Desempenho de frangos de corte suplementados com probiótico

Raiana Almeida Noleto1, Julyana Machado da Silva Martins2, Lindolfo Dorcino Neto3, Marcos Barcellos Café4, Genilson Bezerra de Carvalho5, Itallo Conrado Sousa de Araújo6, Mariana Alves Mesquita7, Larissa Paula Silva Gomides8
1 - Universidade Federal de Goiás
2 - Universidade Federal de Goiás
3 - Universidade Federal de Goiás
4 - Universidade Federal de Goiás
5 - Universidade Federal de Goiás
6 - Universidade Federal de Goiás
7 - Universidade Federal de Goiás
8 - Universidade Federal de Goiás

RESUMO -

Objetivou-se avaliar o desempenho de frangos suplementados com probiótico. Utilizou-se 960 pintos machos, Cobb, com um dia, distribuídos em 40 Boxes. Delineamento: inteiramente casualizado/quatro tratamentos: Controle super positivo, inclusão de 15, 15, 15 e 10 g/ton de antibiótico enramicina nas fases pré-inicial, inicial, crescimento e final, respectivamente; controle positivo, inclusão de 10, 10, 10 e 5 g/ton de antibiótico enramicina em todas as fases de criação, respectivamente; controle negativo, sem antibiótico; suplementação com 350 g/ton de probiótico durante todas as fases de alimentação, com 10 repetições de 24 aves. Avaliou-se o desempenho de um a sete e um a 42 dias. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste Tukey a 5%. O desempenho não foi influenciado pelos tratamentos no período de uma a sete e um a 42 dias. Os aditivos nas doses e condições avaliadas não melhoram o desempenho.

Palavras-chave: aditivos, avicultura, intestino, nutrição

PERFORMANCE OF BROILERS SUPPLEMENTED WITH PROBIOTIC

ABSTRACT - The objective of this study was to evaluate the performance of broilers supplemented with probiotic. It was used 960 male chicks, Cobb, with one day, distributed in 40 Boxes. Design: completely randomized / four treatments: Super-positive control, inclusion of 15, 15, 15 and 10 g / ton of antibiotic enramycin in the pre-initial, initial, growth and final phases, respectively; Positive control, inclusion of 10, 10, 10 and 5 g / ton of antibiotic enramycin in all breeding phases, respectively; Negative control, without antibiotic; Supplementation with 350 g / ton of probiotic during all feeding phases, with 10 replicates of 24 birds. Performance was evaluated from one to seven and one to 42 days. The data were submitted to analysis of variance and the means were compared by the Tukey test at 5%. Performance was not influenced by treatments in the period from one to seven and one to 42 days. Additives at the doses and conditions evaluated do not improve performance.
Keywords: additives, intestine, nutrition, poultry


Introdução

O uso em níveis subterapêuticos de antibióticos, sempre foi bastante difundido no setor avícola, uma vez que, proporcionam a obtenção de lotes com elevada uniformidade e conversão alimentar maximizada. Os benefícios zootécnicos são explicados através da manipulação da microbiota intestinal, inibindo o crescimento de microrganismos indesejáveis, consequentemente, excessivos desafios ao sistema imune e neutralizando toxinas provenientes da atividade bioquímica das bactérias intestinais. Apesar de todas as melhorias, em nível de fisiologia intestinal, desde janeiro de 2006, a União Europeia, uma das maiores importadoras de frango do Brasil, decidiu banir completamente o uso de antibióticos promotores de crescimento, devido as crescentes preocupações com a presença de resíduos em produtos animais para o consumo humano, que podem produzir reações alérgicas, toxicidade ou indução de surgimento de resistência em bactérias patogênicas (SANTOS et al., 2000; HUYGHEBAERT et al., 2011). Em virtude do novo panorama e buscando atender as exigências mercadológicas, existe a necessidade de criação de substitutos aos antibióticos melhoradores de desempenho, sem causar redução na produtividade e aumento nos custos de produção. Dentre estas alternativas destaca-se o uso de probióticos.    

