Levantamento quantitativo e fatores limitantes da produção de mel do município de Casa Nova – BA

Eva Monica Sarmento da Silva1, Daiane Dias Ribeiro2, Lauricia dos Santos Nascimento3, Yan Souza Lima4, Rebert Coelho Correia5, José Fernandes Barbosa6, Tânia Maria Sarmento da Silva7
1 - UNIVASF
2 - UNIVASF
3 - UNIVASF
4 - UNIVASF
5 - Embrapa Semiárido
6 - Bahia Produtiva
7 - UFRPE

RESUMO -

A apicultura é uma atividade essencialmente ecológica e rentável, que pode ser desenvolvida em quase todo o espaço geográfico que possui condições favoráveis. O presente estudo teve como objetivo avaliar os aspectos quantitativos e os fatores limitantes da produção de mel do município de Casa Nova- BA. No total foram entrevistados 50 apicultores. Foi aplicado um questionário com 35 perguntas objetivas e subjetivas, abordando produção de mel e os fatores limitantes da produtividade. Os dados foram analisados de forma quantitativo e qualitativa. Concluiu-se que a cadeia produtiva de mel no município tem índices produtivos baixos, mesmo sendo uma região favorável para a atividade, isso ocorre devido à falta de recursos para obtenção de tecnologias e manejo necessário para mantença dos enxames.

Palavras-chave: Apicultura, Produção, Mel, Manejo

Quantitative survey and limiting factors of honey production in the municipality of Casa Nova – BA

ABSTRACT - Beekeeping is an activity essentially ecological and profitable that can be designed in almost any geographical area that has favourable conditions. The present study aimed to evaluate the quantitative aspects and the limiting factors of honey production in the municipality of Casa Nova-BA. In total 50 beekeepers were interviewed. A questionnaire was applied with objective and subjective questions 35, covering production of honey and the limiting factors of productivity. The data were analyzed quantitatively and qualitatively. It was concluded that the honey production chain in the municipality has low production rates, even though it's a favourable region for the activity that occurs due to lack of resources for technology and management necessary for maintenance of the swarms.
Keywords: Beekeeping, Production, Honey, Management


Introdução

A apicultura é uma atividade essencialmente ecológica e rentável, podendo ser desenvolvida em áreas que possua uma vegetação exuberante e rica em floradas, a mesma é sustentável e de grande importância econômica (SANTOS, 2009). Diversas regiões do Nordeste, com áreas com baixa pluviosidade e uma vegetação de caatinga, a exemplo do Submédio São Francisco, apresentam condições ambientais favoráveis para a implantação da apicultura como alternativa de geração de renda. Além da produção de mel, existe paralelamente a conservação da vegetação por meio da polinização, surgindo condições de sustentabilidade do bioma para a agricultura familiar. De acordo com Junior (2013), para se inserir no mercado cada vez mais competitivo dos produtos apícolas, é preciso que os apicultores inovem no gerenciamento e na utilização de tecnologias, passando a observar com uma visão empresarial. Segundo Sousa (2014), a criação racional de Apis mellifera deve ser padronizada em caixas do tipo Langstroth, por atender às necessidades dos apicultores e das abelhas. Facilitando o manejo, que induz as abelhas a construírem em quadros móveis com cera, garantindo o máximo desenvolvimento da colônia, com uma rainha prolífera, além de garantir um aproveitamento do mel estocado e o baixo custo de construção (SOUSA, 2014). Portanto, o objetivo desse trabalho foi avaliar os aspectos quantitativos e os fatores limitantes da produção de mel da cidade de Casa Nova-BA.

Revisão Bibliográfica

O Nordeste brasileiro é uma região de grande potencial para a área apícola do mundo, sendo que alguns estados também têm uma vasta produção de geleia real, própolis, pólen, cera e apitoxina, produtos que atingem preços superiores ao do mel. É considerada também, uma das poucas regiões do mundo, com capacidade de produzir o mel orgânico em uma quantidade significativa, graças à grande diversidade florística e de micro climas, aliada a uma grande extensão de reserva inativa do qual ainda não tem nem uma atividade agrícola ou pecuária, tendo extensas áreas onde não se utilizam agrotóxicos nas lavouras, sendo bastante procurado e valorizado no mercado internacional (COSTA, 2009). Na região semiárida, a criação racional de melíferas é crescente com ampla potencialidade em consequência da vegetação da caatinga ser favorável para atividade (VERAS, 2012). Segundo dados do IBGE (2012) o Estado da Bahia se destaca como o terceiro produtor nacional de mel totalizando um total de 2.396 toneladas. A apicultura tem sido desenvolvida como uma das melhores alternativas de renda e de convivência com a seca, assim se destacando no município de Casa Nova-BA, onde a Secretaria Estadual de Agricultura, tem dado suporte e intensificado as ações de Assistência Técnica, visando minimizar as consequências da estiagem na região (LINDOSO, 2013). A preparação para ser um bom apicultor requer conhecimento, boa vontade para estudar e estar sempre aberto para novos conhecimentos. Muito já se foi perdido e continua sendo por falta de entendimento dos agricultores que insistem em fazer a extração de mel por meio de técnicas extrativistas, sem se preocupar com a permanência ou a sobrevivência das abelhas (SILVA, 2004).

