DESENVOLVIMENTO CORPORAL DE BORREGAS MESTIÇAS RECEBENDO AMINOÁCIDOS PROTEGIDOS NA RAÇÃO

Tamires Soares de Assis1, Carolina Moreira Araújo2, Gilberto de Lima Macedo Junior3, Karla Alves de Oliveira4, Simone Pedro da Silva5, Maria Júlia Pereira de Araújo6, Thuane Ariel Valadares de Jesus7, Adriana Lima Silva8
1 - Universidade Federal de Uberlândia
2 - Universidade Federal de Uberlândia
3 - Universidade Federal de Uberlândia
4 - Universidade Federal de Uberlândia
5 - Universidade Federal de Uberlândia
6 - Universidade Federal de Uberlândia
7 - Universidade Federal de Uberlândia
8 - Universidade Federal de Uberlândia

RESUMO -

Objetivou-se avaliar o efeito da inclusão de aminoácidos protegidos (lisina e metionina) sobre o desenvolvimento corporal de borregas mestiças. Utilizou-se 20 borregas, distribuídas em delineamento ao acaso em quatro baias (duas para cada tratamento), totalizando dez repetições. Os tratamentos consistiam em: inclusão de 4% de aminoácidos protegidos (AAp) no concentrado; e sem inclusão. A cada 15 dias mensurou-se a altura do anterior (AA) e do posterior (AP), circunferência torácica e do barril, largura de peito, comprimento corporal e escore de condição corporal (ECC), por 75 dias. As médias foram comparadas pelo teste SNK e os períodos através de regressão a 5% de probabilidade. O ECC apresentou aumento (P>0,05) a partir dos 45 dias de experimento. Houve interação entre tratamento e período para AP, apresentando aumento linear. A utilização de AAp (lisina e metionina) ao nível de 4% de inclusão não altera o desenvolvimento corporal de borregas mestiças.

Palavras-chave: biometria, borregas, lisina, metionina

BODY DEVELOPMENT OF MESTIQUE BORREGES RECEIVING AMINO ACIDS PROTECTED IN RATIO

ABSTRACT - The objective of this study was to evaluate the effect of the inclusion of protected amino acids (lysine and methionine) on the body development of mestizo lambs. Twenty lambs were randomly assigned to four stalls (two for each treatment), totaling ten replicates. Treatments consisted of: inclusion of 4% protected amino acids (AAp) in the concentrate; and without inclusion. The height of the anterior (AA) and posterior (AP), chest and chest circumference, chest width, body length and body condition score (ECC) were measured every 15 days for 75 days. The means were compared by the SNK test and the periods by regression at 5% probability. ECC presented increase (P>0,05) from the 45 days of experiment. There was interaction between treatment and period for PA, presenting linear increase. The use of AAp (lysine and methionine) at the 4% inclusion level does not alter the body development of mestizo lambs.
Keywords: Biometrics, lambs, lysine, methionine


Introdução

A exigência real do ruminante é por aminoácidos e não propriamente por proteínas, sendo assim, faz-se necessário fornecer aminoácidos sintéticos nas dietas. Entretanto, quando fornecidos na forma livre, são rapidamente degradados no rúmen e não chegam ao intestino delgado, onde são necessários para atender a exigência de proteína metabolizável. Desta forma, a inclusão de aminoácidos protegidos da degradação ruminal permite que parte dos aminoácidos presentes nas dietas atinja o intestino delgado, e juntamente com a proteína microbiana e proteína endógena sejam capazes de suprir os requerimentos de aminoácidos na proteína metabolizável. Diante do exposto, objetivou-se avaliar a o efeito da inclusão de aminoácidos protegidos (lisina e metionina) sobre o desenvolvimento corporal de borregas mestiças.

Revisão Bibliográfica

Dentre os aminoácidos essenciais, a lisina e metionina são considerados os mais limitantes, não sendo encontrados em quantidades suficientes nos alimentos para atender a exigência nutricional destes animais (MELO, 2011). A inclusão de aminoácidos protegidos da degradação ruminal permite que parte dos aminoácidos presentes nas dietas alcance o intestino delgado, e juntamente com a proteína microbiana e proteína endógena sejam capazes de suprir os requerimentos de aminoácidos do ruminante, a fim de maximizar o desempenho produtivo (VALADARES FILHO, 1997). Através da avaliação de medidas biométricas é possível mensurar diversas características ligadas à natureza morfológica (peso, altura) e fisiológica (vida útil, intervalo entre gerações, entre outras) dos animais (CEZAR et al., 2007), tornando-se assim, uma importante ferramenta para ser utilizada dentro dos sistemas de produção.

