Universidedade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica de Garanhuns
7 - Universidade Federal da Paraíba, Areia, PB
8 - Universidade Federal da Paraíba, Areia, PB

RESUMO -

Objetivou-se com o presente trabalho, avaliar as características do líquido ruminal de caprinos nativos mantidos a pasto com suplementação à base de feno de Jitirana (Merremia aegytia) e Mororó (Bauhinia cheilant) associados à palma miúda (Nopalea cochenillifera). Utilizou-se 30 caprinos machos castrados, nativos, com peso médio de 19,0 kg com quatro meses de idade, distribuídos em delineamento inteiramente casualizados, com cinco tratamentos e seis repetições: P – pasto sem suplementação; PJ – pasto + feno de Jitirana; PM – pasto + feno de Mororó; PMP – pasto + 50% feno de Mororó + 50% palma e PJP – pasto + 50% feno de Jitirana + 50% Palma, suplementados com 1% do peso corporal. Foram coletadas alíquotas de fluido ruminal imediatamente após o abate dos animais para determinação das características físicas. A alimentação a base de forrageiras nativas do Semiárido brasileiro associado à palma forrageira não influencia as características do líquido ruminal de caprinos nativos.

Palavras-chave: Caatinga, microbiologia, protozoários, semiárido, rúmen

CHARACTERISTICS OF RUMINAL LIQUID OF GOATS FED WITH NATIVE FORAGES OF BRAZILIAN SEMIARID ASSOCIATED TO SPINELESS CACTUS

ABSTRACT - The objective of this work was to evaluate the characteristics of the ruminal liquid of native goats in pastures supplemented with Jitirana (Merremia aegytia) and Mororó (Baudinia cheilant) hay associated with the sweet cactus (Nopalea cochenillifera).Thirty native male, castrated, with a mean weight of 19.0 kg at four months of age, were distributed in a completely randomized design with five treatments and six replicates: P - grass without supplementation; PJ - grass + Jitirana hay; PM - Pasture + Mororó hay; PMP - pasture + 50% Mororó hay + 50% sweet cactus and PJP - pasture + 50% Jitirana hay + 50% sweet cactus, supplemented with 1% of body weight.Rumen aliquots were collected immediately after slaughter of the animals to determine the physical characteristics. Feeding of native fodder from the Brazilian semi-arid region associated with forage sweet cactus does not influence the characteristics of the rumen liquid of native goats.
Keywords: Caatinga, microbiology, protozoa, semiarid, rumen


Introdução

No Semiárido brasileiro, a vegetação predominante é a caatinga, tipo de floresta seca tropical decídua caracterizada por possuir espécies herbáceas, arbustivas e arbóreas de pequeno, médio e grande porte. Apesar da sua predominância, essa vegetação não se apresenta de forma uniforme, pois a caatinga muda de acordo com as diferentes variáveis climáticas da região. Deste modo, a vegetação caatinga se apresenta na forma de mosaico Costa et al., (2007) e é tida como a principal base alimentar de grandes e, principalmente, de pequenos ruminantes (Sousa et al., 2011). Entre as forrageiras nativas destacam-se as leguminosas como fonte de proteína e fibra, associado à palma forrageira (Opuntia e Nopalea), rica em carboidratos não fibrosos que garantem maiores aportes de nutrientes para os animais. Além de garantir maior aporte de nutrientes é necessária a prospecção de assuntos relacionados às respostas fisiológicas dos animais inerente ao alimento fornecido, tendo em vista que, a maioria dos distúrbios metabólicos podem ser detectados inicialmente no líquido ruminal (Zilio et al., 2008). Diante do exposto, objetivou-se avaliar as características do líquido ruminal de caprinos nativos mantidos a pasto com suplementação à base de feno de Jitirana (Merremia aegytia) e Mororó (Bauhinia cheilant) associados à palma miúda (Nopalea cochenillifera).

