Aspectos da demanda por carne de frango do município de Paragominas-Pará

Albert Araújo Silva1, Alaire Franco Tavares2, David Deivson de Sousa Castro3, Jamilly Gomes Damasceno4, Marcelo Chaves Morais5, Rafael Aquino de Oliveira6, Vitor de Oliveira Araújo7, Paula Cristiane Trindade8
1 - Universidade Federal Rural da Amazônia - Campus Paragominas
2 - Universidade Federal Rural da Amazônia - Campus Paragominas
3 - Universidade Federal Rural da Amazônia - Campus Paragominas
4 - Universidade Federal Rural da Amazônia - Campus Paragominas
5 - Universidade Federal Rural da Amazônia - Campus Paragominas
6 - Universidade Federal Rural da Amazônia - Campus Paragominas
7 - Universidade Federal Rural da Amazônia - Campus Paragominas
8 - Universidade Federal Rural da Amazônia - Campus Paragominas

RESUMO -

O objetivo através deste estudo foi caracterizar o consumo de carne de frango no município de Paragominas. Adotou-se o método survey de coleta de dados, com aplicação de questionários com perguntas abertas e fechadas. Foram entrevistados, aleatoriamente, 256 participantes em açougues, supermercados, feiras livres e boutiques de carne, os quais responderam o questionário. A preferência de consumo de carne foi de 57,42% bovina, 40,23% frango, 1,56% pescados e 0,78% suína. O consumo de carne de frango semanal foi de 3kg. A carne de frango ainda é a principal substituta da carne bovina. A população de Paragominas possui potencialidades para o consumo de carne de frango, tendo preferências diversificadas, com maior aceitação para o frango inteiro e o corte do peito. Possibilitando assim, perceber uma tendência pela procura e compra de produtos com qualidade e não apenas pelo seu preço.

Palavras-chave: consumo, mercado, produtos, qualidade

Demand aspects of poultry meat in the municipality of Paragominas, Pará

ABSTRACT - The objective of this study was to characterize the consumption of poultry meat in the municipality of Paragominas. The survey method of data collection was utilized, with the application of questionnaires regarding open and closed questions. Two hundred fifty-six participants were randomly interviewed in butcheries, supermarkets, free markets and meat boutiques. The meat consumption preference was 57.42% for beef, 40.23% for poultry, 1.56% for fish and 0.78% for pork. The amount consumed in average of poultry meat by week were 3kg. Poultry meat is still the main substitute for beef. The population of Paragominas possesses potentialities for the consumption of chicken meat, having diverse preferences, with greater acceptance of the whole poultry and breast. It is possible to perceive a tendency towards the demand and purchase of products with quality and not only for its price.
Keywords: consumption, market, products, quality


Introdução

Na Região Norte, a evolução da criação de frango de corte em dez anos foi de 6%, sendo o rebanho paraense o maior da região Norte do país. (FAPESPA, 2015). A criação de frangos de corte no estado tende a crescer impulsionado pela expansão da Zootecnia de precisão no setor e pelo crescimento da produção de soja e milho na região. Um dos municípios que tem obtido crescimento significativo na agropecuária é Paragominas. Em Paragominas a produção de frangos de corte se destaca por possuir um frigorifico com inspeção municipal, o que facilita o abastecimento interno diminuindo os custos para distribuição, movimentando a economia da cidade. Entretanto ainda são escassos os estudos que avaliam as potencialidades do consumo de frango e seus derivados no município. O objetivo do trabalho foi avaliar a cadeia produtiva de frango e seus derivados no município de Paragominas região Sudeste paraense.

