Desempenho de poedeiras comerciais com inclusão da goma de soja (emulsificante) na dieta

Marília Oliveira Ferreira Silva1, Érica Santos Mello2, Rosemary Pereira de Pedro Souza3, Jéssica Pinoti Cavalhieri4, Sara de Souza Ferreira5, Yane Caroline Horas do Nascimento6, Keler de Oliveira Lima7, Antônio Carlos Laurentiz8
1 - UNESP - Ilha Solteira
2 - UNESP - Ilha Solteira
3 - UNESP - Ilha Solteira
4 - UNESP - Ilha Solteira
5 - UNESP - Ilha Solteira
6 - UNESP - Ilha Solteira
7 - UNESP - Ilha Solteira
8 - UNESP - Ilha Solteira

RESUMO -

As fontes lipídicas estão entre os alimentos que mais oneram o preço da ração o uso de emulsificantes como aditivos é estudado como forma de melhorar o aproveitamento das fontes energéticas. Uma alternativa viável pode ser a goma de soja (mistura complexa de fosfatídeos). O experimento foi conduzido na Unesp de Ilha Solteira no setor de avicultura. Com finalidade de avaliar o efeito da inclusão da goma de soja como uma alternativa de emulsificante no desempenho de poedeiras comerciais. Foram utilizadas 240 poedeiras da linhagem Lohmann LSL, com 49 semanas, durante um período de 112 dias (quatro ciclo de 28 dias) distribuídas em um delineamento inteiramente casualizado em um esquema fatorial (4×2) sendo esses: quatro níveis de energia metabolizável (2.610, 2.690, 2.770 e 2850 kcal/kg de ração) x dois níveis de inclusão de goma na dieta (0 e 2%), com cinco repetições de seis poedeiras cada. A goma de soja aumentou o consumo de ração, auxiliou no aumento do peso do ovo, na massa do ovo.

Palavras-chave: lecitina, produção de ovos, resíduo de soja

Performance of commercial laying hens with inclusion of soybean (emulsifier) in the diet

ABSTRACT - The lipid sources are among the foods that most cost the price of the ration the use of emulsifiers as additives is studied as a way to improve the use of energy sources. A viable alternative may be soybean gum (a complex mixture of phosphatides). The experiment was conducted at Unesp de Ilha Solteira in the poultry sector. In order to evaluate the effect of the inclusion of soybean gum as an alternative emulsifier on the performance of commercial laying hens. A total of 240 laying hens of the Lohmann LSL line were used during a period of 112 days (four 28 day cycles) distributed in a completely randomized design in a factorial scheme (4x2), with four levels of metabolizable energy (2,610, 2.690, 2.770 and 2850 kcal / kg of feed) x two levels of inclusion of gum in the diet (0 and 2%), with five replicates of six layers each. Soy gum increased feed intake, aided in increasing the weight of the egg, in the egg mass.
Keywords: lecithia, egg production, soy residue


Introdução

A avicultura brasileira evoluiu muito com o passar do tempo devido ao grande desenvolvimento tecnológico, através do aperfeiçoamento de técnicas de manejo, sanidade, melhoramento genético e nutrição, assim, possuindo um papel importante na produção de alimentos. Em 2015 a produção nacional totalizou 39,51 bilhões de ovos, destes apenas 1% foi destinado ao mercado externo e 99% ao consumo interno, sendo o consumo per capita no mesmo ano de 191 ovos/habitante e as exportações de ovos somaram 18,74 mil toneladas (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PRODUÇÃO ANIMAL - ABPA, 2016). Vários aspectos podem alterar o desempenho das aves e a qualidade dos ovos, sendo que a nutrição é um dos principais fatores envolvidos no crescimento, desenvolvimento e produtividade dessas aves. As rações das aves são formuladas de acordo com as exigências nutricionais para realizarem as funções básicas do organismo e a produção. Normalmente o ponto de partida para a formulação das dietas é o nível de energia, servindo de base para a fixação dos níveis de outros nutrientes, como proteína bruta e/ou aminoácidos, ácidos graxos e minerais (COSTA ET AL., 2009). A alimentação das aves representa cerca de 60% do custo de produção, portanto pequenas melhorias na eficiência de utilização dos nutrientes das rações podem resultar em grandes economias. Entre os alimentos que mais oneram o preço da ração estão as fontes lipídicas, principalmente as de boa qualidade. Devido a isso, o uso de emulsificantes como aditivos é estudado como forma de melhorar o aproveitamento das fontes energéticas. Uma alternativa pode ser viável é a goma de soja (mistura complexa de fosfatídeos). O objetivo do trabalho foi avaliar o efeito da inclusão da goma de soja como uma alternativa de emulsificante no desempenho de poedeiras comerciais.

