Curva de crescimento de borregas tipo Santa Inês suplementadas diariamente: idade e peso ao primeiro acasalamento

Gilka de Jesus Pedroso Santos1, Luciano Oliveira Ribas2, Herymá Giovane de Oliveira Silva3, Maria Dometilia de Oliveira4, Aymara Dantas Marcos5, Lucineia dos Santos Soares6, Samille Neres da Silva7, Weiber da Costa Gonçalves8
1 - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
2 - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
3 - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
4 - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
5 - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
6 - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
7 - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
8 - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

RESUMO -

Resumo: objetivou-se observar a curva de crescimento em borregas tipo Santa Inês em diferentes idades e peso ao primeiro acasalamento. O experimento foi desenvolvido no Setor de Ovino e Caprinocultura – SETOC, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB. Foram utilizados dados de crias referentes a duas estações de monta, num total de 32 fêmeas, tipo Santa Inês, nascidas em períodos diferentes e pesados periodicamente com intervalos de 20 dias desde o nascimento até a primeira parição. Somente aos 333 dias de idade é que será possível o acasalamento das borregas com 33kg de peso vivo e 60% do seu peso adulto tanto para as nascidas de parto simples como para as de parto duplo. O manejo alimentar com suplementação diária de 1% do peso corporal não contempla as exigências de borregas tipo Santa Inês para alcançarem o peso ideal de encarneiramento aos 7 – 8 meses de idade, mas sim aos 11 meses de idade.

Palavras-chave: cobertura, ovinos, suplementação

Growth curve of Santa Inês lambs supplemented daily: age and weight at first mating

ABSTRACT - Abstract: the objective of this study was to observe the growth curve in lambs of the Santa Inês type at different ages and weight at the first mating. The experiment was developed in the Sheep and Sheep Sector - SETOC, State University of the Southwest of Bahia - UESB. A total of 32 Santa Inês females born at different periods and weighed periodically at intervals of 20 days from birth to first calving were used. Only at 333 days of age will it be possible to mate gilts with 33kg of live weight and 60% of their adult weight for both singleton and double calving. The dietary management with daily supplementation of 1% of the body weight does not contemplate the requirements of lambs type Santa Inês to reach ideal weight of notching at 7 - 8 months of age, but at 11 months of age.
Keywords: cover, sheep, supplementation


Introdução

O Brasil é considerado o 8º maior criador mundial de caprinos e ovinos, o rebanho nacional de ovino registrou em 2014 o número de 17.614.454 cabeças no País, das quais 10.126.799 estão no Nordeste (57,5%) e 5.166.225 na Região Sul (29,3%) (IBGE, 2014). O consumo de carne ovina teve um aumento significativo no Brasil, o que estimula o desenvolvimento de pesquisas sobre as curvas de crescimento, podendo descrever o crescimento do animal ao longo do tempo, auxiliando no estabelecimento de programas alimentares e na definição do peso ideal e idade ótima de abate (MALHADO et al. 2008). Considerado como um processo complexo, regulado e afetado por diversos fatores, o crescimento animal pode ser definido como o incremento no tamanho (volume, longitude, altura) ou o peso do animal em um determinado tempo (PATIÑO et al., 2010). Geralmente, as curvas de crescimento utilizam modelos não-lineares para reduzir informações relacionadas ao peso animal com sua idade. Dentre as raças ovinas deslanadas, a variação da idade do primeiro estro é fortemente correlacionada às oscilações nutricionais durante o período de crescimento, pois o primeiro cio é reflexo do tamanho ou peso (idade fisiológica) e a relação entre eles e não da idade cronológica da marrã (SILVA, 2009). O primeiro cio fértil de uma cordeira ocorre antes que a mesma tenha completado o seu desenvolvimento corporal, por isso, é necessária a separação por sexo a partir dos quatro meses de idade, impedindo que coberturas indesejáveis venham a ocorrer e comprometam a evolução futura desta fêmea (PILAR et al., 2002). A subnutrição de borregas pode resultar em atraso no início da puberdade e consequentemente na primeira cobrição. O ideal é forçarem as fêmeas a entrarem na fase reprodutiva com menor idade possível, nesse sentido para tentar antecipar a puberdade ovina é preciso recorrer a um manejo e nutrição adequada nas fases de crias e recria. Objetivou-se de avaliar a curva de crescimento em borregas tipo Santa Inês suplementadas diariamente, indicando a idade e peso ideal ao primeiro acasalamento.

