Indicadores econômicos da terminação de cordeiros sob diferentes sistemas de produção
NIELYSON JUNIO MARCOS BATISTA1, PATRÍCIA GUIMARÃES PIMENTEL2, JOSÉ ALEXANDRE AGIOVA DA COSTA3, FERNANDO ALVARENGA REIS4, GUILHERME ROCHA MOREIRA5, ROGÉRIO CÉSAR PEREIRA DE ARAÚJO6, GELSON LUIS DIAS FEIJO7, JOÃO PAULO ARCELINO DO RÊGO8
1 - Universidade Federal do Ceará
2 - Universidade Federal do Ceará
3 - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
4 - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
5 - Universidade Federal Rural de Pernambuco
6 - Universidade Federal do Ceará
7 - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
8 - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará
2 - Universidade Federal do Ceará
3 - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
4 - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
5 - Universidade Federal Rural de Pernambuco
6 - Universidade Federal do Ceará
7 - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
8 - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará
RESUMO -
Objetivou-se avaliar os indicadores econômicos da terminação de cordeiros em diferentes sistemas de produção. Foram utilizados 100 cordeiros, distribuídos nos seguintes sistemas: semi-confinamento com suplementação enregético-proteica a 2% do peso corporal: 1) Pastagem vedada de Brachiaria brizantha cv piatã (VED); 2) Pastagem de Brachiaria brizantha cv piatã em plantio consorciado com sorgo (ILP); e confinamento a base de silagem de sorgo: 3) Com suplementação energética proteica fornecida na proporção de 2% do peso corporal (COF2); e 4) Com suplementação energética proteica fornecida na proporção de 4% do peso corporal (COF4). O custo operacional efetivo representou 70% do custo total. A relação benefício custo foi positiva para os sistemas estudados, com exceção do VED. Considerando os indicadores econômicos avaliados, o sistema de produção com integração lavoura pecuária pode ser indicado como opção para a terminação de cordeiros na região Centro-Oeste do País.
Palavras-chave: análise econômica, ovinos, ruminantes
Economic indicators of finished of lambs on the different production systems
ABSTRACT - This study was carried out with the objective of evaluate the economic indicators of lamb termination in different systems. One hundred lambs were used, distributed in the following systems: 1 Stockpiled Brachiaria brizantha cv piatã pasture (VED) and Consortium of sorghum intercropped with Brachiaria brizantha cv piatã (ILP); and Feedlot based on sorghum silage: 2% body weight energy-protein supplementation (COF2), and 4% body weight energy-protein supplementation (COF4). The effective operating cost represents 70% of the total cost. The cost-benefit ratio was positive for the systems studied, with the exception. Considering the economic indicators evaluated, the production system integrating Crop livestock can be indicated as an option for the finishing of lambs in the Center-West region of the country.Keywords: economic analysis, ruminant, sheep
Introdução
A terminação de ovinos ainda é considerada uma atividade de pouca expressão econômica dentro do agronegócio brasileiro. Mesmo em regiões tradicionalmente ligadas a esse ramo pecuário, como a região do Brasil central, sua participação no valor bruto dos rendimentos da agropecuária é de pouco mais de 1%, para ovinos e caprinos (Medeiros et al., 2009). Para o desenvolvimento da ovinocultura em alternativa econômica importante dentro do universo pecuário, a exemplo de outros setores como a bovinocultura corte e leite, a avicultura e a suinocultura, o conhecimento dos custos que envolvem a atividade é fundamental. Nesse sentido, faz-se necessário realizar análise da viabilidade econômica destes sistemas visando identificar aqueles que proporcionem os melhores retornos financeiros. Portanto, o objetivo do presente estudo é avaliar os indicadores econômicos da terminação de cordeiros submetidos a diferentes sistemas de produção.Revisão Bibliográfica
