Determinação da matéria seca de forrageiras pelos métodos de estufa e forno de micro-ondas

Roberto Cesar de Lima Pessoa1, Maria Vitória Serafim da Silva2, Karen Luanna Marinho Catunda Rodrigues3, Maria de Lourdes Tavares Neta4, Yuri Caiê Salvador Barreto5, José Jonas Leite de Andrade6, Emerson Moreira de Aguiar7, Lorenna Soares Nery8
1 - Universidade Federal do Rio Grande do Norte
2 - Universidade Federal do Rio Grande do Norte
3 - Universidade Federal do Rio Grande do Norte
4 - Universidade Federal do Rio Grande do Norte
5 - Universidade Federal do Rio Grande do Norte
6 - Universidade Federal do Rio Grande do Norte
7 - Universidade Federal do Rio Grande do Norte
8 - Universidade Federal do Rio Grande do Norte

RESUMO -

Esta pesquisa teve como objetivo comparar os métodos de determinação da matéria seca em oito espécies de forrageiras utilizando os métodos de estufa e forno de micro-ondas. Foram colhidas amostras de cada exemplar das forrageiras: Sorgo, Milheto, Pennisetum purpureum cv. Mott, Pennisetum purpureum cv. Açu, Pennisetum purpureum cv. Roxo, Milho cv. Cruzeta, Cana-de-açúcar e Milho cv. Potiguar. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, utilizando-se dois métodos de secagem em oito espécies forrageiras, com 8 repetições, totalizando 128 amostras. Não foram verificadas diferenças significativas entre os métodos de secagem em estufa e em forno de micro-ondas com as forrageiras testadas. A secagem em forno de micro-ondas promoveu maior retirada de água das forragens, obtendo em média uma diferença de 2% em relação à secagem em estufa. Os dois métodos de secagem testados nessa pesquisa não interferiram na determinação da matéria seca das forrageiras analisadas.

Palavras-chave: análise de alimentos, forragem, nutrição animal, secagem

Determining forage dry matter using greenhouse and microwave oven methods

ABSTRACT - The objective of this research was to compare the methods of determination of dry matter using the greenhouse and microwave oven methods in eight forage species. Samples were collected from each sample of forages: Sorghum, Millet, Pennisetum purpureum cv. Mott, Pennisetum purpureum cv. Açu, Pennisetum purpureum cv. Roxo, Corn cv. Cruzeta, Sugarcane and Corn cv. Potiguar. The experimental design was a completely randomized design, using two drying methods in eight forage species, with 8 replicates, a total of 128 samples. No differences were observed between the drying methods in the greenhouse and in the microwave oven with the forages tested. The drying in a microwave oven promoted a greater water withdrawal from the forage, obtaining on average a difference of 2% in relation to drying in a greenhouse. The two drying methods tested in this study did not interfere in the dry matter determination of the forages analyzed.
Keywords: analysis of food, animal nutrition, forage, drying


Introdução

A secagem de material vegetal é necessária para evitar a degradação e alterações químicas dos tecidos durante o armazenamento, além de ser necessária para determinação da matéria seca (PASTORINI et al., 2002). Determinar o teor de matéria seca de um alimento é informação indispensável na nutrição animal, este por sua vez tem influência sobre o consumo dos alimentos pelos animais e expressa a produtividade das forrageiras. Essencialmente, dois métodos são usados para a secagem de tecidos vegetais, secagem em estufa e forno de micro-ondas. A utilização do forno de micro-ondas mantém a qualidade do tecido vegetal e é um procedimento rápido. A secagem em estufa tem a desvantagem de que mudanças bioquímicas podem ocorrer no material e ter sua composição alterada, se comparado ao material fresco como também é um procedimento que demanda mais tempo, porém é considerado o mais preciso por ser realizado em laboratório. Observa-se que as pesquisas que avaliaram métodos de secagem em material vegetal são restritas quanto ao número de amostras e variedades de forrageiras analisadas. Diante deste contexto, esta pesquisa teve como objetivo comparar os métodos de determinação do teor de matéria seca em oito diferentes espécies de forrageiras utilizando os métodos de estufa e forno de micro-ondas.  