Revisão Bibliográfica

O processamento da soja resulta em uma grande variedade de produtos, entre eles temos o óleo que é destinado para alimentação animal, humana, ou produção de biocombustíveis, e o farelo de soja, que é a parte sólida do processo e é utilizada como principal fonte proteica de aves e suínos nas formulações de rações. O refino do óleo para consumo humano resulta numa série de outros subprodutos. Um destes compostos obtidos durante o refino do óleo bruto para óleo degomado, através da centrifugação do óleo bruto após este ser hidratado, é a goma de soja que necessita de um destino ecologicamente viável (AKECHI, 2015). A goma de soja é um complexo natural de fosfolipídios  rica em lecitina que é  um importante emulsificante natural. Os emulsificantes são compostos por moléculas anfifílicas, ou seja, moléculas que apresentam uma porção polar solúvel em água (hidrofílica) e uma porção apolar insolúvel em água (hidrofóbica), que interage com a fase oleosa. Promovendo a interação na interface de duas substancias imiscíveis (ARAUJO, 2008).

Materiais e Métodos

O experimento foi conduzido na Faculdade de Engenharia – Unesp – Campus de Ilha Solteira no Setor de Avicultura. Foram utilizadas 240 poedeiras da linhagem Lohmann LSL, com 49 semanas, sendo essas previamente selecionas de acordo com o peso corporal e taxa de produção de ovos (≥80%), para que fosse possível a uniformização de cada unidade experimental (composta por 6 aves). As aves foram distribuídas em um delineamento inteiramente casualizado (DIC) em um esquema fatorial (4x2) sendo os fatores: quatro níveis de energia metabolizável (2.610, 2.690, 2.770 e 2850 kcal/kg de ração) x dois níveis de inclusão de goma na dieta (0 e 2%), com cinco repetições de seis poedeiras cada durante o período de 112 dias (quatro ciclos de 28 dias). As aves foram alojadas em galpão do tipo convencional de postura, distribuídas lateralmente em dois andares. Durante todo o período experimental foi fornecido as aves água e ração ad libitum, sendo o consumo de ração quantificado ao final de cada período. O programa de luz adotado foi o de 16 horas de luz/dia, seguindo o manual da linhagem, para o controle do fornecimento de luz suplementar foi controlado por timer. As dietas experimentais foram formuladas à base de milho e farelo de soja (Tabela 1), seguindo a composição dos ingredientes (ROSTAGNO et al., 2011) e as recomendações nutricionais preconizadas pelo manual da linhagem. Ao final de cada período de 28 dias o desempenho das aves foi avaliado através dos dados de consumo de ração (g.ave-1.dia-1), produção de ovos (%), peso médio dos ovos (g), massa de ovos (g), conversão alimentar (kg de ração.kg de ovo1). Os dados do experimento foram submetidos à análise de variância e quando apresentaram diferenças significativas às médias foram comparadas pelo teste de Tukey 5% de probabilidade, utilizando o programa SISVAR 5.1.