Revisão Bibliográfica

De acordo com a União brasileira de avicultura (UBABEF, 2011) a avicultura está presente no Brasil desde a chegada dos portugueses, que junto com as primeiras caravelas chegaram ao litoral do país. Em 1972 ocorreu um marco importante na avicultura brasileira, cerca de 2.500 toneladas de carne de frango foram destinadas ao exterior, em seguida a busca por qualidade e sanidade dos produtos tornou-se prioridade, assim como a padronização para o mercado internacional, desse modo, os produtos foram sendo difundidos no mercado interno com consequente aumento de consumo (UBA, 2008). Nesse contexto, o consumo de carnes pela população brasileira teve um crescimento considerável, no período de 1997 o consumo da carne de frango era 3,8 milhões e em 2005 em torno de 6,6 milhões de toneladas (UBA, 2008). Em 2014 o consumo chegou a 8,6 milhões de toneladas (ABPA, 2015). A avicultura foi um dos setores que mais cresceu nas últimas décadas (MAPA, 2013). Essa atividade corresponde ao terceiro maior PIB do agronegócio nacional, com um valor estimado em 55 bilhões de reais e também gerou 3,56 milhões de empregos no ano de 2012 (TURRA, 2014). A carne de frango é uma das carnes mais apreciadas pelo consumidor, que, devido mudança de vida ao longo dos anos, possui novas escolhas. Conforme Silva; Mendonça (2005), essa mudança se deve ao conceito de que a carne de frango é uma carne mais saudável, por ser digerida mais facilmente e possuir menos gordura se comparada a carne vermelha; também por ser a mais barata em relação as outras. Referente aos produtos derivados da carne de frango vale ressaltar que a acessibilidade aliado ao baixo custo, alta tecnologia, melhoramento genético e nutricional contribui para o aumento da produção e consequentemente do consumo dos produtos oriundos da carne de frango. Além de todas essas e outras características, a desmistificação nos últimos anos da presença de hormônio e malefícios a saúde humana da carne de frango, tem contribuído significativamente com esse crescimento e expansão dos produtos avícolas no Brasil (UBA, 2009).

Materiais e Métodos

O estudo foi realizado no município de Paragominas, Sudeste do estado do Pará. Adotou-se o método Survey (GIL, 2008), para a aplicação de questionários estruturados, com questões organizadas em blocos sobre o consumo de carne de frango no município. O questionário foi composto por perguntas com o objetivo de avaliar as preferencias do consumidor de carne de frango. O questionário foi dividido em níveis hierárquicos agrupados em blocos onde: o primeiro bloco referiu-se as variáveis socioeconômicas dos entrevistados, o segundo bloco abordou questões sobre a demanda por carne de frango. A definição do número de entrevistados (n=256) baseou-se considerando um erro amostral máximo de 5% para a população de 108.547 mil habitantes (IBGE, 2016). Foi formada uma equipe de quatro pessoas treinadas para a realização da enquete, as abordagens formam feitas aleatoriamente em açougues, feiras-livres, mercados e boutique de carne, onde foram feitas perguntas relevantes ao tema proposto durante os meses de janeiro e fevereiro de 2017. Os dados foram tabulados utilizando o programa Microsoft Excel®, posteriormente foram realizadas as análises estatísticas descritivas e inferenciais.

