Qualidade dos ovos de poedeiras leves alimentadas com diferentes fontes lipídicas1

SUZANA MOREIRA BARBOSA1, CONSTÂNCIA PONTES MOURA2, SILVANA CAVALCANTE BASTOS LEITE3, THAIS LUCAS DE SENA4, CLAUDIA DE CASTRO GOULART5, JENIFFIO OLIVEIRA NEVES6, SABRINA PERES DA SILVA7, BRUNO PEIXOTO CÂMARA8
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RESUMO -

Objetivou-se avaliar o efeito de diferentes fontes lipídicas sobre a qualidade dos ovos de poedeiras. Os tratamentos foram: dieta controle-T1 (óleo de soja), T2- óleo de algodão, T3 – sebo bovino e T4 – óleo de girassol. Não foi observado efeito dos tratamentos sobre as variáveis de qualidade dos ovos. Conclui-se que o óleo de algodão, o sebo bovino e o óleo de girassol podem ser utilizados em substituição total ao óleo de soja em dietas para poedeiras, sem prejudicar a qualidade dos ovos.

Palavras-chave: Alimento energético; Óleo de algodão; Postura; Sebo

Egg quality of light commercial laying fed with different lipids sources

ABSTRACT - This study aimed to evaluate the effects of different lipid sources on quality of a laying eggs. Treatments consisted by a control diet: T1- soybean oil; T2- cottonseed oil ; T3 - beef tallow and T4 - sunflower oil. There was no significant effect of lipid sources on any of the evaluated quality variables. It was concluded that the cotton oil, beef tallow and sunflower oil may be used in total replacement of soybean oil in diets for commercial layers, without to impair the eggs quality.
Keywords: Cottonseed oil; Energetic feed; Posture; Tallow


Introdução

Dentro do mercado avícola, o segmento de postura tem crescido consideravelmente nos últimos anos, sendo registrada no primeiro trimestre de 2016, a produção do total de 748,87 milhões de dúzias de ovos, o segundo maior número já registrado pelo IBGE, ficando atrás apenas da produção de 751,42 milhões de dúzias de ovos registrada no 3º semestre de 2015 (IBGE, 2016). Os componentes mais relevantes das rações para aves, continuam, há décadas, sendo o milho e farelo de soja, os principais alimentos energético e proteico, respectivamente. No entanto, as aves de postura atuais, sendo mais precoces, são nutricionalmente exigentes, ainda apresentando um baixo consumo de ração em início de vida produtiva. Neste contexto, torna-se necessário, para um melhor balanceamento energético das rações a inclusão de fontes lipídicas (Rodrigues et al., 2015). O óleo de soja tem sido a fonte lipídica de eleição, na maioria das dietas para poedeiras. No entanto, pesquisas indicam que a adição do óleo de soja, deve ser realizada com prudência, pois níveis elevados deste podem piorar a qualidade das cascas dos ovos (Muramatsu et al., 2005), sendo assim, há interesse por ingredientes lipídicos que possam substitui-lo. Nesse contexto, objetivou-se avaliar qualidade dos ovos de poedeiras comerciais leves em primeiro ciclo de produção alimentadas com dietas contendo diferentes fontes lipídicas.

Revisão Bibliográfica

  Do ponto de vista nutricional, as gorduras e óleos de origem animal são fontes ricas em energia (BELLAVER E ZANOTTO, 2004). Já os óleos vegetais são uma importante fonte de ácidos graxos insaturados, permitindo, assim, uma adequada nutrição e produção dos animais. O óleo de girassol é obtido industrialmente por meio de um processo de prensagem seguido a uma extração por solvente, geralmente o hexano. É abundante em ácidos graxos poli-insaturados e vitamina E, atuando como uma substância antioxidante (COLONI, 2008). O óleo de algodão é proveniente do processamento do grão, que é esmagado para a extração do óleo, processo feito por prensagem hidráulica ou usando extratores químicos Na extração do óleo feita por solvente, esse apresenta boa composição em ácidos graxos com 30% de ácido oléico e 50% de ácido linoléico (COLONI, 2008). O óleo de girassol é abundante em ácidos graxos poli-insaturados e vitamina E, atuando como uma substância antioxidante (COLONI, 2008). Segundo Fennema (2000), o sebo bovino é composto por triglicerídeos que tem na sua composição principalmente os ácidos oleico (45%), palmítico (25%) e esteárico (20%). Em menores proporções se encontram os ácidos mirístico (2%) e linoleico (2%).  Do ponto de vista da nutrição animal, o sebo consiste em fonte de energia de baixo custo quando comparado com as gorduras de origem vegetal. (FERREIRA et al., 2005).

