RETENÇÃO DO FÓSFORO NA GLÂNDULA MAMÁRIA E NO ÚTERO DE CORDEIRAS DA RAÇA SANTA INÊS EM CRESCIMENTO

RETENTION OF THE PHOSPHORUS IN THE MAMMARY GLAND AND IN THE UTERUS OF LAMBS OF THE GROWING SANTA INÊS RACE

ABSTRACT - The aim of this study was to evaluate, from allometric studies, the body composition and retention of phosphorus in the mammary gland and uterus of growing Santa Ines lambs. Fifty animals were used, distributed in a completely randomized experimental design in a factorial scheme 3 x 2, three slaughter weights (20, 30 and 40 kg) and two nutritional management (ad libitum and restricted). After slaughter of animals samples of the mammary gland and uterus were separated, weighed and measured for phosphorus content. The allometric model was used for the scaling of the phosphorus mass in the mammary gland and in the uterus and the relationship between the mineral mass and body mass was established. There was no effect of diet regimens on phosphorus deposition in the mammary gland and uterus. Phosphorus deposition was isometric in the mammary gland and precocious in the uterus.

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Introdução

A produção de ovinos da raça Santa Inês é uma alternativa de exploração bastante atrativa no setor agropecuário brasileiro, principalmente em relação à produção de carne. Apesar das vantagens da utilização da raça, as informações sobre as exigências nutricionais desses animais ainda são escassas. Sendo ainda necessário o uso de informações de animais com exigências supostamente diferentes disponíveis pelos comitês internacionais. O fósforo é o segundo elemento mineral mais abundante no corpo animal e cerca de 80% é encontrado nos dentes e ossos, onde é necessário para a formação da matriz óssea. O restante (20%) é amplamente distribuído nos fluidos e tecidos moles do corpo onde atende a uma série de funções essenciais (Suttle, 2010). Conhecer a forma como o fósforo é depositado e/ou se mobilizanos compartimentos dos animais torna-se essencial para futuras determinações de exigências nutricionais desse mineral, o que pode evitar perdas ou excedentes na utilização do mesmo. Portando o objetivo deste trabalho foi avaliar, a partir de estudo alométrico, a composição corporal e a retenção de fósforo na glândula mamária e no útero de cordeiras Santa Inês em crescimento.  

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Revisão Bibliográfica

Os minerais são elementos inorgânicos, constituintes de todos os tecidos animais, em concentrações variáveis e essenciais para o crescimento normal, produção e reprodução. São classificados em macrominerais (cálcio, fósforo, sódio, cloro, potássio, magnésio e enxofre) cujas demandas são expressas em porcentagem, e em microminerais ou elementos traço (cobalto, cobre, iodo, ferro, manganês, molibidênio, selênio, zinco, cromo e flúor), aqueles exigidos em minúscula quantidade de miligramas por dia pelo animal (NRC, 2001). Dentre os macromineirais o fósforo destaca-se por estar envolvido nos processos de utilização e transferência de energia, pois participa na produção de adenosina trifosfato e adenosina difosfato, além disso, é componente dos ácidos nucléicos, fosfolipídeos, sendo ainda responsável por manter o equilíbrio ácido-básico (HPO₄^2-: H2PO₄^1-) (Frandson et al., 2005). Além disso participa de funções estruturais como metabólicas, sendo um componente dos fosfolipídios (que são essenciais para fluidez e integridade da membrana celular), ácido desoxirribonucleico, ácido ribonucleico, nucleotídeos e cofatores enzimáticos. A deposição desse mineral é influenciada por diversos fatores dentre eles: raça, idade, sexo, condições fisiológicas, taxa de produção e condições ambientais. Deficiências ou excessos de minerais podem causar problemas reprodutivos e produtivo em sistema de produção. Entretanto, no Brasil, ainda existem poucos estudos sobre esse assunto, principalmente no caso de ovinos deslanados e, especificamente, da raça Santa Inês em crescimento.

