Influência do tipo de parto sobre o peso ao nascer de borregas tipo Santa Inês suplementadas diariamente

Gilka de Jesus Pedroso Santos1, Luciano Oliveira Ribas2, Herymá Giovane de Oliveira Silva3, Luan Vagner Barbosa de Brito4, Gleidson Pereira Silva5, Ted Possidônio dos Santos6, Vinícius Palladino Rodrigues Alves7, Weiber da Costa Gonçalves8
1 - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
2 - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
3 - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
4 - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
5 - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
6 - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
7 - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
8 - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

RESUMO -

objetivou-se observar a influência do tipo de parto sobre o peso ao nascer de borregas tipo Santa Inês suplementadas diariamente. Foram utilizados dados de crias referentes a duas estações de monta, provenientes de 32 fêmeas tipo Santa Inês, sendo 14 oriundas de parto simples e 18 de parto duplo, nascidas em períodos diferentes e pesados periodicamente com intervalos de 20 dias desde o nascimento até a primeira parição. O delineamento foi inteiramente casualizado, por meio de um equação de regressão, sendo analisada a influência do tipo de parto sobre peso ao nascer, aos 60, 90, 180, e 240 dias, como também idade e peso ao primeiro acasalamento. O tipo de parto influenciou o peso ao nascer até os 240 dias de idade. O ganho médio diário considerando a média dos dois tipos de parto foi de 0,088kg/dia, até os 210 dias de idade. Cordeiros e fêmeas de parto simples têm maior ganho e velocidade de ganho em relação aos de partos duplos.

Palavras-chave: deslanados, gestação, reprodução

Influence of birth type on birth weight of Santa Ines lambs supplemented daily

ABSTRACT - The objective of this study was to observe the influence of the type of birth on the birth weight of Santa Ines lambs supplemented daily. Staggering data were used for two breeding stations from 32 Santa Inês females, 14 of which were single-bred and 18 were twice-bred, born at different periods and weighed periodically at intervals of 20 days from birth to first Farrowing. The design was completely randomized, using a regression equation, and the influence of the type of birth on birth weight at 60, 90, 180, and 240 days was analyzed, as well as age and weight at the first mating. The type of delivery influenced the birth weight up to 240 days of age. The average daily gain considering the average of the two types of delivery was 0.088kg / day, until the 210 days of age. Single lambs and females have greater gain and speed of gain than double deliveries.
Keywords: flayed, gestation, reproduction


Introdução

Para avaliar a eficiência dos sistemas de produção de carne ovina, deve-se considerar, em termos econômicos, o total de carne produzido/ano, o que depende diretamente da eficiência reprodutiva e da habilidade materna das matrizes, bem como da taxa de crescimento corporal dos cordeiros. O tipo de parto é um dos fatores que mais influenciam na idade e no ganho de peso, sendo que as fêmeas e os cordeiros oriundos de parto múltiplos nascem com menores pesos e velocidade de ganho lento em relação aos de partos simples (Perez et al., 2000). Esta diferença de peso está relacionada à competição intrauterina pelos nutrientes e pelo leite materno após o nascimento (CASTRO et al., 2012). Objetivou-se avaliar a influência do tipo de parto sobre o peso ao nascer de borregas tipo Santa Inês suplementadas diariamente, indicando a idade e peso ideal ao primeiro acasalamento.

Revisão Bibliográfica

Raça Santa Inês A raça deslanada Santa Inês de maior expansão no território nacional é encontrada em maior numero em todo o Nordeste brasileiro e em vários estados do Sudeste, Centro-Oeste e Norte do país (NETO, 2002). É uma raça detentora de alta diversidade genética e possui grande potencial para uso em programas de melhoramento genético e de cruzamentos com raças especializadas na produção de carne (COSTA, 2003). As fêmeas da raça Santa Inês, além de não apresentarem estacionalidade reprodutiva, proporcionam um bom material genético para ser utilizado como linhagem materna para produção de cordeiros, sejam puros ou mestiços, uma vez que essa raça apresenta boa produção de leite, maior rusticidade, alto valor adaptativo, reprodutivo, prolificidade, menor tamanho, baixa susceptibilidade à endo e ectoparasitas,quando comparadas com raças especializadas para corte (COSTA, 2003).   Peso ao nascimento e idade de desmame O desempenho do indivíduo na fase pré-desmama reflete o início do seu potencial de desenvolvimento e a habilidade materna de sua progenitora. O número de crias nascidos por parto exerce forte influencia sobre o crescimento dos ovinos, isso porque apesar das ovelhas de parto gemelar produzirem mais leite, esta maior quantidade não chega a ser o dobro da produção de ovelhas de parto simples e, deste modo, os cordeiros gêmeos consomem, individualmente, menor quantidade de leite (MEXIA et al., 2004). A idade de desmame em ovinos é muito variável, depende da finalidade da produção, sendo realizado entre 40 e 112 dias em sistema intensivo e de 60 a 120 dias em ovinos criados em sistema extensivo. No entanto a produção de cordeiros precoces exige desmama inferior a 70 dias de idade (PERUZZI, 2006), pesando entre 12 e 15 kg de peso vivo, possibilitando assim um aumento na produtividade e melhor recuperação das ovelhas no pós-parto.

