PRODUTIVIDADE DO CAPIM-MARANDU SOB DIFERENTES GRAUS DE SOBREAMENTO ARTIFICIAL CULTIVADO NA SAVANA DE RORAIMA

Edson Alencar Conceição de Sousa1, Wilson Gonçalves de Faria Júnior2, Lévison da Costa Cipriano3, Bruna Martins Mota4, Deila Cristina Vieira da Silva5, Viviane Antunes Pimentel6, Wilma Gonçalves de Faria7, Juliana Cristina Nogueira Colodo8
1 - Centro de Ciências Agrárias - Universidade Federal de Roraima
2 - Centro de Ciências Agrárias - Universidade Federal de Roraima
3 - Centro de Ciências Agrárias - Universidade Federal de Roraima
4 - Centro de Ciências Agrárias - Universidade Federal de Roraima
5 - Escola Agrotécnica da Universidade Federal de Roraima
6 - Escola Agrotécnica da Universidade Federal de Roraima
7 - Instituto Federal de Roraima - Campus Amajari
8 - Centro de Ciências Agrárias - Universidade Federal de Roraima

RESUMO -

Foi avaliada a produtividade do capim marandu, cultivado e colhido com 30 dias de rebrota, no campus Murupu da Universidade Federal de Roraima (UFRR) situado em Boa Vista- RR. Foi utilizado um delineamento inteiramente ao acaso, com 4 repetições por tratamento, sendo os tratamentos as porcentagens de retenção luminosa (0% – pleno sol; sombrite com 30%; 60% e 90% de sombreamento). O capim marandu não apresentou diferença significativa para a variável colmo nos diferentes graus de sombreamento. Ainda, apresentou bons valores de produção de matéria verde com maior valor de 41,3 t/ha em um cultivo a pleno sol e para produção de matéria seca de folhas para um sombreamento de 30% uma média de 6,4 g, demonstrando assim uma leve tolerância a sombreamento e tendo uma boa capacidade de produtividade. Para as condições de realização deste estudo recomenda-se o uso desta forrageira em sistemas de silvipastoris consorciado com espécies arbóreas com até 30% de retenção luminosa.

Palavras-chave: Brachiaria brizantha, marandu, sombreamento, forragem.

PRODUCTIVITY OF CAPIM-MARANDU UNDER DIFFERENT LEVELS OF ARTIFICIAL SHADING CULTIVATED IN SAVANA DE RORAIMA

ABSTRACT - Was evaluated the productivity of the marandu grass, cultivated and harvested with 30 days of regrowth, the Murupu campus of the Federal University of Roraima (UFRR) located in Boa Vista-RR. A completely randomized design was used, with 4 replicates per treatment, with treatments being the percentages of light retention (0% - full sun, 30% , 60% and 90% shading). The marandu grass did not present significant difference for the stem variable in the different degrees of shading. Still, it presented good values of green matter production with a higher value of 41.3 t/ha cultivated in full sun and for the production of dry matter of leaves for a shading of 30% an average of 6.4g, thus demonstrating a slight tolerance to shading and having a good productivity capacity. For the conditions of this study it is recommended the use of this forage in systems of silvipastoris consorciado with arboreal species with up to 30% of light retention.
Keywords: Brachiaria brizantha, marandu, shading, forage.


Introdução

Nos últimos anos, tem se procurado mais os sistemas de cultivo de pastagens associadas a espécies arbóreas, denominado sistema silvipastoris, pois é um método com bom retorno econômico e é altamente sustentável, por garantir uma pastagem com bom valor nutricional e um ambiente que garante o bem estar ao animal. Alguns fatores podem aumentar ou diminuir a produtividade de algumas forrageiras, como o adubo e o sombreamento. O capim Marandu é considerado uma boa alternativa para formação de pastagens, por apresentar uma boa tolerância à seca, a solos pobres em nutrientes e a outros estresses ambientais. São poucos os dados na literatura de estudos sobre o cultivo de forrageiras com sombreamento natural ou artificial. Verificar a tolerância dos diversos níveis de sombreamento sobre o capim Marandu é importante para a escolha da espécie a ser associada ao mesmo e verificar até que grau de sombreamento é prejudicial a esta forrageira. São poucos os estudos realizados com o cultivo de forrageiras com sombreamento nas condições edafoclimáticas no estado de Roraima. Portanto, o objetivo desse trabalho foi avaliar a produtividade do capim Marandu sob diferentes graus de sombreamento artificial cultivado nas condições edafoclimáticas da savana de Roraima.

Revisão Bibliográfica

Andrade et al (2004) avaliando o crescimento de gramíneas e leguminosas forrageiras tropicais sob sombreamento, sendo o estudo realizado no Campo Experimental da Embrapa Acre, em Rio Branco - AC,  com quatro níveis de sombreamento artificial (0%, 30%, 50% e 70%). Encontraram valores de acúmulo de matéria seca para o capim Marandu a pleno sol 35,6 (kg ha-¹ d-¹) durante o período seco e 56,1 (kg ha-¹ d-¹) no período chuvoso. E com 70% de sombreamento, encontrou-se 31,3 (kg ha-¹ d-¹) e 22,6 (kg ha-¹ d-¹) durante os períodos de seca e chuva, respectivamente. Já Martuscello et al. (2009) avaliaram produção de gramíneas do gênero Brachiaria sob níveis de sombreamento (0%, 50% e 70%), no Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Corte, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Gado de Corte) localizada em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Encontrou para produção média de quatro cortes um valor de 5,72 g em um sombreamento de 70% e 10,88 g em um cultivo a pleno sol. Estudo realizado por Peciullo et al (2008) na Embrapa Gado de Leite, Município de Coronel Pacheco, MG, de janeiro a dezembro de 2006. Com avaliações do crescimento de capim-braquiária em pastagem arborizada (sistema silvipastoril – SSP), relataram valores para taxa de alongamento de colmos durante o verão com 50 % de sombreamento de 5,3 (mm perfilho-¹ por dia).

