DESEMPENHO DE BOVINO DE CORTE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO EM PASTAGEM

Bruno Emerick Anacleto1, Danilo Pereira da Silva2, Matheus Abinel Calado3, Matheus Luis Vieira Silva4, Gisele Morato Cortez5, Nádia Nobrega Valdo6, Amandio de Oliveira da Silva Junior7, Frank Akiyoshi Kuwahara8
1 - Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE
2 - Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE
3 - Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE
4 - Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE
5 - Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE
6 - Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE
7 - Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE
8 - Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE

RESUMO -

Maior parte da produção de bovinos de corte no Brasil é em pastagem, porém a degradação é um fator limitante no negócio. Almejando a otimização da atividade, avaliou-se o desempenho de bovinos de corte em pastagem, sendo: T1; tratamento controle, T2; pastagem adubada e T3; pastagem adubada mais suplementação. Foram utilizados machos nelore desmamados, com peso médio inicial de 245,3 kg de peso vivo (cv. 21,6%) e idade inicial de 8 à 10 meses. Para todos os tratamentos e repetições o pastejo foi em sistema rotacionado, com quatro piquetes, ambos com água e sal mineral ad libitum. Nos tratamentos com adubação de pastagem, a fertilização foi feita com 1000 kg.ha-1.ano-1 do formulado 20-5-20 (N-P-K), em cinco aplicações, já a suplementação dos animais foi realizada em dois períodos, de manhã e de tarde, na relação 50:50. O tratamento T3 apresentou valor superior (p0,05), entretanto, apresentaram diferenças na taxa de lotação (p<0,05), com valores de 2,37 UA.ha-1.ano-1 em T2 e 1,32 UA.ha-1.ano-1 no T1.

Palavras-chave: Bovino de Corte, Desempenho, Pastagem, Suplementação.

PERFORMANCE BEEF CATTLE IN PRODUCTION SYSTEMS ON PASTURE

ABSTRACT - Most of the production of beef cattle in Brazil is in pasture, but the degradation is a limiting factor in the business. Seeking the optimization of activity, assessed the performance of beef cattle on pasture, being: T1; treatment control, T2; pasture fertilized and T3; fertilized pasture and supplementation. Nelore weaned males were used, with initial average weight of 245.3 kg live weight (cv. 21.6%) and initial age of 8 to 10 months. For all treatments and replicates, the grazing was rotational system, with four paddocks, both with mineral salt and water ad libitum. The treatments with pasture fertilization, the fertilization was made with 1000 kg ha-1.year-1 of the formulated 20-5-20 (N-P-K), in five applications, the animals supplementation was carried out in two periods, morning and afternoon, in the 50:50 relationship. The T3 treatment showed higher (p<0.05) in average daily gain of 0.765 kg.animal-1.day-1 and 3.55 UA.ha-1.year-1 compared to other treatment, but the treatments T2 and T1 it not differ in average daily gain of weight (p>0.05), however, showed differences in stocking rate (p<0.05), with values of 2.37 UA.ha-1.year-1 in T2 and 1.32 UA.ha-1.year-1 in the T1.
Keywords: Cattle Beef, Performance, Pasture, Supplementation.


Introdução

O Brasil ocupa o segundo lugar com o maior rebanho bovino e a primeira posição como exportador de carne no mundo sendo que o principal sistema de produção de carne bovina no país é a pastagem como a base do alimento, sistema esse que favorece o baixo custo de produção da carne bovina brasileira. Porém com maior parte da mesma dada em solos de baixa fertilidade, e ao mesmo passo que em determinadas épocas do ano apresentam quedas significativas de produtividade e qualidade da forragem, que de forma geral diminuem os índices produtivos do rebanho. Dessa maneira visando otimizar o ganho sobre o capital investido a fertilização das pastagens e o uso da suplementação são maneiras que podem melhorar os índices produtivos. A suplementação equilibra a possível carência de proteína e energia das forrageiras e quando implementadas no processo produtivo podem contribuir para que no período das chuvas ocorra ganhos essenciais entre 150 a 250 g/dia em comparação aos animais que não recebem suplementação concentrada (PAULINO et al., 2002). Já segundo Fernandes, Reis e Paes (2010) para que aconteça o encurtamento na idade de abate de bovinos criados em pastagem (abaixo de 22 meses) é essencial que o aumento de peso seja próximo do potencial genético dos bovinos, permitindo que os animais alcancem desempenho acima de 0,8 kg/dia no decorrer da época das chuvas e gerar, ao longo da seca, rendimentos de 0,9 kg/dia em sistemas de acabamento que eliminem as carências dos valores nutricionais da forragem. Diante desse contexto, o objetivo desse trabalho de pesquisa  foi avaliar o desempenho de bovinos de corte criados em sistemas de produção à pasto.