Materiais e Métodos

MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado na FAEX – Fazenda Experimental, do Curso de Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias e Biológicas da Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA, em Sobral – CE, durante 84 dias. Foram utilizadas 216 poedeiras da linhagem Hy-Line White, com 70 semanas de idade, pesando 1,701 ± 0,103 kg. Adotou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado, com quatro tratamentos de seis repetições de nove aves cada. As rações experimentais foram isoproteicas, isocalóricas e isoaminoacídicas, formuladas segundo exigências nutricionais sugeridas pelo manual da linhagem. As dietas experimentais consistiram em: tratamento 1 – óleo de soja; tratamento 2 – óleo de algodão (sem suplementação de sulfato ferroso); tratamento 3 – sebo bovino e tratamento 4 -óleo de girassol. Ao finalizar cada período foram avaliados os parâmetros de qualidade dos ovos a seguir: percentual de albúmen (%), gema (%), e casca (%), coloração da gema, espessura de casca (mm), e gravidade específica dos ovos (g/cm3). Foram selecionados 4 ovos por repetição, dois destes para a realização da gravidade específica e os outros dois utilizados para as demais análises de qualidade (Bezerra et al. 2015). A determinação subjetiva da coloração das gemas foi realizada através da comparação da cor das gemas com a escala de cor do Leque Colorimétrico da Roche, que varia de 1 a 15, sendo a primeira escala o amarelo mais pálido e a última a alaranjado mais intenso (Sandeski et al., 2014). Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de SNK a 5% de probabilidade. Estas análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o programa Statistical Analysis System.

Resultados e Discussão

Nenhuma das variáveis de qualidade dos ovos foi influenciada (P>0,05) pelas fontes lipídicas avaliadas nesta pesquisa (Tabela 1). De acordo com Hester (1999) níveis elevados de óleo de soja (8 a 12% e inclusão) ocasionam uma diminuição na qualidade das cascas, em função de uma interferência na retenção de cálcio, através da formação de sabões insolúveis durante a digestão. Nesta pesquisa, nenhum efeito dos tratamentos foi observado sobre o percentual de casca, espessura da casca e gravidade específica, provavelmente porque os níveis de inclusão das fontes lipídicas praticados foram inferiores aos citados pelo autor. Pereira et al. (2011) utilizaram óleo de soja, sebo bovino e semente de girassol na dieta de poedeiras comerciais, onde não foram observados efeitos das fontes lipídicas sobre as variáveis: percentual de albúmen, gema e casca, Unidades Haugh e gravidade específica dos ovos. De acordo com Lesson & Sumerrs (1997) a coloração da gema entre 7 e 8, medida pelo Leque Colorimétrico Roche normalmente é bem aceito pelos consumidores. Neste experimento, mesmo não ocorrendo diferença (P>0,05) entre os tratamentos para essa variável, o valor foi abaixo do recomendado por esses autores. Provavelmente, o milho utilizado nas dietas experimentais apresentasse menor teor de xantofila, levando aos valores de coloração da gema encontrados. Resultados diferentes quanto à coloração da gema, foram relatados por Oliveira et al. (2010) ao utilizar óleo de girassol, linhaça e soja (controle) na dieta de poedeiras com 20 semanas de idade, onde a coloração da gema foi mais intensa, nos ovos dos tratamentos que continham óleo de girassol.