Resultados e Discussão

Os resultados da análise de variância dos parâmetros de desempenho das poedeiras estão apresentados na Tabela 1, e os desdobramentos das interações (Energia x Goma) na Tabela 2. As variações nos níveis de energia das rações influenciaram (P<0,01) o consumo de ração determinando diminuição conforme o aumento no nível de energia, sendo as diferenças significativas apenas entre os dois menores níveis (2610 e 2690kcal/kg) e os dois maiores (2770 e 2850 kcal/kg). Esses resultados já eram esperados devido a presença de lipídeos no duodeno, pois estes têm ação efetiva na liberação do hormônio colecistoquinina, que além de atuar no aumento da secreção pancreática, também age sobre o centro da saciedade, inibindo o consumo de ração (BERTHECHINI, 2006). A goma também interferiu (P<0,05) no consumo de ração onde determinou maior consumo. Este resultado pode estar relacionado a melhora da palatabilidade ou olfativa da ração, estimulando assim as aves a consumirem mais a ração. A produção de ovos foi influenciada (P<0,05) pelos níveis de EM da ração, no qual o nível de maior EM da ração (2850 kcal/kg) apresentou menor produção de ovos em comparação ao de menor nível de EM (2610 kcal/kg). Para o peso médio do ovo ocorreu diferença significativa (P<0,01), em que a ração de maior nível de energia (2850 kcal/kg) apresentou o menor peso médio, possivelmente pelo consumo de ração ter afetado a ingestão dos nutrientes e não satisfazer todas as exigências nutricionais das aves (tabela 2) como proteína e metionina, nutrientes importantes que afetam o tamanho do ovo. A goma também influenciou (P<0,01) o peso médio dos ovos, em que a sua inclusão aumentou o tamanho deles. Na Tabela 1 observa-se que ocorreu interação (P<0,05) para a massa do ovo produzida entre os níveis de energia e a goma, sendo o desdobramento apresentado na Tabela 6. Nos níveis de energia 2610 e 2690 kcal/kg a ração com inclusão de 2% de goma determinou um aumento significativo da massa em relação a ausência de goma. Conforme foi diminuindo os níveis de energia na ração com inclusão 2% de goma aumentou a massa de ovos produzida. Fica evidente uma melhora na massa do ovo com a inclusão da goma nos 2 níveis mais baixos de energia. Ribeiro et al. (2013), estudando vários níveis de energia (2700 a 3000 kcal/kg) para poedeiras no final do primeiro ciclo produtivo, não encontraram diferença significativa para o peso dos ovos e para a massa de ovos.

Conclusões

A goma de soja não obteve influencia na produção de ovos, porém aumentou o consumo de ração e proporcionou maior peso do ovo, da gema e maior massa de ovo.

Gráficos e Tabelas




Referências

AKECHI, B. V. Goma de soja na alimentação de frangos de corte: digestibilidade e desempenho. 2015. 43 f. Dissertação (Mestre em Ciência e Tecnologia Animal) – Faculdade de Engenharia, Universidade Estadual Paulista, Ilha Solteira, 2015. ARAUJO, J. M. A. Química de alimentos, teoria e prática. 4. ed. Viçosa: Editora UFV, 2008. p. 596. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PRODUÇÃO ANIMAL - ABPA – UBABEF (Org.). Relatório anual. São Paulo: UBABEF, 2016. BERTECHINI, A. G. Nutrição de monogástricos. Lavras: Editora UFLA, 2006.  p. 301. COSTA, F.G.P.; QUIRINO, B.J.S.; GIVISIEZ, P.E.N.; SILVA, J.H.V.; ALMEIDA, H.H.S.; COSTA, J.S.; OLIVEIRA, C.F.S.; C.C. GOULART. Poedeiras alimentadas com diferentes níveis de energia e óleo de soja na ração. Archivos de Zootecniav.58, n. 223, p.405-411, 2009. RIBEIRO, P.A.P., JÚNIOR MATOS, J.B., QUEIROZ, A.C.A. , LARA, L.J.C. , BAIÃO, N.C. Efeito dos níveis de energia para poedeiras comerciais no período final de produção sobre o desempenho, a conversão alimentar e energética e a qualidade de ovos. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.65, n.5, p.1491-1499, 2013. ROSTAGNO, H. S.; ALBINO, L. F. T.; DONZELE, J. L.; GOMES, P. C.; OLIVEIRA, R. F.; LOPES, D. C.; FERREIRA, A. S.; BARRETO, S. L. T.; EUCLIDES, R. F. Tabelas brasileiras para aves e suínos: composição de alimentos e exigências nutricionais. 3. ed. Viçosa: Editora UFV, 2011.  252 p.