Desempenho produtivo e reprodutivo de ovelhas mantidas em pastos diferidos em quatro alturas iniciais

Carolina Moreira Araújo1, Gilberto de Lima Macedo Junior2, Karla Alves Oliveira3, Manoel Eduardo Rozalino dos Santos4, Luciano Fernandes Sousa5, Erica Beatriz Schultz6, Marina Elizabeth Barbosa Andrade7, Diogo Silva Alves8
1 - Universidade Federal de Uberlândia
2 - Universidade Federal de Uberlândia
3 - Universidade Federal de Uberlândia
4 - Universidade Federal de Uberlândia
5 - Universidade Federal do Tocantins
6 - Universidade Federal de Viçosa
7 - Universidade Estadual Paulista
8 - Zootecnista

RESUMO -

O objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho produtivo e reprodutivo de ovelhas em quatro alturas iniciais de diferimento. O experimento foi conduzido na fazenda experimental Capim Branco da Universidade Federal de Uberlândia. Foram diferidos 12 piquetes no dia 16/03/2014 que permaneceram diferidos por três meses, com quatro alturas iniciais diferentes, sendo essas de 15, 25, 35, e 45 cm, e utilizados de 16/06 a 16/09/2014. Foram utilizadas 36 ovelhas sendo três em cada piquete resultando em nove repetições por tratamento, sendo fornecido proteinado aos animais em cocho. Foi realizada a mensuração de medidas corporais e peso a cada 21 dias durante o experimento. Analisou-se o comportamento ingestivo em 12 horas, observando em intervalos de 10 minutos se o animal estava ingerindo, ruminando ou ocioso. Os animais foram estimulados hormonalmente para apresentarem cio e posteriormente colocados com reprodutores para a monta natural. Foi utilizado ultrassonografia para avaliação de prenhez. O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado com medidas repetidas no tempo. Para a comparação dos resultados foi feita a análise de regressão a 5% de probabilidade. Alturas iniciais de diferimento com 35 cm resultam em maior tempo em ruminação pelos animais no período matutino. Os animais alimentados com pasto diferido inicialmente aos 35 cm apresentaram o maior tempo em pastejo e menor tempo em ruminação no período da tarde. Os animais no final do período experimental tiveram maior tempo médio de pastejo. Os animais dos tratamentos de 15 e 35 cm, passaram mais tempo em ócio no final do experimento em relação ao período de início, no período da tarde. Os tratamentos não influenciaram a atividade reprodutiva das ovelhas. De maneira geral as alturas iniciais de diferimento não afetaram o desempenho produtivo e reprodutivo dos animais, esses são mais influenciados pelo tempo de utilização de pastos diferidos.

Palavras-chave: biometria, diferimento, ovinos, pastagens, reprodução

Productive and reproductive performance of ewes kept on deferred pastures at four initial times

ABSTRACT - The objective of this study was to evaluate the productive and reproductive performance of sheep at four initial times of deferment. The experiment was conducted at the Capim Branco experimental farm of the Federal University of Uberlândia. 12 pickets were deferred on 03/16/2014 and deferred for three months, with four different initial heights, being 15, 25, 35, and 45 cm, and used from 06/16 to 09/16/2014. 36 ewes were used, three in each picket resulting in nine replicates per treatment, being provided protein to the animals in trough. Body measurements and weight were measured every 21 days during the experiment. Ingestive behavior was analyzed in 12 hours, observing at 10 minute intervals whether the animal was ingesting, ruminating or idle. The animals were hormonally stimulated to present estrus and later placed with reproducers for natural mating. Ultrasonography was used for pregnancy evaluation. The design was completely randomized with measures repeated over time. For the comparison of the results, the regression analysis was done at 5% of probability. Initial deferral height with 35 cm resulted in a longer time in rumination by the animals in the morning period. The animals fed with deferred pasture initially at 35 cm had the longest grazing time and the lowest time in rumination in the afternoon. The animals at the end of the experimental period had a longer average grazing time. The animals of the 15 and 35 cm treatments spent more leisure time at the end of the experiment compared to the start period in the afternoon. The treatments did not influence the reproductive activity of the sheep. In general, the initial deferral heights did not affect the productive and reproductive performance of the animals, these are more influenced by the time of use of deferred grasses.
Keywords: biometrics, deferment, sheep, pasture, reproduction


