Associação da Quitosana e do líquido da Castanha de Caju, como aditivos em dietas para ruminantes: Concentração de Amônia e pH do Líquido Ruminal, in vitro
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RESUMO -
O objetivo deste trabalho foi avaliar o pH e as concentrações de amônia (NAR) do líquido ruminal in vitro de dietas para ruminantes contendo líquido da casca da castanha de caju (LCC) e/ou quitosana (QUIT). As dietas foram compostas de cinco proporções de volumoso: concentrado (100:00, 65:35, 50:50, 35:65, 20:80). Os tratamentos consistiam na adição de 500mg/kg de MS do LCC; 500 mg/kg de MS de QUIT; e associação da LCC + QUIT (500 mg/kg de MS + 500 mg/kg de MS), e 200 mg/kg de MS de monensina. As coletas do líquido ruminal tamponado foram realizadas a 0, 2, 4, 6, 8 e 10 h após a incubação. Não foi verificado efeito para aditivo e da interação aditivo*relação para pH e NAR no líquido ruminal. Independente do aditivo utilizado o pH manteve-se acima de 6,0 e NAR manteve-se acima de 10mmol/dL. Foi verificado efeito significativo da relação volumoso: concentrado para pH (P=0,0029) e NAR (P=0,0019). A inclusão do LCC e Quitosana não alteraram os valores de pH e NAR do líquido ruminal in vitro.
Association of Chitosan and Cashew nut shell Liquid, as additives in diets for ruminants: Ammonia Concentration and Ruminal Liquid pH, in vitro
ABSTRACT - The objective of this work was to evaluate the pH and ammonia concentrations (NAR) of ruminal liquid in vitro of diets for ruminants containing cashew nut shell liquid (LCC) and / or chitosan (QUIT). The diets were composed of five roghage: concentrate ration (100: 00, 65:35, 50:50, 35:65, 20:80). The treatments consisted of the addition of 500mg / kg DM of LCC; 500 mg / kg QUIT MS; association of LCC + QUIT (500 mg / kg DM + 500 mg / kg DM), and 200 mg / kg monensin MS. Buffered ruminal fluid samples were collected at 0, 2, 4, 6, 8 and 10 h after incubation. No effect was observed for additive and additive interaction*ratio for pH and NAR in ruminal fluid. Regardless of the additive used, the pH remained above 6.0 and NAR remained above 10 mmol / dL. There was a significant effect of the roghage: concentrate ration for pH (P = 0.0029) and NAR (P = 0.0019). The inclusion of LCC and Chitosan did not alter pH and NAR values of the ruminal liquid in vitroIntrodução
A globalização dos mercados e a maior exigência dos consumidores, em especial nos aspectos relativo a saúde humana, tem forçado os governos a normatizarem regras para o uso de aditivos na alimentação animal, inclusive com a restrição a alguns produtos. Com base no “Principio da Precaução”, a União Europeia (UE), em 1999, baniu a utilização de antibióticos como promotores de crescimento; e em 2006, proibiu o uso de ionóforos, como a monensina e lasalocida sódica, baseado na “postura preventiva” das autoridades da UE. Por este motivo, a substituição de antibióticos, por substâncias ou compostos naturais alternativos vêm ao encontro às necessidades dos consumidores, especialmente quando os produtos visam a exportação ao mercado comum europeu. O líquido extraído da casca da castanha de caju (LCCC) é um óleo funcional, fonte natural de lipídios fenólicos e possui atividade antimicrobiana e antioxidante (BENCHAAR et al., 2008). A quitosana é um biopolímero natural derivado da desacetilação da quitina, o componente principal do exoesqueleto de crustáceos, algas, insetos e na parede celular de alguns fungos e bactérias, que atua como um alimento funcional (TERBOJEVICH et al., 1993).Revisão Bibliográfica
A quitosana é um polissacarídeo de ocorrência natural que tem revelado versatilidade e propriedades promissoras para sua utilização segura em uma ampla variedade de produtos e aplicações. Oriundo da quitina é o segundo polímero mais abundante na natureza. Este polímero tem sido utilizado com inúmeros interesses nas pesquisas e na prática, entre suas aplicações destaca-se sua utilização na indústria de alimentos como biofilme comestível para prolongar o tempo de prateleira (“shelf-life”) de produtos perecíveis (ROMANAZZI et al.,2003; ZIVANOVIC, 2005; AIDER, 2010). A eficiência antimicrobiana da quitosana é bem documentada na literatura (MUZZARELLI et al., 1990; SHAHIDI et al., 1999; JEON et al., 2002); possuindo amplo espectro de ação com doses mínimas inibitórias contra ambas bactérias, gram positivas e gram negativas (TANG et al. 2010). Recentemente, os estudos tendem caracterizar a quitosana preferivelmente como bacteriostático, sendo que a literatura a considera como detentora de atividade bactericida ou bacteriostática, apesar de não elucidar a distinção entre ambos os mecanismos de ação (COMA et al., 2002; POTARA et al., 2011;TAO et