Revisão Bibliográfica

A secagem de material vegetal é definida como uma operação para eliminar a água da superfície e do interior de um material, e tem como objetivo cessar as alterações químicas dos tecidos vegetais e evitar possíveis degradações durante o seu armazenamento, mantendo suas características físicas e químicas por mais tempo (PADILHA et al., 2009). Dentre as diferentes técnicas utilizadas para determinar ou quantificar o teor de matéria seca em forragens aplicadas à alimentação animal destaca-se a utilização do forno com a tecnologia de micro-ondas. A secagem em forno de micro-ondas é definida como um processo que gera calor no interior do material vegetal, o que acarreta temperaturas mais elevadas do interior até a superfície do material (BARBOZA et al., 2001), ocasionando um tempo de secagem rápida, de 10 a 20 minutos em média dependendo da forragem, e assim diminuindo a contaminação por bactérias e fungos, resultando em melhor aparência e qualidade do produto (MARCANTE et al., 2010) quando comparada com os métodos tradicionais como em estufas. Sendo assim, uma técnica prática e acessível aos produtores rurais. Diferentemente, o método padrão em estufa é um processo rotineiramente adotado pelos laboratórios que executam análises químicas. Para determinação de matéria seca, este método utiliza estufa de ventilação de ar forçada e/ou estufa de esterilização a temperaturas de 65ºC a 105ºC e demanda um tempo maior para obtenção dos resultados, de 24 a 72 horas em média, até que o material analisado atinja massa constante (LACERDA et al., 2009). De acordo com Petruzzi et al. (2005), embora tradicionalmente, a determinação da matéria seca ser realizada em estufas, a presença destes equipamentos não é comum na maioria das propriedades rurais.

Materiais e Métodos

As forrageiras foram colhidas no campo agrostológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Campus Macaíba-RN, Brasil. Foram colhidas de forma aleatória amostras de oito espécies de forrageiras, sendo: Sorgo; Milheto; Pennisetum purpureum cv. Mott; Pennisetum purpureum cv. Açu; Pennisetum purpureum cv. Roxo; Milho cv. Cruzeta; Cana de açúcar e Milho cv. Potiguar. Após a coleta, todo material verde foi triturado utilizando uma máquina forrageira, sendo posteriormente encaminhado ao Laboratório de Nutrição Animal da UFRN, para determinação do teor de matéria seca. Os tratamentos constituíram-se por dois métodos de secagem, estufa e forno de micro-ondas. Para determinação de matéria seca (MS) pelo método em estufa, foram utilizadas 500g de amostra da matéria verde para realização da pré-secagem em estufa de ventilação de ar forçada a 55ºC por 72 horas, sendo as amostras posteriormente pesadas e determinadas a Amostra Seca ao Ar (ASA). Em seguida, as amostras foram trituradas em moinho com peneira de 1 mm de crivo e realizada a secagem definitiva em estufa a 105ºC por 24 horas, e assim determinou-se a Amostra Seca em Estufa (ASE). Para cálculo do teor de matéria seca nesse método aplicou-se a fórmula: %MS= %ASA*%ASE/100. No método em forno de micro-ondas, utilizou-se 100g de amostra de matéria verde, em seguida as amostras foram submetidas no micro-ondas a 1 ciclo de 3 minutos e em seguida ciclos de 1 minuto até ser atingido o peso constante a uma potência de 1000 watts. O teor de umidade foi obtido pela fórmula: %Umidade= (peso da amostra úmida - peso da amostra seca)/peso da amostra úmida*100 e em seguida o teor de matéria seca: %MS= 100-%Umidade. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, utilizando-se dois métodos de secagem em 8 espécies forrageiras, com 8 repetições, totalizando 128 amostras. Os dados foram tabulados e submetidos à análise de variância e teste de médias ao nível de significância de 5%.

