Valor nutricional da planta de milho para produção de silagem sob diferentes níveis de adubação nitrogenada em cobertura

Leslei Caroline Santos1, Mikael Neumann2, André Dochwat3, Bruno José Venancio4, Julio Cezar Heker Junior5, Guilherme Fernando Mattos Leão6, Egon Henrique Hosrt7, Ricardo André Kloster Karpinski8
1 - UNICENTRO
2 - UNICENTRO
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6 - UFPR
7 - UEM
8 - UNICENTRO

RESUMO -

O objetivo do trabalho foi avaliar a composição bromatológica e teor de matéria seca da planta de milho (Zea mays L.) para silagem, manejado sob níveis crescentes de adubação nitrogenada em cobertura. Os tratamentos consistiram em quatro níveis de adubação: T1 – (112,5 kg ha-1 de N); T2 – (225,0 kg ha-1 de N); T3 – (337,5 kg ha-1 de N); e T4 – (450,0 kg ha-1 de N). Verificou-se que o nível de adubação nitrogenada influenciou a composição química da planta, especificamente a proteína bruta, que apresentou superioridade (P<0,05) nos tratamentos T3 e T4, com valores de 7,21% e 7,49%, respectivamente.

Palavras-chave: Bromatologia, fertilização, nitrogênio, proteína bruta

Nutritional value of corn plant for silage under different levels of nitrogen fertilization

ABSTRACT - The objective was to evaluate the chemical composition and dry matter content of maize (Zea mays L.) for silage managed under increasing levels of nitrogen fertilization. Treatments consisted of four top-dressing levels: T1 - (112.5 kg ha-1 N); T2 - (225,0 kg ha-1 N); T3 - (337,5 kg ha-1 N); and T4 - (450,0 kg ha-1 N). It was found that the level of fertilization affected the parameters of the chemical composition of the plant. The crude protein had significant difference (P <0.05), showing superiority in this variable for T3 and T4, with values of 7, 21% and 7,49%, respectively.
Keywords: Bromatology, fertilization, nitrogen, crude protein


Introdução

Com a intensificação dos sistemas pecuários a cultura do milho, assumiu um papel fundamental dentre os volumosos utilizados na produção animal. A conservação do milho em forma de silagem é de grande valia, pois destaca-se devido a grande capacidade de produção de matéria seca por unidade área (>15 t ha-1) e por ser altamente energético (>67% de nutrientes digestíveis totais na matéria seca) (NEUMANN et al., 2005). Para a produção de silagem com qualidade, um fator importante é o teor de matéria seca da planta na ensilagem, pois isso determinará o perfil da fermentação que ocorrerá no silo. O teor ideal de matéria seca é de 30 a 35%. Entretanto um valor de matéria seca acima de 25% associado à um nível adequado de carboidratos solúveis seria suficiente para produção de silagem de qualidade (NUSSIO, 2001). Outro ponto importante é a composição bromatológica da planta de milho, determinando as frações fibrosas, que caracterizam a qualidade das forrageiras, uma vez que são correlacionadas com a digestibilidade e o consumo voluntário (VAN SOEST, 1994). A mensuração do nitrogênio da planta, estima os valores de proteína bruta, referentes a qualidade da forragem, e tal nutriente sofre influência de vários fatores, dentre eles a adubação nitrogenda (SABATA e MASON, 1992). O presente trabalho objetivou avaliar a composição bromatológica e teor de matéria seca da planta de milho (Zea mays L.) para silagem sob o efeito de diferentes níveis de adubação nitrogenada em cobertura.

