Desempenho de suínos em terminação alimentados em dieta com diferentes níveis de glicerina

Amanda Almeida Silva e Silva1, Ilda de Souza Santos2, Rafaeli Gonçalves Leite3, José Leonardo Del Bel4, Saulo Oliveira Nunes5, Cristina Aparecida Marques6, Ademir Rodrigues de Jesus7, Daniele Aparecida Macedo de Matos8
1 - Universidade do Estado de Mato Grosso
2 - Universidade do Estado de Mato Grosso
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RESUMO -

Objetivou-se avaliar a inclusão de glicerina na alimentação de suínos em terminação sobre o desempenho dos animais (consumo diário de ração (CDR), ganho diário de peso (GDP) e a conversão alimentar (CA)). Foram utilizados 40 suínos machos castrados, com peso inicial de 97,20 ± 13,44 kg. Os animais foram distribuídos em delineamento de blocos casualizados com quatro tratamentos (0, 5, 10 e 15 % de adição de glicerina na dieta) e cinco repetições, sendo dois animais por unidade experimental. As avaliações foram realizadas considerando probabilidade de 0,05 para erro do tipo I. Os dados foram submetidos ao procedimento Mixed do programa SAS (2001) considerando nível de probabilidade de 5%. Constatou-se que a glicerina pode ser utilizada na dieta de suínos em terminação, até o nível de 15% sem comprometer os resultados de desempenho.

Palavras-chave: produção, resíduos agroindustriais, alimento.

Performance of finishing pigs fed diets with different levels of glycerin

ABSTRACT - The objective of this study was to evaluate the inclusion of glycerin in finishing pig feed on the performance of the animals (daily feed intake, daily weight gain and feed conversion). Thirty castrated male pigs were used, with initial weight of 97.20 ± 13.44 kg. The animals were distributed in a randomized block design with four treatments (0, 5, 10 and 15% addition of dietary glycerin) and five replicates, two of which were experimental animals. The evaluations were performed considering a probability of 0.05 for type I error. Data were submitted to the Mixed procedure of the SAS program (2001) considering a 5% probability level. It was found that glycerin can be used in the finishing pig diet, up to the level of 15% without compromising the performance results.
Keywords: words: production, agro-industrial waste, food.


Introdução

A produção brasileira de suínos tem se destacado mundialmente, sendo que atualmente o país, tem ocupado o quarto lugar tanto em produção quanto em exportação de carne suína.  Com a crescente demanda por carnes no mercado mundial, aumenta a demanda e busca por novas alternativas alimentares que reduza os custos na produção e que melhore o desempenho animal. A produção de biodiesel gera uma quantidade significativa de coprodutos (glicerina). A utilização da glicerina como alimento para animais, incluindo os suínos, possibilita a destinação desse coproduto diminuindo o seu acúmulo no ambiente, transformando os resíduos agroindustriais em fonte alimentar. Desta forma objetivou-se avaliar o desempenho de suínos em terminação alimentados com diferentes níveis glicerina na dieta.

Revisão Bibliográfica

O Brasil ocupa o quarto lugar no ranking mundial de produção e exportação da carne suína, sendo justificado pelos grandes avanços e investimentos estabelecidos para esse setor. Além disso, a grande escala de produção de insumos básicos e a grande área agrícola do país, tem possibilitam o aumento do rebanho suíno sem comprometer alguns componentes ambientais (ABIPECS, 2014). Isso abre espaço para a entrada de novos produtos e coprodutos que possam ser utilizados na alimentação de suínos, reduzindo assim, os custos de produção.

A produção de rações para suínos é bastante dependente do milho, já que esse grão corresponde por aproximadamente 70% da composição da dieta desses animais. O milho possui elevações e quedas quanto ao preço de comercialização por conta de oscilações referentes ao mercado nacional e internacional e ainda por fatores relacionados à sua produção, alterando então a relação oferta e procura desse ingrediente. Dessa forma, o preço do grão reflete diretamente nos custos de produção de rações para suínos. Sendo necessário o estudo de ingredientes alternativos que possam substituir parcial ou totalmente o milho para que seja possível amenizar o impacto da elevação do seu preço.

Em novembro de 2014 ocorreu um aumento na produção de combustíveis à base de produtos não fósseis, como é o caso do biodiesel produzidos à partir de grãos oleaginosos, resultando em maior produção de coprodutos como a glicerina. A Agência Nacional de Petróleo, relata que em 2005 a geração de glicerina foi de 69 m³, passando para 290.260 m³ em 2013, dando destaque à região centro-oeste do país (ANP, 2014).