Revisão Bibliográfica

A bovinocultura de corte é um dos setores de maior importância para o agronegócio brasileiro e consequentemente para economia nacional. No Brasil, sendo a como base alimentar da produção de bovinos de corte é em pastagem, isto favorecido pelas condições edafoclimáticas e a grande extensão territorial, onde que, classificam boi brasileiro como um “boi de capim” (LUCHIARI FILHO, 2006). Tal característica proporciona também o sistema de criação mais econômico e prático de oferecer alimentos para os bovinos, contudo, a degradação de pastagem é um dos maiores problemas no Brasil, onde afeta diretamente a sustentabilidade do sistema produtivo (KICHEL et al., 1999). Segundo Reis et al. (2012) descreve que a qualidade da pastagem é uma condição indispensável que interfere na produtividade de bovinos no sistema a pasto e que pode ser acentuado durante uma época do ano, desse modo, com o objetivo de aumentar a taxa de lotação e principalmente o ganho de peso por animal, é de extrema importância intensificar o consumo de forragem, por meio do manejo de pastejo e suplementação concentrada. A suplementação alimentar concentrada oferece ganhos crucial para a rotina de animais criados à pasto, proporcionando melhorias para o animal atender as suas exigências nutricionais, completando as deficiências da qualidade alimentar da forragem (ALONSO et al., 2014). Mediante a essa técnica adotada, os rendimentos de peso adicionais entre 180 a 200 g/dia para animais mantidos em pastagens na estação de transcrição inverno – verão, aparenta ser pouco proveitoso, entretanto para um planejamento de manejo produtivo que visa uma pecuária de ciclo curto, a diminuição da data de abate de bovinos abaixo de 30 meses de idade, pode ser muito lucrativo (PAULINO et al., 2004). Entretanto além dos ganhos adicionais, a criação de bovinos mantidos em pastagens encara vários desafios, devido a irregular distribuição pluviométrica das chuvas ao decorrer do ano, que com isso ocasiona alteração na qualidade e quantidade das gramíneas acessível ao animal para suprir suas exigências nutricionais. Desta forma, o ganho de peso médio diário de bovinos mantidos em pastagens apresenta nível estacional, com índices aceitáveis (0,650 g.animal-1.dia-1) no período das chuvas, entre outubro e abril, e insatisfatórios no período de entressafra do ano, maio a setembro (MOREIRA et al., 2004).