Introdução

Nos alimentos de origem vegetal os herbívoros encontram seus nutrientes que possibilitam o crescimento e produção animal. A produção de ruminantes em pastagens é importantíssima e inquestionável e isso pode se relacionar com o baixo custo de sua produção. Entretanto, a produção de forragens não é uniforme ao longo do ano, devido às mudanças climáticas que ocorrem ao longo do mesmo. Mudanças essas como temperatura, umidade, radiação solar entre outras (EUCLIDES et al., 2007). Gramíneas do gênero braquiaria concentram até 90% da sua produção de forragem na época das águas, que consiste no período de verão. Isso acarreta em decréscimo drástico na produção de forragem na época da seca. Existem algumas ferramentas para equilibrar a estacionalidade de produção das forragens ao longo do ano, dentre elas o pastejo diferido tem se mostrado uma boa alternativa devido ao baixo custo e facilidade de operação (EUCLIDES, et al., 2007). O diferimento da pastagem é uma estratégia de manejo de fácil realização, baixo custo e que garante estoque de forragem durante o período de sua escassez. Geralmente, a utilização do pasto diferido ocorre na época do ano de maior escassez de forragem em uma região e, assim, o início do diferimento determinará a duração do período de crescimento do pasto. Este período de diferimento deve ser fundamentado na rebrotação das plantas forrageiras, que é afetada por fatores climáticos e de manejo. O período de diferimento determina a idade do pasto no momento de sua utilização e influencia a produção, a composição morfológica e o valor nutritivo da forragem (SANTOS et al., 2009). O desempenho animal a pasto é objeto de estudo de vários pesquisadores, assim como os estudos em suplementação para os animais na época seca (DANTAS et al., 2008). O desempenho reprodutivo de um rebanho e a taxa de crescimento animal (desempenho produtivo) estão entre os principais componentes para o sucesso da produção. O nascimento de animais com maior velocidade de ganho em peso é necessário e pode ser obtido através de manejo nutricional e boa seleção genética, além do manejo nutricional das fêmeas gestantes (MEXIA et al., 2004). O presente trabalho visa observar os efeitos de quatro alturas de pastos diferidos sobre o desempenho e reprodução de ovelhas.

