Efeito da associação de grãos secos e úmidos nas características morfometricas da carcaça de cordeiros

Leticia Moraes de Vito1, Marina Gabriela Berchiol da Silva2, Jessica Moraes Malheiros3, Marco Aurélio Factori4, Paulo Roberto de Lima Meirelles5, Guilherme Costa Venturini6, Ciniro Costa7
1 - Universidade Estadual Paulista (UNESP)/FMVZ, Botucatu
2 - Universidade Estadual Paulista (UNESP)/FMVZ, Botucatu
3 - Universidade Estadual Paulista (UNESP)/FMVZ, Botucatu
4 - Universidade Estadual Paulista (UNESP)/FMVZ, Botucatu
5 - Universidade Estadual Paulista (UNESP)/FMVZ, Botucatu
6 - Universidade Estadual Paulista (UNESP)/FMVZ, Botucatu
7 - Universidade Estadual Paulista (UNESP)/FMVZ, Botucatu

RESUMO -

O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito das associações de grãos secos e úmidos nas características de carcaça de cordeiros.Foram utilizados 60 animais Suffolk x Santa Inês, confinados por 75 dias. Os tratamentos foram: sorgo seco triturado e silagem de grãos úmidos de sorgo (SS:SU); milho seco triturado e silagem de grãos úmidos de sorgo (MS:SU); milho seco triturado e silagem de grãos úmidos de milho (MS:MU); sorgo seco triturado e silagem de grãos úmidos de milho (SS:MU). Dentre as características fenotípicas de peso e morfometricas o peso ao abate (PA) e peso da carcaça quente foram significativamente diferentes (p<0,01), assim como a largura de garupa, perímetro da garupa, escore de carcaça, entre as dietas utilizadas. A menor média para a alimentação MS:MU pode ser devido a quantidade de MS fornecido nesta dieta e as melhores características morfometricas foram observadas em MS:SU. Associação de grãos secos e úmidos de milho e sorgo podem auxiliar na qualidade da carcaça.

Palavras-chave: grãos secos, peso da carcaça quente, rendimento de carcaça, silagem de grãos úmidos

Effect of dry and wet grains associations on the morphometric traits of the carcass of lambs

ABSTRACT - The aim of this paper was to evaluate the effect of dry and wet grains on carcass traits of lambs.Were used 60 animals Suffolk x Santa Inês, feedlot for 75 days.The treatments were: crushed sorghum dry and moisture sorghum silage grain (SS:SU); crushed corn dry and moisture sorghum silage grain (MS:SU); crushed corn dry and moisture corn silage grain (DM:MU); crushed sorghum dry and moisture corn silage grains (SS:MU).Among the phenotypic traits of weight and morphometrics, the slaughter weight (PA) and hot carcass weight (PCQ) were significantly different (p <0.01), as well as the hind width (LG), hind perimeter, carcass score (EC), between the diets used.The lowest mean for feed MS:MU may be due to the amount of MS provided in this diet and the best morphometric traits were observed in the MS:SU.Association of dry and moist grains of corn and sorghum can aid in the quality of the carcass.
Keywords: carcass yield, corn dry grain, hot carcass weight, moisture silage grain


Introdução

Nos últimos anos tem ocorrido grande crescimento da ovinocultura de corte no Brasil. Para tanto, exige-se sistemas de produção organizados e consequentemente, crescente utilização de confinamentos.Com esta estratégia seria possível satisfazer tanto o produtor quanto o consumidor, uma vez que é possível reduzir o ciclo de produção e assim, disponibilizar ao mercado consumidor, carcaças de animais jovens e, consequentemente, de carne de alta qualidade (URANO et al., 2006). As metas da ovinocultura brasileira possuem como objetivo buscar produtos de maior qualidade e com custos de produção viáveis. Nessas condições, há um aumento crescente da demanda por fornecimento de alimentos de baixo custo e que permitam um bom desempenho animal. Os grãos de cereais são a principal fonte de energia nas dietas de ruminantes confinados, e a ensilagem como forma de armazenamento normalmente propicia resultados satisfatórios, com isso, o objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito das associações de grãos secos e úmidos nas características de carcaça de cordeiros.

Revisão Bibliográfica

Em recente revisão de 41 estudos, que avaliaram a digestibilidade ruminal e total do amido dietético foi observado que mais de 50% das 161 dietas avaliadas utilizaram o grão de milho como fonte principal de amido (PATTON et al., 2012). Estudos prévios que avaliaram a fermentabilidade de fontes de amido utilizaram com sucesso silagem de grão úmido ou milho floculado como meios de aumento na digestibilidade do amido (Bradford & Allen, 2007). Ítavo et al. (2006) avaliaram o efeito da substituição do milho seco moído por silagem de grãos úmidos de milho e sorgo (35% da ração total) sobre o desempenho de cordeiros terminados em confinamento e observaram diferença estatística entre as dietas experimentais, onde, os grãos de milho e sorgo ensilados úmidos proporcionaram melhores ganhos de peso.