Materiais e Métodos

O capim Brachiaria brizantha cv. Marandu foi cultivado e colhido no campus Murupu da Universidade Federal de Roraima (UFRR) situado em Boa Vista- RR. O cultivo foi realizado em canteiros distintos de 2 x 6 m, sendo 4 canteiros. O capim foi submetido a um sombreamento artificial, promovido pela a utilização de telas de polipropileno (sombrite). Foram colhidas 4 amostras de capim, em uma área de corte de 25x25 cm, com 30 dias de rebrota, durante o mês de dezembro de 2016 (período de seca em Roraima) quando foi aferida a altura com auxílio de uma régua. O clima da savana de Roraima é do tipo Awi, com duas estações climáticas bem definidas, uma chuvosa (abril-setembro) e outra seca (outubro-março), com precipitação de 300 mm no período seco, com temperatura média de 26,7°C. Posteriormente as amostras foram levadas para o campus Cauamé da UFRR (Boa Vista – RR; 2°52'09.8"N 60°42'41.7"W). Onde as amostras foram pesadas no laboratório do núcleo de pesquisa em nutrição animal – NUPENA, para determinar a produtividade por hectare, ainda foi realizado a separação da folha, colmo e raiz e colocadas em saquinhos de papel para uma segunda pesagem, a fim de determinar a produção de matéria verde (PMV). As amostras foram levadas para uma estufa com ventilação forçada a 45 °C durante 72 horas. Após isso, foram pesados todos os saquinhos para cada tratamento, para determinar a produção de matéria seca (PMS) e produção de matéria seca de folhas (PMSF), respectivamente. Utilizou-se um delineamento inteiramente casualizado, com 4 repetições por tratamento, sendo os tratamentos as porcentagens de retenção luminosa (0% - pleno sol; sombrite com 30%; 60% e 90% de sombreamento). As variáveis: altura, PMV, PMS e PMSF foram submetidas à análise de regressão (P<0,05).

Resultados e Discussão

Os resultados obtidos para a variável altura (cm) apresentou um comportamento linear decrescente tendo o seu maior valor de 61 cm em um cultivo a pleno sol. Portanto, à medida que o grau de sombreamento exercido sobre o capim Marandu aumenta, a altura do capim diminui (Tabela 1). Martuscello et al. (2009) encontrou valores para altura de 45,19 cm em um cultivo a pleno sol. Para a produção de matéria verde, o capim marandu apresentou um comportamento linear decrescente, com o menor valor de 12,3 t/ha a 90% de sombreamento. Valores de 22,9 g em um cultivo com 70% de sombreamento para produção acumulada do capim marandu, foi reportado por Martuscello et al. (2009). A produção de matéria seca do capim marandu, demonstrou um comportamento linear decrescente, ou seja, à medida que se aumenta o sombreamento sobre o capim, diminui a sua PMS. Andrade et al (2004) Encontraram valores de acúmulo de matéria seca para o capim Marandu a pleno sol 35,6 (kg ha-¹ d-¹) durante o período seco e 56,1 (kg ha-¹ d-¹) no período chuvoso. E com 70% de sombreamento, encontrou-se 31,3 (kg ha-¹ d-¹) e 22,6 (kg ha-¹ d-¹) durante os períodos de seca e chuva, respectivamente. Uma produção de matéria seca de 7.061 kg/ha cultivado a pleno sol com um corte de 20 cm do solo, foi descrito por Carvalho et al. (2002). Já na produção de matéria seca de folhas, os dados obtidos para o capim marandu teve um comportamento linear decrescente, com o maior valor de 9,8 g para um cultivo a pleno sol nas condições edafoclimáticas da savana de Roraima (Tabela 1). Para os valores de Folha (F) e proporção folha:colmo, os valores obtidos demonstraram um comportamento quadrático crescente, tendo o maior valor de 72,3 g da variável folha a um cultivo a pleno sol e menor em um sombreamento de 90% com 50,4 g de folha. Já para a proporção folha:colmo o maior valor também foi em um cultivo a pleno sol com 2,7 g. Martuscello et al. (2009) relataram uma porcentagem de 81,3 % de folha para o capim marandu em um cultivo de 70% de sombreamento. Os valores para a variável colmo, não apresentam diferença significativa entre os graus de sombreamento.

Conclusões

O capim marandu apresentou bons valores de PMV, PMS e PMSF para um grau de sombreamento de até 30%. Apresentando uma leve tolerância a sombreamento e tendo uma boa capacidade de produtividade. Para as condições de realização deste estudo recomenda-se o uso desta forrageira em sistemas de silvipastoris consorciado com espécies arbóreas com até 30% de retenção luminosa.

Gráficos e Tabelas




Referências

ANDRADE, C. M. S. et al.  Crescimento de gramíneas e leguminosas forrageiras tropicais sob sombreamento. Pesquisa Agropecuária Brasileira, vol.39, n.3, pp. 263-270, 2004.   CARVALHO, M.M. et al. Início do florescimento, produção e valor nutritivo de gramíneas forrageiras sob condições de sombreamento natural. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 37, n.5, p.717-722, 2002.   MARTUSCELLO, J. A. et al. Produção de gramíneas do gênero Brachiaria sob níveis de sombreamento. Revista Brasileira de Zootecnia, v.38, n.7, p.1183-1190, 2009.   PACIULLO, D.S.C. et al. Crescimento de capim-braquiária influenciado pelo grau de sombreamento e pela estação do ano. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.43, p.917-923, 2008.