Revisão Bibliográfica

O Brasil tem uma extensa área de pastagens que deve ser explorada para obtenção de melhores índices na produção animal. Sabe-se que as forrageiras cultivadas no Brasil tem sua produção dividida em dois principais períodos conhecidos como 'período das águas', que pode ser entendido pelo verão, e o chamado 'período da seca', que pode ser entendido pelo inverno. SANTOS et al., (2004) afirmam que na estação da seca a produção de forragem é extremamente reduzida, a senescência de folhas e perfilhos é acelerada, e as pastagens tropicais, especialmente as mantidas sob pastejo, tem sua qualidade reduzida. Ainda de acordo com SANTOS et al., (2004) o diferimento é uma prática pouco realizada por pecuaristas do cerrado e afirmam ainda que essa é uma prática que favorece a persistência das pastagens, sobrevivência dos animais e aumento na taxa de lotação no período da seca. O diferimento de pastagens pode ser uma boa alternativa para o período de seca, já que podemos garantir uma boa massa de forragem em um período de escassez. O diferimento de pastagens é uma prática de fácil realização, de baixo custo e que garante um estoque de forragem durante um período de escassez (SANTOS et al., 2009a). O diferimento das pastagens é uma estratégia de manejo que se resume em selecionar certa área da pastagem e excluí-la do pastejo, geralmente no fim do verão, para garantir massa de forragem para utilização dos animais, sob pastejo, no período de escassez (SANTOS et al., 2009b). De acordo com HODGSON (1990) ocorrem dois processos durante o período de acúmulo de forragem, o crescimento e o desenvolvimento (incluindo a senescência), o que acaba exercendo influência na composição morfológica do pasto. Este manejo (diferimento das pastagens) pode trazer benefícios desde que sejam utilizadas forrageiras corretas e que o período de diferimento seja correto, além de outros fatores como a altura inicial do pasto diferido. Nesse sentido EUCLIDES et al., (2007), afirmam que as plantas forrageiras mais adequadas para este manejo são as que apresentam baixo acúmulo de colmos e boa retenção de folhas verdes que resulta em diminuição da queda do valor nutritivo das forragens. Nesse sentido as gramíneas do gênero Brachiaria apresentam boas características morfológicas, que possibilitam que essas gramíneas sejam utilizadas no pastejo diferido. A Brachiaria brizantha cv. Marandu possui colmo delgado, baixo porte, boa relação folha/colmo e possui bom valor nutritivo, por isso pode ser recomendada para a adoção da técnica do diferimento. É importante ressaltar que vários fatores influenciam na qualidade do pasto diferido. Fatores esses, como: a escolha da forragem adequada, a duração do diferimento da pastagem, o uso de adubos nitrogenados, a altura do pasto diferido entre outras (TEIXEIRA et al., 2011). Uma das principais medidas que devem ser tomadas para a realização do diferimento é a altura do pasto no início desse processo, pois a altura do pasto influencia a qualidade e as características do pasto. Para obter-se sucesso na produção animal em pastagens é de extrema importância que o produtor leve em considerações alguns pontos como a raça a ser utilizada, a nutrição, o tipo de alimentação, o tipo de pastagens, a estratégia alimentar, a sanidade, a adaptabilidade da raça, entre outros vários fatores. Os pequenos ruminantes, como os ovinos, são animais muito seletivos em relação a sua alimentação, o que pode gerar muitas perdas em pastagens, já que esses animais tendem a selecionar só o que lhes interessa. Mesmo com tudo isso é indiscutivel a importância de pastagens na alimentação de ruminantes, e de sua aplicabilidade no sistema de produção de ruminantes. Pensando assim é de extrema importância que pastagens de boa qualidade sejam fornecidas aos animais, para que os mesmos possam expressar seu valor genético, aumentando a produtividade. A energia é o nutriente mais limitante na produção de ovinos. Sua deficiência pode acarretar em vários problemas como aumento