Produção de alfafa submetida a diferentes doses de adubação potássica na região noroeste do Rio Grande do Sul

Luana Cristina Polita1, Luana Letícia Rohr2, Laerte Misael Welter3, Paulo Sérgio Gois Almeida4
1 - Universidade Federal de Santa Maria - campus Palmeira Missões
2 - Universidade Federal de Santa Maria - campus Palmeira das Missões
3 - Universidade Federal de Santa Maria - campus Palmeira das Missões
4 - Departamento de Zootecnia e Ciências Biológicas, Universidade Federal de Santa Maria - campus Palmeira das Missões

RESUMO -

A alfafa se destaca entre as forrageiras pela excelente palatabilidade e pela qualidade nutricional. Esta qualidade pode estar relacionada à adubação potássica. Objetivou-se avaliar a produção da alfafa submetida a diferentes doses de adubação potássica. O experimento foi conduzido durante o período de um ano totalizando quatro avaliações. Antes da semeadura foi aplicada adubação de P2O5 (superfosfato simples), H3BO3 (acido bórico), CuSO4 (sulfato de cobre), ‎ZnSO4 (sulfato de zinco) e MnSO4 (sulfato de manganês). A cultivar utilizada no experimento tem pureza de 99,7% e germinação de 93%. Os tratamentos foram de 0, 50, 100, 150, 200 kg ha-1 de K2O, aplicados após cada corte. Observou-se que a produção de matéria seca da alfafa aumentou em função às doses de potássio. Houve acréscimo de 6,81kg de matéria seca para cada kg de K2O. A dose de máxima eficiência técnica foi de 166 kg de K2O/ha.

Palavras-chave: Dose de potássio, Forragem, Matéria Seca, Medicago sativa L.

Production of alfalfa submitted to different doses of potassic fertilization in the northwest region of Rio Grande do Sul

ABSTRACT - Alfalfa stands out among forages for excellent palatability and nutritional quality. This quality can be related to potassium fertilization. This objective was to evaluate the production of alfalfa submitted to different doses of potassium fertilization. The experiment was conducted during the period of a year and totaling four evaluations. Before planting, It was applied fertilization of P2O5 (single superphosphate), H3BO3 (boric acid), CuSO4 (copper sulfate), ZnSO4 (zinc sulfate) and MnSO4 (manganese sulfate). The cultivar used in the experiment has purity of 99.7% and germination of 93%. The treatments used were 0, 50, 100, 150 and 200 kg ha-1 of K2O applied after each plant cut. It was observed that the dry matter yield of alfalfa increased in relation to potassium levels. There was an increase of 6.81 kg DM for each kg of K2O. The maximum efficiency dose was 166 kg K2O / ha.
Keywords: Potassium Levels, Forage, Dry Matter, Medicago sativa L.


Introdução

A alfafa (Medicago sativa L.) reúne algumas das mais desejadas características de plantas forrageiras, como excelente palatabilidade, alta digestibilidade e elevado valor nutritivo, sendo rica em proteínas, fósforo, cálcio, potássio e vitaminas A, B, C, E e K (MICHAUD et al., 1988). Na produção de alfafa para corte é necessária especial atenção à adubação potássica, pois é um dos nutrientes extraídos do solo em maiores quantidades quando colhida (BERNARDI & RASSINI, 2009). Dentre as características agronômicas importantes para o melhoramento de forrageiras, destaca-se a produtividade de matéria seca (GUINES et al., 2002). A prática da adubação deve atender às necessidades da alfafa e, também garantir melhor eficiência econômica (BERNARDI & RASSINI, 2009). Objetivou-se avaliar as doses de aplicação de potássico sobre a produção de matéria seca da alfafa.

Revisão Bibliográfica

A alfafa tem um grande valor na nutrição animal, utilizada como feno, silagem, pellets desidratados e forragem verde para bovinos, caprinos e equinos (CROCHEMORE, 1998). Essa forrageira é rica em cálcio, fósforo, vitaminas e potássio (NUERNBERG, 1994). Esta forrageira se destaca das demais pelo seu alto valor nutritivo, alta produção de forragem e de boa palatabilidade aos animais. A forragem de alfafa em média apresenta teores de 20% a 25% de proteína bruta na matéria seca, 60% de nutrientes digestíveis totais e acima de 70% de digestibilidade in vitro na matéria seca (ALVIM & BOTREL, 2006). A alfafa é considerada uma grande extratora e exportadora de nutrientes do solo, sobretudo em sistemas manejados sob cortes. Dentre os nutrientes, o potássio é exportado em grandes quantidades. Estudos feitos por Lloveras et. al., (2001) verificaram extrações de 1500 kg/ha a 1700 kg/ha, com produtividade de 21,5 t/ha de matéria seca. Esse nutriente (K) é de fundamental importância em termos de produção, qualidade da planta e é o nutriente que mais limita a sua produção, observado após alguns cortes (RANDO & SILVEIRA, 1995). Segundo Berg et. al., (2005), em quantidades adequadas, aumenta a resistência e a longevidade do alfafal. Para Moreira et al. (2007), a deficiência deste elemento causa a perda de vigor dos alfafais permitindo o desenvolvimento agressivo de plantas daninhas, aumento de doenças e maior susceptibilidade a outras condições de estresse.             Para diminuir as perdas, a adubação potássica deverá ser feita no plantio e em cobertura, parceladamente após cada corte. O parcelamento do potássio somente será eficiente se as quantidades a aplicar forem maiores que 446 kg/ha de K2O (LANYON & GRIFFITH, 1988). Com valores superiores a este, deve-se parcelar a aplicação para evitar injúrias nas plantas devido à alta concentração do cloreto contido no cloreto de potássio (SMITH, 1975a).

