Rendimento dos constituintes não-carcaça de ovinos mestiços alimentados com suplementos múltiplos de palma forrageira e feno da parte aérea da mandioca

Darlan Silva dos Santos1, Leandro Santos e Silva2, Jordânia Kely Barbosa da Silva3, Gislaine Alexandrino da Silva4, Rayane Ferreira dos Santos5, José Fábio dos Santos Silva6, Mariah Tenório de Carvalho Souza7, Dorgival Morais de Lima Júnior8
1 - Universidade Federal de Alagoas
2 - Universidade Federal de Alagoas
3 - Universidade Federal de Alagoas
4 - Universidade Federal de Alagoas
5 - Universidade Federal de Alagoas
6 - Universidade Federal de Alagoas
7 - Universidade Federal de Alagoas
8 - Universidade Federal de Alagoas

RESUMO -

Objetivou-se com este trabalho avaliar o rendimento dos constituintes não-carcaça de ovinos mestiços alimentados com suplementos múltiplos de palma forrageira e feno da parte aérea da mandioca. Foram utilizados 35 ovinos machos, mestiços, não castrados, confinados e distribuídos em 5 tratamentos com 7 repetições cada. Após o abate, os animais foram esfolados e esviscerados, separando e pesando os componentes não-carcaça. Não houve diferença significativa entre os componentes não-carcaça para os 5 tratamentos com exceção do fígado, pulmão e rins + gordura perirrenal que apresentaram maiores médias para as dietas FT+PAL (1,53%; 0,98%; 1,02%) e FPAM+PAL (1,47%; 0,91%; 1,30%), e mesentério, que apresentou diferença estatística apenas na dieta FT com a menor média (0,54%). Pode se utilizar o feno da parte aérea da mandioca, associada ou não com a palma forrageira na alimentação de ovinos, sem comprometer o desenvolvimento normal dos componentes não-carcaça.

Palavras-chave: forragem, nutrição de ovinos, órgãos, ração

Yield of non-carcass constituents of mixed race lambs feded with multiple supplements of forage palm and aerial part of cassava hay

ABSTRACT - ABSTRACT: The objective of this work was to evaluate the yield of non-carcass constituents of mixed race of lambs fedes with multiple supplements of forage palm and aerial part of cassava hay. Thirty five lambs, from mixed race, uncastrated, confined and distributed sheep were used in 5 treatments with 7 replicates each. After slaughter, the animals were skinned and gutted, separating and weighing the non-carcass components. There were no significant difference between the non-carcass components for the 5 treatments with the exception of liver, lung and kidneys + perirenal fat, which presented higher averages for FT + PAL (1.53%, 0.98%, 1.02% ) And FPAM + PAL (1.47%, 0.91%, 1.30%), and mesentery, which presented statistical difference only in the FT diet with the lowest mean (0.54%). Manioc aerial hay may be used, whether or not it is associated with forage palm in lambs diet, without compromising the normal development of non-carcass components.
Keywords: fed, fodder, nutricion of sheep, organs


Introdução

A ovinocultura vem aumento nos últimos anos, com um mercado consumidor cada vez mais exigente por produtos de qualidade, onde a produção de carne ovina em 2013 alcançou 8,6 milhões de toneladas (FAO, 2013). É visto que, o confinamento de ovinos tem sido voltado mais para obtenção de ganhos de rendimento de carcaça que compensem economicamente esse mercado, não havendo uma valorização dos componentes não carcaças, proporcionando perdas econômicas para os produtores. De acordo com Silva Sobrinho et al. (2003), no Nordeste brasileiro, é comum a utilização dos órgãos (pulmões, coração, fígado, baço, rins e língua) e as vísceras (rúmen, retículo, omaso, abomaso e intestino delgado), além de outros componentes (sangue, omento, diafragma, cabeça e patas) para a preparação de pratos tradicionais como o sarapatel e a "buchada. A comercialização em conjunto desses componentes apresenta fonte adicional de renda, que pode contribuir com parte das despesas no processo de abate. Neste sentido, objetivou-se avaliar com este trabalho, o rendimento dos componentes não-carcaça de ovinos alimentados com feno da parte aérea da mandioca e palma forrageira.