na idade a puberdade, retardamento de crescimento, redução de fertilidade, queda na produção, além de aumentar a susceptibilidade dos animais a parasitos (SUSIN, 1996), ou seja, aumentando a importância do conhecimento sobre produção animal em pastagens, visto que sua fonte primária de energia são os pastos, que são aproveitados pelos microorganismos ruminais e seu substrato é fonte de energia para o animal ruminante. Carnevalli, et al., (2001), afirma que pastos mantidos mais baixos propiciam maior desempenho do animal, pelo motivo da planta apresentar menor estrutura de parede celular, que caso contrário, dificultaria a digestibilidade do alimento. O autor afirma ainda que observou maiores desempenhos de ovinos mantidos em pastagens que ofereciam de 5 a 6% do peso vivo do animal. Tonetto et al., (2004) observou num experimento que, cordeiros mantidos em pastagens obtiveram rendimento de carcaça quente acima de 52% e ganho médio diário acima de 0,400 kg/dia. Dantas et al., (2008) afirmam que é possível terminar ovinos em pastagens com ou sem suplementação, dependendo do objetivo que se almeja alcançar, obtendo-se animais mais leves com pouco acabamento de gordura ou animais mais pesados com maior cobertura de gordura, o que causa essa variação é o nível de suplementação dos animais mantidos a pasto. MACÊDO (2014) afirma que a suplementação em pastos diferidos é uma boa alternativa, porém ressalta que é necessária a disponibilidade de forragem, mesmo que de baixo valor nutritivo. O mesmo autor descreve ainda que podem ocorrer efeitos substitutivos ou efeitos aditivos no consumo da forragem com a suplementação, com base em vários autores, o autor citado afirma que podem ser notados bons índices de produção em animais como elevados ganhos de peso, idade ao primeiro parto entre outros. A produção animal em pastagens é uma alternativa viável para os produtores, que podem garantir ganhos em quilo dos animais, bem como efeitos de caracterização de carcaça ou ainda efeitos benéficos em reprodução. Dessa forma, manter a qualidade das pastagens durante o ciclo de produção é fundamental para se alcançar certos objetivos, o que se encaixa na estratégia de diferimento das pastagens. A reprodução animal é de fundamental importância para o ciclo de produção, visto que é o determinante para introdução de animais jovens no sistema e ainda uma ferramenta de seleção do rebanho. Desse modo, fêmeas improdutivas não devem permanecer em um rebanho, visto que não estão contribuindo para a reposição do mesmo. Quando se considera o ciclo completo, ou seja, da fase de cria até a terminação o desempenho reprodutivo é um, se não o mais importante ponto a ser analisado, que é caracterizado por numero de crias desmamadas/matriz/ano. SILVA e ARAÚJO (2000) destacam a importância da reprodução, afirmando que vários fatores interferem em características como fertilidade, prolificidade e desmame, bem como o peso ao nascer, indicando que a idade das fêmeas é um ponto importante sobre essas características. CEZAR e SOUSA (2006) afirmam que vários são os efeitos ambientais que resultam em melhores taxas reprodutivas de um rebanho, destacando a nutrição que resulta em condições corporais adequadas para matrizes, principalmente em torno do período de monta e de parição, e que para as crias é de importância principalmente no abate, concluindo que a nutrição, então, torna-se fundamental para alcançar índices reprodutivos bem como qualidade no produto final que é a carcaça. Possivelmente os níveis de energia na alimentação são fundamentais para obter-se boas respostas reprodutivas em ovelhas, porém Nogueira et al., (2009), não observaram diferenças estatísticas para os índices reprodutivos de ovelhas submetidas a diferentes níveis energéticos e somente foi possível observar diferenças nos pesos das mesmas, o que já pode ter influenciado positivamente a reprodução. Sendo assim o estado fisiológico de plantas diferidas em diferentes alturas, pode influenciar na reprodução de ovelhas.

