Rendimento de cortes comerciais de ovinos mestiços alimentados com feno da parte aérea da mandioca e suplementos múltiplos de palma forrageira

Darlan Silva dos Santos1, Leandro Santos e Silva2, Jordânia Kelly Barbosa da Silva3, Gislaine Alexandrino da Silva4, Paulo Otávio Silva Cavalcante5, José Fábio dos Santos Silva6, Mariah Tenório de Carvalho Souza7, Dorgival Morais de Lima Júnior8
1 - Universidade Federal de Alagoas
2 - Universidade Federal de Alagoas
3 - Universidade Federal de Alagoas
4 - Universidade Federal de Alagoas
5 - Universidade Federal de Alagoas
6 - Universidade Federal de Alagoas
7 - Universidade Federal de Alagoas
8 - Universidade Federal de Alagoas

RESUMO -

Objetivou-se avaliar com esse estudo, os cortes comerciais de ovinos alimentados com feno da parte aérea da mandioca e palma forrageira. Foram utilizados 35 ovinos machos, não castrados, mestiços, com peso inicial médio de 16 kg. Os animais foram distribuídos em delineamento inteiramente casualizado, com 5 tratamentos e 7 repetições cada, com relação volumoso:concentrado de 70:30. Os resultados foram submetidos a ANOVA através do teste de Tukey a 5% de probabilidade. Não houve diferença significativa nas proporções de paleta, pescoço, costela, lombo e perna nos cinco tratamentos, indicando que os cortes comerciais como porcentagem da carcaça não foram influenciados pelos tratamentos, demonstrando que todos os cortes evoluíram em peso e proporções semelhantes. O feno da parte aérea da mandioca pode ser uma alternativa viável para alimentação de ovinos, associado ou não com a palma forrageira, sem comprometer o desenvolvimento normal dos cortes comerciais.

Palavras-chave: forragem, nutrição de ovinos, produção de carne, ração

Yield of commercial cuts of crossbred sheep fed aerial part of cassava hay and multiple supplements of forage palm

ABSTRACT - The objective of this study was to evaluate the commercial cuts of lambs feded with aerial part of cassava and forage palm. In this study, 35 male lambs, uncastrated, from mix race with an average initial weight of 16 kg were used. The animals were distributed in a completely randomized design, with 5 treatments and 7 replicates, with bulky ratio: concentrate of 70:30. The results were submitted to ANOVA using the Tukey test at 5% probability. Was no significant difference in the proportions of muscle, palette, neck, rib, loin and leg in the five treatments. Indicating that the commercial cuts as a percentage of the carcass were not influenced by the treatments, demonstrating that all cuts evolved in weight and similar proportions. Manioc aerial hay can be a viable alternative for feeding sheep, whether or not associated with forage palm, without compromising the normal development of commercial cuts.
Keywords: fed, fodder, meat production, nutricion of sheep


Introdução

A ovinocultura vem demonstrando um crescente aumento nos últimos anos, com um mercado consumidor cada vez mais exigente por produtos de qualidade, onde a produção de carne ovina em 2013 alcançou 8,6 milhões de toneladas, no qual vem crescendo cerca de 6% ao ano (FAO, 2013). A crescente valorização e demanda pela carne ovina, principalmente a oriunda de animais jovens, tem estimulado a intensificação dos sistemas produtivos, os quais buscam maior agilidade na terminação e produção de cortes comercias, na qual precisam de uma alimentação eficiente com custos baixos. No semiárido nordestino a produção de forragens é deficiente e existem grandes variações na sua disponibilidade ao longo do ano, o que leva a região a buscar alternativas de alimentos para época de escassez, para atender as exigências dos animais. Assim, sendo tão significativa a presença da mandioca e da palma forrageira na região do Nordeste, pode-se aproveitar a parte aérea da mandioca como forma de feno, já que a utilização dessa parte da planta é quase que dispensável pela maioria dos produtores e a palma in natura, que apresenta grande produção na região, sendo alternativas para alimentação de pequenos ruminantes. Neste sentido, objetivou-se avaliar com este trabalho, os cortes comerciais de ovinos alimentados com feno da parte aérea da mandioca e palma forrageira.

Revisão Bibliográfica

A produção pecuária de corte vem crescendo a cada dia e uma das atividades responsáveis por esse crescimento é a ovinocultura (ROMULO 2008), sendo atualmente a carne ovina produto de maior significância para a cadeia produtiva, representando grande parcela dos investimentos no setor (OSORIO, 2002). Além disso, entre as espécies de ruminantes para produção de carne, os ovinos apresentam rápido ciclo produtivo 10 meses, o que faz o setor de carne ovina ter um retorno econômico garantido e em pouco tempo (SANTELLO et al., 2006). Conforme Santos e Pérez (2000), o sistema de corte realizado na carcaça deve apreciar aspectos como a composição física do produto oferecido (músculo, gordura e osso), versatilidade dos cortes obtidos (facilidade de uso pelo consumidor) e aplicabilidade ou facilidade de realização do corte pelo operador que o realiza. Sabendo-se, que cada tipo de corte realizado na carcaça, os valores econômicos mudam.