Materiais e Métodos

O experimento foi realizado na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, localizado no município de Itapetinga-BA, no período de Fevereiro a Setembro de 2015. A precipitação média dos últimos três anos foi de 451,97 mm. Utilizou-se dados de crias referentes a duas estações de monta, provenientes de 32 fêmeas tipo Santa Inês, nascidas nos anos de 2013 e 2015, sendo 14 oriundas de parto simples e 18 de parto duplo. Após o nascimento os animais foram mantidos juntos com suas mães em pastagem de capim Tifton 85 e capim Braquiária decumbens, recebendo diariamente concentrado nas proporções de 1% do peso corporal, administrado 1/2 pela manhã e 1/2 pela tarde, a base de milho, soja, farelo de trigo, calcário e sal mineral. Os animais foram apartados aos 60 dias de idade, num processo onde as mães ficaram em jejum alimentar e hídrico por três e dois dias respectivamente. Durante esse período as crias tinham livre acesso à suas respectivas mães para o aleitamento, além do pasto e concentrado. O delineamento experimental para avaliar a influência do tipo de parto sobre o peso ao nascer e idade de borregas foi inteiramente casualizado, por meio de analise de regressão. Utilizou - se o modelo estatístico de Gompertz para descrever a curva de crescimento e média geral do rebanho: .  Em que: Y é o peso corporal à idade t; A, o peso assintótico quando o tempo (T) tende a mais infinito, ou seja, esse parâmetro é interpretado como peso à idade adulta; B, uma constante de integração, relacionada aos pesos iniciais do animal e sem interpretação biológica bem definida.  O valor de B é estabelecido pelos valores iniciais de Y e t; k é interpretado como taxa de maturação, entendida como indicador da velocidade com que o animal se aproxima do seu tamanho adulto; ou seja, quando maior for o valor de K menor o tempo para o animal atingir o peso adulto (A), maior velocidade de crescimento e, consequentemente, maior a precocidade e M é o parâmetro que dá forma à curva (SARMENTO et al., 2006).  Os parâmetros dos modelos foram estimados pelo método de Gauss Newton, modificado por meio do procedimento NLIN do SAS.

Resultados e Discussão

Houve diferença em função do tipo de parto (P < 0,0001), as curvas de crescimento ajustada pela função de Gompertz para tipo de parto influenciou significativamente o peso ao nascer das cordeiras. O modelo superestimou os pesos em 1,51 e 1,20 vezes os valores observados para parto simples e duplo respectivamente. A média de peso estimada para as crias nascidas de parto simples foi 33,3% mais pesados (6,16 kg/PV) do que as crias nascidas de parto gemelar (4,11 kg/PV), no entanto, esta diferença de peso foi 16% entre os dados observados. O ganho de peso do nascimento até os 60 dias de idade foi 156,4 g/dia e 121,7g/dia para o tipo de parto simples e gemelar respectivamente, sendo que neste período ainda estavam sobe os cuidados maternos. Estes valores são semelhantes aos encontrados por MEXIA et al.,2004) 155,17 g/dia e 145,33 g/dia, KORITIAKI et al., (2012)167,57g/dia e 113,43 g/dia, desmamados aos 60 e 70 dias de idade respectivamente, em sistemas semi – intensivos. No presente trabalho o ganho médio diário considerando os dois tipos de parto foi de 0,088 kg/dia, até os 210 dias de idade. Espera-se que após o desmame os animais venham a ter menores ganhos de peso causado pelo estresse e por não estarem totalmente adaptados a nova dieta após a apartação. Entretanto esperava - se também que após aproximadamente 90 dias de idade os animais voltassem a adquirir ganhos de peso satisfatórios depois de estarem adaptados ao concentrado e ao volumoso. Verifica-se que dos 90 até os 210 dias de idade houve decréscimo significativos de ganhos de peso mês a mês (Tabela 1). Este menor ganho de peso em comparação com a média da raça pode ser atribuído a uma maior infestação de endoparasitas nestes animais que após sua recuperação necessitam de tempo adicional para atingir peso igual ao daqueles não infectados, da mesma idade e mantidos nas mesmas condições de manejo. Resultados superiores de ganho médio diário foram encontrados por Quintão et al., (2009) 0,13 kg/dia .

Conclusões

O tipo de parto só influencia no peso ao nascer até 240 dias, podendo observar que cordeiros e fêmeas de parto simples têm maior ganho e velocidade de ganho em relação aos de partos duplos, mesmo esses animais sendo suplementando diariamente.

Gráficos e Tabelas




Referências

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