al., 2011). O ácido anacárdico, o cardol e o cardanol encontrados no líquido da castanha de caju (Anacardium occidentale), se destacam por sua função antimicrobiana e antiinflamatória, com ação inibitória à resistência de bactérias. O mecanismo bactericida do líquido da castanha de caju (LCC) ainda não foi totalmente esclarecido. No entanto, a ação antibacteriana parece estar relacionada ao caráter anfipático dos lipídios fenólicos. A interação dos grupos hidroxílicos do anel aromático com fosfolipídios por meio de ligações de hidrogênio é o fator responsável da alta afinidade do LCC às bicamadas lipídicas presentes nas membranas bacterianas (KOZUBEK, 1999). A atividade antibacteriana do LCC, foi avaliada por Himejima & Kubo (1991) e Parasa et al. (2011), que encontraram ação sobre bactérias Gram-positivas, enquanto que as Gram-negativas são resistentes. Com isso, surgiu por parte dos cientistas um interesse maior em se avaliar alternativas, como o uso de extratos vegetais, óleos essenciais, enzimas e probióticos, a fim de manipular o ecossistema microbiano ruminal. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar os parâmetros da fermentação ruminal (pH e N-NH3) de dietas para ruminantes contendo líquido da casca da castanha de caju e/ou quitosana.Materiais e Métodos
O experimento foi realizado no e Laboratório de Nutrição Animal (LANA) da Universidade Federal da Grande Dourados, no município de Dourados – MS. Foram utilizados dois bovinos mestiços, castrados, com peso médio de 350 kg±, providos de cânula ruminal como doadores de inóculo ruminal. Os animais permaneceram em piquetes de capim U. brizantha cv Marandu. Os tratamentos consistiram em cinco relações volumoso com concentrado (100:00, 65:35; 50:50; 35:65 e 20:80) e quatro tipos de aditivos: monensina (controle); líquido da casca da castanha de caju (LCCC); quitosana em pó (Q); e líquido da casca da castanha de caju e quitosana (LCCCQ) nas proporções: 500mg/kg de MS do LCCC; 500 mg/kg de MS de Q; 200 mg/kg de MS de monensina; e 500 mg/kg de MS cada LCCC/Q. As dietas foram compostas de feno de Tifton 85 (Cynodon spp) como volumoso e, milho (49,72%), farelo de soja (40,05%) e suplemento mineral (10,23%) como concentrado, em todas as relações V: C. As coletas do líquido ruminal dos animais foram realizadas sempre pela manhã (8 horas). O material coletado era coado em gaze e armazenado em garrafas previamente aquecidas e mantidas a 39oC com fusão de CO2 e vedadas para serem transportados até o laboratório. As coletas diárias foram realizadas em intervalos de 2 horas nos tempos 0, 2, 4, 6, 8 e 10 h após a incubação (“hora 0”) para análise de pH e nitrogênio amoniacal. Em cada horário, foram coletados 80 ml do líquido ruminal tamponado, utilizando uma seringa e a torneira de três vias instalada na tampa dos jarros. O pH foi determinado imediatamente após a coleta. Aproximadamente 40 ml foram acidificada com 1mL de ácido clorídrico (HCL 1:1) para análise de nitrogênio amoniacal (N-NH3), e armazenado em freezer para posterior análise. Ao final do experimento, as amostras para N-NH3 foram descongeladas e colocadas em tubos de eppendorf, centrifugadas por 10 min a 3000 rpm. Em seguida, foi coletado uma alíquota de 2ml do sobrenadante, sendo colocado em tubos de ensaio para determinação do nitrogênio amoniacal (N-NH3) pelo método da destilação de Kjealdhl com a adição de hidróxido de potássio (método INCT-CA N-007/1), segundo metodologia descrita por Detmann et al. (2012). O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado, e os dados analisados pelo software estatístico SAS University Edition® (SAS INSTITUTE, 2015).Resultados e Discussão
Após análise de variância, não foi verificado efeito do aditivo e da interação aditivo*relação para as variáveis pH e NH₃ no líquido ruminal. O líquido da casca da castanha de caju associado ou não com a quitosana, tiveram o mesmo comportamento que a monensina. Independente do aditivo utilizado nas dietas, o pH manteve-se acima de 6,0 e o N-NH₃ manteve-se acima de 10mmol/dl, faixa ótima para atividade dos microrganismos presente no rúmen. Foi verificado efeito significativo da relação volumoso: concentrado para os valores de pH (P=0,0029) e N-NH₃ (P=0,0019), onde se constatou que o aumento de concentração do N-NH3 diminuiu o pH, apresentando leve variação (Tabela 1). Tabela 1. Efeito dos aditivos e das diferentes relações volumoso: concentrado sobre os parâmetros de pH e concentrações de NH₃.Variáveis | Relação V: C | EPM | P-Valores | ||||||
100 | 65 | 50 | 35 | 20 | Aditivo | V: C | Interação | ||
pH | 6,68 | 6,58 | 6,55 | 6,56 | 6,66 | 0,01 | 0,8509 | 0,0029 | 0,687 |
NH₃ | 16,04 | 17,42 | 13,71 | 17,56 | 10,67 | 1,43 | 0,5758 | 0,0019 | 1 |