Materiais e Métodos

O experimento foi conduzido no Centro Demonstrativo e Experimental do Curso de Zootecnia (CEDEZOO) da Universidade Federal de Alagoas – Campus Arapiraca. Foram utilizados 35 ovinos machos, não castrados, ½ Dorper e Santa Inês, com peso inicial médio de 16,06 kg ± 1,64 kg e cerca de 4 meses de idade. Os animais foram alojados em baias individuais com 1,15m2, providas de comedouros e bebedouros, e submetidas a limpezas diárias. Ao início do experimento, os animais foram identificados com brincos numerados, vermifugados e distribuídos em delineamento inteiramente casualizado, com relação volumoso:concentrado 70:30. As composições das dietas se encontram na Tabela 1. As dietas foram calculadas para atender as exigências nutricionais de acordo com o NRC (2007). Os alimentos foram fornecidos duas vezes ao dia às 8:00h e às 16:00h, sendo pesadas diariamente as quantidades fornecida e as sobras, permitindo 10% de sobras. O experimento teve duração de 90 dias, sendo os primeiros 15 dias para adaptação dos animais às instalações. Após período experimenta, os animais foram submetidos ao jejum de alimentos sólidos por 24h. Após, os animais foram pesados e anotados o peso corporal ao abate (PCA), e, insensibilizados e sangrados. Após a sangria, esfola e evisceração. Foram retiradas a cabeça e patas. Em seguida registrou-se peso da carcaça quente. As carcaças foram transferidas para câmara frigorífica a 4ºC por 24 horas, suspensas em ganchos para manter a distância de 14 cm. Decorrido esse período, obteve-se o peso de carcaça fria. As carcaças foram seccionadas ao meio. A meia-carcaça direita foi cortada em seis regiões anatômicas, segundo metodologia proposta por Silva Sobrinho e Silva (2000), que considerou os seguintes cortes: paleta; perna; lombo; costilhar; serrote e o pescoço. Os pesos individuais dos cortes foram registrados, e obteve-se assim, o peso dos cortes comerciais da carcaça. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado com 5 tratamentos e 7 repetições. Os resultados foram avaliados por meio de análises de variância e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, pelo programa estatístico SAEG (SAEG, 2000).

Resultados e Discussão

Os resultados apresentados na Tabela 2 mostram que não houve diferença significativa nas proporções de paleta, pescoço, costela, lombo e perna nos cinco tratamentos. Indicando que os cortes comerciais como porcentagem da carcaça não foram influenciados pelos tratamentos, demonstrando que todos os cortes evoluíram em peso e proporções semelhantes. Para serrote houve diferença significativa, onde os tratamentos FMP, FTP e PAM apresentaram as maiores médias (10,70%; 10,06%; 9,98%). Os resultados encontrados estão de acordo com os obtidos por Sousa et al. (2009), que trabalhando com características morfométricas e de carcaça de cabritos e cordeiros terminados em confinamento, não observaram diferença significativa dos cortes comerciais, exceto o serrote que no presente trabalho apresentou valores inferiores. Esse corte, que é considerado “de segunda”, tem menos importância junto a indústria devido à sua valorização junto ao consumidor e representam menor parte da meia carcaça. De acordo com Hammond (1966), conforme o ovino cresce, ocorrem modificações em suas proporções corporais, verificando-se uma onda de crescimento que se inicia na cabeça e se estende ao longo do tronco (ondas primárias) e outras que se iniciam nas extremidades e ascendem pelo corpo, encontrando-se na região do lombo com a última costela “região de menor desenvolvimento” (ondas secundárias). Os resultados mostrados na Tabela 2 enfatizam a pouca diferença encontrada para o crescimento corporal dos animais.

Conclusões

O feno da parte aérea da mandioca pode ser uma alternativa viável para alimentação de ovinos, associado ou não com a palma forrageira, sem comprometer o desenvolvimento normal dos cortes comerciais.

Gráficos e Tabelas




Referências

FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS – FAO. Roma, 2013. Statitical Databases. Disponível em www.fao.org. Acesso em 15 de março de 2017. HAMMOND, J. Principios de la explotación animal. Zaragoza: Acribia, 1966. 363p. OSÓRIO, J. C. S. et al. Qualidade, morfologia e avaliação de carcaças. Pelotas: Editora e Gráfica Universitária - UFPEL, 2002. 197p. SANTOS, C.L.; PÉREZ, J.R.O. Cortes comerciais de cordeiros Santa Inês. In: ENCONTRO MINEIRO DE OVINOCULTURA, 1., 2000, Lavras. Anais... Lavras: UFLA, 2000. p.149-168. SANTELLO, G.A.; MACEDO, F.A.F.; MEXIA, A.A.; SAKAGUTI, E.S.; DIAS, F.J.;PEREIRA, M.F. Características de carcaça e análise do custo de sistemas de produção de cordeiros ½ Dorset Santa Inês. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 35, n. 4, p. 1852-1859, 2006 (suplemento 2). SOUSA, W. H.; et al. Características morfométricas e de carcaça de cabritos e cordeiros terminados em confinamento. Revista Brasileira de Zootecnia, v.38, n.7, p.1340-1346, 2009. SILVA SOBRINHO, A.G., A.M.A., SILVA. Produção de carne ovina. Revista Nacional da carne. V 24, n. 285, p. 32 – 44, 2000.