BUTIRATO DE SÓDIO PROTEGIDO NA RAÇÃO DE FRANGOS DE CORTE

Raiana Almeida Noleto1, Marília Ferreira Pires2, Nadja Susana Mogyca Leandro3, David Vanni Jacob4, Alessandra Luckmann Voorsluys5, Julyana Machado da Silva Martins6, Saullo Diogo de Assis7, Mariana Elias Borges8
1 - Universidade Federal de Goiás
2 - Universidade Federal de Goiás
3 - Universidade Federal de Goiás
4 - Nutriad
5 - Nutriad
6 - Universidade Federal de Goiás
7 - Universidade Federal de Goiás
8 - Universidade Federal de Mato Grosso

RESUMO -

Objetivou-se avaliar o desempenho de frangos de corte suplementados com butirato de sódio protegido. Utilizou-se 588 pintos machos, da linhagem Cobb, com um dia de idade, distribuídos em 21 Boxes (2,88 m²). O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com três tratamentos: ração controle; ração com 0,055 kg/t de antibiótico (Virginiamicina) e ração com 0,750 kg/t de ADIMIX® Precision (butirato de sódio protegido), e sete repetições de 28 aves. Foi avaliado o desempenho de um a sete e um a 21 dias. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste Tukey 5%. O desempenho não foi influenciado pelos tratamentos, no período de um a sete dias de idade. No período de um a 21 dias, aves suplementadas com butirato de sódio e antibiótico apresentaram peso final e ganho de peso semelhante e superior ao grupo controle. O butirato de sódio (0,750 kg/t) pode substituir antibióticos na dieta de frangos.

Palavras-chave: ácido orgânico, aditivos, antimicrobiano, aves

Sodium Butirato Protected in Ration of Broilers

ABSTRACT - The objective of this study was to evaluate the performance of broilers supplemented with protected sodium butyrate. A total of 588 male, one-day-old Cobb male chicks, distributed in 21 Boxes (2.88 m²). The experimental design was completely randomized with three treatments: control ration; ration with 0,055 kg/t of antibiotic (Virginiamycin) and 0.750 kg/t feed of ADIMIX® Precision (protected sodium butyrate), and seven replicates of 28 birds. The performance was evaluated from one to seven and one to 21 days. The data were submitted to analysis of variance and the means compared by Tukey test 5%. The performance was not influenced by the treatments, in the period of one to seven days of age. From one to 21 days, birds supplemented with sodium butyrate and antibiotic presented final weight and weight gain similar to and greater than the control group. Sodium butyrate (0.750 kg/t) may replace antibiotics in the diet of chickens.
Keywords: Organic acid, additives, antimicrobial, poultry


Introdução

Vários são os fatores que afetam o desempenho das aves, entre eles estão à nutrição, genética, ambiência, manejo e biosseguridade. A nutrição é um dos aspectos mais importantes, considerando o impacto do custo da ração sobre o custo de produção. Para que ocorra o adequado aproveitamento dos nutrientes da ração, são necessários um bom desenvolvimento e manutenção da integridade intestinal da ave, pois quando em equilíbrio e íntegra é mais eficiente na absorção dos nutrientes. Também é desejado o equilíbrio da microbiota intestinal, que ocorre com a redução da fixação e multiplicação de agentes patogênicos, prevenindo desta forma a instalação de doenças entéricas e, consequentemente, melhorando o desempenho, diminuindo a mortalidade e a contaminação dos produtos de origem animal. Muitos são os aditivos, adicionados à ração, que tem como finalidade minimizar a proliferação de agentes patogênicos que são prejudiciais ao sistema digestório e, melhorar o desenvolvimento intestinal e consequentemente, proporcionar efeitos benéficos no desempenho das aves. Entre os diversos aditivos, não-nutrientes, utilizados em rações para aves, destacam-se o butirato de sódio.

Revisão Bibliográfica

Dentro do grupo dos ácidos orgânicos, o butirato de sódio (sal derivado do ácido butírico) é um aditivo que pode ser utilizado nas rações de aves sem restrições e não apresenta riscos de resíduos no produto final. Quando usado como aditivo na nutrição animal, o butirato de sódio pode ser usado na sua forma livre ou na forma protegida (micro encapsulada). Segundo Van Immersel et al. (2004), o butirato na forma livre pode atravessar a membrana e ser absorvido diretamente na parte inicial do trato gastrointestinal, enquanto que o butirato protegido influencia a parte posterior do sistema digestório, aumentando assim o modo de ação em vários níveis do intestino. Na nutrição, o butirato pode apresentar efeito melhorador de desempenho pela sua ação no alimento, no metabolismo e no sistema digestório. No alimento apresentam efeito conservante reduzindo o crescimento bacteriano, podendo reduzir o risco de consumo de microrganismos potencialmente patogênicos pelas aves, e no metabolismo atua como fonte de energia prontamente disponível para as aves (MENTEN et al., 2014) e melhorando os coeficientes de metabolizabilidade dos nutrientes da dieta (PARTANEN & MROZ, 1999). No sistema digestório é capaz de reduzir a microbiota patogênica por seu efeito bactericida e bacteriostático (BELLAVER & SCHEUERMANN, 2004). Além de interferir na microbiota, apresenta efeito trófico sobre a estrutura e desenvolvimento da mucosa intestinal. Como atua como fonte prontamente disponível de energia para as células do epitélio intestinal das aves, aumenta o tamanho dos vilos e consequentemente, a área de absorção dos nutrientes (VAN IMMERSEL et al., 2004). Ao reconhecer que o butirato desempenha um papel importante na manutenção da mucosa intestinal, no aumento das vilosidades, nos coeficientes de metabolizabilidade de nutrientes e como agente antimicrobiano, espera-se que com seu uso, haja uma melhora na absorção de nutrientes e consequentemente melhora no desempenho de frangos de corte.