Materiais e Métodos

O experimento foi realizado na fazenda experimental Capim Branco, da Universidade Federal de Uberlândia, no setor de caprinos e ovinos. Foram utilizadas 36 ovelhas, com idade entre três e quatro anos, distribuídas em 12 piquetes formados de Brachiaria brizantha cv. Marandu, que foram diferidos no final da época das águas, o período de diferimento teve inicio em 17/03/2014 e fim em 17/06/2014, quando os animais entraram nos piquetes. Nesse período os piquetes foram adubados de acordo com a necessidade estabelecida pela análise de solo. A altura das plantas foi mantida em 30 cm com animais pastejando, e à um mês do início do experimento foram rebaixados aos devidos tratamentos aumentando ou diminuindo-se a taxa de lotação, de acordo com o tratamento desejado. Cada piquete recebeu três ovelhas, sendo que foram separados de acordo com a altura inicial de diferimento, sendo elas: 15, 25, 35 e 45 cm. Foram selecionados três piquetes para cada tratamento, resultando em nove repetições de animal por tratamento. As mensurações de peso corporal foram realizadas quatro vezes durante o período experimental (no início e depois a cada 21 dias). Na mesma data também foi avaliada a circunferência do barril (CB), região que compreende a área do vazio do animal, logo após as costelas. As ovelhas foram induzidas ao ciclo estral por administração hormonal e posteriormente, quando apresentaram cio, foram colocados reprodutores para a cobertura das mesmas. Para a manipulação hormonal foi utilizado CRESTAR® (MSD animal health), por sete dias nos animais. Após esse período foi retirado o implante progestágeno e aplicado prostaglandina nas fêmeas. Posteriormente, depois de 48 horas, foram expostas a monta natural com os reprodutores. Foram feitos dois grupos de animais separados em duas semanas, para uma boa relação macho/fêmea e facilidade de manejo. Foi usada a técnica de ultrassom nas ovelhas para diagnóstico de prenhez trinta dias após as coberturas. Foi fornecido proteinado aos animais no pasto, composto por Ureia, Farelo de Soja, Farelo de milho, sal branco e sal mineral específico para ovinos. Este era composto por 40% de proteína bruta, 20,48% de NDT e a matéria seca era de 92%. Todos os dias foram ofertados 60 gramas por cabeça do proteinado e medida a sobra no dia seguinte. Quando não havia sobra de concentrado nos cochos, era acrescido 10% a mais do proteinado até a obtenção de sobras. As análises dos componentes morfológicos da forragem foram feitos da seguinte forma: foram colhidas três amostras na parte central de cada subparcela, utilizando quadrado de vergalhão com 50 cm de lado x 0,5. O corte dos perfilhos foi ao nível da superfície do solo, com tesoura de poda. Em seguida, as amostras foram acondicionadas em sacos plásticos e, no laboratório, foram pesadas e subdivididas em duas subamostras. Uma delas foi pesada, acondicionada em sacos de papel e colocada em estufa com circulação forçada de ar a 65°C, durante 72 h, quando foi retirada e novamente pesada. A segunda subamostra foi separada em lâmina foliar viva, colmo vivo, lâmina foliar morta e colmo morto. Após a separação, os componentes foram secos em estufa com circulação forçada de ar a 65°C, durante 72 h, e pesados, mensurando também a quantidade de perfilhos vegetativos e reprodutivos por metro². A avaliação do comportamento ingestivo foi realizada em um período de 12 horas, sendo que a cada 10 minutos foi observado se as ovelhas encontravam-se em pastejo, ruminação ou ócio. Essa avaliação foi feita no início e final do período experimental (30 e 90 dias, respectivamente). Os dados foram tabelados de acordo com o período total de avaliações (6:00 am às 18:00 pm), em período matutino (6:00 am às 12:00 pm) e período vespertino (12:00 pm às 18:00 pm). O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado com medidas repetidas no tempo. Os dados referentes ao pasto são apresentados de forma descritiva. Os demais resultados foram comparados por estudo de regressão com 5% de probabilidade. Todos os dados foram submentidos a teste de normalidade e esfericidade. Os dados de escore corporal foram comparados por estatística não paramétrica.