Resultados e Discussão

As forrageiras analisadas apresentaram os seguintes teores de matéria seca pelo método de estufa e forno de micro-ondas respectivamente: 18,07% e 21,29% (Sorgo); 24,53% e 26,18% (Milheto); 18,37% e 20,97% (Pennisetum purpureum cv. Mott); 21,42% e 22,08% (Pennisetum purpureum cv. Açu); 17,54% e 18,95% (Pennisetum purpureum cv. Roxo); 24,68% e 28,21% (Milho cv. Cruzeta); 37,11% e 38,48% (Cana-de-açúcar); 22,76% e 24,67% (Milho cv. Potiguar). Avaliando-se estatisticamente os teores de matéria seca das oito espécies forrageiras analisadas, não foram verificadas diferenças significativas (p>0,05) entre os métodos de secagem em estufa e forno de micro-ondas (Figura 1). Observa-se que a secagem em forno de micro-ondas promoveu maior retirada de água das forragens, obtendo em média uma diferença de 2% no teor de matéria seca em relação à secagem em estufa. Este mesmo comportamento foi observado por Jobim et al. (2006) determinando a matéria seca do feno de capim-estrela. Em estudos realizados por Petruzzi et al. (2005) e Pastorini et al. (2002), também não foram detectadas diferenças significativas na determinação da matéria seca do Panicum (coloratum e virgatum) e plantas de milho e feijão, utilizando os mesmos dois métodos de secagem realizado nessa pesquisa. Lacerda et al. (2009), determinando a matéria seca de Panicum maximum cv. Mombaça, Brachiaria ruziziensis e silagem de milho, pelo método de secagem em estufa e forno de micro-ondas, mencionam a importância de futuros estudos a fim de validar a técnica de secagem em forno de micro-ondas para outras espécies forrageiras. Oliveira et al. (2015) em seu estudo concluíram que o método utilizando o forno de micro-ondas pode ser considerado rápido, seguro e preciso para determinação do teor de água em algumas cactáceas utilizadas para alimentação animal.

Conclusões

Os dois métodos de secagem testados nessa pesquisa não interferiram na determinação de matéria seca das forrageiras analisadas. Contudo, recomenda-se o uso do método em forno de micro-ondas por ser uma alternativa de secagem mais rápida e viável.

Gráficos e Tabelas




Referências

BARBOZA, A.C.R.N; CRUZ, C.V.M.S.; GRAZIANI, M.B.; LORENZETTI, M.C.F.; SABADINI, E. Aquecimento em forno de microondas/desenvolvimento de alguns conceitos fundamentais. Química Nova, v.24, n.6, p.901-904, 2001. JOBIM, C.C.; CALIXTO JÚNIOR, M.; CECATO, U.; BRANCO, A.F. Taxa de desidratação e composição químico-bromatológica do feno de grama-estrela (Cynodon nlemfuensis vanderyst) em função do teor de umidade no enfardamento. In: Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 43., 2006, João Pessoa. Anais... João Pessoa: Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2006. p. 1-4. LACERDA, M.J.R.; FREITAS, K.R.; DA SILVA, J.W. Determinação da matéria seca de forrageiras pelos métodos de microondas e convencional. Bioscience Journal, v.25, n.3, 2009. MARCANTE, N.C.; PRADO, R.M.; CAMACHO, M.A.; ROSSET, J.S.; ECCO, M.; SAVAN, P.A.L. Determinação da matéria seca e teores de macronutrientes em folhas de frutíferas usando diferentes métodos de secagem. Ciência Rural, 2010. OLIVEIRA, J.A.M.; MACEDO, A.D.B.; RAULINO, J.L.C.; RAULINO, A.M.D.; SANTANA, R.A.C.; CAMPOS, A.R.N. Determinação do teor de água de cactáceas pelos métodos padrão em estufa e micro-ondas. Blucher Chemistry Proceedings, v.3, n.1, 2015. PADILHA, V.M.; ROLIM, P.M.; SALGADO, S.M.; LIVERA, A.V.S.; OLIVEIRA, M.G. Avaliação do tempo de secagem e da atividade de óxido-redutases de yacon (Smallanthus sonchifolius) sob tratamento químico. Ciência Rural, v.39, n.7, p.2178-2184, 2009. PASTORINI, L.H.; BACARIN, M.A.; ABREU, C.M. Secagem de material vegetal em forno de microondas para determinação de matéria seca e análises químicas. Ciência e Agrotecnologica, v.26, n.6, p.1252-1258, 2002. PETRUZZI, H.J.; STRITZLER, N.P.; FERRI, C.M.; PAGELLA, J.H.; RABOTNIKOF, C. M. Determinación de materia seca por métodos indirectos: utilización del horno a microondas. Boletín de Divulgacíon Técnica 88, p.4, 2005.