Materiais e Métodos

Foram distribuídos aleatoriamente 60 cordeiros machos não castrados, com 60 dias de idade, mestiços Suffolk x Santa Inês no delineamento experimental em blocos casualizados, com 4 tratamentos e 3 repetições (baias), com cinco cordeiros por repetição, onde permaneceram em confinamento por 75 dias no campus da Unesp de Botucatu-SP. Os tratamentos utilizados foram: sorgo seco triturado e silagem de grãos úmidos de sorgo (SS:SU); milho seco triturado e silagem de grãos úmidos de sorgo (MS:SU); milho seco triturado e silagem de grãos úmidos de milho (MS:MU); sorgo seco triturado e silagem de grãos úmidos de milho (SS:MU). O volumoso utilizado foi a silagem de planta inteira de milho processada segundo as recomendações de Factori et al., 2008. O fornecimento da alimentação foi à vontade, sendo 40% no período da manhã (8h) e 60% à tarde (16h). Os cordeiros foram pesados antes do abate (Kg) e após o abate forem registrados peso da carcaça quente (PCQ) e rendimento de carcaça (RC). Depois do resfriamento das carcaças por 24 horas foram avaliadas a morfometria na meia carcaça esquerda mediante ao uso de fita métrica para medidas circulares e de régua, compasso e ovinômetro para as medidas lineares como: comprimento externo da carcaça (CEC), largura de garupa (LG), perímetro da garupa (PG), largura do tórax (LT), profundidade do tórax (PT), perímetro da perna (PP), e comprimento da perna (CP). O escore de carcaça (EC) foi realizado de forma subjetiva com notas de 1 à 5. Os dados foram submetidos à análise de variância pelo modelo linear geral (GLM), e as médias foram comparadas pelo teste Tukey.

Resultados e Discussão

O peso de abate e rendimento de carcaça quente dos animais foram significativamente diferentes (p<0,01) entre as dietas utilizadas no presente estudo sendo apenas o peso da carcaça quente seminfluência significativa (p>0,01) entre as dietas (Tabela 1). Em relação ao peso final, a dieta contendo SS:MU apresentou o menor desempenho em relação a SS:SU, mas não em relação as demais (Tabela 1).  Avaliando diferentes composições da dieta para avaliar características quantitativas e qualitativasda carcaça de ovinos Santa Inês foi observado que o nível de concentrado na dieta foi significativamente diferente (p<0,01) para as características de carcaça dos ovinos (MARQUES et al., 2016). Entretanto, quando se avalioudados de peso de carcaça quente e fria, rendimento de carcaça quente e fria e índice de quebra ao resfriamento, as variáveis não apresentaram diferenças significativas (p<0,01), mesmo com a inclusão de casca de soja(CARVALHO et al., 2015). Segundo estes autores o resultado observado pode ter ocorrido devido os animais terem sidos abatidos com pesos semelhantes. No presente estudo (Tabela 1), verifica-se que animais com maiores peso ao abate apresentaram o menor rendimento de carcaça quente, contrário aos animais com menores pesos ao abate. Na Tabela 2, as diferentes dietas proporcionaram diferenças significativas (p<0,01) sobre as características LG, PG, EC. Dentre as dietas, para as três características influenciadas observa-se que a menor média foi quando os animais foram alimentados com MS:MU. Entretanto esta dieta não foi estatisticamente diferente (p>0,01) da SS:SU e SS:MU. Medeiros et al. (2009), também não encontraram significâncias (p<0,01) para seus diferentes planos nutricionais sobre as características perímetro torácico e largura da garupa.Porém, trabalhando com medidas objetivas e composição tecidual da carcaça de cordeiros, Garcia et al. (2006) observaram efeito significativo dos tratamentos (p<0,01) para a profundidade do tórax e para o comprimento externo da carcaça. A menor média para a alimentação MS:MU pode ser devido a quantidade de MS fornecido nesta dieta observado também por Vampre, (2000) quando substituiu o milho seco triturado por milho úmido.

Conclusões

Os resultados apresentados sugerem que estratégias na associação de grãos secos e úmidos de milho e sorgo podem ser utilizadas na alimentação de cordeiros, no intuito de produzir carcaça de qualidade. Porém, a associação de milho seco triturado e silagem de grãos úmidos de sorgo proporcionaram melhores características morfometricas na carcaça de cordeiros confinados.

Gráficos e Tabelas




Referências

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