Relação entre energia metabolizável e aminoácidos sulfurosos sobre o perfil bioquímico sérico de poedeiras na fase de produção de 45 a 65 semanas

Márcia das Neves Soares1, Sarah Gomes Pinheiro2, Fernando Guilherme Perazzo Costa3, Danilo Teixeira Cavalcante4, Gabriel Ferreira de Lima Cruz5, Jose Gomes Vidal Júnior6, Jhonatan Feitosa do Nascimento7, Lavoisier Enéas Cavalcante8
1 - Universidade Federal da Paraíba
2 - Universidade Federal da Paraíba
3 - Universidade Federal da Paraíba
4 - Universidade Federal da Paraíba
5 - Universidade Federal da Paraíba
6 - Universidade Federal da Paraíba
7 - Universidade Federal da Paraíba
8 - Universidade Federal da Paraíba

RESUMO -

objetivou-se avaliar o perfil bioquímico sérico de poedeiras leves recebendo dietas com diferentes níveis de energia metabolizável e metionina+cistina digestível. Foram utilizadas 672 aves da linhagem Dekalb white distribuídas em fatorial 4 x 3, sendo 4 níveis de metionina+cistina digestível e 3 níveis de energia metabolizável, totalizando doze tratamentos. Cada tratamento tinha sete repetições, com oito aves. Os níveis energéticos e de metionina+cistina influenciaram as concentrações de alanina aminotransferase, aspartato aminotransferase, gamma-glutamiltransferase, albumina, proteínas séricas totais, creatinina, glicose e ácido úrico sérico. Os níveis de energia metabolizável e metionina+cistina alteram o perfil bioquímico sérico das aves com idade entre 45 e 65 semanas.

Palavras-chave: produção de ovos, metionina+cistina, ácido úrico, enzimas hepáticas

Relationship between metabolizable energy and sulfur amino acids on the serum biochemical profile of laying hens from 45 to 65 weeks age

ABSTRACT - The objective of this study was to evaluate the serum biochemical profile of laying hens receiving diets with different levels of metabolizable energy and digestible methionine+cystine. A total of 672 birds Dekalb white were distributed in a 4 x 3 factorial, with 4 levels of digestible methionine+cystine and 3 levels of metabolizable energy, totaling twelve treatments. Each treatment had seven replicates, with eight birds. Energy and methionine+cystine levels influenced the concentrations of alanine aminotransferase, aspartate aminotransferase, gamma-glutamyltransferase, albumin, total serum proteins, creatinine, glucose, and serum uric acid. The levels of metabolizable energy and methionine+cystine alter the serum biochemical profile of laying hens aged between 45 to 65 weeks.
Keywords: egg production, hepatic enzymes, methionine+cysteine, uric acid


Introdução

A avicultura é uma das atividades do setor agrícola que mais vem se destacando nos últimos anos. Pesquisas na área de nutrição têm contribuído significativamente para este desempenho, porém o preço da ração continua sendo um dos maiores desafios para o produtor, pois, segundo Lowman & Ashwell (2016), um dos maiores custos na produção de aves é a alimentação.                 Segundo Borsa et al. (2006) variáveis bioquímicas são utilizadas para auxiliar no diagnóstico de doenças dos animais domésticos, mas existem poucos trabalhos com níveis dessas variáveis como referência para aves. Ainda segundo os autores, fatores climáticos podem influenciar os resultados das análises, assim não sendo possível utilizar valores encontrados por outros países para servir como referência, com isso, torna-se necessária a determinação dos parâmetros bioquímicos das aves nas condições brasileiras. Trabalhos sobre perfil bioquímico para aves recebendo dietas com variações nos níveis de aminoácidos sulfurosos e energia metabolizável ainda são escassos na literatura. Diante disto, objetivou-se avaliar o perfil bioquímico sérico de poedeiras leves recebendo dietas com diferentes níveis de energia metabolizável e metionina+cistina digestível.

