Avaliação de carcaça de caprinos machos castrados e não castrados, suplementados com vitamina e (acetato-alpha-tocoferol)
Anderson Lopes Pereira1, José Antônio Alves Cutrim Junior2, Lucimeire Amorim Castro3, Igor Cassiano Saraiva Silva4, Edneide Marques da Silva5, Saulo Antônio Araújo Mesquita6, Elson Reis Duarte de Oliveira7, Ravana Sousa Gomes8
1 - IFMA Campus Maracanã
2 - IFMA Campus Maracanã
3 - IFMA Campus Maracanã
4 - IFMA Campus Maracanã
5 - IFMA Campus Maracanã
6 - IFMA Campus Maracanã
7 - IFMA Campus Maracanã
8 - UEMA
RESUMO -
Objetivou-se avaliar as características de carcaça de caprinos sem padrão racial (SPRD) em confinamento. Os tratamentos constituíam-se de animais castrados ou não, suplementados ou não com vitamina E. As respostas foram analisadas por meio de delineamento fatorial 2 x 2 (Animal Castrado ou Não x Suplementação com Vitamina E ou não) com 6 repetições. Analisou-se o acabamento, comprimento externo da carcaça (CEC), a profundidade e comprimento do Longissimus dorsi (cm), Área do Olho do Lombo (AOL, cm2) e “Graude Roule” (GR, cm). Observou-se que não houve efeito da suplementação com Vitamina E para as variáveis acabamento, comprimento e profundidade do Longissimus dorsi, AOL e GR (P>0,05), sendo verificado efeito da condição do animal sobre tais variáveis. Para o CEC não houve efeito da condição fisiológica do animal e suplementação (P>0,05). A suplementação com Vitamina E não contribui com a qualidade da carcaça de caprinos, independente da condição fisiológica.
Palavras-chave: Dias de confinamento, Ganho de peso, Suplementação vitamínica
Carcass evaluation of castrated male goats and uncastrated supplemented with vitamin e (acetato-alpha-tocoferol)
ABSTRACT - The objective of this study was to evaluate the carcass characteristics of goats without racial pattern (SPRD) in confinement. Treatments consisted of castrated or non-castrated animals, supplemented or not with vitamin E. The responses were analyzed by means of a 2 x 2 factorial design (Castrated or not x Supplementation with Vitamin E or not) with 6 replicates. The finishing, external length of the carcass (ELC), the depth and length of the Longissimus dorsi (cm), the loin eye area (LEA, cm2) and the Graude Roule (GR, cm) were analyzed. It was observed that there was no effect of Vitamin E supplementation on the variables length, length and depth of Longissimus dorsi, LEA and GR (P> 0.05), being verified the effect of the condition of the animal on such variables. For ELC there was no effect of the physiological condition of the animal and supplementation (P> 0.05). Vitamin E supplementation does not contribute to the carcass quality of goats, regardless of the physiological condition.
Keywords: days of confinement, weight gain, vitamin supplementation
Introdução
A pecuária de corte mundial tem procurado melhorar os índices zootécnicos visando maior rentabilidade, seja por meio da melhoria genética dos rebanhos seja pelo uso de pastagens melhoradas, pela formulação de dietas adequadas e pela utilização de novas tecnologias (CARTAXO et al., 2011).
A procura nacional por carnes com baixo teor de gordura tem estimulado a criação de caprinos de corte, uma vez que esta contém proteína e ferro em quantidades semelhantes quando compara a carne bovina, entretanto possuem baixo teor de gordura saturada e colesterol. A qualidade da carcaça depende de algumas características como o peso, teor de gordura, composição muscular e conformação, entretanto estas podem sofrer influência do sexo, raça, idade e sistema de criação do animal (GOMES et al., 2011).
A análise do músculo
Longissimus dorsi ou área de olho-de-lombo (AOL) é considerada um indicador de musculosidade da carcaça, na qual está pode apresentar resposta direta ao crescimento animal, implicando em obtenção de maiores pesos de abate em jejum, refletindo em maior quantidade de músculo, representando, assim, AOL mais elevada (SOUZA et al., 2015).
O presente trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade da carcaça de caprinos castrados e inteiros, suplementados ou não com vitamina E.
Revisão Bibliográfica
Dentre as espécies de ruminantes criados para produção de carne, há um destaque para os pequenos ruminantes, pois apresentam menor intervalo entre o nascimento e o abate, sendo a carne considerada uma iguaria, apreciada, com possibilidade de valorização superior às demais carnes (LISBOA et al., 2010).
No sistema de produção de carne, devem-se destacar os aspectos quantitativos relacionados à carcaça, pois o conhecimento dos pesos e dos rendimentos dos principais cortes da carcaça é critério para enriquecer a avaliação do desempenho animal (VIERA et al., 2010).
A avaliação da carcaça é considerada uma análise de parâmetros relacionados com medidas de desempenho a partir do consumo, ganho de peso, conversão alimentar e rendimento de carcaça (SOUZA et al., 2015), na qual o que se destaca para o consumidor é a carne (SALLES et al., 2013).
O acabamento de carcaça ou gordura externa de cobertura consiste em uma avaliação de adiposidade da carcaça. É um dos parâmetros, junto com a conformação, que melhor prediz a quantidade da porção comestível da carcaça no sistema de tipificação de carcaça (CORDÃO et al., 2012)
A área de olho-de-lombo, a espessura de gordura subcutânea e o marmoreio são características mensuradas por ultrassonografia que estão relacionadas ao ganho de peso diário, rendimento de carcaça, precocidade de acabamento, sabor e suculência da carne (CARTAXO et al., 2011).
