Análise de Preço e Sazonalidade na Produção de Vísceras Brancas de Bovinos em uma Linha de Abate Anual
2 - Universidade Federal de Pelotas - UFPel
3 - Universidade Federal do Pampa - UNIPAMPA
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RESUMO -
A produção de carne no Brasil aumenta significativamente a cada ano, e consequentemente o nível de abate, com isso há também um grande percentual de subprodutos ou coprodutos do abate. Os componentes não integrantes da carcaça participam da alimentação humana e animal, sendo uma renda valorizada pelos matadouros. O objetivo foi avaliar os rendimentos de subprodutos, vísceras brancas, ao longo das estações do ano no abate de bovinos realizado no Frigorífico Silva Indústria e Comércio Ltda., localizado em Santa Maria, durante o ano de 2011. A linha de abate mostrou sazonalidade de produção ao decorrer do ano o que pode ser reflexo na variação da média de peso das categorias abatidas, pois durante o inverno evidenciou-se o abate com a média de quilos de carcaça mais baixo. Contudo, há uma maior demanda de vísceras brancas no inverno para a alimentação humana, e consequentemente uma maior valorização desses subprodutos.
Analysis of price and seasonality in the production of cattle white viscera in an annual slaughter line
ABSTRACT - The meat production in Brazil increases every year and the slaughter level increases, produce a large percentage of by-products or co-products of slaughter concomitantly. The components not part of carcass have an important participation in human and animal feeding, being a extra income to slaughterhouses. This work objective was to evaluate the cattle slaughter by-products price variation in a year on different seasons. The slaughterhouse located in Santa Maria is the Silva Industry and Commerce Limited. The slaughter line showed seasonality on production throughout the year and the highest price for by-products on winter. However, the demand for that kind of viscera was highest on winter than the other seasons what explain the prices paid for quilogram go up in this season.Introdução
O incremento de produtividade e as demandas de carne nobre para o mercado externo aceleraram as escalas de abate do Brasil, gerando, de forma paralela, uma grande quantidade de subprodutos ou coprodutos do abate. Esses resíduos industriais podem ser usados para adubo ou ração animal sendo vendido com baixo valor agregado ou então para mercados como a singular culinária oriental e africana que podem fizer desses e de outros produtos um um bom nicho de mercado para o comércio exterior brasileiro, exportando de milhares de toneladas por ano como já constatado em pesquisas jornalísticas. De fonte científica e coerente ao fato citado anteriormente, temos que, nos últimos, anos pesquisas mostram a justificada valorização desses componentes não integrantes da carcaça destinados ao consumo humano e animal, além do couro, que juntos representam uma fonte de renda valorizada pelo frigorífico. De acordo com Pacheco et al., (2005), cada vez mais os componentes não-integrantes da carcaça, estão sendo utilizados para geração de receita, seja pela venda no atacado, como o caso das gorduras, dos ossos limpos, do fígado, coração, entre outros, seja pela agregação de valor com a fabricação de embutidos e afins. Portanto, o objetivo deste estudo foi averiguar a oscilação de preço pago por quilo de subprodutos de bovinos.Revisão Bibliográfica
Segundo dados do IBGE (2014) cerca de 256 mil toneladas de carnes e miudezas comestíveis de bovinos, secas, salgadas ou defumadas foram comercializadas no país gerando renda próxima a 2 milhões de reais. Entre os itens mais exóticos ao paladar brasileiro e almejados no mercado externo estão os subprodutos: ligamentos, tendões e pênis bovino. Mais de 14 mil toneladas foram enviadas ao exterior entre janeiro de 2008 e outubro de 2009, sendo os principais destinos Hong Kong e Japão. Hong Kong também é o principal destino para aorta bovina, comprando 3.480 toneladas em 2014, usados na produção de fios para suturas cirúrgicas. Segundo regimento do Sistema de Inspeção Federal (SIF) apenas frigoríficos portadores de registro podem comercializar determinados subprodutos por questões sanitárias, no entanto, de acordo com o projeto de lei Nº 4.314, de 2016 as indústrias de menor porte com inspeção estadual ou municipal podem comercializar essas vísceras para portadores de registro federal de forma regulamentada e também obter renda secundária. Em pesquisas econômicas tem-se resultado de que a comercialização destes produtos pode abater a folha de pagamento de pessoal das empresas, diminuindo desta forma os custos de produção. Cabe ressaltar que as fontes de tais informações não procedem de materiais científicos por carência de pesquisas relacionadas, porém, foram retiradas materiais publicados pelo IBGE, Jornal do Brasil e Informe Rural - Etene em pesquisas relacionadas a economia.Materiais e Métodos
Realizou-se uma pesquisa do tipo descritiva, conduzida a partir de dados coletados da linha de abate da empresa Frigorífico Silva Indústria e Comércio Ltda., situado na cidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul. O abate dos animais perdurou 253 dias do ano totalizando 120.507 animais abatidos, sendo que, 61.145 representam machos bovinos, 58.999 representam fêmeas bovinas e 363 representam bubalinos. Os subprodutos avaliados foram: nervo cervical, timo, vergalho, aorta, medula e tendões, posteriormente, correlacionados com o preço pago por quilo e estação climática. As avaliações ocorreram na Universidade Federal do Pampa, Campus Dom Pedrito por intermédio da análise de variância e teste F ao nível de 5% de significância. As médias significativas foram analisadas pelo teste de Tukey a 1%, bem como as análises de correlação.Resultados e Discussão
Na Tabela a seguir, estão expressos os resultados obtidos para os coprodutos também denominados vísceras brancas. Com exceção da aorta, todas as vísceras avaliadas apresentaram seu maior valor por quilo no inverno. Tabela 1 - Médias e erro padrão para análise dos rendimentos em R$/kg obtidos na linha de processamento de vísceras brancas durante o ano de 2011Subproduto | Verão | Outono | Inverno | Primavera | Valor de F | Pr.> F | C.V., % |
Nervo Cervical | 0,28 | 0,28 | 0,29 | 0,28 | 1,68 | 0,17 | 4,74 |
Timo | 0,07ab | 0,07b | 0,08ª | 0,07b | 3,55 | 0,01 | 26,7 |
Vergalho | 0,06 | 0,06 | 0,06 | 0,06 | 0,43 | 0,73 | 27,5 |
Aorta | 0,18ª | 0,17ab | 0,16bc | 0,16c | 11,2 | 0,01 | 12,2 |
Medula | 0,12b | 0,13ab | 0,14ª | 0,13ª | 7,03 | 0,02 | 13,0 |
Tendões | 0,63b | 0,67ª | 0,70ª | 0,67ª | 9,13 | 0,01 | 8,84 |
Conclusões
Evidenciou-se que existe uma diferença sazonal no preço e produção de subprodutos no abate de bovinos, o que pode ser reflexo da variação do processamento desses itens, em função das exigências do mercado. Existe ainda, uma maior produção de vísceras brancas na estação do inverno, bem como a produção dos subprodutos não comestíveis. Verificou-se que há uma tendência das vísceras brancas terem seus picos de produção no inverno.