Revisão Bibliográfica

Existem vários modelos matemáticos para descrever os fenômenos biológicos que influencia o crescimento animal durante um determinado tempo, com esses modelos, possibilita criar estratégias de alimentação por meio de manejo e seleção.  Segundo FREITAS (2005), vários critérios na avaliação dos modelos de curva de crescimento possibilitam a interpretação biológicas dos fatores, a possibilidade de interpretação biológica dos fatores, no caso os parâmetros, estimativa de peso ao nascer, peso assintótico e índice de maturidade. Para análise de medidas repetidas no tempo através de regressões, são utilizados modelos não lineares que tem a finalidade de concentrar grande volume de informações em um pequeno conjunto de parâmetros que podem ser interpretados biologicamente, tornando possível o entendimento do processo de crescimento e também de várias etapas do manejo e da reprodução (MCMANUS et al., 2003). As curvas de crescimento que relacionam o peso do animal com a idade podem ser utilizadas para descrever o crescimento do animal ao longo do tempo é uma importante ferramenta no estabelecimento de programas alimentares (MALHADO et al., 2008). Possibilita ainda avaliar os fatores genéticos e de ambiente que interferem na forma da curva de crescimento, o que permite a identificação de animais com maior velocidade de crescimento, sem alterar o peso adulto, em vez de selecionar animais cada vez maiores (SARMENTO et al., 2006). Para análise de medidas repetidas no tempo através de regressões, são utilizados modelos não lineares que tem a finalidade de concentrar grande volume de informações em um pequeno conjunto de parâmetros que podem ser interpretados biologicamente, tornando possível o entendimento do processo de crescimento e também de várias etapas do manejo e da reprodução (MCMANUS et al., 2003). Outros pesquisadores também têm utilizado modelos não-lineares em estudo de crescimento de ovinos (SANTOS et al., 2003; FREITAS, 2005), sobretudo os modelos de Gompertz , Logístico, Brody, Von Bertalanffy e Richards. Na busca pela eficiência de um sistema de produção de ovinos deslanados, um fator é de estrema importância, o manejo nutricional adequado das fêmeas para reposição, pois este influencia diretamente a idade à puberdade e á primeira cobrição. Portanto, fica evidente que o sistema de alimentação pode influenciar de maneira significativa a idade e o peso à puberdade.

Materiais e Métodos

O experimento foi realizado no Setor de Ovino e Caprinocultura - SETOC na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia no período de Fevereiro a Setembro de 2015, localizado no município de Itapetinga-BA, latitude sul 15º 18’ 14” e longitude oeste 40º 12’ 10” e altitude de 268 m. A precipitação média dos últimos três anos foi de 451,97 mm. Foram utilizados dados de crias referentes a duas estações de monta, num total de 32 fêmeas tipo Santa Inês, nascidas nos anos de 2013 e 2015, sendo 14 oriundas de parto simples e 18 de parto duplo. Os animais da primeira estação de monta foram pesados periodicamente com intervalos de 20 dias desde o nascimento até a primeira parição. Os animais nascidos na segunda estação de monta receberam o mesmo acompanhamento da estação anterior, no entanto, foram acompanhados somente até os sete meses de idade. Os animais foram submetidos a 4 vermifugações durante o período do estudo, as borregas foram mantidas em pastagem de capim Tifton 85 e capim Braquiária decumbens, recebendo diariamente concentrado nas proporções de 1% do peso corporal, administrado 1/2 pela manhã e 1/2 pela tarde, a base de milho, soja, farelo de trigo, calcário e sal mineral (Tabela 1). Utilizou - se o modelo estatístico de Gompertz para descrever a curva de crescimento e média geral do rebanho: Em que: Y é o peso corporal à idade t; A, o peso assintótico quando o tempo (T) tende a mais infinito, ou seja, esse parâmetro é interpretado como peso à idade adulta; B, uma constante de integração, relacionada aos pesos iniciais do animal e sem interpretação biológica bem definida. O valor de B é estabelecido pelos valores iniciais de Y e t; k é interpretado como taxa de maturação, entendida como indicador da velocidade com que o animal se aproxima do seu tamanho adulto; ou seja, quando maior for o valor de K menor o tempo para o animal atingir o peso adulto (A), maior velocidade de crescimento e, consequentemente, maior a precocidade e M é o parâmetro que dá forma à curva (SARMENTO et al., 2006). Os parâmetros dos modelos foram estimados pelo método de Gauss Newton, modificado por meio do procedimento NLIN do SAS, (2001).

