Uso do clorofilômetro para predizer o estado nutricional em N do capim-paiaguás submetido a doses de nitrogênio

Kesley Aparecido dos Santos Nunes1, Arthur Gabriel Teodoro2, Lorranny Pricilla Costa Santos3, Fernanda Leticia de Almeida Moreira4, Lorrayne Lays Ferreira Leite5, Stephanie Vicente de Bessa6, Clarice Backes7, Danilo Augusto Tomazello8
1 - Universidade Estadual de Goias
2 - Universidade Estadual de Goias
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RESUMO -

Objetivou-se com este trabalho avaliar a eficiência do uso do clorofilômetro para predizer o estado nutricional em N do capim-paiaguás submetido a doses de nitrogênio. O experimento foi conduzindo em campo, na Fazenda escola da Universidade Estadual de Goiás, Câmpus São Luís de Montes Belos/GO. O delineamento utilizado foi o de blocos casualizados, com 5 tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos são compostos por cinco doses de N (0, 75, 150, 300 e 600 kg ha-1) na forma de sulfato de amônio. Os índices de coloração verde foram obtidos na primeira e segunda folha recém-expandidas, em três épocas. Os teores de clorofila aumentaram com as doses de N nos dois anos de avaliação.Os maiores índices de cor verde obtidos foram de 41,0; 44,6 e 51,3 no primeiro ciclo e 47,6; 44,3 e 50,8 no segundo ciclo avaliado.

Palavras-chave: Uroclhoa brizantha, adubação, coloração verde.

Use ofchlorophyll meter topredictthenutritional status ofpaiaguasgrasssubjectedofnitrogen doses

ABSTRACT - The objective of this work was to evaluate the efficiency of the use of chlorophyll meter to predict nutritional status in N of paiaguás grass submitted to nitrogen doses. The experiment was conducted in the field at the School Farm of the State University of Goiás, Campus São Luís de Montes Belos / GO. The experimental design was a randomized block design, with 5 treatments and four replications. The treatments are composed of five doses of N (0, 75, 150, 300 and 600 kg ha-1) in the form of ammonium sulfate. The indices of green staining were obtained in the first and second leaf newly expanded, in three seasons. Chlorophyll levels increased with N rates in the two years of evaluation. The highest green color indices were 41.0; 44.6 and 51.3 in the first cycle and 47.6; 44.3 and 50.8 in the second cycle evaluated.
Keywords: Uroclhoa brizantha,fertilizing, greencoloration.


Introdução

A concentração de nutrientes no tecido vegetal das forrageiras tem sua variação documentada entre espécies pertencentes a diversos gêneros, a espécies dentro de um mesmo gênero, a cultivares e mesmo a acessos dentro da espécie (MONTEIRO, 2004). Magalhães et al. (2005) mencionam que, além das diferenças entre as espécies, o valor nutritivo das Uroclhoas é determinado pela idade da planta, manejo, adubação, principalmente a nitrogenada. Devido à relação existente entre concentração de N total e concentração de clorofila nas folhas (GIRARDIN et al., 1985), esse atributo tem sido utilizado para avaliar o estado nutricional das plantas com relação ao nitrogênio, assim como para a determinação de adubações nitrogenadas adicionais (SANTOS JÚNIOR, 2001). Maiores teores de clorofila podem em maior capacidade fotossintética e maior potencial de acúmulo de açúcar e nutrientes no tecido vegetal, além de possibilitar maior aporte de biomassa, aumentando tanto a disponibilidade quanto a qualidade da pastagem. Objetivou-se com este trabalho avaliar a eficiência do uso do clorofilômetro para predizer o estado nutricional em N do capim-paiaguás submetido a doses de nitrogênio.

Revisão Bibliográfica

Os clorofilômetros são instrumentos que aferem, de forma indireta e não destrutiva, os teores de clorofila com base nas propriedades óticas das folhas. Através destes aparelhos obtêm-se índices de cor verde das folhas, que de acordo com Backes et al. (2010) constitui-se em alternativa para estimar o nível de N na planta, devido à relação entre o teor de clorofila e de N.  Barbieri Junior (2009), em pastagem do capim-Tifton 85, verificaram que os teores de clorofila total se relacionam diretamente com as leituras de um clorofilômetro dentro do ciclo de rebrota, apresentando relação direta com os teores de N total na folha recém expandida. Partindo do princípio de que a deficiência de N leva à redução na intensidade da coloração verde das folhas, estas medidas podem ser utilizadas para monitorar o teor de N nas pastagens, avaliar a eficiência da adubação nitrogenada.