Materiais e Métodos

O presente trabalho foi desenvolvido por um período de um ano na Fazenda Experimental da Universidade do Oeste Paulista - UNOESTE, em Presidente Bernardes/SP. A área total foi de 18 hectares, dividida em três módulos, constituindo dos tratamentos: T-1, sem adubação de pastagem e sem suplementação animal; T-2, com adução de pastagem e sem suplementação animal e T-3, com adubação de pastagem e com suplementação animal. Todos os tratamento foram constituídos da gramínea Urochloa brizantha cv. Marandú (Sin. Brachiaria brizantha). Cada tratamento foi constituído de três repetições, com três animais teste por repetição para avaliação. Em cada repetição, o sistema de pastejo foi na forma de pastejo rotacionado, com número variável de animais pela técnica put and take. Os animais utilizados foram machos nelore desmamados, pertencentes a um rebanho comercial, com idade iniciais média de 8 à 10 meses, e peso médio de 245,3 kg de peso vivo (cv. 21,6%). Foram utilizados animais da mesma categoria como reguladores da massa de forragem (MF). Para todos os tratamentos, os animais foram suplementados com sal mineral no cocho e água, ambos à vontade. Os tratamentos 2 e 3, para adubação da pastagem, foi realizada utilizando o formulado 20-5-20 (Nitrogênio, N – Fósforo, P – Potássio, K), na quantidade de 1000 kg do formulado por hectare ano. Para o tratamento 3, os animais foram suplementados com ração concentrada proteico energética, com 18% de proteína bruta, fornecida no proporção de 1% do peso vivo animal, nesse tratamento o arraçoamento foi realizado, em dois períodos, manhã e tarde, na proporção 50:50, respectivamente. Os animais foram pesados periodicamente a cada ciclo de pastagem, submetidos a jejum de 6 hora. O ganho de peso médio diário (GMD) dos animais foi obtido pela diferença de peso entre as datas das pesagens, e a taxa de lotação por período foi obtida pela soma do peso médio dos animais teste acrescida da soma do peso médio dos animais reguladores. Para análise dos dados, foi utilizado o pacote estatístico SAS (Statistical Analysis System) versão 8.2 para Windows (SAS Institute, 2004), e o nível de significância utilizados nas comparações foi de 5%.

Resultados e Discussão

De acordo com a tabela 1, pode-se observar que o tratamento com pastagem adubada e suplementação apresentou valores significativamente maiores (p<0,05) de ganho de peso e taxa de lotação da pastagem quando comparado aos demais tratamentos. Entretanto para as avaliações de ganho de peso, os tratamentos 1 e 2 não apresentaram diferenças estatísticas (p>0,05), porém, a taxa de lotação do tratamento 2 foi significativamente maior em relação ao tratamento 1. Euclides et al. (2001), trabalhando com B. decumbens, constataram média de ganho de peso diário de 460 g por animal dia, no período chuvoso, e 235g para o período seco. As médias dos tratamentos 2 e 3 referentes ao ganho de peso médio dos animais foram 0,440 e 0,765 kg.animal-1.dia-1, respectivamente, resultados esses similares aos citados por outros autores. Segundo Poppi e Mclennan (1995) as alterações das gramíneas ao decorrer do ano, são fatores que restringe a expressão genética dos bovinos criado em pastagem, constatando durante o período das águas, rendimento de peso entre 0,5 e 0,8 kg/dia e pequeno ou perda de peso no decorrer da estação de inverno. Entretanto para Moreira et al., (2004), o ganho de peso médio diário de bovinos mantidos em pastagens apresenta nível estacional, com índices aceitáveis 0,650 kg/dia no período das chuvas, entre outubro e abril, e insatisfatórios no período de entressafra do ano, maio a setembro. Em consequência o baixo desempenho dos bovinos nesta época do ano, ocasiona o abate tardio dos animais, perto dos 48 meses (ZIMMER e EUCLIDES FILHO, 1997) e nível inferior de qualidade da carne, afetando a comercialização para outros países, transformando a cadeia inoperante no ponto de vista técnico econômico. No tratamento 3, a suplementação promoveu ganhos satisfatórios de peso dos bovinos ao longo do tempo, sendo 0,765 kg e peso ao abate de aproximadamente 500 kg de peso vivo (PV) e abaixo dos 20 meses de idade. Fernandes, Reis e Paes (2010), dizem que a redução da idade de abate de bovinos criados em pastagem abaixo de 22 meses, com desempenho acima de 0,800 kg/dia no decorrer da época das chuvas pode gerar, ao longo da seca, rendimentos de 0,900 kg/dia em sistemas de acabamento que eliminem os déficits das plantas forrageiras. O ganho médio diário (GMD) obtido no presente trabalho no tratamento 3, foi semelhante ao de Detmann et al. (2005), que trabalhando com níveis de suplementação em torno de 0,8 a 1,0% do PV, atingiu rendimentos maiores a 0,800 kg/dia. Reis et al. (2009) trabalhando com pastagens, observou que ao utilizar fontes de níveis de suplementação concentrada no valor de 0,3% do PV, é possível atingir até 5 UA/ha/ano ao decorrer do ano, valores estes superiores aos encontrados no presente trabalho. Porém, Fernandes, Reis e Paes (2010) trabalhando com níveis de 0,6% do PV, notou que em períodos de verão foi possível chegar em patamares de 5,81 UA/ha e na entressafra 1,49 UA/ha respectivamente, dados estes, semelhantes aos encontrados neste experimento, sendo 3,55 UA.ha-1.ano-1 e suplementação com 1% do PV.

