Desempenho de poedeiras leves alimentadas com minerais quelatados de diferentes características químicas¹

SUZANA MOREIRA BARBOSA1, MARIA ROGERVÂNIA DA SILVA DE FARIAS2, SILVANA CAVALCANTE BASTOS LEITE3, BRUNO PEIXOTO CÂMARA4, CONSTÂNCIA PONTES MOURA5, JENIFFIO OLIVEIRA NEVES6, CLAUDIA DE CASTRO GOULART7, GRACIELLE ARAÚJO FROTA8
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RESUMO -

Objetivou-se avaliar os efeitos de minerais orgânicos com diferentes características químicas sobre o desempenho de poedeiras. As dietas foram: T1- minerais inorgânicos; T2– Ração basal + Mineral Aminoácido-Quelatado + Selênio levedura (1kg/t); T3– Ração basal + (MN, ZN e CU Aminoácido-Complexado (1kg/t) e T4 -Ração basal + (MN, ZN e CU Quelato-Metal-MHA). Conclui-se que, os grupos de minerais orgânicos testados, podem ser utilizados nas dietas para poedeiras, sem afetar o desempenho.

Palavras-chave: Aminoácido-quelatado, Orgânico, Performance, Postura

Performance of white-egg layers fed chelated minerals with different chemical characteristics

ABSTRACT - This study aimed to evaluate the effect organic minerals with different chemical characteristics on the performance of layer hens. The diets were: T1-inorganic minerals; T2-Basal diet+Amino acid chelate mineral+Selenium yeast(1kg/t); T3-Basal diet+Mn, Zn, and Cu amino acid complex(1kg/t);and T4-Basal diet+Mn, Zn, and Cu metal chelate-MHA.In conclusion, groups of organic minerals with different chemical characteristics can be used in layer diets without affecting their performance.
Keywords: Amino acid chelate, Laying, Organic, Performance


Introdução

Na produção industrial de poedeiras, vários aspectos influenciam a produtividade desses animais, a nutrição é um destes, apresentando importância fundamental no crescimento e longevidade produtiva destas. Uma prática que vem sendo bastante adotada, na avicultura industrial, é a uso de minerais orgânicos nas dietas das aves. Os minerais comumente utilizados na alimentação animal são inorgânicos, porém estes apresentam baixa biodisponibilidade, justificando o interesse na utilização dos minerais orgânicos na nutrição das aves. Os minerais orgânicos definem-se como íons metálicos ligados quimicamente a uma molécula orgânica, formando estruturas com características únicas de estabilidade e de alta biodisponibilidade mineral.  Estes são classificados em vários grupos, assim essas categorias incluem: quelato metal aminoácido, complexo metal aminoácido, complexo metal aminoácido específico, metal proteinado e complexo metal-polissacarídeo. Tal categorização baseia-se em uma classificação química dos produtos (AAFCO, 2000). A eficiência de cada grupo destes, entretanto, pode variar conforme a maneira que é produzida, teoricamente pode haver diferenças quanto à estabilidade entre quelatos formados a partir da ligação entre um mineral - aminoácido e mineral - peptídeos. (Rutz & Murphy, 2009). Nesse contexto, avaliaram-se os efeitos de grupos de minerais orgânicos com diferentes características químicas sobre o desempenho produtivo de poedeiras comerciais leves em ciclo de produção.

Revisão Bibliográfica

LUma prática que vem sendo bastante adotada, na avicultura industrial, é a utilização de minerais orgânicos nas dietas das aves comerciais. Além de demonstrarem uma maior estabilidade, os minerais orgânicos beneficiam-se de uma proteção bioquímica contra as diferentes reações que podem ocorrer na própria dieta, fato este que, ocasionaria uma diminuição expressiva nos índices de absorção dos nutrientes (CLOSE, 1998). Leeson (2008) conduziu um trabalho com frangos de corte recebendo dietas contendo associação de minerais orgânicos ((Zn, Mn, Fe e Cu). O nível de inclusão de minerais orgânicos foi reduzido para 80, 60, 40 ou 20%. O autor concluiu que mesmo as aves recebendo 20% de minerais orgânicos apresentaram desempenho semelhante ao do grupo controle (minerais inorgânicos). De acordo com Pessoa et al. (2012) a suplementação orgânica de minerais para aves propicia uma melhoria do status imunológico e na resistência óssea destas, resultando na diminuição de problemas de patas. Consequentemente, esses fatores refletirão em um melhor desempenho zootécnico. Figueiredo Junior et al. (2013), trabalhando com suplementação de 33,66 e 100% de substituição de minerais inorgânicos por minerais orgânicos em dietas para poedeiras semipesadas com 68 semanas, relataram que melhores resultados para produção, peso de ovo, conversão por massa e por dúzia foram encontrados quando os minerais orgânicos substituíram os inorgânicos em 66%. Com isso, os microminerais na forma de complexo orgânico têm sido uma ênfase por pesquisadores em relação a fontes inorgânicas convencionais. Partindo do pressuposto de que são mais facilmente absorvidas pelas aves, fontes orgânicas suplementadas nas dietas podem atuar melhorando o desempenho produtivo e a vida útil das galinhas, reduzindo assim, a excreção dos minerais que potencialmente poluem o ambiente (BRITO et al.,2006).

