Avaliação química e energética da torta de algodão para frangos de corte caipiras da linhagem pescoço pelado

Ecione Martins da Silva1, Aline Ferreira Amorim2, Kênia Ferreira Rodrigues3, Carla Fonseca Alves Campos4, Camila Sousa Vilanova5, Caroliny Costa Araújo6, Valquíria Sousa Silva7, Shayanne Batista Machado8
1 - Universidade Federal do Tocantins
2 - Universidade Federal do Tocantins
3 - Universidade Federal do Tocantins
4 - Universidade Federal do Tocantins
5 - Universidade Federal do Tocantins
6 - Universidade Federal do Tocantins
7 - Universidade Federal do Tocantins
8 - Universidade Federal do Tocantins

RESUMO -

Objetivou-se nesse trabalho determinar a composição química e os valores energéticos da torta de algodão em dietas de frangos de corte caipira por meio do método de coleta total das excretas. Foram utilizadas 120 aves caipiras pescoço pelado com 21 dias de idade. O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado com dois tratamentos, seis repetições e dez aves por unidade experimental. A composição química da torta de algodão foi de 94,2% de MS, 36,21% de PB, 5,18% de MM, 6,27% de EE, 15,19% de FB, 42% de FDN, 23,49% de FDA e 4771,17 kcal/kg de EB. Os coeficientes de metabolizabilidade aparente foram de: 32,93% para MS, 52% para PB e 39,82 para EB e os valores de EMA e EMAn foram de 2004,89 kcal/kg e 1782,52 kcal/kg expressos na matéria seca, respectivamente.

Palavras-chave: alimento alternativo, metabolizabilidade, coproduto

Chemical and energetic evaluation of cotton pie for caipira broiler chickens of Pescoço Pelado lineage

ABSTRACT - The objective of this study was to determine the chemical composition and energetic values of the cotton pie in diets of hick broilers by means of the total excreta collection method. One hundred and twenty birds were used naked neck with 21 days of age. The design was a completely randomized design with two treatments, six replicates and ten birds per experimental unit. The chemical composition of the cotton pie was 94.2% DM, 36.21% PC, 5.18% MM, 6.27% EE, 15.19% FC, 42% NDF, 23 , 49% of ADF and 4771.17 kcal / kg of EC. The apparent metabolizable coefficients were: 32.93% for DM, 52% for PB and 39.82 for EC, and EMA and EMAn values were 2004.89 kcal / kg and 1782.52 kcal / kg expressed in matter Dry, respectively.
Keywords: alternative food, metabolizable, by-product


Introdução

O mercado mundial da carne de frango tem apresentado altos índices de crescimento, em virtude de ser fonte acessível de proteína de origem animal, concomitantemente existe crescimento significativo de sistemas alternativos de produção, que visam atender um nicho de consumidores exigentes (HARDER et al., 2010). O custo com alimentação também é desafio para a criação animal, em consequência da elevada demanda de milho e farelo de soja que tornam a produção susceptível a variações dos preços impostos pelo mercado e pelas diferentes regiões do país. Dessa forma, busca-se identificar produtos alternativos que possam ser utilizados no programa de alimentação das aves. Nesse contexto, a torta de algodão que é um coproduto do processamento do algodão, apresenta potencial de uso como alimento alternativo na alimentação animal, porém apresenta variação em sua composição devido a variação no processamento industrial de extração do óleo de algodão. Por isso é valido mais estudos para determinar à composição química e energética da torta de algodão em dietas de frangos de corte caipira.

Revisão Bibliográfica

O principal produto do cultivo do algodão é a fibra ou pluma, utilizada na indústria têxtil, e o óleo vegetal, um antioxidante natural. No procedimento da extração do óleo é obtido o línter, que é uma fibra que reveste o caroço. Ao quebrar o caroço obtêm-se a casca e a amêndoa, que possui de 30 a 40% de proteína e de 35 a 40% de lipídios. A partir da prensagem hidráulica ou usando extratores químicos o óleo é extraído e o resíduo é chamado de torta de algodão (ARAÚJO et al., 2003). É importante salientar que para o emprego dos alimentos alternativos na dieta animal deve-se conhecer o valor energético e nutritivo dos alimentos, a composição química e a disponibilidade dos nutrientes, no intuito de serem elaboradas rações que atendam adequadamente às necessidades nutricionais das aves a custos mínimos (CALDERANO et al., 2010).

Materiais e Métodos

O experimento foi conduzido no setor de avicultura e as análises de composição química dos ingredientes e das rações foram realizadas no laboratório de nutrição da Universidade Federal do Tocantins – UFT, Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia, campus de Araguaína – Tocantins. Foram utilizadas 120 aves caipiras pescoço pelado de 21 dia de idade, que foram pesadas e distribuídas em gaiolas metabólicas. O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado com dois tratamentos, seis repetições e dez aves por repetição, sendo os tratamentos: T1: dieta referência à base de milho e farelo de soja para atender as exigências nutricionais das aves e T2: dieta teste, formulada com 70% da dieta referência e 30% da torta de algodão. O período experimental foi de sete dias, constituindo quatro dias de adaptação às rações e três dias de coleta total de excretas (RODRIGUES et al., 2005). A coleta das excretas foram realizadas duas vezes ao dia (08:00 horas e 16:00 horas) e após cada coleta segue-se a metodologia de acordo com Sakomura e Rostagno (2007). Após as análises laboratoriais dos materiais recolhidos (torta de algodão, excretas e rações) foram determinados os valores de energia metabolizável aparente e energia metabolizável aparente corrigida para o balanço de nitrogênio segundo Matterson et al. (1965) e os coeficientes de metabolizabilidade aparente da matéria seca, proteína bruta e energia bruta dos sorgos cultivados com práticas agroecológicas (SAKOMURA E ROSTAGNO, 2007).