Materiais e Métodos

A pesquisa foi conduzida na área experimental do Departamento de Zootecnia, Universidade Federal de Santa Maria, campus Palmeira das Missões RS, região noroeste do Rio Grande do Sul, em LATOSSOLO VERMELHO distrófico, sendo semeado em maio/2010 com os cortes sendo realizados em dezembro, janeiro, fevereiro e março, respectivamente. Antes da semeadura foi aplicada adubação a lanço nas doses de 90 kg/ha P2O5 (superfosfato simples), 10 kg/ha H3BO3 (ácido bórico), 5 kg/ha CuSO4 (sulfato de cobre), ‎8 kg/ha ZnSO4 (sulfato de zinco) e 5kg/ha MnSO4 (sulfato de manganês). O adubo foi incorporado na profundidade de 0-20 cm com gradagem, após foi realizada a semeadura a lanço e coberta com grade. A cultivar utilizada no experimento foi Crioula com pureza de 99,7% e germinação de 93%. A semente foi inoculada com Rhizobium melioti e posteriormente peletizada com calcário dolomítico finalmente moído. O primeiro corte foi realizado quando as plantas apresentaram florescimento pleno. Cada parcela apresentou a dimensão de 4x10m. Para as avaliações foi desconsiderado 0,5 m laterais das parcelas formando uma área útil de 36m2. O delineamento experimental foi realizado em blocos casualizados, contendo 6 tratamentos e 4 repetições. Os tratamentos consistiram de adubação potássica de cobertura após cada corte nas doses, de 0, 50, 100, 150 e 200 kg/ha-1 de K2O na forma de cloreto de potássio. Os dados foram submetidos a análise de variância a 1% de probabilidade e realizados testes de correlação para verificar a existência de efeito dos tratamentos sobre as variáveis estudadas. Foi avaliado a produção de matéria seca. Em cada parcela foi realizado o corte a partir de 5 cm de altura. Foi realizada a análise de matéria seca segundo o Método de Weende. Com base nos dados realizou-se análise estatística de regressão e correlação, utilizando programa estatístico R.

Resultados e Discussão

Verifica-se na figura 1, que há uma resposta significativa em relação a produção de matéria seca. De acordo com a equação de regressão (Y = -0,0204x²+6,81128x+ 1232,3), (P<0,01) observou-se que para cada kg de potássio, houve resposta em matéria seca de 6,81 kg/ha/corte e a máxima produção ocorreu com doses de 166 kg/ha de K2O. Rassini e Freitas (1998) testaram diferentes doses de adubação potássica aplicadas após cada corte, com total de nove cortes e observaram que, para cada kg de potássio, houve produção de matéria seca de 5,5 kg/ha/corte. Comparando os resultados de Rassini e Freitas (1998) com o presente experimento realizado, houve eficiência de 20% a mais da adubação em relação a produção de matéria seca. A produtividade máxima observada neste experimento foi com 42 kg/ha de K2O, superior aos estudos realizados por Bernardi et. al, (2007), o qual obteve a dose máxima de 124 kg/ha de K2O aplicado após cada corte. A produção de matéria seca aumentou em 20%, 27%, 31% e 30%, com doses de 50 kg/ha, 100 kg/ha, 150 kg/ha e 200 kg/ha de K2O, respectivamente. Em estudos conduzidos por Rando (1993), verificou-se que a adubação potássica realizada na cultivar Crioula, em LATOSSOLO VERMELHO eutroférrico, incrementou a produção de matéria seca da alfafa em todos os oito cortes realizados. As aplicações realizadas por Rando (1993), resultaram em aumentos de 22%, 41% e 45% no rendimento da matéria seca, com as doses de 150 kg/ha, 300 kg/ha e 600 kg/ha de K2O, respectivamente.

Conclusões

A espécie alfafa Medicago sativa L., apresentou aumento de produção de matéria seca em função do aumento das doses de potássio. A produção foi incrementada em 6,81 kg de matéria seca por kg de K2O, sendo a dose de máxima produção de matéria seca, 166 kg/ha de K2O.


Referências

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