Revisão Bibliográfica

Embora não exista uma definição dos cortes comerciais no Brasil, a maioria das regiões destaca-se cortes como perna, lombo, costelas, paleta e pescoço. Por outro lado, são poucos os trabalhos que avaliam a composição física destes cortes em ovinos, e os poucos estudos existentes avaliam apenas a perna e/ou lombo de animais quase sempre terminados em regime de confinamento, tornando cada vez mais necessário estudar a composição da carcaça em animais terminados em pastejo com ou sem suplementação. Diante desses fatos e associado às características dos sistemas de criação de ovinos predominantes no Nordeste do Brasil, torna-se pertinente estudar as possíveis variações na carcaça e nos cortes comerciais de cordeiro (Rômulo, 2008). Conforme Santos e Pérez (2000), o sistema de corte realizado na carcaça deve apreciar aspectos como a composição física do produto oferecido (músculo, gordura e osso), versatilidade dos cortes obtidos (facilidade de uso pelo consumidor) e aplicabilidade ou facilidade de realização do corte pelo operador que o realiza. Sabendo-se, que cada tipo de corte realizado na carcaça, os valores econômicos mudam. A maioria dos estudos envolvendo abate de ovinos, considera apenas a carcaça como unidade de comercialização, descartando outras partes comestíveis do corpo do animal (não-componentes da carcaça) que apresentam fonte de renda e que podem contribuir na alimentação de populações. É definido os não-componentes da carcaça como subprodutos que não fazem parte da carcaça, constituídos pelo sistema digestório e seu conteúdo, pele, cabeça, patas, cauda, pulmões, traquéia, fígado, coração, rins, gorduras omental, mesentérica, renal e pélvica, baço e aparelhos reprodutor e urinário, os quais podem representar até 40% do peso corporal de ovinos (Fraysse e Darre, 1990; Gastaldi et al., 2001).

Materiais e Métodos

O experimento foi conduzido no Centro Demonstrativo e Experimental do Curso de Zootecnia (CEDEZOO) da Universidade Federal de Alagoas – Campus Arapiraca. Foram utilizados 35 ovinos machos, não castrados, 1/2 Dorper e Santa Inês, com peso inicial médio de 16,06 kg ± 1,64 kg e cerca de 4 meses de idade.  Os animais foram alojados em baias individuais com 1,15m2, providas de comedouros e bebedouros, e submetidas a limpezas diárias.  Ao início do experimento, os animais foram identificados com brincos numerados, vermifugados e distribuídos em delineamento inteiramente casualizado, com relação volumoso:concentrado 70:30. As composições das dietas se encontram na Tabela 1. As dietas foram calculadas para atender as exigências nutricionais de acordo com o NRC (2007). Os alimentos foram fornecidos duas vezes ao dia às 8:00h e às 16:00h, sendo pesadas diariamente as quantidades fornecida e as sobras, permitindo 10% de sobras. O experimento teve duração de 90 dias, sendo os primeiros 15 dias para adaptação dos animais às instalações. Após o período experimental, os animais foram submetidos ao jejum de alimentos sólidos por 24h. Após, os animais foram pesados e anotados o peso corporal ao abate (PCA), insensibilizados e sangrados. Após a sangria, esfola e evisceração. Foram retiradas a cabeça e patas. Foram considerados como constituintes não-carcaça: sangue, fígado, rins, trato gastrointestinal vazio, pulmão, diafragma, traquéia, coração, cabeça, patas, baço, pênis, língua, pericárdio, pâncreas, rins + gordura perirrenal e mesentério. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado com 5 tratamentos e 7 repetições. Os resultados foram avaliados por meio de análises de variância e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, pelo programa estatístico SAEG (SAEG, 2000).

