Avaliação química e energética do farelo de glúten de milho 21 para frangos de corte caipiras da linhagem pescoço pelado

Ecione Martins da Silva1, Aline Ferreira Amorim2, Kênia Ferreira Rodrigues3, Danilo Vargas Gonçalves Vieira4, Carla Fonseca Alves Campos5, Dourival Alex Araújo Beserra6, Ranielly Mendonça Nunes de Almeida7, Laudinete Ferreira da Silva8
1 - Universidade Federal do Tocantins
2 - Universidade Federal do Tocantins
3 - Universidade Federal do Tocantins
4 - Universidade Federal do Tocantins
5 - Universidade Federal do Tocantins
6 - Universidade Federal do Tocantins
7 - Universidade Federal do Tocantins
8 - Universidade Federal do Tocantins

RESUMO -

Objetivou-se nesse trabalho determinar a composição química e os valores energéticos do farelo de glúten de milho 21 em dietas de frangos de corte caipira por meio do método de coleta total das excretas. Foram utilizadas 120 aves caipiras pescoço pelado com 21 dias de idade. O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado com dois tratamentos, seis repetições e dez aves por unidade experimental. A composição química do farelo de glúten de milho 21 foi de 90,78% de MS, 22,52% de PB, 7,11% de MM, 2,89% de EE, 8,15% de FB, 40,30% de FDN, 12,37% de FDA e 4165,81 kcal/kg de EB. Os coeficientes de metabolizabilidade aparente foram de: 39,07% para MS, 32,40% para PB e 42,24 para EB e os valores de EMA e EMAn foram de 1999,30 kcal/kg e 1752,18 kcal/kg, respectivamente.

Palavras-chave: avicultura alternativa, metabolizabilidade, coproduto

Chemical and energetic evaluation of gluten meal 21 for caipira broiler chickens of Pescoço Pelado lineage

ABSTRACT - The objective of this work was to determine the chemical composition and energetic values of corn gluten meal 21 in broiler diets using the total excreta collection method. One hundred and twenty birds were used naked neck with 21 days of age. The design was a completely randomized design with two treatments, six replicates and ten birds per experimental unit. The chemical composition of maize gluten meal 21 was 90.78% MS, 22.52% PB, 7.11% MM, 2.89% EE, 8.15% FB, 40.30 % NDF, 12.37% FDA and 4165.81 kcal / kg EB. The apparent metabolizable coefficients were: 39.07% for MS, 32.40% for PB and 42.24 for EB, and EMA and EMAn values were 1999.30 kcal / kg and 1752.18 kcal / kg, respectively.
Keywords: Alternative poultry, metabolizable, by-product


Introdução

A alimentação representa 75% do custo total de produção, em consequência da elevada demanda de milho e farelo de soja que tornam a produção susceptível a variações dos preços impostos pelo mercado e pelas diferentes regiões do país. Dessa maneira, busca-se identificar alimentos alternativos que possam ser utilizados no programa de alimentação das aves. O farelo de glúten de milho 21 é um coproduto agroindustrial obtido a partir do processamento do grão de milho, sendo este, a membrana externa do grão que fica após a extração da maior parte do amido, do glúten e do gérmen, pelo processo empregado na produção do amido, ou do xarope por via úmida. Pode conter extrativos fermentados do milho e/ou farelo de gérmen de milho. É uma boa fonte de proteína e energia, segundo Rostagno et al. (2011) possui valores de 21,1% de proteína bruta e 3952 kca/kg de energia bruta, além de ser rico em carotenoides, principalmente xantofilas 145-290 mg/kg (NRC, 2011). É de suma importância para a utilização dos alimentos alternativos na dieta animal, conhecer o valor energético e nutritivo dos alimentos, a composição química e a disponibilidade dos nutrientes, no intuito de serem elaboradas rações que atendam adequadamente às necessidades nutricionais das aves a custos mínimos (CALDERANO et al., 2010). Diante do exposto, objetivou-se nesse trabalho, determinar à composição química e energética do farelo de glúten de milho 21 em dietas de frangos de corte caipira.

Revisão Bibliográfica

O farelo de glúten de milho 21 é a parte fibrosa do grão de milho que fica após extração da maior parte do amido, do glúten e do gérmen pelo processo empregado na produção do amido ou do xarope. O farelo de glúten de milho, também, pode conter extrativos fermentados do milho e/ou farelo de gérmen de milho, bem como, deve ser isento de matérias estranhas à sua composição (SANTOS, 2004). O farelo de glúten de milho é rico em proteína, porém de baixa qualidade, e por isso não é recomendado utiliza-lo como a principal fonte de proteína, apresentando níveis de inclusão de até 5% sem prejudicar o desempenho das aves. Além do maior teor de fibra quando comparado ao milho, possui também menor palatabilidade quando fornecido em altas quantidades na ração. O farelo de glúten de milho tem potencial para ser utilizado na dieta de aves, no entanto mais pesquisas são necessárias para definir quais o níveis ideias de inclusão de glúten de milho nas rações das diferentes espécies (industrial e caipira) e fases de criação das aves.

