Morfometria ultraestrutural da casca de ovos de emu (Dromaius novahellandiae) por microscopia eletrônica de varredura

Yuri Rodrigues Moreira1, Juan Carlos Palomino Quintero2, Flavio Costa Minguens3, Karoll Andrea Alfonso Torres-Cordido4, Ligia Fatima Lima Calixto5, Samuel Sousa Roxa6, Adriana Jardim de Almeida7
1 - Universidade Estadual do Norte Fluminense
2 - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
3 - Universidade Estadual do Norte Fluminense
4 - Universidade Estadual do Norte Fluminense
5 - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
6 - Universidade Estadual do Norte Fluminense
7 - Universidade Estadual do Norte Fluminense

RESUMO -

O objetivo deste trabalho foi caracterizar a ultraestrutura da casca de ovos de emu (Dromaius novaehollandiae) mediante microscopia eletrônica de varredura (MEV). Foram coletados fragmentos da área equatorial da casca de 22 ovos, estes foram acomodados em stubs de alumínio, na posição vertical e posteriormente metalizados com uma camada de ouro. Os fragmentos de casca foram fotografadosPhotographed  por microscópio eletrônico de varredura com um aumento de 200x  de onde foram feitas as medidas. A casca de ovo de emu apresenta maior número de camadas em comparação à casca de ovo de galinha, devido às diferentes formas de deposição e composição de cada camada, tornando necessário realizar estudos específicos ao respeito das caraterísticas e funções de cada camada.

Palavras-chave: ratitas, camada paliçada, camada mamilar, camada cristalina

Ultrastructural morphometry of the eggshell of emu (Dromaius novahellandiae) by scanning electron microscopy

ABSTRACT - The aim of this study was characterize the ultrastructure of the eggshell of emu (Dromaius novaehollandiae) by scanning electron microscopy (MEV). Fragments of the equatorial area of the eggshell were collected from 22 eggs, hat was housed in aluminum stubs in an upright position and subsequently metallized with a gold layer. The eggshell fragments were photographed by scanning electron microscope at a magnification of 200x, where were made the measurements. Emu eggshells have a higher number of layers compared to chicken eggshell due to the different deposition and composition of each layer, making it necessary to carry out specific studies respecting the characteristics and functions of each layer.
Keywords: ratite , pallid layer, mammillary layer, crystalline layer


Introdução

O conhecimento estrutural dos constituintes dos ovos torna-se importante já que para os processos que envolvem a incubação, cada constituinte dos ovos como a casca, albúmen e a gema tem importantes funções que permitem ao embrião o desenvolvimento de maneira adequada (MACARI, 2013). Os critérios comumente utilizados para se avaliar a qualidade da casca baseiam-se nas medições do peso específico, espessura, resistência e relação entre o peso da casca e o peso do ovo (ORBAND & ROLAND SR., 1990). Segundo Emara (2008), o uso de microscopia eletrônica fornece informações relevantes sobre a composição da casca, e os resultados destas análises ultra estruturais evidenciam o conceito de que as propriedades mecânicas da casca não deveriam ser definidas apenas pelas análises citadas anteriormente, além disto o autor destacou que a microscopia eletrônica pode auxiliar na compreensão dos efeitos da qualidade da casca e em diferentes situações como idade da matriz e rendimento de incubação. Informação científica sobre qualidade física e estrutural dos ovos de emus ainda é muito escassa e em função da pouca exploração cientifica desta espécie, assim, objetivou-se caracterizar a ultraestrutura da casca de ovos de emu (Dromaius novahellandiae) mediante a microscopia eletrônica de varredura (MEV).