Resultados e Discussão

A porcentagem de lamina foliar viva no final do experimento foi baixa em comparação com os períodos iniciais e medial, indicando menor valor nutritivo dos pastos (Tabela 1). Com avanço da maturidade da planta o conteúdo de parede celular, sobretudo o de lignina, aumenta, resultando em redução da digestibilidade da forragem, assim também, na época da seca o acúmulo de matéria seca da pastagem diminui e cresce a proporção de material morto (MOREIRA et al., 2004). Observou-se redução em perfilhos vegetativos dos piquetes durante o período experimental (Tabela 2), o que diminuiu a massa de forragem de qualidade para os animais no período final. Isso se deve ao fato de que existe redução no número de perfilhos em função da redução da altura dos pastos. Houve redução na qualidade nutricional do pasto ao longo do período de utilização. Isso fica evidenciado pela queda do número de perfilhos vegetativos para todos os tratamentos. Sendo assim, infere-se que os animais passaram a ser desafiados nutricionalmente, explicando resultados como queda no peso corporal e CB e capacidade de ingestão dos animais (SANTOS et al., 2008). Houve interação entre o período avaliado e o consumo médio de proteinado para os tratamentos 25, 35 e 45 cm (Tabela 3). Em média, o maior consumo de proteinado pelos animais foi na fase medial para final do experimento. Principalmente na altura de 45 cm, onde verificou-se equação linear crescente. Esse maior consumo de proteinado no final do experimento pode ser explicado pela queda na qualidade da forragem nesse período, onde houve menor proporção de lâmina foliar e perfilhos vegetativos (Tabelas 1 e 2), ou seja, o animal consegue dessa maneira suprir a exigência de proteína que está baixa no pasto. No período da seca a proteína tem sido considerada o nutriente mais limitante a produção animal, principalmente daqueles animais submetidos em gramíneas tropicais (CARVALHO et al., 2011). Nesse sentido a suplementação com fontes proteicas no período da seca torna-se uma boa alternativa, para minimizar os efeitos danosos à falta de nitrogênio das gramíneas. Carvalho et al., (2011), ao trabalhar com suplementação proteica observaram maiores ganhos de peso em relação a suplementações energéticas e minerais, para cordeiros em pastagens na seca. O suplemento no experimento do autor continha aproximadamente 39% de proteína bruta, o que se assemelhou com o suplemento do presente estudo (40% PB). Para as variáveis CB e peso corporal observa-se diferença apenas para o período, sendo os maiores valores encontrados no início do experimento (Tabela 3). Isso se deve ao fato de que os pastos diferidos, ao passar o tempo perdem seu valor nutritivo, o que fez com que os animais comessem menos e passassem mais tempo procurando alimento de qualidade principalmente no fim do experimento (Tabela 1). Assim, a queda de peso acompanha a capacidade ingestiva dos animais, visto que quanto menor a CB menor seria a capacidade de ingestão das ovelhas (Tabela 3). Não houve efeito dos diferentes tratamentos para os resultados de ECC (Tabela 3). Quando observamos os diferentes períodos analisados, nota-se que no fim do experimento, os animais apresentaram a maior média de escore, igualando os valores iniciais, porém nota-se também que no início do experimento o valor se igualou ao pior observado que foi no período medial. O ECC é uma analise feita para estimar a quantidade de energia e proteína acumulada, já que é a quantidade de tecido muscular e adiposo depositada pelo animal em certo estado fisiológico do ciclo produtivo (CEZAR e SOUSA, 2006). Podemos verificar que a média apresentada pelos animais desse estudo (2,12) estava baixa. Cezar e Sousa (2006) recomendam que para animais em fase próxima a estação de monta o escore de condição corporal desejável seja 3,0. Não houve efeito das diferentes alturas iniciais do diferimento e do período sobre os tempos médios em pastejo, ruminação e ócio no intervalo de 6:00 até 18:00 horas (Tabela 4). O capim - marandu (Urochloa brizantha cv. Marandu) é uma espécie recomendada para uso em diferimento de pastagens, perdendo lentamente seu valor nutritivo à medida que aumenta o período de dormência pela planta, assim como, apresenta alto potencial de produção de massa verde (MUNIZ e PRADO, 2011). Desse modo, as ovelhas que possuem alta habilidade seletiva, conseguiram retirar do pasto nutrientes para atender suas exigências, quanto à ingestão de matéria seca, degradação da forragem e aporte aos microorganismos, o que não afetou os tempos de pastejo, ruminação e ócio desses animais. A suplementação com proteinado pode ter reduzido os efeitos negativos no comportamento ingestivo. Houve efeito da altura inicial no período de diferimento sobre o tempo em ruminação das ovelhas no intervalo das 6:00 às 12:00h (Tabela 4), sendo os maiores valores observados nos tratamentos com 25 e 35 cm de altura. É possível que, a maior oferta de forragem nesses tratamentos, possibilitou que os ovinos tivessem maior taxa de ingestão de material e por isso, os animais apresentaram maior tempo em ruminação. Por outro lado, o tempo de ruminação foi menor nos animais