Revisão Bibliográfica

Os probióticos foram definidos por FULLER (1989) como suplementos alimentares constituídos por microrganismos vivos que influenciam beneficamente o hospedeiro por favorecerem o equilíbrio da microbiota intestinal. Os modos de ação dos probióticos, conforme HUME et al. (2011), são: aderência aos sítios de ligação do epitélio intestinal competindo com outras bactérias patogênicas por exclusão competitiva; antagonismo direto através da produção de substâncias bactericidas; estimulação do sistema imune; facilitação da digestão e absorção de nutrientes; supressão da produção de amônia que pode ser tóxica para as células intestinais; neutralização de enterotoxinas; e redução do pH intestinal que inibe a colonização de bactérias patogênicas. GHAREEB et al. (2012) verificaram que o probiótico foi capaz de reduzir a colonização de Campylobacter jejuni no ceco de frangos infectados experimentalmente com C. jejuni. RIGOBELO et al. (2001) avaliaram o efeito do uso de probiótico em substituição aos antibióticos, os autores verificaram que entre o período de 8 a 21 dias, houve aumento no ganho de peso dos frangos tratados com probióticos quando comparados com o grupo tratado com antibiótico e o grupo controle. NUNES et al. (2011) constataram que a utilização de probióticos como promotores de crescimento não apresentam efeitos negativos sobre o desempenho e rendimento de carcaça. O efeito benéfico dos probióticos por meio da manutenção de um ambiente intestinal equilibrado, o estimulo do sistema imunológico e a produção de metabólitos, condiciona o animal a um intestino mais saudável, favorecendo os processos digestivos e absortivos o que, consequentemente, melhora o desempenho animal. Sendo assim, os probióticos podem ser uma alternativa tecnicamente viável aos antibióticos melhoradores de desempenho na alimentação de frangos de corte. Apesar disso, ainda há a necessidade de outros estudos para identificar a efetividade e eventuais diferenças entre os probióticos existentes no mercado brasileiro.

Materiais e Métodos

Foram alojados 960 pintos machos, da linhagem Cobb 500®, com um dia de idade, com peso médio de 43g, as aves foram distribuídas em 40 boxes individuais (1,0 x 1,5m). O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com quatro tratamentos e 10 repetições de 24 aves cada. Descrição dos tratamentos: Controle super positivo, inclusão de 15, 15, 15 e 10 g/ton de antibiótico (enramicina) nas fases pré-inicial, inicial, crescimento e final, respectivamente; controle positivo, inclusão de 10, 10, 10 e 5 g/ton de antibiótico (enramicina) nas fases pré-inicial, inicial, crescimento e final, respectivamente; controle negativo, sem a utilização de antibiótico; suplementação com probiótico (350 g/ton) durante todas as fases de alimentação. As aves foram alojadas em cama reutilizada de casca de arroz, com o intuito de ser um desafio sanitário. Vacinadas no incubatório contra a doença de Marek, e aos 14 dias de idade foram vacinadas contra a doença de Gumboro, via água de bebida. No primeiro, sétimo e 42o dia de idade foram realizadas pesagens das aves, da ração fornecida e sobras para cálculo dos dados de desempenho (peso final, ganho de peso, consumo de ração, conversão alimentar corrigida e viabilidade). As rações foram formuladas à base de milho e farelo de soja, segundo recomendações de ROSTAGNO et al. (2011). Os dados foram submetidos à análise de variância, e as médias comparadas pelo teste Tukey (5%). Foi utilizado o programa estatístico R.    

Resultados e Discussão

Observou-se que no período de um a sete dias de idade, o consumo de ração, o peso final, o ganho de peso, a conversão alimentar e a viabilidade não foram influenciados (p>0,05) pelos tratamentos utilizados (Tabela 1). Considerando os resultados de desempenho de um a 42 dias de idade, não foram observadas diferenças significativas entre os tratamentos (Tabela 2). Com base nos resultados, sugere-se que as condições experimentais foram insuficientes para provocar um desafio sanitário, o qual haveria vantagens na utilização do antibiótico e probiótico na ração. De acordo com UTIYAMA et al. (2006), há a necessidade de condições sanitárias adversas, para que os aditivos melhoradores de desempenho proporcionem melhores resultados.

Conclusões

O probiótico e o antibiótico nas condições e dosagens utilizadas não melhoram o desempenho.



Gráficos e Tabelas




Referências

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