Revisão Bibliográfica

Os ruminantes são animais favorecidos em relação a outros animais de produção, devido a sua capacidade de transformar celulose em produtos assimiláveis, que se faz possível devido à atividade constante de fermentação, efetuado pelos microrganismos do rúmen (Vieira et al., 2007) essa participação dos microrganismos na digestão de alimentos no rúmen permite maior aproveitamento de carboidratos presentes na celulose gerando uma relação simbiótica entre eles. Como proposto por Salvio & D’Agosto (2001), Além dos ruminantes assimilarem boa parte da energia contida nas dietas, há outras vantagens como a conversão de amônia e ureia em proteína, por meio dessas relações simbióticas, desenvolvidas por uma série de microrganismos de alta complexidade. Segundo Zilio et al. (2008), a avaliação do conteúdo ruminal costuma ser indispensável para ajudar a determinar o estado do ambiente ruminal. As principais avaliações consistem na análise da cor, odor, consistência, predominância e porcentagem de protozoários vivos, motilidade, número de protozoários totais, tipo de bactérias predominantes, pH e prova do azul de metileno.

Materiais e Métodos

O experimento foi realizado no Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA-Sertânia) com 30 caprinos machos castrados, sem padrão racial definido, com peso médio de 19,0 kg com quatro meses de idade. Os animais foram distribuídos em delineamento inteiramente casualizado, com cinco tratamentos e seis repetições: P - pasto sem suplementação; PJ - pasto + feno de Jitirana; PM - pasto + feno de Mororó; PMP - pasto + 50% feno de Mororó + 50% palma e PJP - pasto + 50% feno de Jitirana + 50% Palma, suplementados com 1% do peso corporal. As alíquotas de fluido ruminal foram coletadas imediatamente após o abate dos animais para determinação dos parâmetros: pH, cor, odor e consistência, motilidade, densidade e predominância de protozoários grandes, médios, pequenos, vivos e inativos. Essas características foram observadas em microscópio óptico com lente objetiva de 10x. Para avaliação estatística foi adotada a análise descritiva e comparativa dos dados.

Resultados e Discussão

O pH do líquido ruminal manteve-se constante entre os tratamentos, apresentando valores em torno de 7,42 e 7,72 ( Tabela 1). Segundo Silva et al. (2016), nesta situação observam-se alto pH ruminal, acima do limite (pH 6) considerado inibitório para a digestão da fibra, indicativo de reduzida fermentação. Esses resultados eram previstos, pois os animais foram submetidos a jejum de sólidos por 16 horas para obtenção do peso vivo ao abate (PVA) o que resultou no aumento do pH. A coloração verde oliva e o odor aromático identificados no fluido ruminal em todos os tratamentos apresentaram-se como características semelhantes aos alimentos oferecidos nas dietas. Observou-se  consistência levemente viscosa em todos os tratamentos, considerados como padrão normal de fermentação. Os resultados de Motilidade e Densidade de protozoários (Tabela  2) variaram entre moderado e abundante entre os tratamentos, exceto para o tratamento PMP, que proporcionou uma escassez na motilidade e densidade de protozoários Esse tratamento foi o único que propiciou maior inatividade de protozoários, em média apenas 51% dos protozoários foram encontrados vivos ou ativos.

A predominância de protozoários Médios prevaleceu entre os tratamentos, no entanto, o tratamento onde foi fornecido apenas pasto aos animais, a predominância constituiu de protozoários pequenos devido à influência da dieta na microbioata do rúmen. De acordo Oliveira et al. (2016), dietas a base de forragens favorecem o crescimento de protozoários pertencentes ao grupo dos Entodiniomorfos geralmente de tamanho reduzidos quando comparado ao grupo dos Holotrichas.



Conclusões

A alimentação a base de forrageiras nativas do Semiárido brasileiro associado à palma forrageira não influencia o fator pH do líquido ruminal de caprinos, apesar do jejum de sólidos, mantendo as demais características avaliadas em condições adequadas para o funcionamento do rúmen.



Gráficos e Tabelas




Referências

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