Cartaxo et al. (2014) afirma que é necessário aferir as características quantitativas e qualitativas das carcaças, pois os animais sem padrão de raça definida (SPRD), é o genótipo de maior concentração no Nordeste do Brasil, e adaptado as condições climáticas da região e pode contribuir de forma singular para o desenvolvimento das unidades produtoras.
Materiais e Métodos
A pesquisa foi conduzida no Setor de Ovinocaprinocultura do Instituto Federal do Maranhão, Campus São Luís – Maracanã. Os tratamentos foram determinados com quatro combinações entre condição fisiológica do animal (Castrados ou Não Castrados), e suplementação ou não de vitamina E via intramuscular, num delineamento inteiramente casualizado em arranjo fatorial 2 x 2 com seis repetições (caprinos).
Os animais tinham oito meses de idade e com peso vivo inicial médio de 18 kg, sem padrão de raça definido (SPRD)
. Os animais foram alimentados com volumoso, concentrado, fornecida água “
ad libitum” e mistura mineral. As dietas foram formuladas segundo NRC (2007) permitindo um ganho de peso médio diário de 150 g/dia (Tabela 1)
.
Aos 77 dias de confinamento foi realizado o abate dos animais, de acordo com a as normas e procedimentos constantes na legislação (BRASIL, 2000). Antes do abate dos animais permaneceram em descanso em jejum sólido e liquido de 18 horas. Após o abate as carcaças foram identificadas, envolvidas em saco plástico e transportadas para a câmara fria a 4° C, onde permaneceram por 24 horas.
Após a retirada da câmara fria, foi realizada a mensuração do acabamento e medidas do comprimento externo da carcaça (CEC), de acordo com metodologia proposta por Osório e Osório (2005).
Para avaliação a Área do Olho do Lombo (AOL) foi feita a exposição da superfície transversal do músculo
Longissimus dorsi, através de corte transversal entre a 12ª e 13ª vértebras torácicas da meia-carcaça esquerda resfriada. Foi realizadas mensurações do músculo
Longissimus dorsi, com auxílio de um paquímetro digital, para determinação da profundidade (A) e comprimento (B) e posterior AOL, calculada pela seguinte fórmula: AOL = (A/2*B/2)*π. A medida GR foi obtida com auxilio do paquímetro digital.
Os dados foram analisados por meio de análise de variância e teste de comparação de médias, por meio do teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade utilizando-se o programa estatístico SAS.
Resultados e Discussão
Houve efeito da condição animal (P<0,05) para o acabamento, onde os animais castrados obtiveram um melhor resultado pelo fato de que nestes animais a deposição de gordura é maior, divergindo de Cezar & Sousa (2006) que afirmam que na espécie caprina o tecido adiposo subcutâneo é pouco desenvolvido. Entretanto os resultados obtidos para os animais inteiros se igualam aos encontrados por Hashimoto et al. (2007), que ao trabalhar com a substituição do milho pela casca do grão de soja nas rações obteve uma redução na proporção de gordura, isto se deve pelo fato que tal substituição na fermentação ruminal incrementa a produção de acetato, fazendo que haja a redução da síntese de gordura corporal quando comparada ao milho.
Não houve efeito para a condição animal e suplementação (P>0,05) onde os animais inteiros obtiveram resultados próximos dos animais castrados. Porém tais resultados divergem de Gomes et al. (2011), que ao trabalhar com animais inteiros da raça alpina obteve resultados inferiores (52,24 cm) aos encontrados neste trabalho apesar de que os animais eram SPRD.
Observou-se efeito da condição animal (P<0,05), para o comprimento e profundidade do
Longissimus dorsi (cm), onde em animais castrados apresentaram maiores valores (5,04 cm e 2,58 cm), nesse sentido a vitamina E pode ter reduzido o efeito da deposição de musculatura na carcaça dos animais não castrados, apesar de não possuírem padrão racial. Os valores obtidos foram próximos aos encontrados por Grande et al. (2009), que ao trabalhar com caprinos inteiros mestiços Boer e Saanen, obteve valores de 5,52 cm (comprimento) e 2,60 cm (profundidade), contrariando a sua afirmação de que animais com melhor padrão racial apresentam maior grau de musculatura de carcaça.
Observou-se efeito da condição do animal (P<0,05) para a variável “
grade roule” (GR), onde os animais castrados apresentaram resultados mais relevantes (5,95 cm). Entretanto, o valor da GR para os animais inteiros deste trabalho foram mais expressivos (5,20 cm), do que os reportados por Cartaxo et al. (2014), ao avaliar as características de carcaça de cabritos inteiros com diferentes genótipos terminados em confinamento, que obteve 1,27 cm. As respostas encontradas para grau GR neste trabalho mostram que o acabamento de carcaça independente da sua condição, foram superiores aos valores de referência determinados por Cordão et al. (2012), maior que 1,2 cm (excessivamente acabada).
Houve influência da condição do animal (P<0,05) para a área do olho do lombo (AOL, cm²), onde animais castrados obtiveram 10,33cm² contra 7,10 cm² dos animais não castrados. Hashimoto et al. (2007) e Cartaxo et al. (2014) obtiveram resultados superiores para AOL na condição inteiro 13,96 cm² e 9,54 cm². Esta variável é uma medida que denota a quantidade, assim como a qualidade da carne comercializável. Portanto, os dados mostram que os animais castrados obtiveram melhor rendimento de músculos na carcaça.
Conclusões
A suplementação com Vitamina E não interferiu nas características de carcaça de caprinos analisada. Caprinos castrados apresentam melhores características de carcaça quando comparados com caprinos inteiros. Tais resultados indicam que a castração é uma prática que deve ser realizada a fim de se obter carcaça de caprino com maior musculosidade.
Gráficos e Tabelas
Referências
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