Consumo de nutrientes de ovinos recebendo extratos de plantas como aditivo
Laion Antunes Stella1, Ênio Rosa Prates2, Bruna Cristina Kuhn Gomes3, Vanessa peripolli4, Caio Antunes Stella5
1 - UFRGS
2 - UFRGS
3 - UFRGS
4 - UFRGS
5 - Agro-Iuca
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5 - Agro-Iuca
RESUMO -
Objetivou-se avaliar o consumo de nutrientes de ovinos recebendo os extratos de borragem, cártamo e gergelim como aditivo em uma dieta com alto teor de concentrado. O experimento foi realizado em um período de 60 dias. Foram usados 16 ovinos Ile de France, com cinco meses de idade e peso vivo médio inicial de 21,68 kg. O consumo era avaliado diariamente, sendo que as sobras eram coletadas e pesadas na manhã do dia seguinte e armazenadas. O uso de extratos alteram o consumo de nutrientes em ovinos (P=0,03). O tratamento borragem apresentou maior consumo de matéria seca, proteína, fibra e energia em relação ao tratamento controle, sendo que os tratamentos cártamo e gergelim tiveram menor consumo de nutrientes em relação ao tratamento controle. Não ocorreram alterações significativas no consumo de água (P=0,86). A borragem foi capaz de melhorar o consumo em 5%, juntamente com aumento no consumo de proteína bruta, fibra em detergente neutro e energia.
Palavras-chave: Borragem, concentrado, eficiência, ruminantes
Nutrient intake of sheep receiving extracts of plants as an additive
ABSTRACT - The objective of this study was to evaluate the nutrient intake of sheep receiving the extracts of borage, safflower and sesame as an additive in a diet with high concentrate content. The experiment was carried out over a period of 60 days. Sixteen Ile de France sheep, with five months of age and initial mean live weight of 21.68 kg were used. Consumption was assessed daily, and leftovers were collected and weighed in the morning the following day and stored. The use of extracts alter the nutrient intake in sheep (P = 0.03). Borage treatment showed higher consumption of dry matter, protein, fiber and energy in relation to the control treatment, and safflower and sesame treatments had lower nutrient intakes in relation to the control treatment. There were no significant changes in water consumption (P = 0.86). Borage was able to improve consumption by 5% along with increased consumption of crude protein, neutral detergent fiber and energy.Keywords: Borage, concentrate, efficiency, ruminants
Introdução
Os extratos de plantas eram considerados como fatores antinutricionais devido a efeitos adversos na utilização de nutrientes, prejudicando a ingestão de alimentos. Recentemente, muitos extratos foram estudados buscando melhorias na eficiência animal. Aditivos em dietas para ruminantes têm sido usados visando melhorar a relação simbiótica entre os microrganismos presentes no rúmen e seu hospedeiro, melhorando os processos fermentativos no rúmen em animais que recebem dietas ricas em amido (Franzolin et al., 2000). As pesquisas com compostos de plantas in vitro foram bem aprofundas pela ciência nos últimos anos, trazendo resultados satisfatórios. Porém, poucos trabalhos in vivo conseguiram provar melhorias no consumo de nutrientes ao utilizar esses aditivos.Desta forma, objetivou-se avaliar o consumo de nutrientes de ovinos recebendo extratos de plantas como aditivo em uma dieta com alto teor de concentrado.Revisão Bibliográfica
A utilização de antibióticos na alimentação animal recebe repressão social devido as suspeitas de deixar resíduos na carne. Com isso, a utilização de aditivos naturais com funções semelhantes a dos antibióticos seria uma alternativa na dieta de ruminantes (Brugalli, 2003). Existe um grande número de metabólitos de plantas com atividade antibiótica. Uma pesquisa na literatura usando os termos ''antibióticos de plantas'', gerou mais de 5000 referências. Os principais compostos secundários utilizados na nutrição de ruminantes com potencial na modulação da fermentação são: taninos, saponinas e óleos essenciais. Esses foram avaliados primeiramente pela pesquisa como redutores da ingestão de alimentos em ruminantes, por causa das características química dos seus compostos. Posteriormente identificaram que em dosagens moderadas podiam melhorar a digestibildiade, o que ocasionaria uma aumento no consumo. Os extratos de plantas e seus compostos provaram sua eficácia in vitro como agentes antimicrobianos, antioxidantes, imunomoduladores e anti-inflamatórios. Estes compostos merecem um lugar importante como aditivos alimentares que são geralmente considerados como seguros (Giannenas et al., 2013). Experimentos devem ser realizados avaliando o seu potencial de melhorar a ingestão de nutrientes, melhorando consequentemente o desempenho animal.Materiais e Métodos