Conclusões

A adubação de pastagem promove uma maior taxa de lotação, que aliada a suplementação melhora o desempenho animal, promovendo uma pecuária de ciclo curto e com período de abate dos animais mais precocemente possível.

Gráficos e Tabelas




Referências

ALONSO, M. P. et al. Suplementação concentrada para bovinos de corte em sistema de integração lavoura e pecuária no período das águas. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal, v. 15, n. 2, 2014. DETMANN, E. et al. Níveis de proteína em suplementos para terminação de bovinos em pastejo durante o período de transição seca/águas: consumo voluntário e trânsito de partículas. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 34, n. 4, p. 1371-1379, 2005. EUCLIDES, V. P. B. et al. Desempenho de novilhos F1s Angus-Nelore em pastagens de Brachiaria decumbens submetidos a diferentes regimes alimentares. Revista brasileira de zootecnia, v. 30, n. 2, p. 470-481, 19 2001. FERNANDES, L. O.; REIS, R. A.; PAES, J. M. V. Efeito da suplementação no desempenho de bovinos de corte em pastagem de Brachiaria brizantha cv. Marandu. Ciência e Agrotecnologia, p. 240-248, 2010. KICHEL, A. N.; MIRANDA, C. H. B.; ZIMMER, A. H. Degradação de pastagens e produção de bovinos de corte com a integração agricultura x pecuária. SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE, v. 1, p. 201-234, 1999. LUCHIARI FILHO, A. Produção de carne bovina no Brasil qualidade, quantidade ou ambas. SIMPÓSIO SOBRE DESAFIOS E NOVAS TECNOLOGIAS NA BOVINOCULTURA DE CORTE-SIMBOI, v. 2, 2006. MOREIRA, F. B. et al. Níveis de suplementação com sal mineral proteinado para novilhos Nelore terminados em pastagem no período de baixa produção forrageira. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 33, n. 6, p. 1814-1821, 2004. PAULINO, M. F. et al. Soja grão e caroço de algodão em suplementos múltiplos para terminação de bovinos mestiços em pastejo. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 31, n. 1, p. 484-491, 2002. PAULINO, M. F. et al. Suplementação de bovinos em pastagens: uma visão sistêmica. Simpósio de produção de gado de corte, v. 4, p. 93-144, 2004. POPPI, D. P.; MCLENNAN, S. R. Protein and energy utilization by ruminants at pasture. Journal of animal science, v. 73, n. 1, p. 278-290, 1995. REIS, R. A. et al. Suplementação como estratégia de produção de carne de qualidade em pastagens tropicais. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal, v. 13, n. 3, 2012. REIS, R. A. et al. Suplementação da dieta de bovinos de corte como estratégia do manejo das pastagens. Revista Brasileira de Zootecnia, p. 147-159, 2009. SAS INSTITUTE. http://sasdocs.ucdavis.edu. (20 set. 2004). ZIMMER, A. H.; EUCLIDES FILHO, K. As pastagens e a pecuária de corte brasileira. In: Simpósio Internacional sobre produção animal em pastejo, 1997, Viçosa, MG. Anais... Viçosa, MG: UFV, 1997. v. 1, p.349-380.