Conclusões

O óleo de algodão, o sebo bovino e o óleo de girassol podem ser utilizados em substituição total ao óleo de soja em dietas para poedeiras comerciais leves, sem prejudicar a qualidade dos ovos.

Gráficos e Tabelas




Referências

BELLAVER, Claudio; ZANOTTO, Dirceu L. Parâmetros de qualidade em gorduras e subprodutos protéicos de origem animal. In: CONFERÊNCIA APINCO, 2004, Santos-SP. Palestra   BEZERRA, R.M.; COSTA, F.G.P.; GIVISIEZ, P.E.N.; GOULART, C.C.; SANTOS, R.A.; LIMA, M.R. Glutamic acid supplementation on low protein diets for laying hens. Acta Scientiarum Animal Science, v. 37, n. 2, p. 129-134, 2015.   COLONI, R. D. Óleos vegetais na alimentação de poedeiras.  Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia, Londrina, V. 2, N. 42, Art 397, Out, 2008. <http://www.pubvet.com.br/texto.php?id=397>. FENNEMA, O.R. Química de los alimentos. 2 ed., Zaragoza, Editorial Acribia, 2000, 1258p. FERREIRA, A.F.; ANDREOTTI, M.O.; CARRIJO, A.S.; SOUZA, K.M.R.; FASCINA, V.B.; RODRIGUES, E.A. Valor nutricional do óleo de soja, do sebo bovino e de suas combinações em rações para frangos de corte. Acta Scientiarum Animal Sciences, Maringá, v.27, n.2, p.213-219, 2005 FERREIRA, A.F.; ANDREOTTI, M.O.; CARRIJO, A.S.; SOUZA, K.M.R.; FASCINA, V.B.;.   HESTER, P.Y. A qualidade da casca do ovo. Avicultura Industrial, n. 1072, p. 20-30, 1999.   IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estatística de Produção Agropecuária junho de 2016 [Internet]. Acessado em 27 de fevereiro de 2017. Disponível em: <ftp://ftp.ibge.gov.br/Producao_Pecuaria/Fasciculo_Indicadores_IBGE/abate-leite-couro-ovos_201601caderno.pdfl>.   LESSON, S.; SUMMERS, J.D. Commercial poultry nutrition. 2nd ed. Canadá: University Book, 1997.   MURAMATSU, K.; STRINGHINI, J.H.; CAFÉ, M.B.; JARDIM FILHO, R.M.; ANDRADE, L.; GODOI, F. Desempenho, qualidade e composição de ácidos graxos do ovo de poedeiras comerciais alimentadas com rações formuladas com milho ou milheto contendo diferentes níveis de óleo vegetal. Acta Scientiarum Animal Sciences, v. 27, n. 1, p.43-48, 2005. OLIVEIRA, D.D.; BAIÃO, N.C.; CANÇADO, S.V.; LARA, L.J.C.; FIGUEIREDO, T.C.; LANA, A.M.Q. Fontes de lipídios na dieta de poedeiras: desempenho produtivo e qualidade dos ovos. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, n. 62, v. 3, p. 718-724, 2010.   PEREIRA, A.L.F.; VIDAL, T.F.; ABREU, V.K.G.; ZAPATA, J.F.F.; FREITAS, E.R. Type of dietary lipids and storing time on egg stability. Ciência e Tecnologia de Alimentos, n. 31, p. 984-991, 2011.   RODRIGUES, E.A.; CANCHERINI, L.C.; JUNQUEIRA, O.M.; LAURENTIZ, A.C.; FILARD, R.S.; DUARTE, K.F.; CASARTELLI, E.M. Desempenho, qualidade de casca e perfil lipídico de gemas de ovos de poedeiras comerciais alimentadas com níveis crescentes de óleo de soja no segundo ciclo de postura. Acta Science Animal, v. 27, n. 2, p. 207-212, 2005.  

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