Materiais e Métodos

O experimento foi conduzido na Fazenda Experimental Capim Branco da Universidade Federal de Uberlândia, no setor de ovinos e caprinos, durante os meses de junho a agosto de 2016. Foram utilizadas 20 borregas mestiças ¾ Dorper x ¼ Santa Inês, com aproximadamente seis meses de idade e peso corporal médio de 38 kg, as quais foram distribuídas aleatoriamente em quatro baias de piso ripado, sendo cinco animais para cada baia e duas baias para cada tratamento, totalizando dez repetições por tratamento. Os animais receberam diferentes dietas de acordo com os seguintes tratamentos: concentrado com inclusão de 4% de aminoácidos protegidos (Lis + Met) e concentrado sem inclusão de aminoácidos (Controle). As dietas eram compostas por silagem de milho e concentrado (Tabela 1) e balanceadas para ganhos de 200g/dia segundo NRC (2007). As baias continham saleiro, bebedouro e cocho coletivo. A oferta da ração foi realizada duas vezes ao dia (8 e 16h), sendo ofertada a mesma quantidade nos dois horários. Para acompanhamento do consumo pelos animais, as sobras de ração foram pesadas todos os dias pela manhã. Para determinação das medidas biométricas mensurou-se altura do anterior (AA), altura do posterior (AP), circunferência torácica (CT), circunferência do barril (CB), largura de peito (LP), comprimento corporal (CC) e escore de condição corporal (ECC). Para análise do ECC utilizou-se o método proposto por McMANUS et al., (2010), palpando-se a região lombar dos animais e atribuindo-se notas de 1 a 5. Essas avaliações foram realizadas a cada 15 dias durante o período experimental, totalizando 75 dias de experimento. O delineamento experimental foi inteiramente ao acaso com dez repetições por tratamento. As médias foram comparadas pelo teste SNK a 5% de probabilidade. Já as comparações entre períodos foram feitas através da análise de regressão, também a 5% de probabilidade. Os dados de ECC foram comparados utilizando-se estatística não paramétrica (KRUSKAL e WALLIS, 1952).

Resultados e Discussão

Não houve efeito da utilização de aminoácidos protegidos sobre as medidas biométricas (P<0,05) AA, CT, CB, LP e CP (Tabela 2) das borregas. Sendo assim, pode-se inferir que ambos tratamentos se mostraram eficazes para promover desenvolvimento corporal adequado dos animais. Costa Junior (2006), encontrou valores semelhantes ao do presente estudo, sendo de 68,2±5,1, 67,6±6,0 e 75,9±8,3 cm respectivamente para AA, CC e CT, para borregas mantidas em sistemas de médio nível tecnológico (criação em pastagem nativa e cultivada, com suplementação alimentar na entressafra).

Houve efeito do período sobre o ECC (Tabela 2), sendo que a partir dos 45 dias de experimento os animais tiveram aumento no ECC. Os animais do presente estudo apresentaram ECC dentro do desejável (2,5 a 3,5), sendo classificados como bom escore (McMANUS et al., 2010). Tais resultados demonstram que tanto o a utilização de aminoácidos protegidos, quanto o uso de fonte de proteína degradável no rúmen utilizada no tratamento controle foram capazes de manter os animais dentro do padrão de ECC indicado, gerando benefícios para o sistema de produção, principalmente no que se refere à reprodução. De acordo com Albuquerque et al., (2007) ovelhas com ECC acima ou igual a 2,5 apresentam melhor desempenho reprodutivo quando comparado com animais com ECC mais baixo. Sendo assim, ao final do experimento os animais encontravam-se aptos para entrarem na fase reprodutiva.

Houve efeito de interação entre os tratamentos e o período avaliado para a medida de AP (Tabela 2), apresentando aumento linear durante o experimento. Resultados semelhantes foram encontrados por Costa Junior (2006), sendo de 68,1±4,9 cm, para borregas mantidas em sistemas de médio nível tecnológico. Este aumento pode estar relacionado com a idade dos animais, pois os mesmos encontravam-se em plena fase de desenvolvimento.



Conclusões

A utilização de aminoácidos protegidos (lisina e metionina) ao nível de 4% de inclusão não altera o desenvolvimento corporal de borregas mestiças.

Gráficos e Tabelas




Referências

Albuquerque F. H. M. A. R., Martins G. A., Rogério M. C. P., Memória H.Q., Sousa, R. T., Simeão R. S. F., Sales, C. M. P. V., Magalhães A. F.B. & Macedo Júnior G. L. 2007. Efeito da condição corporal antes da estação monta sobre o desempenho produtivo de ovelhas Santa Inês. Anais XVII Congresso Brasileiro de Zootecnia, 29 a 31 mai, Londrina,PR.1 CD-ROM. CEZAR, M.F.; SOUSA, W.H. Carcaças ovinas e caprinas: obtenção, avaliação e classificação. Uberaba, MG: Edit. Agropecuária Tropical, 2007. COSTA JÚNIOR, G.S.; CAMPELO, J.E.G.; AZEVÊDO, D.M.M.R et al. Caracterização morfométrica de ovinos da raça Santa Inês criados nas microrregiões de Teresina e Campo Maior, Piauí. Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, n.6, p.2260-2267, 2006. KRUSKAL, W. H; WALLIS, W. A. Use of ranks in one-criterion variance analysis. Journal American Statistical Association, v.47, p. 583-621, 1952. McManus C, Seixas L, Melo C.B. Escore Corporal. INCT: Informação Genético-Sanitária da Pecuária Brasileira. Série Técnica: Genética. 31p. Disponível em: http://www.animal.unb.br/imagens/Serie_tecnica_escore_corporal.pdf. Acesso em: 14 de novembro de 2016. MELO, A. H. F. Suplementação com análogo de metionina HMB (2-hifroxi-4-(metil) ácido butâmico) em dieta de bovinos da raça Nelore terminados em confinamento. Goiânia , 2011. 79f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal), Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás, Goiânia-GO. National Research Council. Nutrient requirements of small ruminants: sheep, goats, cervids and new world camelids. Washington: National Academy Press, 2007. 362p. VALADARES FILHO, S.C. Digestão pós-ruminal de proteína e exigências de aminoácidos para ruminantes In: DIGESTIBILIDADE EM RUMINANTES, 1997, Lavras. Anais... Lavras: Universidade Federal de Lavras, 1997. p.87-113.