Resultados e Discussão

O maior peso total dos componentes não-carcaça, de 8,28 kg, foi observado nos animais alimentados com a dieta PAM + PAL (Tabela 2), apesar de não apresentar diferença significativa entre as dietas FT + PAL (7,31 kg) e FPAM (6,28 kg). Para peso total dos órgãos, a dieta FT+PAL apresentou a maior média (1,57 kg), não diferindo estatisticamente das dietas FPAM+PAL (1,53 kg) e FPAM (1,33 kg). Os componentes-não carcaça não apresentaram diferença significativa para os cinco tratamentos, com exceção do fígado, pulmão e rins + gordura perirrenal que apresentaram maiores médias para as dietas contendo palma forrageira (FT+PAL e FPAM+PAL) e mesentério, que apresentou diferença estatística apenas na dieta FT com a menor média (0,54%). Segundo Camilo et al. (2012), o fígado apresenta elevada taxa metabólica, sendo que essa atividade é intensificada quando há aumento do nível de energia na dieta, consequentemente, este órgão apresenta maior desenvolvimento para conseguir atender à demanda do metabolismo dos nutrientes, o que explica a variação encontrada no presente trabalho. Em relação aos pulmões, por ser um órgão primordial para a sobrevivência do animal, o seu desenvolvimento não é afetado pela capacidade nutricional da dieta, desde que essa tenha condições de suprir pelo menos a exigência de mantença dos animais. Os resultados estão de acordo com os encontrados por Moreno et al. (2010), que avaliou o desempenho e rendimentos de carcaça de cordeiros Ile de France desmamados com diferentes idades. De acordo com Carvalho et al. (2005), o peso dos componentes não-carcaça pode atingir de 40 a 60 % do peso vivo final ao abate e é influenciado por fatores como peso corporal, sexo, tipo de nascimento, genética, idade e alimentação. Os resultados mostram a importância do valor para comercialização dos constituintes não-carcaça, reforçando as observações de Osório et al. (2002), que recomendaram considerar o “quinto quarto”, e não somente a carcaça quente ou peso corporal na comercialização, valorizando a qualidade.

Conclusões

O feno da parte aérea da mandioca pode ser associado ou não com a palma forrageira na alimentação de ovinos, sem comprometer o desenvolvimento normal dos componentes não-carcaça.

Gráficos e Tabelas




Referências

CAMILO, D. A.; et al. Peso e rendimento dos componentes não-carcaça de ovinos Morada Nova alimentados com diferentes níveis de energia metabolizável. Semina: Ciências Agrárias, v.33, n.6, p.2429-2440, 2012. CARVALHO, S.; et al. Desempenho e componentes do peso vivo de cordeiros submetidos a diferentes sistemas de alimentação. Ciência Rural, v.35, n.3, p.650-655, 2005. FRAYSSE, J. L.; DARRE, A. Produire des viandes. Paris: Lavoisier, 1990. p.91-113. FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS – FAO. Roma, 2013. Statitical Databases. Disponível em www.fao.org. Acesso em 15 de maior de 2017. GASTALDI, K.A; SILVA SOBRINHO, A.G; MACHADO, M.R.F; et al. Proporção dos componentes não constituinte da carcaça em cordeiros alimentados com dietas com diferentes relações volumoso:concentrado e abatido aos 30 ou 34Kg de peso vivo. In:REUNIAO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 38., 2001,Piracicaba. Anais... Piracicaba: SBZ, 2001.p.956-957. MORENO, G. M. B.; et al. Desempenho e rendimentos de carcaça de cirdeiros Ile de France desmamados com diferentes idades. Ver. Bras. Saúde Prod. Na., v.11, n.4, p.1105-1116, 2010. OSÓRIO, J.C.S.; et al. Qualidade, morfologia e avaliação de carcaças. Pelotas: Universidade Federal de Pelotas. Ed. Universitária, 2002. 194p. SANTOS J.R.S., & RIET-CORREA F. 2012. Malformações em pequenos ruminantes. Revisão de literatura. Pesquisa Veterinária Brasileira. Hospital Veterinário, CSTR, Universidade Federal de Campina Grande, Campus de Patos, 58708-110 Patos, PB, Brazil. SILVA SOBRINHO, A.G.; GASTALDI, K.A.; GARCIA, C.A. et al. Diferentes dietas e pesos ao abate na produção de órgãos de cordeiros. Revista Brasileira de Zootecnia, v.32, n.6, p.1792-1799, 2003 (supl. 1).