A ovinocultura possui grande importância como fonte de proteína de origem animal acessível às populações rurais e da periferia das grandes cidades, além de contribuir com a fixação do homem no campo, pela geração de renda, fato que consolida a atividade como de grande relevância sócio econômica. A criação de ovinos no centro–oeste brasileiro é consiste em atividade emergente, considerando-se a desenvolvida pecuária e a vocação para produção de grãos na região, ocupando a terceira posição no “ranking” nacional (Reis, 2009). Porém, a ovinocultura ainda se caracteriza pela baixa rentabilidade, principalmente pela predominância da exploração extensiva na maioria dos criatórios e também pela falta do acompanhamento econômico dos sistemas de produção. A capacidade produtiva e a tecnificação da produção estão atreladas com a rentabilidade da atividade. Diante disso, o controle contábil é elemento essencial para a tomada de decisão e implantação de estratégias que potencializem a utilização dos insumos para um melhor desempenho produtivo, porém esse controle é escasso na maioria das propriedades (Sousa Neto, 2007). Vale ressaltar que, devido à falta de publicações na área, produtores de ovinos não detém conhecimento dos principais indicadores econômicos que podem ser utilizados para avaliação da produção e da rentabilidade com a atividade (Souza et al., 2014). O estudo da viabilidade econômica e a estimativa do custo de produção gera conhecimento para utilização de maneira inteligente e econômica dos fatores de produção, permitindo identificar qual o melhor sistema indicado para utilização (Lopes et al., 2004).Materiais e Métodos
O experimento foi conduzido no Núcleo Regional Centro-Oeste para Caprinos e Ovinos, localizado no campo experimental da Embrapa Gado de Corte, Terenos – MS. Foram utilizados 100 cordeiros, machos e fêmeas, do grupamento genético pantaneiro, com idade média de 80 dias e peso vivo aproximado de 15,00 ± 3 kg, sendo 25 animais por sistema de terminação, conforme a seguir: semi-confinamento com suplementação enregético-proteica a 2% do peso corporal: 1) Pastagem vedada de Brachiaria brizantha cv piatã (VED); 2) Pastagem de Brachiaria brizantha cv piatã em plantio consorciado com sorgo (ILP); e confinamento a base de silagem de sorgo: 3) Com suplementação energética proteica fornecida na proporção de 2% do peso corporal (COF2); e 4) Com suplementação energética proteica fornecida na proporção de 4% do peso corporal (COF4). Optou-se por utilizar metodologia adequada aos sistemas de produção em pequena propriedade rural. Os dados obtidos durante o período experimental foram utilizados como base para o cálculo dos custos de produção referentes ao período de um ano. Foram considerados os custos operacional total (depreciação, juros sobre capital médio investido à taxa de 6% ao ano e manutenção e conservação à taxa de 2% sobre o capital médio investido e custo operacional efetivo) e custo operacional efetivo (alimentação, medicamentos e sanidade, energia e combustível, compra de animais e custos com mão de obra). A análise econômica foi baseada no cálculo da margem bruta (MB), que consiste na diferença entre a receita bruta (RB) e o custo operacional efetivo (COE). Assim tem-se: MB = RB - COE e no cálculo da margem líquida (ML), temos: ML= RB – COT (Santos et al., 1997). A relação Benefício/Custo (B/C), obtida pela fórmula: B/C= receita bruta/ custo total, foi aplicada para mensurar o retorno de cada unidade monetária aplicada. Quando o valor do quociente B/C foi maior que um, considerou-se retorno financeiro positivo e menor que um, considerou-se retorno financeiro negativo.Resultados e Discussão
O custo operacional efetivo foi menor para os sistemas a pasto, VED e ILP, devido ao menor custo com alimentação, medicamentos, menor custo com energia e combustível, além disso, a menor necessidade de mão de obra influenciou na redução do custo de produção (Tabela 1). Entre os sistemas avaliados, o COE representou, aproximadamente, 70% do custo total de produção. Tabela 1. Indicadores econômicos da terminação de cordeiros Pantaneiros submetidos a diferentes sistemas de produção| Indicadores | Unidades | Sistemas de terminação1 | |||
| VED | ILP | COF2 | COF4 | ||
| Custo Operacional Efetivo | R$ | 3169,73 | 5794,79 | 9288,44 | 10409,80 |
| Custo Operacional Total | R$ | 4190,04 | 6857,72 | 11425,87 | 12547,23 |
| Custo Total | R$ | 5102,74 | 7634,68 | 12698,32 | 13819,68 |
| Custo por quilo de PV produzido | R$ | 4,25 | 3,69 | 4,42 | 4,71 |
| Preço de Compra | R$ | 5,00 | 5,00 | 5,00 | 5,00 |
| Preço de Venda | R$ | 6,50 | 6,50 | 6,50 | 6,50 |
| Margem Bruta | R$ | 1672,77 | 6490,21 | 4361,56 | 3968,20 |
| Margem Liquida | R$ | 652,46 | 5427,28 | 2224,13 | 1830,77 |
| B/C2 | % | 0,95 | 1,61 | 1,07 | 1,04 |