Revisão Bibliográfica

Para a produção de silagem com qualidade, o teor de matéria seca da planta na ensilagem é um fator importante a ser analisado, pois isso determinará o perfil da fermentação que ocorrerá no silo (NUSSIO, 2001).  Outro ponto importante a ser considerado é a adubação nitrogenada da cultura do milho, pois o nitrogênio tem função direta no metabolismo das plantas, constituindo, enzimas, ácidos nucleicos, clorofila, e principalmente aminoácidos. Portanto, a adubação nitrogenada está ligada diretamente a qualidade da silagem resultante, mas principalmente seu teor de proteína bruta (SABATA e MASON, 1992). Reforçando tal hipótese, Killorn e Zourakis (1992) afirmam que o teor de nitrogênio presente na planta reflete a sua biodisponibilidade no solo. Fernandes (2006) ressalta que dentre os nutrientes fundamentais para sanidade e produtividade da planta, o nitrogênio possui papel de destaque, pois é um dos elementos minerais requeridos em maior quantidade pelas plantas e o que mais limita o crescimento. Ele faz parte de proteínas, ácidos nucleicos e muitos outros importantes constituintes celulares, incluindo membranas e diversos hormônios vegetais. Corroborando, Neumann et al., (2005) destacam que o nitrogênio é o mineral mais exportado do solo para a planta, onde cerca de 75% desse nitrogênio é translocado para os grãos, concentrando aproximadamente 15 kg de N toneladas de grãos. Já Fernandes (2006) ressalta a importância de ser ter folhas bem supridas em nitrogênio, as quais têm maior capacidade de assimilar CO2 e sintetizar carboidratos durante a fotossíntese. Neste contexto insere-se a importância da composição bromatológica da silagem de milho avaliando todas as frações, pois a determinação das frações fibrosas, caracterizam a qualidade das forrageiras e o aproveitamento animal. Os métodos rotineiros mais utilizados para determinação destas frações fibrosas são a fibra em detergente ácido (FDA) e a fibra em detergente neutro (FDN), por serem os mais eficientes na quantificação da fibra total (VAN SOEST, 1994). A mensuração do nitrogênio da planta é feita pelo método micro Kjeldahl através da digestão de uma amostra em ácido sulfúrico, convertendo o nitrogênio em amônia, destilação da amônia em ma solução receptora e quantificação da amônia por titulação. Assim estima-se os valores de proteína bruta, e consequentemente a qualidade da forragem. E e tal nutriente sofre influência de vários fatores, dentre eles cita-se a adubação nitrogenada (SABATA e MASON, 1992).

Materiais e Métodos

O experimento ocorreu na Chácara Bela Vista em Guarapuava-PR, pela Universidade Estadual do Centro-Oeste. Na semeadura do híbrido P30R50YH, realizou espaçamento entre linhas de 45 cm, profundidade de 4 cm e densidade de 2,6 plantas por metro linear. A adubação de base foi constituída de 476 kg ha-1 da formulação 10-26-25 (N-P2O5-K2O). A area útil de cada parcela era de 400 m2 (16 m x 25 m), onde os tratamentos foram divididos entre diferentes níveis de adubação nitrogenada em cobertura: T1: 112,5 kg ha-1 de N, T2: 225,0 kg ha-1 de N, T3: 337,5 kg ha-1 de N, e T4: 450 kg ha-1 de N. Em cobertura, 30 dias após o plantio, no estádio de desenvolvimento da cultura V5, realizou-se a primeira adubação de cobertura na dosagem de 112,5 kg ha-1 de N, para todos os tratamentos e 45 dias após o plantio, no estádio de desenvolvimento V9, realizou-se a segunda adubação de cobertura na dosagem de 0 kg ha-1 , 112,5 kg ha-1 de N, 225 kg ha-1 de N, 337,5 kg ha-1 de N.para os tratamentos T1, T2, T3 e T4 respectivamente. As plantas de milho foram colhidas no estádio reprodutivo de grão duro. Uma amostra de 20 plantas homogêneas de cada parcela foram separadas e enviadas ao laboratório. As amostras da planta inteira de cada tratamento foram pesadas e secadas em estufa de ar forçado até peso constante e moídas. Após a moagem ocorreu a analise das amostras, determinando a matéria seca total (MS), proteína bruta (PB) e matéria mineral (MM), teores de fibra em detergente neutro (FDN), com α amilase termo-estável, lignina (LIG), fibra em detergente ácido (FDA), hemicelulose (HEM), celulose (CEL), carboidratos não fibrosos (CNF) e extrato etéreo (EE) conforme Silva & Queiroz (2009). O delineamento experimental foi de blocos ao acaso, com quatro tratamentos e quatro repetições. Os dados passaram por análise de regressão (proc reg) e análise de variância com comparação das médias ao nível de significância de 5% pelo teste Tukey.