alimentados com pasto diferido inicialmente com 45 cm (Tabela 4), possivelmente devido ao fato de que os animais demandaram maior tempo na procura de alimento de melhor qualidade. Além de que, a pior estrutura do pasto dificultou a ingestão de forragem, devido à maior proporção de colmo e material morto (Tabela 1), o que levou ao menor consumo de alimento e isso ocasionou menor tempo em ruminação. Houve efeito da altura inicial de diferimento e do período de avaliação sobre o tempo médio de pastejo e ruminação no período da tarde (Tabela 4). Os animais alimentados com pasto diferido em 35 cm apresentaram o maior tempo em pastejo e menor tempo em ruminação. O que indica que pastos diferidos com 35 cm não favorecem a ingestão de alimento pelos animais. Quando se analisa para o período da tarde, é possível ver que os animais ficaram mais tempo em pastejo no final do experimento (Tabela 4). Esse fato pode ser inter-relacionado com o peso e circunferência do barril dos animais (Tabela 3) e ainda com o consumo do proteinado (Tabela 3). Ao passar do tempo, o pasto perdeu seu valor nutritivo (Tabelas 1 e 2), o que exigiu que os animais andassem mais pelo piquete a procura de alimento de qualidade. Percebendo a falta de qualidade do pasto os animais tendem a substituir o alimento volumoso pelo concentrado a fim de manter suas exigências de mantença e a capacidade de ingestão da forrageira cai, resultando em queda no peso e possivelmente na diminuição da circunferência do barril, além de que essa demanda maior por alimento de qualidade fez com que os animais andassem bastante, resultando em gasto de energia, explicando, também, a queda em peso. Os animais dos tratamentos de 15 e 35 cm passaram mais tempo em ócio no final do experimento em relação ao período de início, no período da tarde (Tabela 4). Corroborando com esta afirmativa, nota-se que a estrutura do pasto no tratamento 15 cm possibilitou que os animais andassem menos a procura de alimentos de melhor qualidade. Os animais desse tratamento apresentaram menor tempo de pastejo (Tabela 1). Os animais do tratamento 35 também apresentaram maior tempo em ócio no período da tarde. Contudo, nota-se que esses passaram mais tempo pastejando no período da tarde e menor tempo ruminando (Tabela 4). Assim, explicando o maior tempo em ócio, simplesmente pelo fato de que os animais gastaram muito tempo a procura de alimento de qualidade, ingeriram pouco, resultando em queda na ruminação assim sobrando mais tempo para atividades como o ócio. O tempo de pastejo foi menor durante o período da tarde (Tabela 4), evidenciando que os animais procuram pastejar em períodos cuja temperatura ambiente seja menor, buscando sombra, para desempenhar atividades de ruminação e ócio (PARENTE et al., 2007). Não houve diferença estatística entre animais gestantes e não gestantes para os diferentes tratamentos (Tabela 5). Mesmo na comparação entre os tratamentos não foi verificada diferença significativa para os parâmetros. O maior índice de animais gestantes foi observado nos animais do tratamento 25, mesmo sem diferença estatística. A função reprodutiva é uma das primeiras a sofrer com o desbalanço nutricional, primeiramente resultante na falha entre o ajuste da disponibilidade de nutrientes e seus requerimentos pelos animais. A energia é o principal limitante para boas condições reprodutivas, mesmo outros nutrientes como proteínas e minerais terem sua importância, a energia é considerada o elemento mais limitante (CEZAR E SOUSA, 2006). Sendo assim, pode se afirmar que as condições de energia dos tratamentos foram próximas, não interferindo potencialmente na reprodução dos animais, mesmo havendo tratamento com 88% (25cm) de prenhez e outro com 44% (15cm). De acordo com Mori et al., (2006) a suplementação com milho triturado antes e depois da estação de monta pode influenciar positivamente a reprodução de ovelhas. Indicando que a suplementação energética pode ser favorável à condição de ovelhas destinadas a reprodução. Apesar de não haver diferença significativa entre os resultados, é importante ressaltar que 22 ovelhas das 36 do experimento ficaram gestantes, o que significa 61%. O que se assemelha aos valores encontrados por Biehl et al., (2009), que encontraram 61,1% de taxa de prenhez em ovelhas Santa Inês submetidas a monta natural após sincronização do cio, porém alimentadas com cana de açúcar, o que indica que os resultados desse estudo são, no mínimo, razoáveis. Mexia et al., (2004), trabalhando com ovelhas Santa Inês a pasto, com a estação de monta no inicio da estação seca, obtiveram um índice de gestação de 86% com taxa de parição de 68%, indicando possivelmente que nessa fase o estado nutricional das forrageiras é melhor do que no final da seca.

Conclusões

As maiores alturas da planta e o avanço no período da seca pioraram as respostas dos animais em todas as variáveis analisadas. O fato das ovelhas terem apresentado 61% de fertilidade indica que esse manejo de diferimento possa ser viável, desde que se forneça suplementação energética e proteica aos animais.

Gráficos e Tabelas




Referências

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