Materiais e Métodos

O experimento foi conduzido no setor de avicultura e as análises de composição química dos ingredientes e das rações foram realizadas no laboratório de nutrição da Universidade Federal do Tocantins – UFT, Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia, campus de Araguaína – Tocantins. Foram utilizadas 120 aves caipiras pescoço pelado de 21 dia de idade, que foram pesadas e distribuídas em gaiolas metabólicas. O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado com dois tratamentos, seis repetições e dez aves por repetição, sendo os tratamentos: T1: dieta referência à base de milho e farelo de soja para atender as exigências nutricionais das aves e T2: dieta teste, formulada com 70% da dieta referência e 30% de farelo de glúten. O período experimental foi de sete dias, constituindo quatro dias de adaptação às rações e três dias de coleta total de excretas (RODRIGUES et al., 2005). A coleta das excretas foram realizadas duas vezes ao dia (08:00 horas e 16:00 horas) e após cada coleta segue-se a metodologia de acordo com Sakomura e Rostagno (2007). Após as análises laboratoriais dos materiais recolhidos (farelo de gluten 21, excretas e rações) foram determinados os valores de energia metabolizável aparente e energia metabolizável aparente corrigida para o balanço de nitrogênio segundo Matterson et al. (1965) e os coeficientes de metabolizabilidade aparente da matéria seca, proteína bruta e energia bruta dos sorgos cultivados com práticas agroecológicas (SAKOMURA E ROSTAGNO, 2007).

Resultados e Discussão

Os resultados referentes a composição química do farelo de glúten de milho 21, estão apresentados na tabela 1.   Tabela 1. Valores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), matéria mineral (MM), extrato etéreo (EE), fibra bruta (FB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e energia bruta (EB) do farelo de glúten de milho 211
Ingredientes MS (%) PB (%) MM (%) EE (%) FB (%) FDN (%) FDA (%) EB (kcal/kg)
Farelo de Glúten 90,78 22,52 7,11 2,89 8,15 40,30 12,37 4165,81
1Valores expressos na matéria natural Os valores encontrados na composição química do farelo de glúten 21, com exceção da EB, se assemelham aos valores encontrados pela NFT Alliance (2011) com 90% MS, 23% PB, 8,7% MM, 1% EE, 11% FB, 45% FDN, 12% FDA, 1840 kcal/kg de EB, por Calderano et al (2010) com 90,6%MS, 19,5%PB, 4,6%MM, 2,9% DE EE, 8,4% FB, 38,2% FDN, 11,8% FDA, 4042 kcal/kg EB, e os valores encontrados por Nunes et al (2008) que foram de 87,1%MS, 21,2%PB, 5,3%MM, 2,1%EE e 3819 kcal/kg EB. As variações na composição química de coprodutos industriais podem ocorrer devido aos diferentes tipos de solo, clima, cultivar, processamento, bem como, a forma e tempo de armazenamento. Os coeficientes de metabolizabilidade da matéria seca (CMMS), da proteína bruta (CMPB) e da energia bruta (CMEB) do farelo de glúten de milho 21 estão apresentados na tabela 2. Tabela 2 – Coeficiente de metabolizabilidade da matéria seca (CMMS), da proteína bruta (CMPB) e da energia bruta (CMEB) em percentagem na matéria seca (%MS)
Tratamentos Coeficientes de metabolizabilidade dos Alimentos %MS
CMMS CMPB CMEB
DR +FG 39,07±3,3 32,40±5,1 42,24±3,3
DR= Dieta Referência; FG= Farelo de Glúten Os valores de CMMS e CMEB encontrados neste trabalho estão acima dos valores relatados por Lima (2008), que foram respectivamente, 22,67 e 21,90, para frangos da linhagem cobb. Isso pode ser explicado pela não padronização do produto, devido variações em sua composição pelo processamento e manipulação industrial. E ainda foi observado por Simovska et al (1997) uma correlação positiva entre a proteína bruta e o conteúdo em lipídeos e amido para o farelo de glúten 21. O valores e EMA e EMAn (Tabela 3) em percentagem da matéria seca para frangos de corte industrial da linhagem Ross aos 21 dias de idade, encontrados por Nunes et al (2008) foram semelhantes aos do presente estudo, 1992 e 1901 kcal/kg, respectivamente   Tabela 3 – Valores de Energia metabolizável aparente (EMA) e energia metabolizável aparente corrigida para balanço de nitrogênio (EMAn) em percentagem na matéria seca (%MS) e matéria natural (%MN) e seus respectivos desvios padrões
Tratamentos %MS %MN
EMA EMAn   EMA EMAn
DR+FG 1999,30±142 1752,18±139   1685,77±129 1590,72±126
DR= Dieta Referência; FG= Farelo de Glúten Vários são os fatores que podem afetar os valores de energia metabolizável, entre eles, o tipo de processamento, a idade das aves, os níveis de inclusão do ingrediente na dieta e as formas de armazenamento (VIEITES et al., 1999; NUNES et al., 2005).

Conclusões

A composição química do Farelo de Glúten de Milho foi de 21, 90,78% de MS, 22,52% de PB, 7,11% de MM, 2,89% de EE, 8,15% de FB, 40,30% de FDN, 12,37% de FDA e, 4165,81 kcal/kg de EB. Os coeficientes de metabolizabilidade foram de 39,07% de MS, 32,40% de PB, 42,24 de EB e os valores de EMA e EMAN foram de 1999,30 kcal/kg e 1752,18 kcal/kg, respectivamente.  

Gráficos e Tabelas




Referências

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