Revisão Bibliográfica

O perfil bioquímico sérico das aves pode sofrer alteração sob influência de diversos fatores importantes como o manejo, raça e clima, que as mesmas são sujeitas (Barbosa et al., 2011). Os nutrientes são de suma importância para a nutrição animal, pois os mesmos interferem na produção, no qual a energia regula o consumo de ração e os nutrientes têm que estar adequados a energia, neste caso energia metabolizável, com isso várias pesquisas no campo experimental são desenvolvidas para entender melhor a relação da energia com os nutrientes. Segundo Lima et al. (2013), conhecer a relação que a energia metabolizável possui com os nutrientes é de suma importância para que a produção seja rentável, já que, o fornecimento de ração é a vontade, ou seja, não se falta ração no comedouro, assim é necessário ajustar as recomendações nutricionais de acordo com a energia que se tem na ração que as aves estão consumindo. Quanto a proteína da dieta para galinhas Jerez (2012) diz que, as mesmas não possuem uma exigência específica para esse nutriente, pois, com o avanço da idade o perfil de proteína ideal é modificado, assim apresentam níveis variados para que se chegue a um equilíbrio dos aminoácidos. As recomendações para utilização dos níveis de aminoácidos sulfurosos e o valor de energia metabolizável podem variar sob influência do clima, e esse difere entre regiões e estações. Com isso, a recomendação de suplementação deve ocorrer constantemente na dieta (Pinheiro, 2015). A utilização da proteína e dos aminoácidos dietéticos além de atender adequadamente as exigências nutricionais dos animais, também regular o tamanho e peso dos ovos, como também diminui os custos no sistema de produção, no fim ainda pode diminuir os efeitos da poluição ambiental que é decorrente da excreção de nitrogênio para o meio (Schimidt et al., 2011).

Materiais e Métodos

O experimento foi desenvolvido na Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências Agrárias – Areia PB, no setor de avicultura. Foram utilizadas 672 aves da linhagem Dekalb white, alojadas em galpão convencional de postura, em gaiolas de arame galvanizado com dimensões de 45 cm x 45 cm x 30 cm. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente ao acaso distribuído em esquema fatorial 4 x 3, sendo 4 níveis de metionina+cistina digestível (M+C dig.) e 3 níveis de energia metabolizável (EM), totalizando doze tratamentos. Cada tratamento tinha sete repetições, com oito aves. Os tratamentos consistiram em doze dietas, sendo as três primeiras dietas formuladas com base na recomendação de Met+Cis dig. segundo as recomendações de Figueiredo Jr. (2013), variando somente a EM, que continha 5% abaixo, no nível proposto e 5% acima da recomendação de Rostagno et al. (2011) e as demais dietas com proporções percentuais, 10% acima e abaixo da recomendação de Rostagno et al. (2011), além da mesma variação nos níveis de EM. No último dia da fase experimental, dez aves por tratamento foram eutanasiadas para coleta do sangue. O soro obtido após a centrifugação do sangue foi estocado a -20ºC para posterior análise das concentrações de alanina aminotransferase (U/L), aspartato aminotransferase (U/L), gamma-glutamiltransferase (U/L), creatinina (mg/dL), albumina (g/dL), proteína sérica (g/dL), glicose (g/dL) e concentração sérica de ácido úrico (g/dL), utilizando Kit específico da Biotécnica® para cada variável analisada e leitura em espectrofotômetro, de acordo com as instruções contidas no equipamento BS120 MINDRAY Chemistry Analyzer®. As análises estatísticas foram realizadas através do software SAS (SAS Institute, 2011), avaliando os contrastes da regressão fatorial (níveis de M+C dig. dentro de cada um dos três níveis de EM), e as médias da interação (das energia dentro de cada nível de M+C dig.) comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

Resultados e Discussão

Houve efeito da interação entre EM e M+C dig. para alanina aminotransferase, aspartato aminotransferase, gamma-glutamiltransferase, albumina, proteínas séricas totais, creatinina, glicose e ácido úrico sérico. Os maiores valores de ácido úrico sérico foram obervados nas aves que receberam a deita que combinou a recomendação de Rostagno et al. (2011) de EM (2.800 kcal/kg) com o nível mais baixo de M+C dig. avaliado (0,555%). As maiores concentrações de alanina aminotrasnferase e aspartato aminotransferase foram maiores dentro dos níveis mais altos de aminoácidos sulfurosos. As aminotransferases são enzimas que estão envolvidas no metabolismo dos aminoácidos, desta forma, indica-se que estes níveis excederam as exigências das aves. Maroufyam et al. (2010) testaram níveis de metionina e treonina para frangos de corte e encontraram diferenças nas concentrações destas enzinas quando houve a suplementação de metionina. Segundo Muramatsu et al. (1971), muitas enzimas hepáticas envolvidas no metabolismo de aminoácidos possuem atividade modificada pelas concentrações de aminoácidos da deita. Dietas com baixa proteína proporcionam níveis enzimáticos menores. Do contrário, dietas suplementadas com aminoácidos proporcionam aumentos na síntese desta enzima. Este grupo de enzimas hepáticas, mais conhecidas como aminotransferases, estão ligadas com a quebra dos aminoácidos.                 Silva et al. (2007) trabalhando com  frangos de corte aos 21, 35 e 42 dias de idade, observaram que a atividade sérica das enzimas aspartato aminotransferase, gamma-glutamiltransferase, creatinina e albumina, proteína sérica a e concentração sérica de ácido úrico foram influenciadas em todas as idades. Os autores sugerem que diversos fatores podem influenciar o perfil bioquímico sérico das aves, inclusive idade e dieta.