Resultados e Discussão

Os resultados referentes a composição química da torta de algodão, estão apresentados na tabela 1.   Tabela 1 – Valores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), matéria mineral (MM), extrato etéreo (EE), fibra bruta (FB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e energia bruta (EB) da torta de algodão1
Ingredientes MS (%) PB (%) MM (%) EE (%) FB (%) FDN (%) FDA (%) EB (kcal/kg)
Torta de Algodão 94,2 36,21 5,18 6,27 15,19 42,00 23,49 4771,17
1Valores expressos na matéria natural As composições químicas dos alimentos podem variar em detrimento a vários fatores, tais como, solo, clima, variabilidade genética, tipos de processamentos (BRUMANO et al., 2006) e à falta de padronização para obtenção do produto. Isso demonstra a importância das análises locais para a adequação das tabelas de composição bromatológica. Os coeficientes de metabolizabilidade da matéria seca (CMMS), da proteína bruta (CMPB) e da energia bruta (CMEB) da torta de estão apresentados na tabela 2.   Tabela 2 – Coeficiente de metabolizabilidade da matéria seca (CMMS), da proteína bruta (CMPB) e da energia bruta (CMEB) em percentagem na matéria seca (%MS) e seus respectivos desvios padrões
Tratamentos Coeficientes de metabolizabilidade dos Alimentos %MS
CMMS CMPB CMEB
DR+TA 32,93±5,7 52,00±7,0 39,82±4,6
DR= Dieta Referência; TA= Torta de Algodão Os valores dos coeficientes de metabolizabilidade da MS e EB da torta de algodão estão abaixo de 50%. O elevado teor de EB da composição química do alimento não implicam em alto CMEB, visto que a metabolizabilidade está associada ao teor de fibra bruta do coproduto que é de 15,19%. Os valores de energia metabolizável aparente (EMA) e aparente corrigida para o balanço de nitrogênio (EMAn), em percentagem na matéria seca e na matéria natural, estão apresentados na tabela 5.   Tabela 3 – Valores de Energia metabolizável aparente (EMA) e energia metabolizável aparente corrigida para balanço de nitrogênio (EMAn) em percentagem na matéria seca (%MS) e matéria natural (%MN) e seus respectivos desvios padrões
Tratamentos %MS %MN
EMA EMAn   EMA EMAn
DR+TA 2004,89±201 1782,52±179   1937,62±189 1679,16±168
DR= Dieta Referência; TA= Torta de Algodão Os valores de EMA da torta de algodão do presente estudo foram de 2004,8 e 1937,62 Kcal e os teores de EMAn de 1782,5 a 1679,16cal, expressos na matéria seca e natural, respectivamente. Estudos que determinem a composição química, coeficientes de metabolizabilidade e valores energéticos são escassos para uma comparação mais detalhada, tornando-se necessário mais pesquisas, que avaliem o uso desse alimento para frangos de crescimento lento.

Conclusões

A composição química da Torta de Algodão foi de 94,2% de MS, 36,21% de PB, 5,18% MM, 6,27% de EE, 15,19% de FB, 42,00% de FDN, 23,49% de FDA e 4771,17 kcal/kg de EB. Os Coeficiente de Metabolizabilidade foram de: 32% de MS, 52% de PB e 39,82% de EB e os valores de EMA e EMAn foram de 2004,89 kca/kg e 1782,52 kcal/kg, expressos na matéria seca, respectivamente.

Gráficos e Tabelas




Referências

ARAÚJO, A. E.; SILVA, C. A.D; FREIRE, E. C. Cultura do algodão herbáceo na agricultura familiar. 2003. Disponível em: <http://sistemas de produção.cnptia.embrapa.br/fonteshtml/algodao/agriculturafamiliaralgodão/autores.html>. Acesso em: 14/12/2016.   BRUMANO, G. et al. Composição química e valores de energia metabolizável de alimentos protéicos determinados com frangos de corte em diferentes idades. Rev. Bras. Zootec., Viçosa, v. 35, n. 6, p. 2297-2302, 2006.   CALDERANO, A. A.; GOMES P. C.; LUIZ FERNANDO TEIXEIRA ALBINO, L. F. T.; ROSTAGNO, H. T. S.; SOUZA, R. M. de; MELLO, H. H. de C. Composição química e energética de alimentos de origem vegetal determinada em aves de diferentes idades. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v.39, n.2, p.320-326, 2010.   HARDER, M.N.C.; SPADA, F.P.; SAVINO, V.J.M.; COELHO, A.A.D.; CORRER, E.; MARTINS, E. Coloração de cortes cozidos de frangos alimentados com urucum. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 30, n. 2, p. 507-509, 2010.   MATTERSON, L.D.; POTTER, L.M.; STUTZ, M.W. The metabolizable energy of feed ingredients for chickens. Agricultural Experimental Station Research Report, v.7, p.3-11, 1965.   RODRIGUES, P.B.; MARTINEZ, R. de S.; FREITAS, R.T.F. de; BERTECHINI, A.G.; FIALHO, E.T. Influência do tempo de coleta e metodologias sobre a digestibilidade e o valor energético de rações para aves. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 34. n. 3, p. 882-889, 2005.   SAKOMURA, N.K.; ROSTAGNO, H.S. Métodos de pesquisa em pesquisa em nutrição de monogástricos. Jaboticabal: UNESP, 2007, 283p.