Materiais e Métodos

O experimento foi conduzindo em campo, na Fazenda escola da Universidade Estadual de Goiás, Câmpus São Luís de Montes Belos/GO. Foi utilizada a forrageira Urochoa brizantha cv. Paiaguás. O solo onde foi implantado o experimento é classificado como Latossolo Vermelho distrófico e para sua caracterização química inicial, foram coletadas amostras em toda a área experimental na profundidade de 0-20 cm. As análises foram realizadas de acordo com a metodologia de Raij et al. (2001). De acordo com a análise o solo apresentava a seguinte caracterização inicial: pH (CaCl2) de 5,8; 48 g dm-3 de M.O.; 5 mg dm-3 de P (resina); 22; 1,1; 45 e 7 mmolc dm-3 de H++Al+3, K, Ca e Mg, respectivamente; saturação por bases (V) de 71%. Não foi necessária a aplicação de calcário. O preparo da área experimental foi realizado de forma convencional com uma aração e duas gradagens e em seguida foi realizada a semeadura da forrageira. Na adubação de base (formação) foram adicionados ao solo 100 kg ha-1 de P2O5 na forma de superfosfato triplo e 60 kg ha-1 de K2O na forma de cloreto de potássio. Aos 40 dias após a semeadura foi adicionado 40 kg ha-1 de N na forma de sulfato de amônio. Após o estabelecimento da pastagem, foi realizado um corte de uniformização, com a retirada dos resíduos e alocação das parcelas experimentais, com tamanho de 2x2 m, espaçadas de 0,5 m. O delineamento utilizado foi o de blocos casualizados, com 5 tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos são compostos por cinco doses de N (0, 75, 150, 300 e 600 kg ha-1) na forma de sulfato de amônio. A adubação nitrogenada (referente a cada tratamento) foi parcelada em três épocas (novembro, janeiro e março no primeiro ciclo e novembro, janeiro e março segundo ciclo), logo após o rebaixamento da forrageira. A cada adubação nitrogenada, foi adicionada também ao solo a quantidade de 40 kg ha-1 de K2O, totalizando 120 kg ha-1 ao ano. As leituras do clorofilômetro foram realizadas antes de cada corte da forrageira, no terço médio das duas folhas completamente expandidas a partir do ápice da planta, operado de acordo com as especificações do fabricante (FALKER, 2008). Esse procedimento foi repetido em 20 plantas por parcela. Os resultados foram analisados pela análise de variância utilizando o programa Sisvar 4.2. Para as doses de N foi realizada a regressão.

Resultados e Discussão

As doses de N influenciaram significativamente a intensidade da cor verde de folha (ICV) no capim paiaguás, medida com o clorofilômetro, nos três ciclos de crescimento avaliados, tanto no primeiro como no segundo ciclo (Figura 1). No primeiro ciclo, para o primeiro e o segundo período de crescimento obteve-se um ajuste quadrático, sendo o terceiro ajustado linearmente, onde os melhores resultados foram obtidos nas doses de 239 e 318 kg de N ha-1 para dois primeiros crescimentos, alcançando ICV de 41,0 e 44,6 respectivamente. Para o terceiro crescimento, a dose de 600 kg de N ha-1 alcançou ICV máximo de 51,3. Figura 1. Intensidade de Coloração Verde das folhas do capim-paiaguás (ICV) determinada pelo clorofilômetro, em função de doses de N, no primeiro e segundo ciclo.     Costa et al. (2008) estudando doses e fontes de N verificaram que a dose de 300 kg ha-1 de N proporcionou os maiores teores de clorofila nas folhas do capim-marandu nos três anos avaliados. Nas doses máximas de N, os autores obtiveram índices de 44,23, 45,03, e 46,14 unidades SPAD, mostrando aumento em relação à não-aplicação de N de 27, 28, e 30 % para o primeiro, segundo e terceiro ano, respectivamente. No segundo ciclo houve efeito quadrático para as três épocas avaliadas. De acordo com as equações ajustadas, os máximos valores foram obtidos com as doses estimadas de 116, 261 e 391 kg ha-1 de N. Vale salientar que as quantidades máximas aplicadas foram de 200, 400 e 600 no primeiro, segundo e terceiro crescimento, respectivamente. O aumento da disponibilidade de N promoveu aumento do teor de clorofila e consequentemente coloração verde mais intensa nas folhas do capim paiaguás. De acordo com Costa et al. (2001) esse aumento de clorofila atinge um patamar denominado ponto de maturidade fotossintético, que se mantém invariável, mesmo com aumento dos teores de N no tecido da planta. Esse fato ocorreu neste trabalho apenas no segundo ciclo que se observou, que, a partir da dose de 391 kg ha-1 ano-1 de N, os teores índices de cloraçãoverde tenderam a se estabilizar.

Conclusões

Os teores de clorofila aumentaram com as doses de N nos dois anos de avaliação. Os maiores índices de cor verde obtidos foram de 41,0; 44,6 e 51,3 no primeiro ciclo e 47,6; 44,3 e 50,8 no segundo ciclo avaliado.

Gráficos e Tabelas




Referências

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