O experimento foi conduzido no setor de ruminantes do Laboratório de Ensino Zootécnico da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O experimento foi realizado de 7 de maio até 6 de julho de 2016, em dois períodos experimentais de 23 dias cada, sendo que os 14 dias inicias foram para adaptação dos animais aos tratamento. Foram usados 16 ovinos machos Ile de France, castrados, com cinco meses de idade e peso vivo médio inicial de 21,68 + 2,00 kg. Os ovinos foram alocados em baias individuais de madeira, suspensas do chão e dispunham de comedouros separados para o fornecimento de alimento e água. Os animais foram divididos em 4 tratamentos: T1- Controle (CON), T2- Borragem (BOR, Borago officialis), T3- Cártamo (CAR, Carthamus tinctorius L.) e T4- Gergelim (GER, Sesamum indicum L.). Para os animais dos tratamentos que ganhavam os extratos foram administrados 1 ml por dia de seu correspondente extrato. Para os extratos de cártamo, borragem e gergelim, cada 1ml tinha a densidade: 1,27; 1,30 e 1,30 gramas. Os extratos possuíam certificado de pureza, características físico químicas e de contagem microbiana. A dieta foi fornecida em duas refeições diárias, às 08:30 h e às 17:30 h, em comedouros individuais, sendo composta por: 58% de milho grão inteiro, 10,9% de farelo de soja, 30% de feno de alfafa, 1% de sal mineral e 0,1% de calcário. A oferta permitia no máximo 10% de sobras. O sal e a água eram fornecidos ad libitum. O fornecimento de água foi realizado com o auxílio de bebedouros plásticos com capacidade para cinco litros. A oferta de água foi realizada duas vezes ao dia, juntamente com o fornecimento dos alimentos, pesando-se as ofertas e a sobras, com o auxílio de uma balança digital. A mensuração da oferta e da sobra de água foi realizada por massa (g), para evitar-se oscilações por variações na temperatura ambiente. Para controle da evaporação, dentro do galpão possuía baldes como ‘‘brancos da evaporação’’. A dieta foi formulada de modo a promover um ganho de 200g diário para cordeiros machos. O consumo era avaliado diariamente, sendo que as sobras de alimento eram coletadas e pesadas na manhã do dia seguinte e guardadas em sacos plásticos individuais. O consumo máximo voluntário individual de cada nutriente avaliado foi obtido utilizando-se metodologia descrita por Prates (2007). As estatísticas foram realizadas por meio de analises de variância sendo que as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.Resultados e Discussão
O uso de extratos de plantas alteram o consumo de nutrientes (P=0,03) em ovinos recebendo uma dieta com alto teor de concentrado (Tabela 1). O tratamento BOR apresentou maior consumo de matéria seca (CMS), proteína, fibra e energia em relação ao tratamento CON, sendo que os tratamentos CAR e GER tiveram menor consumo de nutrientes em relação ao tratamento CON. Não ocorreram alterações significativas no consumo de água (P=0,86). Houve redução no CMS na média dos primeiros 15 dias do experimento (Figura 1) para o tratamento CAR (P<0,01), que não foi alterado na média dos 30 dias (P=0,39), 45 dias (P=0,21) e nos 60 dias de experimento (P=0,31). O CMS dos tratamentos que recebiam extratos teve média de 1019 g/dia, contra 1057 g/dia dos animais do tratamento CON. Quando expressa em porcentagem do peso vivo, os animais do tratamento CON tiveram ingestão de 3,84% do peso vivo, e os tratamentos BOR, CAR e GER: 3,91%, 3,61% e 3,54% do peso vivo, respectivamente. O tratamento BOR sempre teve o maior CMS ao longo dos 60 dias de experimento, o que refletiu numericamente em um maior GMD. Já o tratamento CAR teve um menor CMS no período inicial do experimento (P<0,01), que foi ajustado na metade e no fim do experimento. A explicação para um menor CMS nesses tratamentos pode ser provavelmente pela necessidade de um período maior de adaptação quando comparado a BOR e GER. Diversos autores avaliando extratos de plantas não encontraram diferenças significativas no consumo de nutrientes. Não ocorrerem reduções no consumo é interessante, já que os compostos secundários de plantas afetam as enzimas digestivas dos animais, o que acaba reduzindo a digestibilidade da dieta, consequentemente diminuindo o consumo de matéria seca. A adequada dosagem desses extratos pode ser responsável por não comprometer a ingestão de alimento. Entretanto Cardozo et al. (2006) foram capazes de aumentar o CMS de novilhas de corte recebendo uma dieta com alto teor de concentrado ao adicionar extrato de anis (P<0,10) e extrato de pimenta (P<0,05) a dieta. Da mesma forma, Prado-Rodriguez et al. (2011) tiveram uma resposta linear no CMS (P<0,04) de novilhas recebendo uma dieta total com 90% de concentrado ao adicionar extrato de pimenta.Conclusões
O extrato de borragem foi capaz de melhorar o consumo de matéria seca em 5%, juntamente com aumento no consumo de proteína bruta, fibra em detergente neutro e energia bruta.Gráficos e Tabelas