Materiais e Métodos

O experimento foi realizado no município de Santa Carmem – MT. Foram utilizados 40 suínos machos castrados, mestiços de linhagem comercial, com peso inicial de 97,20 kg, distribuídos em delineamento de blocos casualizados com quatro tratamentos (0, 5, 10 e 15 % de adição de glicerina na dieta) e cinco repetições, dois animais por unidade experimental, sendo o peso inicial dos suínos utilizado como critério para a composição dos blocos. Os animais foram alojados em 20 baias de um galpão de alvenaria, coberto com telhas de fibrocimento, com baias contendo comedouros na parte frontal e bebedouros tipo chupeta na parte distal.

Os tratamentos (Tabela 1) foram compostos por dietas à base de milho e farelo de soja com adição de glicerina nos níveis de 5, 10 e 15%, formuladas para atender às exigências da categoria seguindo recomendações de Rostagno et al. (2011).

A glicerina utilizada foi obtida à partir da produção de biodiesel tendo como matéria prima o óleo de soja. As rações e a água foram fornecidas à vontade durante todo o período experimental. O período experimental teve duração de 21 dias divididos em dois períodos, o período 1 com 14 dias e o período 2 com 7 dias. Os animais foram pesados no início e no final de cada período.

Foram avaliados o consumo diário de ração (CDR), ganho diário de peso (GDP) e a conversão alimentar (CA) de cada unidade experimental.

Ao final do período de desempenho, todos os animais foram identificados por meio de tatuagem e, em seguida, submetidos a jejum alimentar, mas não hídrico, de 12 horas para serem transportados até o frigorífico.

O experimento foi conduzido de acordo com o delineamento em Blocos Completos Casualizados, tendo o peso inicial dos animais utilizado para a formação dos blocos. As avaliações foram realizadas considerando probabilidade de 0,05 para erro do tipo I. Os dados foram submetidos ao procedimento Mixed do programa SAS (2001) considerando nível de probabilidade de 5%.



Resultados e Discussão

Os níveis de 0, 5, 10 e 15% de glicerina, não influenciaram (P>0,05) as variáveis de consumo de ração diário (CRD), ganho de peso diário (GPD) e conversão alimentar (CA) no período 1 (de 0 a 14º dia), período 2 (15ª a 21º dia) e período total (Tabela 2). Os resultados de desempenho dos animais indicaram que a glicerina pode ser usada como ingrediente alternativo na dieta de suínos em terminação até o nível máximo avaliado de 15%. Esses resultados se devem às atenções dadas no momento da formulação das dietas que possibilitaram que essas apresentassem valores ajustados garantindo que a composição nutricional das quatro dietas estivesse o mais próxima possível uma da outra. Deve-se ressaltar que as dietas foram formuladas para  apresentar-se isoenergéticas, e o balanço eletrolítico foi mantido o mesmo para todas as dietas. Esses resultados apresentam coerência com os resultados encontrados por outros autores como Berenchtein et al. (2010), que em estudo com glicerol na dieta de suínos em terminação nos níveis de 3, 6 e 9%, não observaram efeitos do ingrediente no desempenho dos animais, indicando o uso do ingrediente até o nível máximo estudado. Resultados semelhantes foram encontrados por Gallego et al. (2014) que estudando a glicerina semi-purificada neutralizada nos níveis de 0; 3,5; 7,0; 10,5 e 14% não constataram influência dos níveis nos parâmetros de desempenho.

Conclusões

A glicerina pode ser utilizada na dieta de suínos em terminação sem comprometer os resultados de desempenho até a inclusão de 15%.

Gráficos e Tabelas




Referências

ABIPECS. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA PRODUTORA E EXPORTADORA DE CARNE SUÍNA. Estatística de produção 2014. Disponível em: <http://www.abipecs.org.br/pt/estatisticas/mundial/producao-2.html> Acesso em: 23/10/2015. ANP. AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO. Boletins ANP 2014. Disponível em < http://www.anp.gov.br/?pg=71976&m=glicerina&t1=&t2=glicerina&t3=&t4=&ar=0&ps=1&1431680682744> Acesso em: 04/11/2015. BERENCHTEIN, B.; COSTA, L.B.; BRAZ, D.B. et al. Utilização de glicerol na dieta de suínos em crescimento e terminação. Revista Brasileira de Zootecnia, v.39, n.7, p.1491-1496, 2010. GALLEGO, A.G.; MOREIRA, I.; POZZA, P.C.; CARVALHO, P.L.O.; SIERRA, L.M.P.; COSTA FILHO, C.L. Neutral semi-purified glycerin in starting pigs feeding. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 35, n. 5, p. 2831-2842. 2014. ROSTAGNO, H.S.; ALBINO, L.F.T.; DONZELE J.L.; GOMES, P.C.; OLIVEIRA, R.F.; LOPES, D.C.; FERREIRA, A.S.; BARRETO, L.S.T; EUCLIDES, R.F. Tabelas brasileiras para aves e suínos: composição de alimentos e exigências nutricionais. 2.ed. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2011. 252p. STATISTICAL ANALYSiS SYSTEM - SAS. SAS Language Reference. Version 6. Cary, NC: SAS Institute, 2001. 1042p.