Resultados e Discussão

Houve diferença em função da estação de monta (P= 0,0067), o ganho médio diário considerando os dois tipos de parto foi de 0,088 kg/dia, até os 210 dias de idade. Esperava-se que aproximadamente após os 90 dias de idade os animais voltassem a adquirir ganhos de peso satisfatórios depois de estarem adaptados a dieta fornecida, porém, não foi o ocorreu, verificando que dos 90 até os 210 dias de idade houve decréscimo significativos de ganho de peso mês a mês. Esse decréscimo no ganho de peso ocasionou um atraso no início da puberdade e consequentemente na primeira cobrição. Resultados superiores de ganho médio diário foram encontrados por Silva (2009) de 0,18; 0,16; e 0,14 kg/dia. Com este ganho de peso as borregas não alcançaram o peso ideal à estação reprodutiva aos 210 dias de idade com 70% do seu peso adulto, pois deveriam está ganhando um peso médio em torno de 0,137 kg/dia. Elaborando-se uma projeção para primeira cobertura com peso e idade adequados, não será possível o encarneiramento das borregas aos 240, 270, e 300 dias de idade. Somente aos 333 dias de idade é que será possível o acasalamento das marrãs com 33,0 kg de peso vivo e 60% do seu peso adulto tanto para as nascidas de parto simples como para as de parto duplo. De acordo com a literatura para média de peso adulto de ovelha Santa Inês de 57,74 Kg e média de peso de nascimento das crias de 3,75 Kg, sugere-se uma idade à primeira cobertura de 240 dias, sendo que as crias teriam um ganho de peso médio diário de 0, 175 kg/dia para alcançar a puberdade com 70% do peso adulto do rebanho correspondente.

Conclusões

O manejo alimentar com suplementação diária de 1% do peso corporal não contempla as exigências de borregas tipo Santa Inês para alcançarem o peso ideal de encarneiramento aos 7 - 8 meses de idade, o que ocorreu apenas aos 11 meses de idade.

Gráficos e Tabelas




Referências

FREITAS A. R. Curvas de crescimento na produção animal. Rev. Bras. Zootec., v. 34,
  1. 3, p. 786-795, 2005.
IBGE (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA). Pesquisa Pecuária 2014. Disponível em: <ftp://ftp.ibge.gov.br/Producao_Pecuaria/Producao_da_Pecuaria/2014/ppm2014.pdf.>. MALHADO, C.H.M.; CARNEIRO, P.L.S.; SANTOS, P.F.; AZEVEDO, D.M.M.R.; SOUZA, J.C.; AFFONSO, P.R.M. Curva de crescimento em ovinos mestiços Santa Inês x Texel criados no Sudoeste do Estado da Bahia. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal, v.9, n.2, p. 210-218, abr/jun, 2008. MCMANUS, C.; EVANGELISTA, C.; FERNANDES, L.A.C.; MIRANDA, R.M.; BERNAL, F.E.M.; SANTOS, N.R.S. Curvas de crescimento de ovinos Bergamácia criados no Distrito Federal. Revista Brasileira de Zootecnia, v.32, p.1207-1212, 2003. PATIÑO, R.P.; VAN CLEEFE, ÉRIC. Aspectos fundamentales del crecimiento em ovinos. Revisão. Revista Colombiana de ciência Animal. 2010. PILAR, R. de C.; PÉREZ, J.R.O.; SANTOS, C.L. dos. Recomendações para uma parição a cada 8 meses. Boletim Agropecuário - Universidade Federal de Lavras - Manejo Reprodutivo da Ovelha, n 50 p.1-28, 2002. Lavras – MG. SARMENTO, J. L. R.; REGAZZI, A. J.; SOUZA, W. H.; TORRES, R. A.; BREDA, F. C.; MENEZES, G. R. O. Estudo da curva de crescimento de ovinos Santa Inês. Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, p. 435-442, 2006. SANTOS, C. L. et al. Parâmetros da curva de crescimento de ovinos Santa Inês. In.: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 40., 2003, Santa Maria. Anais...Santa Maria: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2003, 1CD-ROM. SILVA, M.R.H. Efeitos de diferentes taxas de crescimento na recria sobre o desempenho, idade a puberdade e produção leiteira em fêmeas da raça Santa Inês. Piracicaba: Escola Superior de Agricultura Luiz Queiroz, 2009. 89p. Dissertação (Mestrado) – Escola Superior de Agricultura Luiz Queiroz / USP, 2009.