Desempenho zootécnico de frangos de corte alimentados com dietas contendo protease e fitase

Francielle Renata Bueno1, Alexandre Oba2, Mauricio de Almeida3, Thais Dornellas4, João Antonio Barbosa Filho5, João Paulo Figueiredo de Oliveira6, Josef Scheiba Pinto Ribas7, Aryella Carolyne Hoffmann8
1 - Universidade Estadual de Londrina
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RESUMO -

Enzimas exógenas podem melhorar o aproveitamento dos nutrientes, potencializar a ação das enzimas produzidas pelo animal em quantidades baixas (proteases) e fornecer aos animais enzimas que eles não conseguem sintetizar (fitases). Utilizou-se 832 pintainhos da linhagem Cobb, em blocos ao acaso, com 4 tratamento de 8 repetições, com 26 aves por parcela. Os tratamentos experimentais consistiram em: controle positivo (CP); controle negativo (CN); CN + 125g protease/ton; CN + 125g protease + 100 g fitase/ton. Foram avaliados o consumo de ração, ganho de peso, conversão alimentar e viabilidade criatória e as médias analisadas pelo teste de Student Newman Keuls a 5 % de significância. O uso de protease e fitase reduziram o consumo de ração, sem alterar o ganho de peso das aves, o que proporcionou melhor conversão alimentar em relação à adição apenas de protease, porém foi semelhante ao controle positivo. A adição de protease, ou protease e fitase não alteraram o desempenho das aves.

Palavras-chave: aves, consumo de ração, conversão alimentar, enzimas, ganho de peso.

Performance of broiler fed diets containing protease and phytase

ABSTRACT - Exogenous enzymes can enhance the utilization of nutrients, potentiate the action of the enzymes produced by the animal in low amounts (proteases) and provide the animals with enzymes that they can not synthesize (phytases). We used 832 chicks of 1 day old male Cobb lineage, in a randomized block design, with four treatment of 8 repetitions with 26 birds per plot. The treatments were: positive control (PC); negative control (NC); NC + protease 125g / ton; NC + 125g protease + 100g phytase/ton. Were evaluated: feed intake, weight gain, feed conversion ratio, viability and means analyzed by the Student Newman Keuls test at 5% of significance were evaluated. The use of protease and phytase reduced feed intake without altering the weight gain of the birds, which provided better feed conversion in relation to the addition of only protease, but to the positive control. The addition of protease, or protease and phytase does not alter the performance of birds.
Keywords: enzymes, birds, feed conversion ratio, feed intake, weight gain.


Introdução

A criação de frangos de corte se destaca pelos seus elevados índices de produtividade, decorrentes da evolução genética das aves, do manejo, da ambiência, da sanidade e da nutrição, correspondendo esta a aproximadamente 70% do custo de produção. Dessa forma, a busca por mecanismo que consigam reduzir o custo da alimentação, sem alterar o desempenho das aves, é um constante dentro da avicultura.  As enzimas exógenas têm sido cada vez mais utilizadas na nutrição de aves, pois estas podem melhorar o aproveitamento dos nutrientes e minimizar os fatores antinutricionais (RAMOS et al., 2007). As enzimas são compostos protéicos que atuam em substratos específicos, conforme condições de temperatura, umidade e pH, em um tempo definido. Todas as reações bioquímicas que acontecem nos organismos vivos são catalisadas por alguma enzima (CAIRES et al., 2008). As enzimas podem ser utilizadas na alimentação animal para potencializar a ação das enzimas que são produzidas pelo próprio animal em quantidades insuficientes (proteases) e fornecer aos animais enzimas que eles não conseguem sintetizar (fitases) (FISCHER et al., 2002).