Revisão Bibliográfica

O emu (Dromaius novaehollandiae) é uma espécie de ratita de origem australiana. Na sua idade adulta pode medir 1,75 m de altura e pesa de 35 a 65 kg. A cor dos ovos é verde escura, com um peso entre 500 e 700 g. Os filhotes nascem após 46 a 56 dias de incubação (HUCHEZERMEYER, 2005). A produção de ovos é sazonal e corresponde a estação de inverno, de preferência. As fêmeas em cativeiro colocam um ovo a cada três ou quatro dias, chegando a produzir até mais de 20 ovos na estação (HERMES, 1996). Para efeito de incubação, os constituintes dos ovos de um modo geral, casca com seus anexos (cutícula, membranas), albúmen e a gema têm importantes funções que permitem ao embrião desenvolver-se de maneira adequada. Assim, há pouca possibilidade de sobrevida do embrião se ocorrerem alterações degenerativas ou deformatórias nestes constituintes. As funções de cada constituinte dos ovos são inter-relacionadas e complementares, de tal modo que, a alteração de qualquer porção, externa ou interna, afeta o ovo como um todo, e por consequência, o desenvolvimento embrionário e a qualidade do neonato. Essas alterações podem ocorrer por manejo inadequado do ovo na pós-postura ou ainda devido a fatores nutricionais e patologias do aparelho reprodutor. É possível correlacionar as alterações observadas na qualidade externa e interna do ovo com o problema que as originaram e, assim, corrigir rapidamente os possíveis erros com o objetivo de minimizar as perdas no incubatório (MACARI, 2013). Santos et al. (2007) no trabalho de pesquisa com ovos de avestruz, observaram que a deformidade da casca de ovos férteis afeta a viabilidade do embrião, e a alteração na forma do ovo quando associada à alteração na porosidade da casca, podem influenciar na perda de água durante o processo de incubação. Os índices de eclodibilidade registrados por estes autores revelaram incubabilidade 50% menor em ovos de avestruz com baixa densidade de poros na casca, em comparação a ovos com alta densidade, e no embriodiagnostico os embriões de avestruz oriundos de ovos cujas características da casca comprometiam troca de gases, apresentaram sinais de sufocamento bem como ovos de avestruz trincados e deformados apresentaram índices de eclodibilidade menores, mortalidade embrionária e contaminação maiores que os ovos normais (SANTOS et al. 2007).

Materiais e Métodos

O trabalho foi realizado no Criatório Científico de Emas e Emus da Universidade Estadual do Norte Fluminense - Darcy Ribeiro (UENF), em Campos dos Goytacazes-RJ. Vinte e dois os ovos foram obtidos de um grupo de emus composto de três fêmeas e dois machos com quatro anos de idade, e que se encontravam no seu segundo ano produtivo. As aves foram alojadas em um piquete de 638,43 m², com área coberta, contendo comedouro e bebedouro, alimentadas com rações à base de milho, farelo de soja e farelo de trigo, formuladas de acordo com as exigências nutricionais para emus descritas por Scheideler & Shell (1997). Os ovos foram coletados entre maio e outubro de 2016. Amostras da região equatorial da casca de cada ovo foram coletadas, lavadas e secas por 24 horas à temperatura ambiente. No Laboratório de Biologia Celular e Tecidual (LBCT) do Centro de Biociências e Biotecnologia (CBB) da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), os fragmentos foram quebrados com auxílio de pinças e depois três fragmentos menores acomodados em stubs de alumínio com auxílio de fita de carbono dupla face, na posição vertical. Posteriormente foram metalizadas com uma camada de ouro e foram examinados por Microscópio Eletrônico de Varredura  ZEISS EVO 40, operando a 25 KV, 1024 canais, resolução de 125 eV, a 8,5 mm de distância de trabalho. As camadas da casca do ovo foram fotomicrografadas com aumento de 200x . A espessura de cada camada foi mensurada em dois pontos, e a média dos valores foi calculada. Foram apresentados as medias e o desvio padrão de 22 amostras das variáveis espessura total da casca e de cada uma das camadas.

