Desempenho de poedeiras leves alimentadas com diferentes fontes lipídicas

Hortênsia Araújo1, Constância Pontes Moura2, Silvana Cavalcante Bastos Leite3, Maria Rogervânia Silva de Farias4, Thais Lucas de Sena5, Claudia de Castro Goulart6, Adailton Camelo Costa7, Maria Mislane Bezerra8
1 - Universidade Estadual Vale do Acaraú
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RESUMO -

Objetivou-se avaliar os efeitos de diferentes fontes lipídicas sobre o desempenho de poedeiras. Foram utilizadas 216 aves. Os tratamentos consistiram em uma dieta controle T1 (óleo de soja), T2- óleo de algodão, T3 – sebo bovino e T4 – óleo de girassol. Não foi observado efeito das fontes lipídicas sobre as variáveis de desempenho. Conclui-se que o óleo de algodão, o sebo bovino e o óleo de girassol podem ser utilizados em substituição total ao óleo de soja em dietas para poedeiras leves.

Palavras-chave: Alimento energético; Óleo de algodão; Postura; Sebo

Performance of light commercial laying eggs fed with different lipids sources

ABSTRACT - This study aimed to evaluate the effects of different lipid sources on performance laying eggs. 216 layers were used. Treatments consisted by a control diet –T1- soybean oil; T2- cottonseed oil ; T3 - beef tallow and T4 - sunflower oil. There was no significant effect of lipid sources on any of the evaluated performance variables (P> 0.05). It was concluded that the cotton oil, beef tallow and sunflower oil may be used in total replacement of soybean oil in diets for light commercial layers.
Keywords: Cottonseed oil, Energetic feed, Posture, Tallow


Introdução

No agronegócio, o mercado avícola tem alcançado um crescimento considerável nos últimos anos, dentro deste, o segmento de postura tem se destacado, haja visto, o aumento na produção de ovos com números, nunca antes vistos no Brasil. Assim, foram produzidos no primeiro trimestre de 2016, o total de 748,87 milhões de dúzias de ovos, o segundo maior número já registrado na série histórica da pesquisa, iniciada em 1987 pelo IBGE, ficando atrás apenas da produção de 751,42 milhões de dúzias de ovos registrada no 3º semestre de 2015 (IBGE,2016). Na produção de aves comerciais os custos com alimentação giram em torno de 60 a 70% (Bueno, 2014), sendo o componente energético um dos mais onerosos das formulações. Portanto, há a necessidade de encontrar alimentos energéticos alternativos que possam substituir os convencionais de forma eficiente, sem interferir no desenvolvimento animal. A inclusão de fontes lipídicas nas dietas para aves melhora a absorção de vitaminas lipossolúveis, possibilita maior tempo de permanência do alimento no trato digestivo, diminui a pulverulência das rações, favorecendo, inclusive, a ingestão e deglutição dos alimentos não lipídicos (Baião & Cancado, 2001), além de melhorar a palatabilidade das rações e diminuir o incremento calórico (Santos et al., 2009). Nesse contexto, objetivou-se avaliar o desempenho de poedeiras comerciais leves em primeiro ciclo de produção alimentadas com dietas contendo diferentes fontes lipídicas.

Revisão Bibliográfica

Com o aumento dos custos de produção, os nutricionistas evidenciaram a necessidade de alimentos alternativos que atendam às exigências dos animais nas suas diferentes fases de produção. Assim, no caso de alimentos energéticos, é possível utilizar ingredientes alternativos ou não convencionais como os óleos vegetais e as gorduras de origem animal, entre outros (FIALHO & BARBOSA, 1999). O sebo bovino é o produto proveniente de resíduos de tecidos bovinos, processados em digestores, providos de agitadores para evaporar a umidade, por meio do aquecimento, sob pressão de vapor. (DUNFORD, 2001; FENNEMA, 2000). A qualidade natural do sebo bovino é concedida pela sua composição de ácidos graxos, que está relacionada de forma direta com a digestibilidade da energia presente na fonte de gordura (FERREIRA et al., 2005). Segundo a ANVISA (1999), óleo de girassol é o óleo comestível oriundo de semente de Helianthus annus L. (girassol) por meio de processos tecnológicos adequados. Sendo qualificado por apresentar uma elevada concentração de ácido linoleico (60% a 70%) e ácido oleico (20% a 30%); em todo caso os ácidos gordos saturados (principalmente ácido palmítico e ácido esteárico), constituem menos do que 15% do teor de ácidos graxos totais (EMBRAPA, 2004; GROMPONE, 2005). O óleo de algodão é considerado o óleo vegetal mais antigo produzido industrialmente, sendo consumido em larga escala no Brasil, no entanto, o seu consumo tem reduzido com o aumento da produção de soja (CARLSON, 1991).

Materiais e Métodos

O experimento foi realizado na FAEX – Fazenda Experimental, do Curso de Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias e Biológicas da Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA, em Sobral – CE, durante 84 dias. Foram utilizadas 216 poedeiras da linhagem Hy-Line White, com 70 semanas de idade, pesando 1,701 ± 0,103 kg. Adotou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado, com quatro tratamentos de seis repetições de nove aves cada. As rações experimentais foram isoproteicas, isocalóricas e isoaminoacídicas, formuladas segundo exigências nutricionais sugeridas pelo manual da linhagem. As dietas experimentais consistiram em: tratamento 1 – óleo de soja; tratamento 2 – óleo de algodão (sem suplementação de sulfato ferroso); tratamento 3 – sebo bovino e tratamento 4 - óleo de girassol. Todas as aves receberam o mesmo manejo diário durante o período avaliado, com disponibilidade de água à vontade, sendo as rações fornecidas em comedouros tipo calha manual, dispostos na parte frontal de cada unidade experimental. A produção de ovos foi registrada diariamente até o final de cada ciclo, quando esses dados juntamente com os do consumo da ração foram utilizados para o cálculo das variáveis de desempenho.  Ao final de cada período de 28 dias foram realizadas mensurações, dos índices de desempenho para a avaliação dos efeitos dos tratamentos. As variáveis avaliadas foram: consumo de ração (g/ave/dia), produção de ovos (%), peso do ovo (g), massa de ovos (g/ave/dia), conversão por massa de ovos (kg/ kg), e conversão por dúzia de ovos (kg/dz). Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de SNK a 5% de probabilidade. Estas análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o programa Statistical Analysis System.