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Materiais e Métodos

Foram utilizadas 50 fêmeas distribuídas conforme o peso de abate (20,30 ou 40 kg) e regime alimentar (ad libtium ou restrito). As cordeiras restantes foram divididas em três grupos e para cada faixa de peso foi abatido um grupo de animais compondo o grupo referência. As dietas foram formuladas baseada em estimativa de ganho de 300g/dia. O suplemento mineral e água foram oferecidos à vontade. Manteve-se a relação de concentrado:volumoso de 55:45.  O fornecimento da ração foi feito duas vezes ao dia, de maneira que a quantidade fornecida aos animais em restrição foi ajustada de acordo com o consumo do grupo ad libitum. O abate foi realizado quando o animal alimentado em regime ad libitum alcançaria sua meta de peso, simultaneamente, procedia-se o abate de um animal do grupo restrito. A glândula mamária e útero foram retirados. A solução mineral foi preparada por via úmida segundo método 935.13 (AOAC, 2000). O fósforo foi determinado por redução do complexo fósforo-molibidato e as leituras realizadas por colorimetria. O modelo alométrico (Huxley e Teissier, 1936) foi adotado para o escalonamento da massa (g) do fósforo nos compartimentos em relação à massa corporal (MC), como demonstrado na equação 1: μ_Yt =αX^β. Onde μ_Yt é a média esperada para a variável, Yt, é estimada como massas dos macrominerais nos compartimentos. A variável Xt é a MC. O parâmetro  é o intercepto no eixo y e β é o coeficiente alométrico. A variância (σ²_Yt) foi modelada com as funções 2 e 3, respectivamente: σ²_Yt=σ²₀exp (δXt) e σ²_Yt=σ²₀|μ_Yt|^2ψ, em que o parâmetro σ²₀ é a variância do erro aleatório. A função 2 assume um aumento exponencial da variância σ²₀ em função de Xt a uma taxa crescente (δ); a função 3 é a variância escalonada. Os parâmetros δ e ψ são adimensionais. Foram ajustados modelos aos dados com as combinações entre o modelo alométrico (μ_Yt) e as funções de variância. Para tanto, utilizou-se para as análises o PROC NLMIXED (SAS, versão 9), bem como o critério de informação de Akaike corrigido (AICc) para seleção do modelo.

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Resultados e Discussão

A combinação das Eqs (1) - (3) foi a melhor escolha para na seleção do melhor modelo para a massa de fósforo na glândula mamária.  A melhor escolha para a massa de fósforo no útero foi a combinação das Eqs (1) - (4), conforme descrito na Tabela 1. A massa de fósforo na glândula mamária, apresentou crescimento isométrico (β=1) (Tabela 1), ou seja, deposição desse mineral nesse componente apresentou comportamento semelhante ao da massa corporal (Figura 1). Como descrito por Silva (2014), a glândula mamária teve desenvolvimento tardio com maiores proporções com o aumento do peso de abate. Lew (2007) descreveu que durante os três primeiros meses o desenvolvimento da glândula é isométrico, e que na fase pré-púbere, o desenvolvimento passa a ser alométrico, ou seja, a taxa de crescimento da glândula é mais rápida que a do corpo do animal. Sendo assim, poder-se-ia esperar que o fósforo na glândula mamária apresentasse o mesmo tipo de deposição, tendo em vista o aumento das exigências do mineral neste local com o avanço da idade das cordeiras e proximidade com a puberdade, bem como aumento do tecido secretor neste componente. De acordo com os resultados descritos na Tabela 1, os intervalos dos coeficientes alométricos observados para massa de fósforo no útero indicam que a deposição do mineral nesse compartimento foi precoce (β<1) em relação à massa corporal (Figura 1). Resultado coerente, tendo em vista o desenvolvimento mais acelerado dos órgãos e do em relação à massa corporal (Berg e Butterfield, 1976). Não houve efeito (P>0,05) dos regimes alimentares sobre o comportamento alométrico da massa de fósforo glândula mamária. A análise dos intervalos de confiança dos coeficientes alométricos (β₁ e β₂) dos modelos ajustados para o útero indicam que os regimes alimentares também não tiveram efeito sobre a deposição de fósforo no mesmo.

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Conclusões

O modelo alométrico explica de forma satisfatória o comportamento do fósforo em relação a glândula mamária e útero de cordeiras da raça Santa Inês. Ambos regimes alimentares não influenciam na deposição de fósforo, sendo está deposição isométrica para a glândula mamária e precoce para o útero em relação a massa corporal.  

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Gráficos e Tabelas

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Referências

AOAC (ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTRY), 2000. Official Methods of Analysis, 17th ed, Washington, D.C. USA. BERG, R.T.; BUTTERFIELD, R.M. New concepts of cattle growth. Sidney: Sidney University, 1976. 240p. FRANDSON, R. D.; WILKE, W. L.; FAILS, A.D. Anatomia e Fisiologia dos Animais de Fazenda. 6ª ed. Guanabara Koogan, 2005. HUXLEY, J.S.; TEISSIER, G. 1936. Terminology of relative growth. Nature, v.137, p. 780-781. LEW, B.J.  Desenvolvimento mamário em novilhas leiteiras: aspectos fisiológicos e bioquímicos envolvidos no processo. Rev. Bras. Reprod. Anim., Belo Horizonte, v.30, n.1/2, p.36-41, 2007. NATIONAL RESEARCH COUNCIL - NRC. Nutrient requeriments of dairy cattle. 7.rev.ed. Washinton, D.C.: 2001. 381p. SILVA, V.L. Composição corporal e exigências nutricionais de energia de cordeiras Santa Inês durante o crescimento: uso das técnicas do abate comparativo e respirometria. Tese (Doutorado em Zootecnia) – Escola de Veterinária, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 204p., 2014. SUTTLE, N. F. Mineral Nutrition of Livestock,4º. ed. Cambridge: CABI international, v. I, 2010.