Materiais e Métodos

O experimento foi conduzido nas instalações experimentais da Universidade Federal de Goiás, oriundo da integração com a empresa São Salvador Alimentos de Itaberaí/GO.  O aviário experimental consiste em um galpão com capacidade para a criação de 21.000 aves, em densidade de 14 aves/m², com sistema de iluminação artificial e sistema automatizado de climatização com utilização de aspersores e nebulizadores regulados com base nas recomendações de temperatura e umidade máxima e mínima de conforto para as aves. Foram utilizados 588 pintos machos, da linhagem Cobb 500®, com um dia de idade, com peso médio de 46g, as aves foram distribuídas em 21 Boxes individuais medindo 1,80 m x 1,60 m (2,88 m²), construídos com canos de PVC e telas plásticas de malha de 2 mm, própria para utilização em pinteiros. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com três tratamentos e sete repetições de 28 aves cada. Foram utilizados os tratamentos:
  1. Ração com 0,055 kg/t de Antibiótico Virginiamicina;
  2. Ração Controle: sem adição de antibiótico e butirato;
  3. Ração com Butirato de sódio: 0,750 kg/t de ADIMIX® Precision (butirato de sódio protegido).
As aves foram vacinadas contra as doenças de Marek, Gumboro e bronquite no próprio incubatório, seguindo-se a vacinação no 8° e 21° dias contra a doença de Gumboro. As rações foram fareladas e formuladas de acordo com níveis propostos pela empresa São Salvador. As rações pré-inicial (1 a 7 dias) e inicial (8 a 21 dias) que foram utilizadas no experimento continham agente anticoccidiano. O fornecimento de ração e água foi à vontade. No primeiro, sétimo e 21o dia de idade foram realizadas pesagens das aves, da ração fornecida e sobras para cálculo dos dados de desempenho zootécnico (peso final, ganho de peso, consumo de ração, conversão alimentar corrigida e viabilidade). Os dados foram submetidos à análise de variância, e as médias comparadas pelo teste Tukey (5%) de significância. Foi utilizado o programa estatístico R (2016).

Resultados e Discussão

O desempenho das aves não foi influenciado (p>0,05) pelos tratamentos, no período de um a sete dias de idade (Tabela 1). Com relação aos resultados de desempenho de um a 21 dias de idade, observou-se que o peso final e o ganho de peso foram influenciados (p<0,05) pelos tratamentos (Tabela 2). As aves alimentadas com ração suplementada com antibiótico e butirato de sódio apresentaram peso final e ganho de peso semelhante e superior aos frangos do grupo controle. O resultado para ganho de peso de um a 21 dias corrobora com o encontrado por PANDA et. al (2009), que verificou que os tratamentos com inclusão de 0,4 e 0,6% de butirato e tratamento com antibiótico apresentaram resultados semelhantes entre si e melhor que o tratamento controle no mesmo período avaliado. De acordo com DIBNER e PUTIN (2002), os ácidos orgânicos melhoram a digestibilidade da proteína e da energia ao reduzir a competição microbiana com o hospedeiro por nutrientes e perdas de nitrogênio endógeno. Provavelmente estas poderiam ser as razões pelas quais o butirato de sódio melhorou a utilização dos alimentos, levando a um melhor desempenho das aves.

Conclusões

Com os resultados encontrados no presente estudo, sugere-se que o butirato de sódio (0,750 kg/t de ADIMIX® Precision) pode substituir antibióticos na dieta de frangos de corte.

Gráficos e Tabelas




Referências

Adams, C.A. 1999. Nutricines. Food components in Health and Nutrition. Nottingham. Nottingham Univ. Press. Belaver, C.; Scheuermann, G. Aplicação dos ácidos orgânicos na produção de aves de corte. Conferência Avi Sui; 2004; Florianópolis, Brasil. Florianópolis: [s.n.], 2004. p.1-16. Dibner, J.J.; Buttin, R.J. 2002 .Use of organic acids as a model to study the impact of Gut microflora in nutrition and metabolism Journal Applied Poultry Research. 11:453:463. Menten, J.F.M.; Longo, F.A.; Viola, E.S.; Rizzo, P.V. Antibióticos, Ácidos Orgânicos e Óleos Essenciais na Nutrição de Monogástricos. In: Sakomura, N.K.; Silva, J.H.V.; Costa, F.G.P.; Fernandes, J.B.K.; Hauschild, L. Nutrição de Não-Ruminantes, Jaboticabal: FUNEP, 2014. p. 511-536. Partanen, K.H.; Mroz, Z. 1999. Organic acids for performance enhancement in pig diets. Nutrition Research Revista. 12: 117-145. Van Immerseel, F.; Fievez, V.; Buck, J.; Pasmans, F.; Martel, A.; Haesebrouck, F.; Ducatelle, R.  Microencapsulated short-chain fatty acids in feed modify colonization and invasion early after infection with salmonella enteritidis in young chickens. Poultry Science. 2004; 83: 69–74.