Resultados e Discussão

Os resultados das medidas da ultraestrutura da casca dos ovos de emu são apresentados na Tabela 1. As diferentes camadas foram identificadas pelas diferentes formas na deposição do Carbonato de Cálcio, como observado na figura 1-A. Identificando assim um número maior de camadas ao reportado em galinhas: cutícula, cristalina e mamilar (BARBOSA, 2012; MACARI, 2013) e em emus e avestruzes: outras camadas, paliçada e mamilar (DAUPHIN, 2006). A espessura total da casca foi similar à reportada por Dauphin (2006) de aproximadamente 1 mm, onde não foram incluídas as membranas da casca. Dauphin (2006), descreve as seguintes camadas: cutícula a qual não foi observada pelo autor; camada cristalina subdividida em duas, uma com deposição vertical de cristais de carbonato de cálcio e a outra com alto conteúdo de matéria orgânica; camada paliçada; camada mamilar, formada por unidades verticais que nascem desde os mamilos, estrutura na qual estão os núcleos mamilares, pontos de ancoragem das membranas da casca e de início da deposição do Carbonato de Cálcio. Neste trabalho foram definidas como camadas da casca: camada cristalina (Figura 1-B, depositada de forma incompleta na superfície da casca e diferente entre ovos (Figura 1-C, 1-D), diferente ao reportado em ovos de galinha (BARBOSA, 2012) a qual é depositada em toda a superfície da casca), camada porosa (Figura 1-E), camada paliçada (Figura 1-F), camada supramamilar (Figura 1-G) e mamilo (Figura 1-H).

Conclusões

As cascas de ovos de emu apresentaram diferentes camadas na sua ultraestrutura e isto e devido às diferentes formas de deposição e composição, tornando necessário fazer estudos respeito a ditas caraterísticas e determinar função especifica de cada camada.

Gráficos e Tabelas




Referências

BARBOSA, V.M.; BAIAO, N.C.; MENDES, P.M.M.; ROCHA, J.S.R.; POMPEU, M.A.; LARA, L.J.C.; MARTINS, N.R.S.; NELSON, D.L.; MIRANDA, D.J.A.; CUNHA, C.E.; CARDOSO, D.M.; CARDEAL, P.C. Avaliacao da qualidade da casca dos ovos provenientes de matrizes pesadas com diferentes idades. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec. v. 64, n. 4, p. 1036-1044, 2012. DAUPHIN, Y.; CUIF, J.; SALOME, M.; SUSINI, J.; WILLIAMS, C.T. Microstructure and chemical composition of giant avian eggshells. Anal Bional Chem. v. 386, p. 1761-1771, 2006. EMARA, O.K.A. Use of scanning electron microscopy techniques for predicting variations in eggshell quality of chickens. 2008. 252f. Dissertacao (Mestrado), Department of Poultry Production, Faculty of Agriculture, Ain Shams, Alabassya. HERMES JC. Raising ratites: Ostriches, emu, and rheas. A Pacific Northwest Extension Publication, 1996. HUNCHZERMEYER, F.W., Doenças de avestruzes e outras ratitas. Trad. Miriam Luz Giannoni, Adraina A Novais—Jaboticabal, Funep, 392 p., 2005. MACARI, M.; GONZALES, E.; MARTINS, P.C.; NÄÄS, I.A.; Manejo da incubação por Marcos Macari et al. 3. Ed. Jaboticabal: FACTA, 2013. 468 p.: il. SANTOS, J.R.G.; FORNARI, C.M.; TEO. M.A.; Influência da casca do ovo sobre índices de produtividade de um incubatório industrial. Ciência rural, V.37, n.2, P. 524-527, mar-abr, 2007. SCHEIDELER, S.E.; SELL, J.L. Nutrition Guidelines for Ostriches and Emus. Iowa State University, Ames, Iowa, 1997. ORBAN, J.I.; ROLAND SR., D.A. Correlation of eggshell quality with tibia status and other production parameters in commercial leghorns at ovoposition and 10-hour postoviposition. Poult. Sci., v.69, p.2068-2073, 1990.