Materiais e Métodos

O experimento foi realizado na FAEX – Fazenda Experimental, do Curso de Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias e Biológicas da Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA, em Sobral – CE, durante 84 dias. Foram utilizadas 180 poedeiras da linhagem Hy-Line White, com 72 semanas de idade, pesando 1,673 ± 0,109 kg, produção de ovos média de 73,00%.  Adotou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado, com quatro tratamentos e cinco repetições de nove aves cada. As rações experimentais foram isonutrientes e isocalóricas, formuladas segundo o manual da linhagem. As dietas experimentais consistiram em: Tratamento1- Ração Basal (formulada com milho, farelo de soja, fonte de cálcio e fósforo, premix vitamínico, óleo vegetal e sal comum, contendo apenas minerais inorgânicos); Tratamento 2 – Ração basal + Mineral Aminoácido-Quelatado + Selênio levedura (1kg/t); Tratamento 3 – Ração basal + (MN, ZN e CU Aminoácido-Complexado (1kg/t) e Tratamento 4 - Ração basal + (MN, ZN e CU Quelato-Metal-MHA- Metionina Hidroxi-Análoga). Todas as aves receberam o mesmo manejo diário durante o período avaliado, com disponibilidade de água à vontade, sendo as rações fornecidas em comedouros tipo calha manual, dispostos na parte frontal de cada unidade experimental. Ao final de cada período de 28 dias foram realizadas mensurações, dos índices de desempenho para a avaliação dos efeitos dos tratamentos. As variáveis avaliadas foram: consumo de ração (g/ave/dia), produção de ovos (%), peso do ovo (g), massa de ovos (g/ave/dia), conversão por massa de ovos (kg/ kg), e conversão por dúzia de ovos (kg/dz). Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de SNK a 5% de probabilidade. Estas análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o programa Statistical Analysis System.

Resultados e Discussão

Independente das características químicas dos grupos de minerais orgânicos utilizados não foram observadas diferenças significativas (P>0,05) para nenhuma das variáveis de desempenho (Tabela 1). Sun et al. (2012) trabalharam com a Cu-MHA, Mn-MHA e Zn-MHA na criação de poedeiras semipesadas, no período de 39 a 52 semanas de idade. Segundo os autores, as diferentes fontes de suplementação não afetaram a produção de ovos, o consumo e a conversão alimentar. Somente o peso dos ovos aumentou com a suplementação orgânica. Garcia et al. (2015) trabalhando com minerais inorgânicos e minerais orgânicos (Cu, Fe, Mn, Zn) na forma complexo metal – aminoácido e Se (selênio levedura), na alimentação de poedeiras com 58 semanas de idade, observaram melhores valores para produção e massa de ovos nas aves com suplementação orgânica. As demais variáveis de desempenho não foram influenciadas. Manangi et al. (2015) trabalhando com a utilização de minerais orgânicos (MN, ZN e CU Quelato-Metal-MHA) e inorgânicos na produção de poedeiras comerciais leves no período de 24 a 80 semanas de idade, observaram que as variáveis consumo de ração, produção de ovos e massa de ovos não foram influenciadas pela suplementação na forma orgânica.

Conclusões

Conclui-se que o mineral aminoácido-quelatado + selênio-levedura, o mineral-aminoácido complexado e o quelato-metal-MHA podem ser utilizados nas dietas para poedeiras, sem afetar o desempenho.

Gráficos e Tabelas




Referências

AAFCO - Association of American Feed Control Officials, Official Publication, Atlanta GA, p. 143, 2000.   BRITO, J.A.G.; BERTECHINI, A.G.; FASSANI, E.J.; RODRIGUES, P.B.; FREITAS, R.T.F. Uso de microminerais sob a forma de complexo orgânico em rações para frangas de reposição no período de 7 a 12 semanas de idade. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 35, n. 4, p. 1342-1348, 2006.   CLOSE, W. H. The role of trace mineral proteinates in pig nutrition.In: Biotechnology in the food industryIn: ALLTECH’S 14TH ANNUAL SYMPOSIUM, 1998, Nottingham. Nottingham University, 1998, p469-376.   FIGUEIREDO JÚNIOR et al. Substituição de minerais inorgânicos por orgânicos na alimentação de poedeiras semipesadas. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.65, n.2, p.513-518, 2013.   GARCIA, E.R.M.; CRUZ, F.K.; KIEFER, C.; AVILA L. R.; SOUZA, R.P.P. Minerais orgânicos e licopeno na alimentação de poedeiras: desempenho zootécnico e qualidade dos ovos.  Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 67, n. 6, p. 1703-1710, 2015.   LEESON, S. 2008. Trace minerals in poultry nutition-2. Copper and zinc – the next pollution frontier. World Poultry (3): 14-16.   MANANGI, M. K.; VAZQUES-AÑON, M.; RICHARDS, J. D.; CARTER, S.; KNIGH, C. D. The impact of feeding supplemental chelated trace minerals on shell quality, tibia breaking strength, and immune response in laying hens. The Journal of Applied Poultry Research, v. 24, n. 3, p. 316- 326, 2015.   PESSÔA, G.B..S.; TAVERNARI, F.C.; VIEIRA, R.A.; ALBINO; L.F.T. Novos conceitos em nutrição de aves. Rev. Bras. Saúde Prod. Anim., Salvador, v.13, n.3, p.755-774 jul./set., 2012. ISSN 1519 9940.   RUTZ, F.; MURPHY, R. Minerais orgânicos para aves e suínos. In: CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE USO DA LEVEDURA NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL, 1., 2009, Campinas, SP. Anais... Campinas: CBNA, 2009. p. 21-36.   SUN, Q.; GUO, Y.; LI, J.; ZHANG, T.; WEN, J. Effects of Methionine Hydroxy Analog Chelated Cu/Mn/Zn on Laying Performance, Egg Quality, Enzyme Activity and Mineral Retention of Laying Hens. The Journal of Poultry Science, n. 49, p. 20 - 25, 2012.