Resultados e Discussão

Observa-se na Tabela 1 que não houve diferença significativa (P>0,05) para o teor de matéria seca da planta de milho, quando submetida a diferentes níveis de adubação nitrogenada na cobertura. Obtendo diferença máxima de 5,99% entre os tratamentos e média de 42,1% de matéria seca. Além disso, na avaliação bromatológica, os diferentes níveis de adubação não alteraram (P>0,05) as frações de carboidratos estruturais e não estruturais, minerais e extrato etéreo, o que pode ser observado foi a variação nos níveis de proteína bruta da planta (P<0,05). Em relação aos teores de matéria seca da planta inteira, houve variação de 40,8 a 43,4%, para os níveis 225,0 e 450,0 kg de N ha-1. Segundo Zopollato et al. (2009) os teores de matéria seca encontram-se dentro do recomendado para produção de silagem de milho. Em contrapartida Nussio (2001) afirma que o teor de matéria seca da planta no momento da ensilagem deve estar em torno de 30 a 35% para uma produção de silagem de qualidade. Assim, Van Soest (1994) preconiza que o teor de matéria seca é de extrema importância, pelo fato de influenciar na conservação do material ensilado, inibindo ou exacerbando o crescimento de microrganismos indesejáveis para a fermentação. Quanto a composição bromatológica, o teor de proteína bruta dos materiais foi afetado significativamente (P<0,05) pela dose de adubação nitrogenada em cobertura, onde os níveis mais altos de adubação se relacionaram com as maiores concentrações de proteína bruta (7,21% e 7,49%, para os níveis de 337,5 e 450,0 kg de N ha-1, respectivamente). Sabata e Mason (1992) relatam que o nitrogênio é constituinte de diversos elementos celulares da planta, principalmente aminoácidos, portanto, a adubação nitrogenada está ligada diretamente a qualidade da silagem e, principalmente com seu teor de proteína bruta. Observa-se que o teor de CNF+EE variou entre 30,60 a 26,59%, e FDN 60,83 a 59,42% para os níveis 450,0 e 112,5 kg de N ha-1 respectivamente. Segundo Killorn e Zourarakis (1992) folhas bem nutridas com nitrogênio possuem uma capacidade maior em assimilar CO2 e com isso sintetizar carboidratos durante o processo de fotossíntese.

Conclusões

O hibrido P30R50HY apresentou características bromatológicas adequadas quando cultivado em nível mínimo de adubação nitrogenada em cobertura, porém níveis acima de 225 kg de nitrogênio ha-1 foram capazes de afetar positivamente o teor de proteína bruta da silagem.

Gráficos e Tabelas




Referências

FERNANDES, M. S. Nutrição Mineral de Plantas. Sociedade Brasileira de Ciência do Solo. 1.ed. p.432. Viçosa: UFV, 2006. KILLORN, R.; ZOURARAKIS, D. Nitrogen fertilizer management effects on corn grain yield and nitrogen uptake. Journal of Production Agriculture, v.5, n.1, p.142-148, 1992. NEUMANN, M.; SANDINI, I.E.; LUSTOSA, S.B.C.; OST, P.R.; ROMANO, M.A.; FALBO, M.K.; PANSERA, E.R. Rendimentos e componentes de produção da planta de milho (Zea mays L.) para silagem, em função de níveis de adubação nitrogenada em cobertura. Revista Brasileira de Milho e Sorgo, Sete Lagoas, v.4, n.3, p.418-427, 2005. NUSSIO, L.G.; CAMPOS, F.P. de; DIAS, F.N. Importância da qualidade da porção vegetativa no valor alimentício da silagem de milho. In: Anais do Simpósio sobre produção e utilização de forragens conservadas, Maringá, p.319. 2001. SABATA, R.J.; MASON, S.C. Corn hybrid interactions with soil nitrogen level and water regime. Journal of Production Agriculture, Madison, v.5, p.137-142, 1992. SILVA, D.J.; QUEIROZ, A.C. Análise de alimentos, métodos químicos e biológicos. 3ª reimpressão. Universidade Federal de Viçosa. p.235. 2009. VAN SOEST, P. J. Nutritional ecology of the ruminant. 2. ed. Ithaca: Cornell University Press, p. 476. 1994. ZOPOLLATTO, M.; NUSSIO, L.G.; MARI, L.J.; SCHMIDT, P.; DUARTE, A.P.; MOURÃO, G.B. Alterações na composição morfológica em função do estádio de maturação em cultivares de milho para produção de silagem. Revista Brasileira de Zootecnia, v.38, n.3, p.452-461, 2009.