Revisão Bibliográfica

Dietas para frangos de corte são constituídas basicamente (mais de 90%) de alimentos de origem vegetal e cerca de 70% do fósforo dos vegetais estão sob a forma de fitatos complexados e indisponíveis, pois as aves não possuem a capacidade de sintetizar fitase no trato digestório para quebrar esta estrutura e disponibilizar o fosforo para a absorção. Além disto, este fitato complexa substâncias como proteínas, aminoácidos e minerais. As fitases são as enzimas mais utilizadas na indústria avícola e são capazes de hidrolisar o fitato melhorando a utilização do fósforo que é um macromineral importantíssimo nos processos de manutenção e reparo dos tecidos; indispensável para o crescimento e o desenvolvimento muscular dos animais (PEREIRA, 2010). Visto que, o fósforo está envolvido no metabolismo energético. Além disto, este fitato complexa substâncias como proteínas, aminoácidos e minerais. Segundo Campestrini et al. (2005) os fitatos também inibem várias enzimas digestivas endógenas como a pepsina, amilase e tripsina, prejudicando a digestibilidade dos nutrientes. O maior custo na formulação das rações para frangos é a proteína, sendo o farelo de soja a principal fonte protéica das rações das aves. Assim, a inclusão de proteases exógenas na dieta pode melhorar o valor nutricional das rações, pois podem atuar na hidrólise de certos tipos de proteínas que resistem ao processo digestivo, auxiliando assim as próprias enzimas digestivas das aves (TORRES et al., 2003). Segundo Odetallah et al. (2003) o fornecimento de protease na dieta de frangos de corte proporciona aumento significativo no crescimento das aves. Assim este trabalho teve por objetivo avaliar o desempenho zootécnico de frangos de corte alimentados com dietas adicionadas de protease e fitase.

Materiais e Métodos

O experimento foi conduzido na Unidade de Pesquisa em Nutrição de Aves da Universidade Estadual de Londrina. Foram utilizados 832 pintainhos de corte machos, com um dia de idade, da linhagem Cobb. O período experimental foi de 42 dias. As aves receberam água e alimento ad libitum durante todo o período experimental e a ração controle positivo atendeu as exigências mínimas preconizadas por Rostagno et al. (2011). Os tratamentos experimentais consistiram em diferentes enzimas: a) dieta controle positivo (CP); b) dieta controle negativo (CN); c) CN + 125g protease/ton; d) CN + 125g protease + 100 g fitase/ton ração. As rações controle positivo e negativo se diferenciaram respectivamente em: fase inicial (1 a 21 dias idade - EM (3050 e 3025 kcal/kg), PB (21,500 e 20,865%), lisina digestível (1,217 e 1,182%), metionina digestível (0,594 e 0,575%), metionina+cistina digestível (0,876 e 0,851%), treonina digestível (0,791 e 0,769%), triptofano digestível (0,237 e 0,228%) e arginina digestível (1,310 e 1,263%); fase crescimento e terminação (22 a 42 dias idade - EM (3200 e 3175 kcal/kg), PB (19,000 e 18,365%), lisina digestível (1,060 e 1,025%), metionina digestível (0,518 e 0,499%), metionina+cistina digestível (0,774 e 0,749%), treonina digestível (0,689 e 0,667%), triptofano digestível (0,205 e 0,196%) e arginina digestível (1,138 e 1,091%). A protease foi proveniente da fermentação de Aspergillus niger e Bacillus subtilis (20.000 U/g) e a fitase proveniente da fermentação de Pichia pastoris (5.000 UI/g). Os pintainhos foram distribuídos em delineamento de blocos ao acaso, com quatro tratamentos, oito repetições com 26 aves por parcela experimental. No início do experimento e final de cada fase de criação, as rações e as aves foram pesadas para determinação do consumo de ração, ganho de peso, conversão alimentar e viabilidade criatória. Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância pelo teste de Student Newman Keuls a 5% de significância, no programa “R”, usando o pacote “Expdes”.