Conclusões

Os níveis de energia metabolizável e metionina+cistina alteram o perfil bioquímico sérico das aves com idade entre 45 e 65 semanas.

Gráficos e Tabelas




Referências

BARBOSA, T.S.; MORI, C.K.; POLÔNIO, L.B.; PONSANO, E.H.G.; CIARLINI, P.C. Perfil bioquímico sérico de galinhas poedeiras na região de Araçatuba, SP. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 32, n. 4, p. 1583-1588, out./dez. 2011. BORSA, A.; KOHAYAGAWA, A.; BORETTI, L.P.; SAITO, M.E.; KUIBIDA, K. Níveis séricos de enzimas de função hepática em frangos de corte de criação industrial clinicamente saudáveis. Arquivo brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.58, n.4, p.675-677, 2006. FIGUEIREDO JÚNIOR, J.P. Níveis de metionina+cistina digestíveis para aves de reposição leves nas fases inicial e cria. Tese (Doutorado em Zootecnia) – Universidade Federal da Paraíba, Areia-PB. 132f. 2013. JEREZ, E.A.Z. Energia metabolizável para galinhas poedeiras. Dissertação (mestrado em zooteia). 43f. Universidade Federal de Viçosa. Viçosa-MG. 2012. LIMA, M. R., COSTA, F.G.P., BATISTA, J.D.O., OLIVEIRA, S.S.M. SANTOS, S.C.F. Impact of the feed metabolizable energy on protein and amino acids demand of Japanese quails. Global Journal of Animal Scientific Research, 1(1): 7-17, 2013. LOWMAN, Z.S.; ASHWELL, C.M. Parental diet effects on egg component weights and shell quality. Poultry Science, 2016. MAROUFYAN, E.; KASIM, A.; HASHEMI, S.R.; LOH, T.C.; BEJO, M.H. Change in Growth Performance and Liver Function Enzymes of Broiler Chickens Challenged with Infectious Bursal Disease Virus to Dietary Supplementation of Methionine and Threonine. American Journal of Animal and Veterinary Sciences 5 (1): 20-26, 2010. MURAMATSU, K., H. ODAGIRI, S. MORISHITA AND H. TAKEUCHI. Effect of excess levels of individual amino acids on growth of rats fed casein diets. J. Nutr., 101: 1117-1125, 1971. PINHEIRO, S.G. Relação entre energia metabolizável e aminoácidos sulfurosos para frangas e poedeiras leves. 2015. 166 f. Tese (Doutorado) – Universidade Federal da Paraíba, Areia. ROSTAGNO, H.S.; ALBINO, L.F.T.; DONZELE, J.L. et al. Tabelas brasileiras para aves e suínos: composição de alimentos e exigências nutricionais. 3ª ed. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 252p. 2011. SAS. SAS/STAT 9.3 User’s Guide. Cary, NC: SAS Institute Inc. 261p. 2011. SCHMIDT, M., GOMES, P.C., ROSTAGNO, H.S., ALBINO, L.F.T., NUNES, R.V., MELLO, H.H.C. Níveis nutricionais de metionina + cistina digestível para poedeiras leves no segundo ciclo de produção. Revista Brasileira de Zootecnia, v.40, n.1, p.142-147, 2011. SILVA, P.R.L.; FREITAS, O.C.N.; LARURENTIZ, A.C.; JUNQUEIRA, O.M.; FAGLIARI, J.J. Blood Serum Components and Serum Protein Test of Hybro-PG Broilers of Different Ages. Brazilian Journal of Poultry Science, v.9 / n.4 / 229 – 232, 2007.