Resultados e Discussão

Dentre os 256 entrevistados 57,25% eram homens e 42,75% mulheres, com idade média de 36 anos, máximo de 76 e mínimo de 18 anos. O que indica que a maioria dos participantes possui opinião formada sobre o consumo de carne de frango o que pode ser associado a conhecimentos empíricos adquiridos durante a vida dos entrevistados. Foi observado que os consumidores de Paragominas possuem em sua maioria 50% o ensino médio completo, demonstrando mais esclarecimento nas respostas influenciando no momento da compra, pois aprendizado formal pode favorecer com que haja a diferenciação na escolha dos consumidores. Dos 256 entrevistados aproximadamente 50% possuem faixa salarial abaixo de um salário mínimo e meio. Em relação a ordem de preferência de consumo de carne foi possível observar que 57,42% dos entrevistados tem preferência por carne de bovinos, 40,23% por carne de frango, 1,56% pescados e 0,78% suínos (Figura 1). O consumo médio semanal de carne de frango é três quilos demonstrando que a carne de frango ainda é a principal substituta da carne bovina. A renda mensal do entrevistado influencia diretamente nas condições de consumo do produto, sendo que as pessoas que possuem maior poder aquisitivo, geralmente preferem a carne bovina ou cortes mais nobres da carne de frango. Em relação ao hábito de consumir ou não carne de frango no município de Paragominas, 99,2% dos entrevistados possuem hábito de consumir carne de frango e apenas 0,8% não consomem carne de frango, dentro deste público que não consome, todos afirmaram que o motivo é ocasionado por não apreciar o sabor da carne. Dentre os resultados constatou-se que há uma maior preferência no corte do peito de frango o que correspondeu a 37%, a segunda opção de maior preferência é de frango inteiro o que correspondeu a 34%, seguido pelos cortes: asa 8%, sobre coxas 8%, coxas 7%, coxinha de asa 4% e o pescoço 3% (Figura 2). Segundo Francisco et al. (2007), essa alteração de preferência feita pelo consumidor em relação ao frango inteiro para os cortes propriamente ditos, está relacionada com as mudanças sociais, como a diminuição do número de pessoas por moradia, preferindo adquirir cortes que são menores e mais práticos para preparo. Os locais de preferência dos consumidores de Paragominas para aquisição dos produtos derivados de frango foram os supermercados (52%), isto está associado a uma melhor segurança na qualidade e higiene dos produtos adquiridos pelos consumidores, seguidos por açougues (46%) e direto com os produtores (2%). O hábito de consumir frango é rotineiro, o que se pode inferir devido a frequência de consumo de carne de frango em Paragominas ser continua e estável, onde 70,6% consome carne de frango semanalmente, 13,90% consome carne de frango quinzenalmente, 10,70% da população possuem um consumo diário, 1,60% têm hábitos de consumo semestral e 2,80% ocasionalmente e apenas 0,40% consomem uma vez por mês.

Conclusões

O município de Paragominas possui potencialidades para o consumo de carne de frango, tendo uma população com preferências diversificadas, com maior aceitação do frango inteiro e no corte do peito. Possibilitando assim, perceber uma tendência pela procura e compra de produtos com qualidade e não apenas pelo seu preço.

Gráficos e Tabelas




Referências

ABPA. Associação Brasileira de Proteína Animal.  Produção de carne de frango totaliza 13,146 milhões de toneladas em 2015. Disponível em: <http://abpa-br.com.br/noticia/producao-de-carne-de-frango-totaliza-13146-milhoes-de-toneladas-em-2015-1545>. Acesso em 02 dezembro de 2016. FAPESPA, FUNDAÇÃO AMAZÔNIA DE AMPARO A ESTUDOS E PESQUISAS DO PARÁ, Boletim Agropecuário do Estado do Pará, nº 1. p 10-18. 2015. FRANCISCO, D. C.; NASCIMENTO, V. P.; LOGUERCIO, A. P.; CAMARGO, L. Caracterização do consumidor de carne de frango da cidade de Porto Alegre. Ciência Rural, v.37, n.1, p.253-258, 2007. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Produção agropecuária 2014. Disponível em:<https://www.ibge.gov.br> Acesso em: 25 dezembro de 2016. MAPA. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA PECUÁRIA E ABASTECIMENTO Estatísticas e Dados Básicos de Economia Agrícola – Junho de 2013. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br>.  Acessado em:10 de Dezembro de 2016. SILVA, L. M.; MENDONÇA, P. S. M. Fatores que Influenciam o Consumo de Carne de Frango: Saúde e Preço. In: CONGRESSO DA SOBER, 43., 2005, Ribeirão Preto. Anais... Ribeirão Preto: Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural, 2005. TURRA, F. S. Avicultura e Suinocultura: Cenário Nacional e Mundial – Desafios e Oportunidades. Disponível em <http://www.avisulat.com.br/palestras2014/ palestras_magnas/ Francisco_Sergio_Turra.pdf> Acesso em: 10 janeiro 2017. UBA, União Brasileira de Avicultura. Norma Técnica de Produção Integrada de Frango. São Paulo p. 9, 2009. UBA, União Brasileira de Avicultura. Relatório anual, p 4-84, 2008. UBABEF, União Brasileira de Avicultura. A Saga da Avicultura Brasileira, p 15,16. 2011.