Resultados e Discussão

Os resultados mostram que na fase inicial de 1 a 21 dias de idade (Tabela 1), as aves que receberam ração CN e CN + protease, apresentaram o maior consumo de ração (p<0,01) e as aves que receberam CN + protease + fitase, o menor consumo (p<0,01), enquanto que o tratamento CP o consumo intermediário. Resultados semelhantes foram obtidos por Costa et al. (2007) que ao adicionar enzima fitase nas rações de frangos de corte na fase inicial, observaram redução no consumo de ração, porem não houve diferenças no ganho de peso.  Para o ganho de peso pode-se observar que somente o tratamento CN + protease + fitase, apresentaram o menor ganho, enquanto que os demais tratamentos apresentaram ganhos de pesos semelhantes. Os valores de conversão alimentar e viabilidade criatória não diferiram entre os tratamentos. Estes resultados mostram que a redução dos níveis de energia e aminoácidos do tratamento controle, fez com que as aves ingerissem mais alimento, porém ao adicionar somente a protease, esta não alterou o consumo de ração em relação ao CN, entretanto ao adicionar a protease + fitase no CN, observa-se que houve uma redução no consumo de ração das aves. Esta redução fez com que as aves deste tratamento apresentassem um menor ganho de peso, já as aves que receberam o tratamento CN e CN + protease apesar de terem consumido mais ração, apresentaram ganho de peso semelhante ao tratamento CP. Em função destes valores, a conversão alimentar não foi distinta entre os tratamentos. Resultados distintos foram observados por Fukayama et al. (2008), ao suplementar fitase na dieta de frangos de 1 a 20 dias de idade, onde se observou melhora na conversão alimentar, ganho de peso e consumo de ração. No período total de criação que vai de 1 a 42 dias de idade, pode-se observar que houve diferença significativa (p<0,05) entre os tratamentos, onde o tratamento que recebeu CN+protease+fitase apresentou menor consumo de ração do que o CN+protease, mostrando assim que a adição da fitase proporcionou redução no consumo de ração em relação ao uso da protease. Apesar na diferença no consumo, estes não influenciaram no ganho de peso das aves, resultando assim em uma melhor conversão alimentar no tratamento CN+protease+fitase em relação aos tratamentos CN e CN+protease, não diferindo do tratamento CP. Os diferentes tratamentos não influenciaram no ganho de peso e na viabilidade criatória. Esta redução do consumo de ração quando na utilização da enzima fitase, pode ter ocorrido em função da maior disponibilização de minerais como o fósforo, que segundo Teixeira et al. (2013) o maior nível de fosforo disponível, proporciona menor o consumo de ração. A presença de fitatos inibe várias enzimas digestivas endógenas como a pepsina, amilase e tripsina, prejudicando a digestibilidade dos nutrientes (Campestrini et al., 2005), assim a adição de fitase promove a liberação de minerais presentes no complexo fitato-mineral e aumenta a digestibilidade do amido e a disponibilidade da proteína (SEBASTIAN et al., 1996) promovendo o melhor desempenho das aves, e também a disponibilidade de energia, que regula a ingestão de alimentos, como foi observado, pois mesmo os frangos que receberam fitase consumindo menos ração em relação aos que receberam protease, obtiveram ganho de peso semelhante.

Conclusões

Pelos resultados obtidos conclui-se que a adição de protease ou protease e fitase não alteraram o desempenho das aves.

Gráficos e Tabelas




Referências

CAÍRES, C. M. et al. Enzimas na alimentação de frangos de corte. Revista Eletrônica Nutritime, v.5, n° 1, p.491-497, Janeiro/Fevereiro 2008. CAMPESTRINI, E. et al. Utilização de enzimas na alimentação animal. Revista Eletrônica Nutritime, v.2, n.6, p.254-267, 2005. COSTA, F. G. P. et al . Efeito da enzima fitase nas rações de frangos de corte, durante as fases pré-inicial e inicial. Ciênc. agrotec.,  Lavras ,  v. 31, n. 3, p. 865- 870,  2007.   FISCHER, G. et al. Desempenho de Frangos de Corte Alimentados com Dietas à Base de Milho e Farelo de Soja, com ou sem Adição de Enzimas. R. Bras. Zootec., v.31, n.1, p.402-410. 2002. FUKAYAMA, E. H. et al. Efeito da suplementação de fitase sobre odesempenho e a digestibilidade dos nutrientes em frangos de corte. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 37, n. 4, p .629-635, 2008. ODETALLAH, N. H. et al. Keratinase in starter diets improves growth of broiler chicks. Poultry Science, Champaign 82:664-670, 2003. PEREIRA, R. Eficiência de uma fitase bacteriana na liberação de fósforo fítico em dietas de frango de corte. 2010. 57 f. (Dissertação) Mestrado em Ciência Animal – Universidade de São Pulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Piracicaba, 2010. RAMOS, L. S. N. Utilização de enzimas exógenas nas dietas de frango de corte. Revista cientifica de produção animal, v.9, n1, 2007. SEBASTIAN, S. et al. The effects of supplemental microbial phytase on the performance and utilization of dietary calcium, phosphorus, copper and zinc in broiler chickens fed corn-soybean diets. Poultry Science, v.75, p.729-736, 1996. TORRES, D.M. et al. FREITAS, R.T.F.; SANTOS, E.C. Eficiência das enzimas amilase, protease e xilanase sobre o desempenho de frangos de corte. Ciência e Agrotecnologia, v.27, p.1401-1408, 2003.      TEIXEIRA, E. N. M. et al. Suplementação da fitase em rações com diferentes níveis de fósforo disponível para frangos de corte. Revista Ciência Agronômica, v. 44, n. 2, p. 390-397, 2013