Resultados e Discussão

Não foi observado efeito das fontes lipídicas avaliadas sobre nenhuma das variáveis de desempenho (Tabela 1). A adição de óleos nas dietas é normalmente indicada por melhorar a palatabilidade das rações (SAKOMURA et al., 2014) desta forma, estimulando o consumo das mesmas. No entanto, nesta pesquisa nenhuma alteração no consumo de ração foi observada em função das fontes lipídicas testadas. Assim, com a falta de efeitos de tais fontes sobre a variável consumo, pode-se inferir que estes na quantidade que foram adicionados nas dietas experimentais podem ser indicados para utilização em escala comercial. Com relação à produção de ovos, como observado acima, nenhuma das fontes lipídicas a influenciou. Provavelmente, isso aconteceu em virtude das poedeiras utilizadas no experimento, se encontrarem na fase pós-pico de produção, onde as exigências nutricionais destas aves são menores, como também, em virtude de as dietas utilizadas serem isoenergéticas e isonutrientes, assegurando o suprimento adequado de nutrientes em todos os tratamentos, levando aos resultados encontrados. As variáveis massa de ovos, conversão por massa e conversão por dúzia de ovos não foram influenciadas por nenhum dos tratamentos (p>0,0%), isto se explica pelo fato de que, as variáveis envolvidas nos cálculos destas, também não sofreram influência das fontes lipídicas avaliadas. Oliveira et al.(2010) conduzindo dois experimentos um com poedeiras jovens (20 a 28 semanas) e o segundo com aves na fase de pós-pico (54 semanas) utilizando diferentes fontes lipídicas (óleos de soja, girassol e linhaça) relataram que no segundo ensaio nenhuma variável de desempenho foi influenciada pelas fontes lipídicas testadas. Estes resultados são semelhantes aos encontrados nesta pesquisa. Resultados contrários foram relatados por Küçükersan et al. (2010) que trabalhando com óleos de girassol, peixe, soja e avelã, relataram que a menor produção de ovos foi encontrada no tratamento com óleo de girassol (p<0,05). Duarte et al.(2010) ao utilizarem sebo bovino (SB), óleo de vísceras de aves (OVA), óleo de soja degomado (OSD), misturas de SB + OSD e misturas OVA + ODS na dieta de frangos de corte, relataram que as fontes lipídicas não afetaram o desempenho produtivo.

Conclusões

O óleo de algodão, o sebo bovino e o óleo de girassol podem ser utilizados em substituição total ao óleo de soja em dietas para poedeiras comerciais leves.

Gráficos e Tabelas




Referências

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA - ANVISA. Resolução RDC nº 482, de 23 de setembro de 1999.   BAIÃO, N.C.; CANCADO, S.V. Artifícios biológicos para aliviar o estresse calórico em frangos de corte. Cadernos Técnicos da Escola de Veterinária (UFMG), v. 34, p. 15-22, 2001.   BUENO, C.F.D. Comparação de programas de alimentação para frangos de corte: 4 e 14 fases. 2014. 53f. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Jaboticabal, São Paulo, 2014. CARLSON, K. F. SCOTT. J. D. Processing of oilseeds, fats. Inform, v.2, p.1034-72, 1991.   DUARTE, F.D.; LARA, L.J.C.; BAIÃO, N.C.; CANÇADO, S.V.; TEIXEIRA, J.L. Efeito da inclusão de diferentes fontes lipídicas em dietas para frangos de corte sobre o desempenho, rendimento e composição da carcaça. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, n. 62, v. 2, p. 439-444, 2010.   DUNFORD, N.T. Health benefits and processing of lipid- based nutritrionals. Food Technology, Chicago, v.55, n.11, 2001.   EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA. Extração de óleo de girassol utilizando miniprensa. Londrina: Embrapa Soja, 27p. (Documentos / Embrapa Soja, n. 237), 2004b.   FENNEMA, O.R. Química de los alimentos. 2 ed., Zaragoza, Editorial Acribia, 2000, 1258p.   FERREIRA, A.F.; ANDREOTTI, M.O.; CARRIJO, A.S.; SOUZA, K.M.R.; FASCINA, V.B.; RODRIGUES, E.A. Valor nutricional do óleo de soja, do sebo bovino e de suas combinações em rações para frangos de corte. Acta Scientiarum Animal Sciences, Maringá, v.27, n.2, p.213-219, 2005.   FIALHO, E.T.; BARBOSA, H.P. Alimentos alternativos para suínos. Lavras: Universidade Federal de Lavras, 1999. 196p.   IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estatística de Produção Agropecuária junho de 2016 [Internet]. Acessado em 27 de fevereiro de 2017. Disponível em: <ftp://ftp.ibge.gov.br/Producao_Pecuaria/Fasciculo_Indicadores_IBGE/abate-leite-couro-ovos_201601caderno.pdfl>.  

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