Materiais e Métodos

Essa pesquisa foi classificada como qualitativa e quantitativa com dados coletados em campo, sendo também de cunho exploratório. O presente trabalho foi realizado no município de Casa Nova- BA, localizado na região médio do São Francisco-BA, com bioma predominante da Caatinga, tendo como coordenada Latitude: 9º24’29’’ Sul Longitude: 41º9’29’’ Oeste. Esse trabalho consistiu na investigação de dados qualitativos e quantitativos, centrado em uma pesquisa de campo onde foram feitas visitas, entrevistas e observações, junto aos apicultores. O método utilizado para fazer o levantamento dos dados a campo foi através da aplicação de um questionário semi-estruturado com 35 perguntas. As visitas foram organizadas e realizadas inicialmente em três comunidades onde foram entrevistados no total 50 apicultores, baseado no questionário pré-estruturado.

Resultados e Discussão

No levantamento da produtividade de mel de abelhas Apis mellifera do município de Casa Nova -BA, pode-se observar uma média anual em torno de 12,5 kg de mel/colmeia/ano. Esta produção é considerada muito baixa quando comparada a produção dos anos anteriores que chegou a ser em média de 20 kg de mel/colmeia/ano. Também é baixa a produção quando comparada com a média de produção do Brasil que é em torno de 30kg/colmeia/ano. Segundo Ribeiro (2007), no estado do Ceará, o potencial da caatinga para a produção de mel fica em trono de 30 a 50 kg/colmeia/ano. O potencial da produção de mel está mais concentrado nos estados do Piauí, Ceará e Bahia como as principais produtoras de mel que juntas respondem por 80% do mel produzido no Nordeste. Segundo alguns apicultores entrevistados a baixa produção nos últimos anos está diretamente relacionada com a falta de chuvas regulares. Devido ao longo período de estiagem e a falta de manejo adequado, cerca de 31,20% dessas caixas não estão povoadas. Outro fator mencionado pelos entrevistados como sendo responsável pelo baixo valor e produção do mel é a falta de condições adequadas de extração. Por falta de incentivos e benefícios governamentais muitos apicultores estão ficando desacreditados da atividade. Quanto a padronização da criação em caixas racionais tipo Langstroth, observou-se que entre os 50 apicultores entrevistados, foram quantificados 2.958 caixas de criação de abelhas Apis mellifera, das quais 81,34% são do tipo Langstroth e 18,66% são do tipo caixão, que são caixas despadronizadas. Os caixões ainda são muito utilizados por não terem recurso suficiente para substituí-las pela caixa tipo Langstroth. A quantidade e lucratividade são baixas quando essas abelhas são criadas em caixões, pois permite apenas uma colheita anual, interferindo diretamente na quantidade e qualidade do mel produzido, como também na destruição das crias. No levantamento da quantidade de colmeia por apicultor entrevistado pode ser constatar que 36,36% dos apicultores apresentam de 01 a 30 caixas,  justificando assim, uma quantidade baixa de mel. Muitos alegam a falta de recursos para obtenção de mais caixas para a criação racional das abelhas e deve-se ressaltar que só 24,24% têm mais de 120 caixas, que é um número baixo, quando comparado a quantidade de apicultores do município (Tab. 1).

Conclusões

A apicultura tem condições de se tornar a fonte de renda principal dos apicultores de Casa Nova - BA, principalmente em anos de períodos de chuvas regulares, porém, deve se buscar investir em assistência técnica especializada e em crédito aos produtores para a aquisição de novas caixas e aprimoramento dos conhecimentos e tecnologias atualmente utilizadas na atividade.

Gráficos e Tabelas




Referências

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